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O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu rejeitar denúncia contra o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) por corrupção e lavagem de dinheiro quando foi governador de Minas Gerais e senador. O julgamento foi unânime.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusou o tucano de receber R$ 65 milhões em propinas da Odebrecht e da Andrade Gutierrez para defender interesses das empreiteiras no chamado Projeto Madeira - que tratava das licitações das Usinas Hidroelétricas de Santo Antônio e Jirau.

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O julgamento terminou nesta sexta-feira (25), no plenário virtual. Nessa modalidade, os ministros registram os votos no sistema online e não há debate ou reunião do colegiado.

O ministro Edson Fachin, relator do processo, classificou a denúncia como "genérica" e disse que a PGR não conseguiu provar quais teriam sido os "desentraves burocráticos" operados por Aécio Neves em favor das empreteiras.

Fachin considerou ainda que, sem provas das acusações de corrupção, as denúncias de lavagem de dinheiro não poderiam ser processadas.

Os advogados Alberto Zacharias Toron e Luiza Oliver, que patrocinam a defesa de Aécio Neves, alegaram insuficiência de descrição dos fatos imputados e "ausência de justa causa" para a ação penal.

Além do deputado, a denúncia também atingia outras quatro pessoas - o ex-diretor de Furnas Dimas Fabiano Toledo, o empresário Alexandre Accioly Rocha, o executivo Marcelo Odebrecht e o ex-gerente de Recursos Humanos da Odebrecht Ênio Augusto Pereira Silva.

A PGR afirma que a Odebrecht teria pago R$ 30 milhões ao tucano, entre 2009 e 2010, em troca do "poder de influência", em especial para agilizar a emissão da licença para instalação da Usina Hidrelétrica de Santo Antônio.

A denúncia também acusa suposto pagamento de R$ 35 milhões, pela Andrade Gutierrez, ligados a projetos de exploração do potencial energético do Rio Madeira. A empreiteira teria fechado contrato de investimento fictício com uma empresa que tem como sócio um "amigo pessoal" de Aécio.

Ao analisar o caso, Fachin entendeu que a narrativa da denúncia "não aponta, dentre as atribuições do cargo de Governador de Estado, quais seriam os atos passíveis de negociação no interesse das sociedades empresárias consorciadas, em especial no contexto dos procedimentos licitatórios das Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau".

O ministro destacou que a ação penal só pode ser processada "quando narrada, ainda que de forma sumária, a mercancia espúria de atribuições inerentes ao cargo público ocupado pelo agente denunciado".

"No âmbito da Operação Lava Jato, a forma mais recorrente de mercancia ilícita de funções públicas atribuídas a parlamentares federais verificou-se na indicação e manutenção de agentes públicos para cargos de direção órgãos públicos, empresas públicas e sociedades de economia mista, em especial na Petrobras S.A., bem como na omissão em relação ao dever de fiscalização dos atos de interesse público", explicou o ministro.

Além disso, Fachin ponderou que a própria PGR reviu seu posicionamento e passou a defender a rejeição da denúncia. Em agosto, a vice-procuradora-geral da República Lindôra Araújo se declarou suspeita para atuar no caso. O procurador-geral da República Augusto Aras defendeu então que o tribunal acolhesse as alegações das defesas e rejeitasse a acusação por ausência de justa causa.

Além de Fachin, apenas o ministro Kassio Nunes Marques apresentou voto escrito. Ele defendeu a ausência de justa causa para o recebimento da denúncia.

"As declarações prestadas por agentes colaboradores, desacompanhadas de razoáveis elementos de corroboração, não possuem, portanto, aptidão para fundamentar o recebimento da denúncia", escreveu.

A ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou arquivar nesta sexta-feira (3) a investigação contra o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP-PI), por supostas propinas do grupo J&F.

A decisão respeita o posicionamento da Procuradoria-Geral da República (PGR). A vice-procuradora-geral Lindôra Araújo disse que não há provas dos pagamentos e encerrou o inquérito no mês passado.

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Pela jurisprudência do STF, quando o Ministério Público Federal, que é o titular da investigação, conclui uma apuração sem oferecer denúncia, é de praxe que os ministros promovam o arquivamento do caso.

Com a decisão, o inquérito foi enviado ao Tribunal de Justiça do Piauí para distribuição a um juiz criminal de primeira instância, que deverá decidir a situação dos demais investigados sem direito a foro privilegiado.

O parecer da PGR contrariou as conclusões da Polícia Federal (PF), que apontou crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. No relatório final da investigação, o delegado federal Rodrigo Borges Correia concluiu que o ministro teria recebido repasses da J&F em troca do apoio do Progressistas à campanha de reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2014. Ciro Nogueira dirige o partido por quase uma década e foi aliado dos governos petistas até o impeachment de Dilma.

A Polícia Federal concluiu que, além de R$ 40 milhões em doações eleitorais para o PP regularmente declaradas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ciro Nogueira recebeu outros R$ 5 milhões em dinheiro vivo. Os valores teriam sido repassados através do supermercado Comercial Camargo, que fica em Teresina, no Piauí, para o irmão do político.

O ponto de partida da investigação foi a delação premiada do empresário Joesley Batista, dono da J&F, e do executivo Ricardo Saud, que foi diretor de relações institucionais do grupo. A PGR disse que não foram encontrados elementos para corroborar a versão dos delatores.

O ex-secretário municipal de Obras Alexandre Pinto relatou pagamentos de mais de R$ 8 milhões em propinas ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). O ex-chefe da pasta, condenado a 76 anos de prisão, firmou um acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República, homologado pelo Superior Tribunal de Justiça, em razão da citação a nomes de conselheiros de Contas. Com base em seu relato, a Polícia Federal abriu 20 frentes de investigação sobre desvios e pagamentos de propina em obras no município.

Alexandre Pinto trabalhou na prefeitura do Rio entre 2011 e 2014. À época, Paes era chefe do Executivo municipal pelo MDB e aliado do então governador Sérgio Cabral, do mesmo partido. Em pelo menos três episódios, o ex-secretário disse que Paes cobrou propinas de obras do município. Afirmou, ainda, que o prefeito direcionou licitações a empresas - parte delas, envolvida na Operação Lava Jato.

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Segundo o delator, Paes pediu R$ 5 milhões para sua campanha ao governo do Rio, em 2014, valor que, segundo ele, viria do contrato de R$ 39,7 milhões para a dragagem do Rio Acari. A empresa envolvida não é mencionada no documento obtido pelo Estadão, que faz um resumo de cada investigação aberta pela PF. Em outro capítulo da delação, Pinto acusa o prefeito de cobrar propinas de contratos de R$ 220 milhões para a construção de escolas. Os valores, de acordo com ele, também seriam para a campanha eleitoral e somaram R$ 3 milhões.

Em 2020, Alexandre Pinto foi condenado quatro vezes na Lava Jato do Rio pelo juiz Marcelo Bretas. Desde 2018, buscava firmar um acordo de delação premiada. Foram ainda mencionados pelo colaborador conselheiros de Contas do município. Um deles é Ivan Moreira, que teria recebido R$ 782 mil em esquema para direcionar o contrato para a obra de controle de enchentes do Rio Acari.

‘MENTIRAS’

O advogado Ricardo Pieri, que defende Eduardo Paes, afirmou que o prefeito "jamais participou de qualquer esquema de corrupção" e acusou o delator de mentir. "O sr. Alexandre Pinto apresenta nova leva de mentiras como delinquente confesso, condenado como chefe de organização criminosa, da qual, segundo apurado após ampla investigação, Eduardo Paes jamais fez parte", afirmou.

A Procuradoria-Geral da República disse que não se manifesta sobre "tema protegido por sigilo legal, caso de acordos de colaboração premiada". Procurados, as defesas de Alexandre Pinto e de Ivan Moreira e o Tribunal de Contas do Município não se manifestaram até a conclusão desta edição.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Cobrada a avaliar se há elementos para denunciar o senador Renan Calheiros (MDB-AL) por suposta propina da Odebrecht, como apontaram delatores da Lava Jato, a Procuradoria-Geral da República (PGR) comunicou ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta segunda-feira (18) que está levantamento informações complementares para emitir seu parecer. O ministro Edson Fachin, relator do caso, havia dado prazo de 15 dias para a PGR apresentar uma "manifestação conclusiva" no inquérito.

Em julho, a Polícia Federal indiciou Renan Calheiros por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O senador foi acusado de receber R$ 1 milhão da empreiteira como "contrapartida" pelo apoio político à aprovação de uma resolução que restringiu incentivos fiscais a produtos importados, beneficiando a Braskem, braço petroquímico do Grupo Odebrecht.

