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O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse nesta sexta-feira (14), em reunião fechada com o presidente da China, Xi Jinping, que "ninguém vai proibir que o Brasil aprimore suas relações" com a China.

Lula afirmou que a visita a gigante chinesa de tecnologia Huawei, na quinta-feira em Xangai, foi uma demonstração de que o Brasil "quer dizer ao mundo que não tem preconceito" nas suas relações comerciais.

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A Huawei foi taxada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de fazer espionagem e o governo americano pressionou Brasília para não adotar a tecnologia 5G da empresa chinesa.

Ainda de acordo com falas de Lula, o presidente brasileiro defendeu que as relações entre os dois países precisam ir além da questão comercial e avancem para campos como ciência e tecnologia, educação e cultura.

"Queremos que a relação Brasil China transcenda a questão comercial", disse o presidente da República do Brasil.

Preservação ambiental e acordo com a Amazônia

Lula afirmou que conta com a China "na luta para preservar a terra". Nesse contexto, falou da transição energética e da meta do Brasil de chegar em 2030 a desmatamento zero na Amazônia.

Entre os acordos assinados nesta sexta entre os dois países está a construção de um satélite para monitoramento da Amazônia. "O Brasil pode praticamente dobrar sua produção agrícola recuperando as terras degradadas, sem precisar derrubar nenhuma árvore", disse na reunião bilateral.

Papel para a paz

Durante a reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Pequim, nesta sexta-feira (14), o presidente Xi Jinping afirmou que os dois países têm interesses comuns e que esse relacionamento vai desempenhar "papel positivo importante para a paz, o desenvolvimento e a prosperidade das regiões e do mundo".

As declarações foram reproduzidas pelo canal oficial da Secretaria de Comunicação Social do governo brasileiro no Twitter.

O líder chinês afirmou que Brasil e China são os maiores expoentes em relação aos países em expansão no mundo. "A China trata como estratégica e de longo alcance as relações entre China e Brasil, e dá lugar de destaque a nossas relações exteriores", afirmou. "China e Brasil são os maiores países em desenvolvimento e importantes mercados emergentes dos dois hemisférios. Temos interesses em comum", concluiu.

As relações do Brasil com outros Países foram totalmente fragilizadas durante o governo Bolsonaro (PL) e desde a campanha eleitoral, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), trazia à tona a intenção de reposicionar o Brasil nas relações internacionais. 

Essa disposição do petista foi, inclusive, abordada por ele no último debate antes do segundo turno das eleições. Ele falou que, se eleito, iria visitar outros países na busca de um diálogo para restabelecer as relações. Os Estados Unidos e a França, que têm uma relação fragilizada com Bolsonaro, reconheceram a eleição de Lula rapidamente. Os EUA, por exemplo, fizeram isso 40 minutos após o resultado da eleição