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A subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo pediu ao Senado Federal que compartilhe todas as informações sobre o trâmite da resolução, incluindo possíveis emendas parlamentares, justificativas e votos de Renan Calheiros. Também cobrou da Polícia Legislativa o registro de entradas e saídas de Milton Lyra, apontado como operador dos pagamentos, para apurar se houve encontros com o emedebista.

A PGR argumenta que os dados são importantes para estabelecer o "contorno jurídico" dos fatos. "Todo esse contexto contribui para o delineamento da participação do investigado na aprovação do ato legislativo, e, acaso existentes, emendas direcionadas a beneficiar os interesses empresariais", escreve Lindôra.

Embora a PF tenha concluído a investigação, o caso está parado há quase dois meses, desde que a PGR pediu ao Supremo que anule o indiciamento do senador. O argumento é o de que a competência para conduzir investigações que atingem autoridades com foro privilegiado, incluindo a promoção de seu indiciamento, é exclusiva da Procuradoria-Geral da República. O órgão também pediu uma apuração para verificar se o delegado Vinicius Venturini, responsável pelo inquérito, cometeu abuso de autoridade.

Renan Calheiros nega as acusações e atribui o indiciamento a um ato de "perseguição política" por seu trabalho na relatoria da CPI da Covid, que apura a gestão da pandemia. Quando o senador foi indiciado, em julho, o advogado Luís Henrique Machado, que representa o emedebista, disse que ele teve a vida "devassada" e que nunca foi encontrado "qualquer indício de ilicitude".

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, usou o Twitter para se manifestar sobre a acusação de que o governo do presidente Jair Bolsonaro teria oferecido propina de US$ 1 por vacina ao Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply, em troca de contrato com o Ministério da Saúde. A revelação foi feita pelo jornal Folha de São Paulo. Para Mandetta, a revelação do eventual esquema de propina 'transparece o tráfico de interesses escusos'. 

"Cai a desculpa de que o problema na saúde era logística. Transparece o tráfico de interesses escusos, típicos do toma lá dá cá que este governo dizia combater. Fatos graves . Esclareçam!", escreveu o ex-ministro. 

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A reportagem conta que a empresa Davati procurou o Ministério para negociar 400 milhões de doses da Astrazeneca, a US$ 3,5 cada dose. De acordo com Dominguetti, o diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, propôs "acrescentar 1 dólar" no valor para fechar o negócio.

Ainda segundo Dominguetti, Roberto Dias afirmou que "tinha um grupo, que tinha que atender a um grupo, que esse grupo operava dentro do ministério, e que se não agradasse esse grupo a gente não conseguiria vender". Roberto Ferreira foi exonerado nesta quarta-feira (30) do cargo. 

Em mais um anexo de sua delação premiada, o ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso José Geraldo Riva, afirmou que empresas responsáveis por obras na AL-MT, inclusive a construção do prédio da Casa Legislativa, devolveram de 12% a 20% dos valores dos contratos originais em propinas a deputados estaduais. Segundo Riva, os repasses foram utilizados para financiar o esquema de "mensalinho" na Assembleia, além de eleições da mesa diretora e de campanhas eleitorais dos membros da Casa.

"Desde quando começou a construção da obra, tinha um acordo com a Mesa Diretora, e a Mesa Diretora, não posso negar, pediu mais, mas houve um acerto depois das contas feitas pelo senhor Anildo (representante das empresas envolvidas, segundo Riva) - desde a construção da obra, da sede - de repassar 12,85%, referente aos contratos originais. Isto é, por exemplo, construção da obra: 12,85. E, em eventuais aditivos, repassaria entre 15% e 20%", afirma o ex-deputado, em depoimento em vídeo.

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As empresas citadas na delação de Riva são: a Eldorado Construções e Obras de Terraplanagem Ltda., que construiu a sede da ALMT no Centro Político Administrativo; e a empresa Tirante Construtora e Consultoria Ltda, que construiu o estacionamento da ALMT, além de ter sido responsável pela reforma e ampliação dos gabinetes dos deputados, de parte da alvenaria do Teatro, do depósito da Secretaria de Patrimônio da ALMT, da Casa de TV, de gerador e do reservatório de águas pluviais.

"Após a construção da obra - não na construção, porque na construção houve uma disputa maior, mas, após - já havia um respeito em relação à empresa do Anildo em função de ele ter feito a obra, de ele conhecer toda a sistemática de uma obra que era muito grande", realçou o colaborador. "Nas ampliações, ele já tinha uma certa facilidade, até de conversar com eventuais interessados e levar uma certa vantagem nesse processo".

Segundo o ex-presidente da AL-MT, não houve ilicitude no procedimento licitatório, mas houve o pagamento de propina de 12,85% nos contratos originais e de 15% a 20% nos aditivos.

Riva alega ainda que a Mesa Diretora chegou a pressionar o representante das empresas envolvidas no esquema, Anildo Lima Barros , para que as transferências fossem maiores. No entanto, o empresário "alegava que, por não ter ocorrido um alinhamento prévio anterior a licitação, não havia margem de lucro suficiente para arcar com uma propina superior a esse índice", diz o delator.

"Sendo assim, a propina paga pelas empresas Eldorado e Tirante, foram utilizadas para financiar a propina dos Deputados Estaduais, eleições de mesa diretora, bem como das campanhas eleitorais dos membros da Casa. Frise-se que o Sr. Anildo emitia cheques das empresas para pagamento da propina, antes mesmo de a ALMT autorizar os pagamento do contrato pois, nesse caso, os membros da mesa diretora trocavam esses cheques junto a agiotas e empresas de factoring", registra o anexo 14 da delação do ex-deputado.

Junto de seu depoimento, Riva apresentou ordens bancárias, avisos de resultado de licitação e lista de pagamento, que, segundo ele, comprovariam os relatos.

A reportagem busca contato com a Assembleia Legislativa de Mato Grosso e com os citados. O espaço está aberto para manifestações.

A Polícia Federal (PF) informou que já cumpriu seis mandados de prisão temporária (quatro no Rio de Janeiro e dois em São Paulo) dos 12 expedidos na Operação Fiat Lux, que apura um suposto esquema de fraudes e pagamento de propina na Eletronuclear. Há ainda 18 mandados de busca e apreensão sendo cumpridos no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília, expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro.

A Operação Fiat Lux (segundo a PF uma expressão latina que pode ser traduzida por faça-se luz ou que haja luz) é desdobramento das operações Radioatividade, Pripyat, Irmandade e Descontaminação, que apuram desvios de recursos em contratos da Eletronuclear no âmbito da Lava Jato. 

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O MPF informou que entre os investigados estão um ex-ministro, um ex-deputado federal, empresários e ex-executivos da estatal, além de pessoas que contribuíram para lavagem de ativos. A Lava Jato pediu também o sequestro dos bens dos envolvidos e de suas empresas pelos danos materiais e morais causados no valor de R$ 207,8 milhões.

Delações

De acordo com o MPF, as investigações que levaram à Fiat Lux tiveram como base as informações de delações premiadas de empresários presos na Operação Blackout, realizada em 2017 pela força-tarefa da Lava Jato no Paraná. Com isso, foi elucidado o pagamento de vantagens indevidas em, pelo menos, seis contratos firmados pela Eletronuclear.

“Os recursos eram desviados por meio de subcontratação fictícia de empresas de serviços e offshores, que por sua vez distribuíam os valores entre os investigados”, informou o MPF.

Ainda conforme o MPF, a exigência de propina teve início logo após a posse de Othon Pinheiro na presidência da Eletronuclear como contrapartida à celebração de novos contratos e ao pagamento de valores em aberto de contratos que se encontravam em vigor. O esquema se estendeu para fora do país com empresas sediadas no Canadá, na França e Dinamarca. Por isso, o órgão pediu a cooperação internacional e vai compartilhar o material da investigação com o Ministério Público destes países.

Empreiteiras

O MPF informou que o desmembramento da denúncia oferecida a partir da Operação Radioatividade trouxe parte das investigações da Lava Jato para o Rio de Janeiro. Na etapa, foram apurados os envolvimentos em prática ilícitas, de, pelo menos, duas grandes empreiteiras, a Andrade Gutierrez e a Engevix, que ocorreriam em decorrência da execução de contratos e de aditivos celebrados com a Eletronuclear para a construção da Usina Nuclear Angra 3.

A Operação Prypiat, que foi deflagrada pela força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro, aprofundou as investigações sobre os contratos com a Flexsystem Engenharia, Flexsystem Sistemas e VW Refrigeração. A Operação Irmandade focou no núcleo financeiro operacional do esquema. A colaboração de executivos da Andrade Gutierrez ajudou a demonstrar a forma de geração do caixa 2 da empresa para realização dos pagamentos de propina em espécie para funcionários da Eletronuclear.

Na avaliação do MPF, esse esquema de lavagem de dinheiro era similar ao investigado pela Operação Fiat Lux e se sustentava na celebração de contratos fictícios e expedição de notas fiscais falsas com várias empresas.

“Após celebração de acordo de colaboração premiada com um dos envolvidos e o aprofundamento das investigações, foi identificado sofisticado esquema criminoso para pagamento de propina na contratação das empresas Argeplan, AF Consult Ltd e Engevix para a execução do contrato de projeto de engenharia eletromecânico 01, da usina nuclear de Angra 3. Com isso, a Operação Descontaminação revelou a participação de políticos do MDB no desvio de recursos da Eletrobras, por meio da indicação das empresas que deveriam ser contratadas”, indicou o MPF.

Eletrobras

A Eletrobras divulgou nota informando aos acionistas e ao mercado em geral que tomou conhecimento, pela imprensa, que a força-tarefa da Operação Lava Jata da Polícia Federal iniciou nesta quinta-feira, a Operação Fiat Lux que envolve supostas fraudes na controlada Eletrobras Eletronuclear.

“A Companhia está acompanhando o assunto e manterá o mercado informado”, disse a empresa no comunicado.

A Procuradoria-Geral da República denunciou, nesta segunda-feira, 10, o senador Ciro Nogueira (Progressista/PI) por supostas propinas de R$ 7,3 milhões da Odebrecht. A ele, o Grupo da Lava Jato na PGR atribui os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Seu assessor, Lourival Nery, apontado como suposto intermediário dos repasses da empreiteira, também foi denunciado. A peça ainda acusa outras quatro pessoas, incluindo ex-executivos da Odebrecht.

Clique aqui para ler a íntegra da denúncia.

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A denúncia, assinada pela subprocuradora-geral, Lindôra Maria Araújo, estabelece um elo entre as propinas da empreiteira e o escândalo de corrupção na Petrobrás. Segundo ela, o homem forte do PP na estatal, Paulo Roberto Costa - ex-diretor e atualmente delator -, arrecadava os valores aos parlamentares da legenda em duas frentes. Em uma, atuaria pela contratação de empresas com as quais já haveria um acerto com o PP, e na outra, de acertar os repasses diretamente com as empreiteiras.

De acordo com a acusação, em troca de atuar por medidas e leis favoráveis à Braskem, do grupo Odebrecht, Ciro Nogueira teria recebido os valores.

Segundo a Procuradoria, a versão inicial dos delatores foi de que, em 2014, Nogueira teria recebido R$ 1,3 milhão, mas as investigações rastrearam uma cifra bem mais alta, que atinge os R$ 7,3 milhões, que teria se estendido até fevereiro de 2015, extrapolando o período da campanha eleitoral.

O caminho da suposta propina ao senador foi traçado por meio de planilhas, depoimentos, e mensagens entre os próprios agentes responsáveis pela entrega do dinheiro. A Procuradoria identificou datas e endereços que constavam tanto nos registros de pagamento da Odebrecht, quanto nos documentos do doleiro Álvaro Novis e da transportadora Transnacional. Os documentos citam um endereço em São Paulo atribuído ao assessor Lourival Nery, que admitiu ter vínculos com o imóvel, no bairro de Perdizes.

Os funcionários da transportadora de dinheiro prestaram depoimento em que não apenas reconheceram o local das entregas, mas também o rosto do assessor - para tanto, foram exibidas nove fotografias de pessoas diferentes, e o funcionário marcou um 'x' naquela em que ele reconheceu Lourival.

COM A PALAVRA, O ADVOGADO ANTONIO CARLOS DE ALMEIDA CASTRO, KAKAY, QUE DEFENDE CIRO NOGUEIRA

A defesa do Senador Ciro Nogueira estranha a apresentação desta Denúncia, pois a base do inquérito é unicamente as delações premiadas da Odebrecht. Todas as delações deverão ser analisadas em momento oportuno pelo Supremo Tribunal Federal, que irá decidir sobre a validade ou não de algumas delações. Ademais, o próprio Supremo Tribunal não admite sequer abrir Ação Penal com base somente na palavra dos delatores.

Reginaldo Mouta Carvalho, dono do supermercado Carvalho, afirmou à Polícia Federal (PF) que, a pedido do executivo da J&F Joesley Batista, entregou malas de R$ 5 milhões ao irmão do senador Ciro Nogueira (PP). O depoimento foi prestado em fevereiro de 2019 e reiterado em abril do mesmo ano, na Operação Compensação, que mira na suposta compra do apoio do PP à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff com R$ 42 milhões da holding.

O parlamentar e outros investigados foram alvos de busca e apreensão em fevereiro passado, em ação autorizada pela ministra do Supremo Tribunal Federal Rosa Weber. A delação dos executivos da J&F detalha supostos repasses a partidos para garantir o apoio à reeleição da petista. Ao MDB, teriam sido R$ 40 milhões, investigados no âmbito da Operação Alaska, que mirou Renan Calheiros e Eduardo Braga. A Operação Compensação mirava somente os repasses aos progressistas.

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De acordo com Joesley, a maior parte dos R$ 42 milhões foi repassada por meio de doações oficiais ao partido. No entanto, ainda restaria a cifra que teria sido viabilizada por meio de um supermercado que tinha contratos com o Grupo.

Na data da operação, a PF já tinha em mãos relatórios do fisco que mostravam que as empresas e familiares de Nogueira - que foi presidente do PP - movimentaram mais de R$ 5 milhões "sem comprovação de origem, o que constituiria mecanismo de ocultação e dissimulação da origem e propriedade destes valores".

No dia em que foi deflagrada a Compensação, Reginaldo Mouta prestou esclarecimentos. Seu depoimento é corroborado por uma planilha que o tesoureiro do supermercado, Gilson de Oliveira apresentou à PF para mostrar as datas de pagamentos. Os depoimentos foram juntados aos autos no dia 14 de janeiro de 2020, quando o subprocurador-geral José Adonis pediu mais 60 dias para concluir as investigações.

Mouta afirmou aos federais que "os valores constantes da planilha foram compensados e descontados dos valores efetivamente devidos pelo Comercial Carvalho à empresa J&B, em razão do fornecimento de produtos faturados, conforme informado à Receita Federal" e que "a ordem para efetuar o pagamento no valor total de R$ 5.000.000,00 foi dada diretamente por Joesley Batista em uma única ocasião, porém foi executada em diversas parcelas, conforme o vencimento das faturas'

O empresário ainda disse que "Gustavo (Nogueira) recebeu a planilha com os vencimentos e valores a receber diretamente na Tesouraria do Grupo Carvalho sediada na BR 343, em frente ao Conjunto Tancredo Neves' e que 'as primeiras parcelas, não sabe precisar quantas, foram pagas em mãos pelo declarante à Gustavo Nogueira'

Segundo ele "estava ajustado para que Gustavo Nogueira telefonasse antes para ajustar horário e o dinheiro repassado era proveniente da tesouraria central, a qual concentrava os valores recolhidos dos caixas dos supermercados"

O empresário ainda completou que "o dinheiro era acondicionado em mochila pelo próprio Gustavo Nogueira após conferência" e que "nas ocasiões em que fez o pagamento, Gustavo Nogueira compareceu sozinho".

Em depoimento, tanto Gustavo quanto Ciro Nogueira negaram os repasses e rechaçaram a planilha de repasses. Eles apontaram uma contradição no depoimento do empresário. Os irmãos afirmam que Mouta mentiu ao dizer que não tem proximidade com eles e afirmaram que eles têm relações há anos.

O senador afirmou que Reginaldo passa por "dificuldades financeiras graves sendo que a Comercial Carvalho está passando por uma crise econômica em virtude de brigas envolvendo o próprio Reginaldo e sua ex-esposa". "Sabe dizer também que Reginaldo Mouta Carvalho sempre manifestou um apreço muito grande por Joesley Batista, dizendo que o grupo J&S é uma das principais âncoras da Comercial Carvalho e sem ele provavelmente a empresa fecharia".

Ciro afirma que Reginaldo "passou a entender que Reginaldo possui uma dependência muito grande de Joesley Batista, podendo esse ser um dos motivos pelos quais Reginaldo Carvalho teria assumido essa versão sobre o repasse de dinheiro para ele".

Já Gustavo Nogueira não apenas negou os repasses como disse ter tido relação de amizade com Mouta. Afirmou que o relacionamento durou mais de dez anos e que chegou a ir a São Paulo assistir uma corrida de Fórmula 1 com o dono do supermercado.

Chamado a depor novamente, e questionado sobre as declarações dos irmãos, Mouta afirmou que nunca assistiu corrida de Formula 1, e chegou a ir a São Paulo, onde viu uma corrida de kart. Também disse que não tinha amizade com os irmãos Nogueira, mas que chegou a ter com Gustavo conversas relacionadas à venda de imóveis que nunca teriam ocorrido. O empresário voltou a afirmar que fez os repasses de dinheiro ao irmão do senador.

A força-tarefa da Lava Jato do Paraná estima que houve pagamento de ao menos US$ 3.402.941,58 em propinas envolvendo contratos de R$ 592 milhões celebrados entre a Petrobras e a Maersk para locação de navios. A empresa dinamarquesa foi um dos alvos da etapa 70 da Lava Jato, desencadeada na manhã desta quarta-feira, 18, para investigar crimes de corrupção, formação de organização criminosa e lavagem de dinheiro relacionados a contratos de afretamento da Petrobrás.

Além de contratos da Maersk, a ação também investiga acordos intermediados pelos shipbrokers Tide Maritime e Ferchem. A 13ª etapa da Lava Jato deste ano, chamada de Óbolo, realiza buscas nas empresas e nas residências de seus representantes, além de vasculhar os endereços de ex-funcionários da Petrobrás.

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A operação apura o fornecimento de informações privilegiadas às empresas em troca do pagamento de propina a funcionários da Petrobras. Somados, os valores dos contratos investigados ultrapassam R$ 6 bilhões.

Com relação a Maersk, o Ministério Público Federal registrou que há evidências de que o armador, por meio de uma empresa intermediária, efetuou pagamentos de propina ao então ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa. Segundo os investigadores, estão sob suspeita pelo menos 15 contratos de afretamento marítimo vigentes entre 2006 e 2014, no valor total de R$ 658 milhões.

A investigação tem como base informações prestadas pelo próprio Costa, em delação premiada. A estimativa inicial da Procuradoria, de que houve pagamento de ao menos US$ 3.402.941,58 no âmbito de 11 contratos do armados, foi extraída de uma planilha apreendida com o ex-executivo da estatal no estágio inicial das investigações da Lava Jato, em 2014.

Na época, a Polícia Federal havia apontando evidências de pagamento de US$ 6,2 milhões em propinas, entre 2006 e 2010, por parte de uma empresa supostamente ligada à Maersk.

Segundo a força-tarefa, há evidências de que as informações privilegiadas chegavam à empresa dinamarquesa por Wanderley Gandra. A Procuradoria apontou ainda que Gandra constituiu uma shipbroker, a Gandra Brokerage, para repassar propina a Paulo Roberto Costa. A Maersk teve de contratar uma segunda empresa para realmente realizar os trabalhos, "dobrando seu custo operacional", diz o MPF.

A Procuradoria também apontou que o então gerente executivo de Logística da Petrobras teria auxiliado Costa no esquema, firmando contratos com a Maersk em situações apontadas como irregulares em apuração interna da Petrobrás.

Com relação às contratações de afretamento feitas pela Petrobras com a intermediação dos shipbrokers Tide Maritme e Ferchem, a Lava Jato investiga contratos para além de 2020, em valores superiores a US$ 100 milhões.

Em nota, a força tarefa destacou provas que basearam as investigações, entre elas mensagens que apontavam envolvimento do ex-tesoureiro do Partido Progressista (PP) João Cláudio Genu no direcionamento de contratos de afretamentos para os armadores representados pela Tide Maritime e pela Ferchem.

Segundo a Procuradoria, tais provas foram encontradas em celular apreendido com João Cláudio Genu na operação Politeia.

Os procuradores destacaram uma conversa entre Genu e Gustavo de Sá, empresário da Tide Maritime, que tratava da reestruturação da diretoria de Abastecimento da Petrobras após a saída de Paulo Roberto Costa. Segundo a força-tarefa, Genu disse que Sá poderia ficar tranquilo, pois ele e "Niterói" ficariam bem.

O codinome "Niterói", segundo a investigação, faz referência a Pedro Blyth, executivo da Ferchem.

A investigação também identificou indícios de que Dalmo Monteiro, então gerente de Afretamentos da Petrobras, atuava em benefício da Ferchem, recomendando a armadores que contratassem a empresa de Pedro e Rodolfo Blyth como shipbroker. O ex-funcionário da Petrobras é réu por suposta lavagem de propinas pagas também no contexto de contratação de navios pela estatal.

Defesas

A Maersk confirma, em nota, "que a Polícia Federal esteve hoje (quarta-feira) em seus escritórios no Rio de Janeiro e em São Paulo, para averiguações. Por se tratar de uma investigação em andamento, a Maersk não irá fazer comentários. A Maersk informa ainda que está cooperando com as autoridades, e reitera que trabalha contra todos os tipos de ilegalidade."

A reportagem busca contato com Tide Maritime, a Ferchem e com outros citados. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

A ex-procuradora-geral da Paraíba Livânia Farias, que também ocupou o cargo de secretária da Administração do Estado, relatou em delação premiada uma rotina de entregas de dinheiro em espécie na Granja Santana, residência oficial do governador à época, Ricardo Coutinho (PSB), agora procurado pela Polícia Federal como alvo principal da Operação Calvário/Juízo Final.

Livânia comandou a Procuradoria entre 1.º de janeiro de 2011 e 29 de junho de 2011. Até 2018, último ano do segundo mandato de Coutinho, ela afirma ter feito a entrega de R$ 4 milhões.

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A delação de Livânia faz parte do inquérito da Operação Calvário/Juízo Final, deflagrada nesta terça-feira, 17, com ordens de prisão contra 17 investigados, entre eles Ricardo Coutinho, que está "em férias" na Europa.

Ela revelou um pagamento de R$ 950 mil em data que disse não se recordar, mas que afirmou ser anterior a 2014. De 2015 a 2017, Livânia relatou três entregas de R$ 300 mil, R$ 450 mil e R$ 500 mil. Por fim, em 2018, fez mais duas, uma de R$ 1 milhão e outra de R$ 800 mil.

As revelações de Livânia têm importante peso no inquérito da Calvário/Juízo Final dada sua ligação pessoal com Ricardo Coutinho. Livânia foi mantida no cargo de Secretária da Administração do Estado da Paraíba até 15 de março de 2019, já na gestão do atual governador, João Azevêdo (sem partido).

Um outro delator, Daniel Gomes, da Cruz Vermelha Brasil no Rio Grande do Sul, contou que ela tinha o papel de receptora das propinas pagas ao ex-governador da Paraíba. Na ausência dela, a missão ficava a cargo de "Cori" Coutinho, irmão de Ricardo Coutinho.

A Calvário/Juízo Final investiga desvios de verbas e propinas nas áreas da saúde e da educação, especialmente por meio de procedimentos de inexigibilidade de licitação. Na saúde, os desvios teriam batido em R$ 134,2 milhões. Os investigadores suspeitam que Ricardo Coutinho recebia um mensalão de R$ 360 mil só do setor.

Livânia confessou que contava com o apoio de outras pessoas, inclusive servidores, para cumprir sua tarefa. É o caso, por exemplo, de Leandro Nunes e Maria Laura Farias, esta última alocada na procuradoria-geral do Estado, embora trabalhasse de fato para a organização criminosa, segundo a investigação.

Livânia afirmou que Ricardo Coutinho não solicitou a quantia. No entanto, ao questioná-lo sobre a destinação do primeiro montante, ouviu que "serviria para pagar a política, pois estava sendo sufocado pelos deputados".

Ela ainda contou que informava ao ex-governador sobre a quantia e a origem, e que muitas vezes não tinha onde guardar tanto dinheiro. "Ricardo Coutinho mandava colocar o dinheiro num local e não falava nada. O dinheiro era colocado no espaço em que estavam."

Segundo os investigadores, Livânia teria dito que "em nenhum momento Ricardo Coutinho entregou dinheiro para pagamento de qualquer coisa, apenas recebeu".

A entrega de propina foi confirmada por outros delatores. É o caso de Ivan Burity, ex-chefe de Governo de Coutinho. Ele afirma que foi convidado a integrar o corpo de secretários estaduais, em razão de seu relacionamento com diversos empresários da área de Educação. Teria sido iniciada, então, uma "massiva captação" de recursos públicos, diz o Ministério Público.

Defesas

O governo da Paraíba divulgou a seguinte nota: "o Governo do Estado, diante das operações de buscas e apreensões ocorridas nesta terça-feira (17) nas dependências da administração estadual, por conta da Operação Calvário, vem esclarecer que desde o início da atual gestão tem mantido a postura de colaborar com quaisquer informações ou acesso que a Justiça determinar em seus processos investigativos."

Em sua página no Instagram, o ex-governador Ricardo Coutinho postou: "fui surpreendido com decisão judicial decretando minha prisão preventiva em meio a uma acusação genérica de que eu faria parte de uma suposta organização criminosa. Com a maior serenidade digo ao povo paraibano que contribuirei com a justiça para provar minha total inocência. Sempre estive à disposição dos órgãos de investigação e nunca criei obstáculos a qualquer tipo de apuração", escreveu.

"Acrescento que jamais seria possível um Estado ser governado por uma associação criminosa e ter vivenciado os investimentos e avanços nas obras e políticas sociais nunca antes registrados.

Lamento que a Paraíba esteja presenciando o seu maior período de desenvolvimento e elevação da autoestima ser totalmente criminalizado. Estou em viagem de férias previamente programada, mas estarei antecipando meu retorno para me colocar à inteira disposição da justiça brasileira para que possa lutar e provar minha inocência".

Por meio de nota, a assessoria de comunicação do PSB informou: "em face da Operação Calvário, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta terça-feira, 17, no Estado da Paraíba, o Partido Socialista Brasileiro reafirma, como sempre, seu total apoio à apuração dos fatos, respeitados o devido processo legal e o amplo direito de defesa. O PSB reitera sua confiança na conduta do ex-governador Ricardo Coutinho e dos demais investigados e investigadas, na certeza de que uma apuração isenta e justa resultará no pleno esclarecimento das denúncias."

O empresário Wesley Batista, do Grupo J&F, que controla a JBS, retificou um depoimento que havia feito no âmbito do Inquérito 1190, no Superior Tribunal de Justiça, e afirmou que propinas no montante de R$ 6,5 milhões foram destinadas ao governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB) e não ao ex-chefe do Executivo André Puccinelli (MDB) - antecessor do tucano -, como ele próprio havia indicado anteriormente.

Ao mudar seu relato, Wesley disse que cometeu um "erro material" que consistiu na confusão dos nomes do ex e do atual mandatário de Mato Grosso do Sul. A informação sobre a retificação de Wesley foi divulgada pelo site noticioso Midiamax, de Campo Grande, e confirmada pelo jornal O Estado de S. Paulo.

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O executivo da JBS fez a alteração no bojo do inquérito 1.190, de competência do STJ, que detém atribuição para investigar e processar governadores. Azambuja é alvo da Operação Vostok, que investiga o tucano pela suposta concessão de benefícios fiscais a grupos empresariais em troca de propinas.

Na primeira fase da operação, em setembro de 2018, o governador Reinaldo Azambuja (PSDB) foi alvo de buscas. Seu filho, Rodrigo, e o deputado estadual José Roberto Teixeira (DEM), o "Zé Teixeira", foram detidos e, depois, soltos. Em setembro, a segunda etapa da "Vostok" intimou 110 pessoas para prestarem depoimento.

Na ocasião, Azambuja rechaçou com veemência as suspeitas sobre sua gestão. Ele se colocou à disposição da Justiça.

A Polícia Federal suspeita que o governador recebeu R$ 70 milhões em repasses, entre o início de 2015 e fins de 2016. Azambuja nega taxativamente ter sido beneficiário de recursos ilícitos.

O Midiamax publicou transcrição do trecho da retificação feita por Wesley.

Em sua delação premiada, Wesley havia apontado propinas a "um ex-governador de Mato Grosso do Sul", levando os investigadores a suspeitarem de Puccinelli, que antecedeu Azambuja.

Depois, o executivo recuou alegando ter verificado anotações. Constatou, então, que os valores que havia atribuído ao emedebista teriam sido, na verdade, direcionados ao atual mandatário do Estado.

Wesley centralizou seu relato em um bloco de oito notas fiscais, lançadas entre janeiro e fevereiro de 2016 que totalizam R$ 6,5 milhões supostamente referentes a serviços contratados que nunca foram realizados.

Defesa

o advogado Gustavo Passarelli, que defende Reinaldo Azambuja, se manifestou. "A delação premiada do JBS não se sustenta, tendo o próprio Ministério Público Federal pedido sua rescisão. A defesa está tranquila quanto a inocência de seu cliente, sendo que até o momento, passados mais de dois anos da delação e de inúmeras tentativas de produção de provas, nada restou demonstrado contra o Governador, que acredita na justiça para a demonstração de sua inocência. A delação é baseada em documentos unilaterais, inservíveis para a finalidade pretendida."

O desembargador Marcello Granado, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), soltou o delegado da Polícia Federal Lorenzo Martins Pompílio da Hora, preso na Operação Tergiversação - investigação que mira em suposto esquema de propinas que variavam de R$ 400 mil a R$ 1,5 milhão dentro da sede da PF no Rio. Na decisão, o magistrado afirmou estar "convencido da possibilidade de aplicação de medidas diversas da prisão".

Granado suspendeu o delegado das funções exercidas na Polícia Federal e o proibiu de frequentar endereços da instituição "e também de manter contato com todos os investigados e corréus, parentes e afins destes, incluindo as pessoas jurídicas citadas nos processos originários".

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"Não se afigura presente elemento caracterizador de risco à ordem pública no caso do paciente", afirmou o desembargador. "E quanto ao motivo conveniência da instrução criminal, considerando o estágio avançado do inquérito policial, entendo adequada e suficiente à preservação da prova a imposição ao paciente de restrições cautelares pessoais e, portanto, desnecessária, a restrição absoluta à sua liberdade."

A Tergiversação foi deflagrada no dia 11 de junho, e apura propina cobrada "em razão da função exercida (pelo delegado e pelo escrivão) na condução de inquéritos policiais em curso na Polícia Federal".

A investigação mira no delegado federal, em um escrivão da PF e em "demais agentes criminosos a estes relacionados".

Os inquéritos estão relacionados às Operações Titanium (fraudes envolvendo o Plano de Saúde dos Correios) e Viupostalis/Recomeço (fraudes envolvendo o Postalis, fundo de pensão dos funcionários dos Correios), que eram conduzidas pelo delegado de Polícia Federal Lorenzo Pompílio da Hora, com o apoio do escrivão Éverton da Costa Ribeiro, lotados à época no Núcleo de Repressão a Crimes Postais da Delepat/RJ.

Uma das provas da operação é uma conversa de WhatsApp entre o delegado e o operador Marcelo Guimarães. No diálogo "possivelmente para repasse de valores, segundo o Ministério Público Federal, o delegado se diz "muito exposto no local" e pede rapidez.

O Ministério Público Federal afirma que o material foi obtido por meio da quebra do sigilo telemático. Segundo a Procuradoria, o diálogo "comprova a relação espúria entre o delegado Lorenzo Pompílio da Hora e o operador Marcelo Guimarães.

"Na conversa Marcelo Guimarães e Lorenzo combinam de se encontrar pessoalmente, possivelmente para repasse de valores pelo operador ao delegado ou para discutir diretamente detalhes da apuração que vinha sendo realizada pela Corregedoria da Polícia Federal. Lorenzo afirma que já está no local combinado, e pede para que Marcelo Guimarães não demore, pois está 'muito exposto no local', evidenciando se tratar de encontro com finalidades nitidamente ilícitas", relatam os investigadores.

Segundo a Procuradoria, as apurações apontaram que Lorenzo e Éverton "solicitaram e receberam vultosos valores de vantagens indevidas para evitar a exposição na mídia de investigados e potenciais investigados e favorecê-los nas apurações conduzidas por eles quanto às irregularidades no Postalis e no Plano de Saúde dos Correios".

Anda segundo a Procuradoria, o delegado e o escrivão "contavam com a atuação dos operadores Marcelo Guimarães e Rosalino Felizardo de Santanta Neto, os principais intermediários da organização criminosa, que usavam seus contatos para se aproximar de potenciais investigados e solicitar desses o pagamento de vantagens indevidas, além de viabilizar o recebimento de valores de propina e as operações de lavagem de dinheiro".

Os pagamentos, que variaram, segundo a investigação, de R$ 400 mil a R$ 1,5 milhão, eram feitos na maior parte das vezes em dinheiro, mas em alguns casos foram repassados por meio de transferências a empresas ligadas aos operadores Marcelo e Rosalino.

O Ministério Público Federal informou que foi identificada ainda a participação do empresário e operador João Alberto Magalhães Cordeiro Júnior e de Sancler Miranda Costa no grupo criminoso, que contou ainda com a atuação de Pedro Henrique Moreira Fernandes e de Luís Henrique do Nascimento Almeida, que "movimentaram recursos em espécie em favor do grupo e atuaram como 'laranjas' de alguns investigados".

O Ministério Público Federal sustenta que "há indícios de que o esquema criminoso envolveu outros agentes públicos e que não se limitou às investigações apontadas".

Defesas

A reportagem tenta localizar todos os citados. O espaço está aberto para as manifestações de defesa.

A 5ª Vara de Fazenda Pública do Rio determinou a quebra do sigilo fiscal do ex-governador Sérgio Cabral, do empresário Walter Faria (sócio da Cervejaria Petrópolis e da importadora Barley Malting), dos ex-secretários Júlio Bueno e Régis Fichtner e do agente fazendário Ary Filho. Eles são acusados pelo Ministério Público estadual de direcionar decretos para conceder benefícios fiscais à Barley em troca de R$ 54 milhões em propinas.

A juíza Cristiana Aparecida de Souza Santos determinou a expedição de ofício à Receita Federal para que forneça todas as declarações de renda dos réus. E também oficiou à Secretaria de Fazenda do Estado para que encaminhe ao juízo as notas fiscais eletrônicas, as guias de Informação e Apuração do ICMS, livros fiscais, Escrituração Fiscal Digital, e os arquivos do convênio firmado desde maio de 2009 até os dias de hoje.

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A magistrada, no entanto, negou o pedido do Ministério Público para suspensão dos efeitos dos decretos que supostamente teriam sido editados para beneficiar a importadora. A análise da matéria, segundo a decisão, é competência da 11ª Vara de Fazenda Pública, voltada para as questões tributárias estaduais. A Justiça também negou o bloqueio de bens dos acusados. A juíza  negou ainda o pedido de quebra do sigilo fiscal relacionado ao Escritório de Advocacia Andrade & Fichtner, pela empresa não não ser ré na ação.

“Deve ser ressaltado que, embora, a descrição dos atos, a ordem cronológica da edição dos decretos e os atos administrativos praticados na inicial possam dar conta da possível prática de atos de improbidade administrativa pelos requeridos com o direcionamento de atos normativos favoráveis, não existem provas suficientes nos autos de que os decretos tenham sido direcionados unicamente em favor da primeira ré”, escreveu a juíza Cristiana Aparecida Santos na decisão.

A magistrada escreveu ainda na sentença que “entende este Juízo que, não estão presentes, ao menos neste momento processual, os requisitos necessários para o deferimento da medida de bloqueio dos bens dos requeridos, certo também, que alguns deles provavelmente já possuem seus bens bloqueados tantos pelos processos que tramitam neste tribunal, quanto pelos processos iniciados pelo MPF (Ministério Público Federal)”.

A Agência Brasil não conseguiu contato com os envolvidos na decisão da Justiça.

A juíza federal Gabriela Hardt condenou três ex-executivos da Petrobras, além de outras seis pessoas, entre elas, operadores de propina e ex-executivos da Odebrecht em ação sobre supostas propinas que teriam abastecido a cúpula do MDB e políticos do PT, no final de 2009. A ação é decorrente da 51ª fase da Lava Jato, batizada de De jà-vu, que mirou contrato PAC SMS, da área internacional da estatal, no valor de US$ 825 milhões.

"Resta configurado um crime de corrupção em relação a cada contrato no qual houve acertos de corrupção. Assim, ao final, foi praticado apenas um único crime de corrupção. O total estimado da vantagem indevida foi de US$ 56,75 milhões (US$ 24,75 milhões para o pessoal da Petrobras, Odebrecht e intermediador financeiro, e US$ 32 milhões a agentes políticos vinculados ao PMDB e PT). É certo que em referido contrato houve mais de um agente público corrompido, mas adota-se este critério, um crime por contrato, para evitar apenamento excessivo", anotou. A juíza determinou o ressarcimento solidário dos acusados aos cofres da Petrobras no valor das supostas propinas.

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Foram sentenciados, por corrupção e lavagem de dinheiro, os ex-executivos da Petrobras, Aluísio Telles (11 anos e 4 meses), Ulisses Sobral Calile, (11 anos e 4 meses), e Rodrigo Zambrotti Pinaud (9 anos e 10 meses).

Os três ex-agentes da estatal tentaram acordos de delação premiada e confessaram crimes durante a ação, no entanto, nem o Ministério Público Federal, nem a juíza reconheceram a efetividade dos termos.

"O reconhecimento dos ilícitos pelo condenado adveio tardiamente, somente após a descoberta de todo o esquema criminoso pelos órgãos de persecução penal. Não serviu, eficazmente, à identificação dos demais coautores ou partícipes da ação criminosa, tampouco à recuperação total ou parcial do produto do crime, e nem foi decisivo na localização dos bens, direitos ou valores objeto do crime. Possivelmente daí decorre o desinteresse do MPF em celebrar acordo de colaboração premiada com o condenado. Não cabe, portanto, diminuição da pena a título de colaboração, ausente ademais acordo de colaboração do condenado com o MPF", anotou.

Também foram sentenciados os operadores Mario Ilineu Miranda, Ângelo Tadeu Lauria e os delatores da Odebrecht Olívio Rodrigues, César Rocha, Márcio Faria e Rogério Araújo. Aos ex-executivos da Odebrecht, a juíza reconheceu a efetividade da delação e substituiu as penas pelas previstas em seus acordos.

A magistrada determinou ainda o bloqueio milionário em diversas contas no exterior dos acusados. Ela requer o confisco de até US$ 24,7 milhões do operador Mário Ilineu Miranda, US$ 11,5 milhões de Aluísio Telles, e US$ 3,9 milhões de Ulisses Calile, e US$ 750 mil de Rodrigo Pinaud. O dinheiro estaria todo em contas na Suíça.

Políticos

A investigação nasceu com base nas delações da Odebrecht e cita o ex-presidente Michel Temer, que não é um dos denunciados nesta ação penal, cuja acusação foi oferecida somente a quem não tinha foro privilegiado, ainda em 2018.

Os depoimentos dos executivos da Odebrecht sobre o PAC SMS, no entanto, embasam outra denúncia que mira Temer, referente ao Quadrilhão do MDB. A acusação foi suspensa pela Câmara dos Deputados em 2017, mas, tão logo Temer perdeu o foro, foi encaminhada para a primeira instância.

O contrato de US$ 825 milhões da Petrobras alvo da Dejà vu, é pivô de anexo da delação da Odebrecht em que é narrada uma reunião entre um lobista, emedebistas, entre eles, o ex-presidente Michel Temer, e ex-executivos da empreiteira. Segundo os delatores da construtora, no encontro, em 2010, teria sido acertada propina de US$ 40 milhões ao partido. O valor era referente a 5% do termo da Odebrecht com a estatal. Os políticos, no entanto, não são alvo desta ação penal, que foi denunciada à época em que ainda tinham foro privilegiado. Temer nega ter cometido irregularidades.

O ex-presidente da Odebrecht Engenharia Industrial Márcio Faria da Silva disse que o encontro se deu no escritório político de Temer, em Alto de Pinheiros, em São Paulo, em 15 de julho daquele ano. Ele diz que se surpreendeu com a forma com que se tratou do pagamento de propina.

O contrato PAC SMS, no valor de US$ 825 milhões, era referente à manutenção de ativos sucateados da estatal em nove países do mundo, entre eles a Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Antes de a carta-convite da licitação ser apresentada à Odebrecht, segundo o delator, um ex-gerente da Diretoria Internacional da estatal (comandada pelo PMDB), Aluísio Telles, procurou a empreiteira para negociar 3% de suborno sobre o valor a ser pago.

Depois disso, com o avanço do processo de concorrência, o lobista João Augusto Henriques, apontado como operador do PMDB no esquema de corrupção da Petrobras, também cobrou da empreiteira o pagamento de 5%, o que equivaleria aos US$ 40 milhões, conforme o relato do delator.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu hoje (10), no Supremo Tribunal Federal (STF), que o ex-presidente Michel Temer e os ex-ministros Moreira Franco e Eliseu Padilha sejam investigados de forma conjunta no inquérito sobre o suposto recebimento de propina da empreiteira Odebrecht.

Em outubro do ano passado, o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, determinou a suspensão do inquérito aberto contra Temer até o fim do mandato, que se encerrou no dia 1º de janeiro. 

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Fachin, no entanto, determinou que a parte da investigação que envolve os ex-ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e de Minas e Energia, Moreira Franco, fosse encaminhada à Justiça Eleitoral de São Paulo.

Na manifestação enviada hoje ao STF, Raquel Dodge afirmou que, com o fim do mandato de Temer, as acusações imputadas contra os três acusados são conexas e devem ser julgadas conjuntamente em uma única instância. O Supremo ainda vai julgar definitivamente em qual tribunal o caso vai tramitar.

Conforme delação premiada de seis ex-executivos da Odebrecht, um pagamento de R$ 10 milhões para caixa dois da campanha de Paulo Skaf (MDB) ao governo de São Paulo em 2014 teria sido acertado em um jantar no Palácio do Jaburu quando Temer era vice-presidente, em maio daquele ano.

Teriam participado do encontro o ex-presidente executivo da empresa, Marcelo Odebrecht, e Padilha, que à época era ministro da Aviação Civil. Segundo a Polícia Federal, R$ 1,4 milhão teriam sido recebidos por Temer por meio de intermediários.

Em outubro do ano passado, o advogado Daniel Gerber, que representa Padilha, disse que jamais houve qualquer ato de corrupção imputado ao ex-ministro. A época de divulgação do relatório da PF, o Palácio do Planalto disse por meio de nota que as conclusões do delegado responsável eram "um atentado à lógica e à cronologia dos fatos". 

A Operação Lava Jato afirma que as empreiteiras OAS e a Odebrecht distribuíram propina de pelo menos R$ 68.295.866,00 ao PT e a ex-dirigentes da Petrobras e da Petros no esquema de corrupção ligado à construção da Torre Pituba, a sede da estatal na Bahia. O Ministério Público Federal aponta que os "valores históricos" representam quase 10% do valor da obra.

A construção da Torre Pituba é alvo da Operação Sem Fundos, 56ª fase da Lava Jato deflagrada nesta sexta-feira (23). A sede foi concebida, segundo a Procuradoria da República, no Paraná, por dirigentes da Petrobras e da Petros, para abrigar a sede da estatal em Salvador. O fundo de pensão teria se comprometido a realizar a obra e a Petrobras, a alugar o edifício por 30 anos (construção na modalidade "built to suit").

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O ex-presidente da Petros Wagner Pinheiro e empresas ligadas a ele foram alvo de buscas. Marice Correa, cunhada do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, e o marqueteiro ligado ao PT Valdemir Garreta são alvo de mandados de prisão temporária.

Segundo delatores da operação, a propina era embutida no valor da construção. Para os procuradores, as vantagens indevidas causaram "prejuízo expressivo à Petrobras, já que o montante de aluguel pelo qual se comprometeu e vem pagando é calculado sobre o valor total do empreendimento".

A Polícia Federal cumpre 22 mandados de prisão - oito de preventiva e 14 de temporária - e 68 ordens de busca e apreensão em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e na Bahia. O objetivo é aprofundar as investigações sobre corrupção, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e organização criminosa em esquema ligado à construção da Torre Pituba.

O esquema de contratações fraudulentas e pagamentos de vantagens indevidas, segundo o Ministério Público Federal, ocorreu entre 2009 e 2016.

Os alvos das medidas são os executivos das empresas que se envolveram na construção do empreendimento, além de intermediadores, agentes públicos da Petrobras e então dirigentes do fundo de pensão Petros, que teriam se beneficiado das vantagens indevidas.

De acordo com as investigações, Petrobras e Petros "formaram grupos de trabalho nos quais seus integrantes (estão) em conluio com outros dirigentes da estatal e do fundo de pensão". A Procuradoria da República aponta que, "em troca de vantagens indevidas", inclusive para o PT, os procedimentos de contratação da empresa gerenciadora da obra (Mendes Pinto Engenharia), da responsável pelo projeto executivo (Chibasa Projetos de Engenharia) e das empreiteiras que ficaram responsáveis pela obra (OAS e Odebrecht), que participaram por meio da Edificações Itaigara, foram fraudados.

A Procuradoria relata que a OAS detinha 50,1% e a Odebrecht, 49,9% de participação no empreendimento. A investigação identificou que, para a contratação das empreiteiras, foram acionadas outras duas empresas (Carioca e Engeform) integrantes do cartel que atuava na Petrobras para apresentar propostas-cobertura no procedimento seletivo.

Pagamentos

A Lava Jato identificou dois esquemas simultâneos de pagamentos de propinas - que também foram relatados por colaboradores -, realizados pelas empreiteiras OAS e Odebrecht entre 2011 e 2016.

De um lado, afirmam os investigadores, os executivos da OAS acertaram e distribuíram vantagens indevidas em percentuais de 7% a 9% do valor da obra. Os montantes foram pagos, em espécie e por meio de contrato fictício, aos dirigentes da empresa gerenciadora Mendes Pinto para que fossem repassados aos agentes públicos da Petrobras e aos dirigentes da Petros.

Segundo a Procuradoria, os pagamentos ocorriam em hotéis em São Paulo, na sede da OAS e em outros endereços já identificados e eram organizados pelos integrantes da "área de propinas" da OAS, por ordem dos principais dirigentes da empreiteira.

Além do montante de 7%, de acordo com a Lava Jato, mais 1% do valor da obra da Torre Pituba foi destinado ao PT em repasses organizados pelo "setor de propinas" da empreiteira OAS e entregues, em espécie, por meio de pessoa interposta pelo tesoureiro do partido, João Vaccari, ou diretamente ao PT, por meio de doações partidárias ao Diretório Nacional.

O Ministério Público Federal afirma que, além desses percentuais, outros "valores expressivos" foram destinados ao ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque, por meio de contrato simulado com sua empresa, a D3TM.

A Lava Jato destaca que "valores significativos" foram repassados ao então presidente da Petros, mediante entregas em espécie realizadas por operador financeiro que atuava para o marqueteiro do PT, bem como por meio de depósitos no exterior em conta de empresa offshore controlada por esse dirigente do fundo de pensão, com a intermediação do mesmo publicitário do partido, além de outros repasses a serem ainda identificados.

Em paralelo, afirma a Lava Jato, os executivos da Odebrecht se comprometeram "a distribuir vantagens indevidas" no percentual de 7% do valor da obra. Os montantes, segundo a investigação, foram repassados por meio de contratos fictícios com duas empresas controladas por dirigentes da gerenciadora Mendes Pinto, para o atendimento de "compromissos institucionais" com os agentes públicos da Petrobras e dirigentes da Petros.

A Lava Jato aponta que pagamentos em espécie foram dirigidos ao PT por meio de marqueteiro do partido e operacionalizados pelo "Setor de Operações Estruturadas" da Odebrecht, a área da empreiteira responsável pela distribuição de caixa 2 para o pagamento de vantagens indevidas.

Assim como a OAS, a Odebrecht também pagou propinas a Renato Duque por meio de transferências para conta no exterior de offshore controlada por operador que atuava para a empreiteira e que podia ser movimentada por executivo dela em benefício do ex-diretor, além de outros repasses a serem ainda rastreados.

A Operação Lava Jato afirma que a OAS e a Odebrecht distribuíram propina de ao menos R$ 68.295.866,00, "em valores históricos", e que representam quase 10% do valor da obra.

A investigação aponta que, para obterem ainda maior volume de vantagens indevidas, os envolvidos no esquema ilícito atuaram para que fossem celebrados aditivos ao contrato de gerenciamento, em favor da Mendes Pinto e ao contrato da obra, em favor da OAS e da Odebrecht (Edificações Itaigara), além de novo contrato de projeto executivo celebrado com a Chibasa.

"Isso implicou estrondoso aumento do valor do empreendimento, acarretando prejuízo adicional à Petrobras. Com os aditivos contratuais e novas contratações, o valor do empreendimento da Torre Pituba atingiu o montante de R$ 1.317.063.675,10, em valores corrigidos até novembro de 2018", informou a Procuradoria em nota.

Para embasar as medidas requeridas, foram obtidas evidências de quebra de sigilo de dados bancários, fiscais, telemáticos e telefônicos que comprovaram as afirmações dos colaboradores, além de documentos oriundos de cooperação jurídica internacional.

Além disso, diligências realizadas evidenciam a utilização de dinheiro em espécie por parte dos beneficiários finais do esquema, mediante depósitos estruturados e compra de bens valiosos, alguns em espécie, e não declarados à Receita Federal.

"É estarrecedor ver um golpe dessa magnitude aplicado não apenas contra a tão vilipendiada Petrobras, mas também contra todos aqueles que confiaram destinar suas economias de uma vida ao fundo de pensão, buscando, destacadamente, amparo na velhice por meio das aposentadorias. Atos de gestão fraudulenta como os revelados no caso da Petros são afrontosos à higidez do sistema de previdência complementar e comprometem gravemente a confiabilidade de seus investimentos", afirma Isabel Groba Vieira, procuradora regional da República.

Defesas

A reportagem está tentando contato com os citados. O espaço está aberto para manifestação.

O governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja, candidato à reeleição pelo PSDB, é alvo de buscas da Operação Vostok, da Polícia Federal, nesta quarta-feira, 12. A operação investiga um esquema de pagamento de propina a representantes da cúpula do Poder Executivo Estadual.

Dentre os alvos da Vostok estão pecuaristas locais responsáveis pela emissão das notas fiscais frias, inclusive, um deputado estadual e um conselheiro do Tribunal de Contas Estadual (TCE). Segundo a operação, também emitiram notas fiscais frias para dissimulação do esquema de pagamento de propina outras empresas do ramo agropecuário e frigorífico.

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Em nota, a PF informou que as investigações começaram no início deste ano, tendo por base os termos de colaboração premiada de executivos de uma grande empresa do ramo frigorífico. Os colaboradores detalharam os procedimentos adotados junto ao governo do Estado para a obtenção de benefícios fiscais.

O inquérito foi autorizado e tramita perante o Superior Tribunal de Justiça (STJ), em Brasília, que decretou as medidas em cumprimento. Aproximadamente 220 policiais federais cumprem 41 mandados de busca e apreensão e 14 mandados de prisão temporária, na capital do Estado e nos municípios de Aquidauana, Dourados, Maracaju, Guia Lopes de Laguna; e Trairão, no Estado do Pará. São alvos das medidas os endereços residenciais e comerciais dos investigados e os seus locais de trabalho.

Segundo apurado, do total de créditos tributários auferidos pela empresa dos colaboradores, um porcentual de até 30% era revertido em proveito da organização criminosa investigada. Nos autos do inquérito, foram juntadas cópias das notas fiscais falsas utilizadas para dissimulação desses pagamentos e os respectivos comprovantes de transferências bancárias.

Apurou-se também que parte da propina acertada teria sido viabilizada antecipadamente na forma de doação eleitoral oficial, ainda durante a campanha para as eleições em 2014; e que alguns pagamentos também teriam ocorridos mediante entregas de valores em espécie, realizadas nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, no ano de 2015.

Em razão dos acordos de benefícios fiscais concedidos pelo governo estadual, somente nos dois primeiros anos da gestão atual, a empresa frigorífica teria deixado de recolher aos cofres públicos um montante de mais R$ 200 milhões.

No bojo da ação desta quarta, foram cumpridos, ainda, três mandados de busca e apreensão expedidos pela Justiça Estadual do Mato Grosso do Sul, no interesse da Promotoria do Patrimônio, cujo objeto vincula-se aos fatos investigados pela Polícia Federal.

O nome da operação está ligado à estação de pesquisa russa localizada na Antártida onde já foi registrada uma das menores temperaturas da Terra. O nome faz referência às notas fiscais frias utilizadas para a dissimulação dos pagamentos.

O juiz federal Sérgio Moro abriu nova ação penal contra José Dirceu (PT) por supostas propinas de R$ 2,4 milhões das empreiteiras Engevix e UTC para o ex-ministro José Dirceu (Casa Civil - Governo Lula). O petista teria recebido os valores durante e depois do julgamento do mensalão, ação penal em que foi condenado. Também voltaram ao banco dos réus o ex-Engevix Gerson de Melo Almada, o irmão de José Dirceu Luiz Eduardo de Oliveira e Silva e o diretor da UTC Walmir Pinheiro Santana.

O magistrado, no entanto, ponderou que todos os réus nesta ação já foram condenados na Lava Jato e decidiu suspender a ação por um ano. "Não vislumbro com facilidade interesse do MPF no prosseguimento de mais uma ação penal contra as mesmas pessoas, a fim de obter mais uma condenação. O que é necessário é a efetivação das condenações já exaradas e não novas condenações", afirmou Moro.

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José Dirceu foi sentenciado duas vezes pelo juiz da Lava Jato em primeira instância com penas de 11 anos e 3 meses e de 20 anos e 10 meses de prisão - esta última foi aumentada, em segunda instância para 30 anos e 9 meses.

Ao abrir a nova ação penal, Moro ressalta que "quanto aos pagamentos da UTC a JD Assessoria, há a prova documental e a inusitada realização de pagamentos mesmo quando José Dirceu de Oliveira e Silva já estava condenado criminalmente na Ação Penal 470".

A acusação da força-tarefa da Lava Jato foi ajuizada em 2 de maio passado. Além do executivo e de Dirceu, são acusados Luiz Eduardo de Oliveira e Silva, irmão do ex-ministro; João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT; e Walmir Pinheiro Santana, ex-executivo da UTC. O juiz da Lava Jato não recebeu a ação contra Vaccari.

Segundo a força-tarefa da Operação Lava Jato, "a Engevix, com a finalidade de ocultar e dissimular a origem criminosa de recursos desviados da Petrobras, encobriu pagamentos por serviços de assessoria de comunicação prestados no interesse do ex-ministro-chefe da Casa Civil".

"As investigações ainda indicaram que José Dirceu recebeu valores da UTC Engenharia decorrentes de crimes praticados em detrimento da estatal petrolífera. Este repasse se deu por meio de aditivos contratuais fictícios da empreiteira com a JD Assessoria, empresa do ex-ministro", afirma o Ministério Público Federal.

Moro levantou sigilo do empreiteiro Gerson Almada, que foi vice-presidente da Engevix. Ele compareceu espontaneamente à Polícia Federal no dia 4 de julho e admitiu que contratos no valor de R$ 900 mil entre a Engevix e a Entrelinhas Comunicação foram firmados de forma 'simulada no intuito de justificar pagamentos sem causa lícita'.

Almada ainda disse que mantinha uma 'conta corrente' com o lobista Milton Pascowitch desde 2005 para pagar propinas a agentes públicos, políticos e partidos, dentre os quais, especificamente, José Dirceu. De acordo com o ex-vice-presidente da Engevix, o próprio lobista sugeriu que os pagamentos fossem feitos a Dirceu.

Por terem atingido o cumprimento máximo de pena em seus acordos de delação, parte dos acusados não responderá por este processo. "Justificada, por outro lado, a falta de oferecimento da denúncia contra outros envolvidos, como Ricardo Ribeiro Pessoa e Milton Pascowitch em virtude das previsões constantes nos acordos e o fato de já terem sido condenados, com trânsito em julgado, ao máximo das penas previstas no acordo", anotou Moro.

Defesas

A reportagem entrou em contato com o advogado Roberto Podval, que defende Dirceu, e com Gerson Almada, mas não obteve respostas até a publicação desta matéria. A reportagem não localizou a defesa de Walmir Pinheiro. O espaço está aberto para manifestação de todos os citados.

O senador Cristovam Buarque (PPS), que foi ministro no governo Lula, escreveu um artigo nesta semana para O Globo sobre o julgamento do recurso do ex-presidente, que acontece nesta quarta (24), em Porto Alegre. O curioso é que Cristovam, ao dirigir uma série de críticas ao líder petista, utilizou o verbo “criticam” dando a entender que não queria detonar Lula diretamente. 

Cristovam Buarque disse que se o Brasil fosse um corpo celeste, estaria ingressando em um “buraco negro”. "O ano começa com o julgamento de Lula na segunda instância. Ele poderá ser absolvido da condenação na primeira instância ou, se confirmada, ele terá sua candidatura suspensa, por força da Lei da Ficha Limpa, sancionada por ele próprio em junho de 2010. Se a sentença na primeira instância for rechaçada, as outras condenações da Lava-Jato ficarão sob suspeição. A população vai entender como uma volta ao tempo das propinas como prática aceita na política. Entraremos na escuridão da descrença na Justiça”, expôs. 

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O senador falou que os que conhecem Lula têm “sérias críticas” a fazer no que chamou de prática populista liderada pelo petista. “Criticam sua responsabilidade na escolha da candidata Dilma, como também na escolha de Michel Temer para vice-presidente, sabendo das suspeitas que pairavam sobre ele; a subordinação que ele fez da educação aos interesses eleitorais, substituindo a Bolsa Escola pela Bolsa Família e iludindo o povo com mais vagas no ensino superior sem o correspondente esforço na educação de base”.

“Criticam seu uso, antes do Trump, de narrativas falsas para apresentar um Brasil que não era verdadeiro. Mas, ainda que acreditando no depoimento de Antônio Palocci sobre o pacto de sangue, muitos desses críticos não têm certeza das provas de que ele se corrompeu por um apartamento na praia”, ressaltou. 

Cristovam Buarque ainda salientou que, mesmo que o ex-presidente seja condenado, ele poderá usar o direito legar de apelas para instâncias superiores. “Poderá ser candidato, vencer a eleição e a Justiça Eleitoral diplomar o segundo colocado, que tomará posse, conforme a lei. A eleição com candidatos cassados pela Justiça é legal e democrática, mas tira parte da credibilidade que a democracia exige na escolha de um presidente capaz de liderar o país. Sobretudo quando o povo percebe que notórios corruptos não serão cassados pela Justiça. Mesmo assim, não há democracia sem respeito à legalidade; e a Lei da Ficha Limpa em vigor condena cassando”. 

 

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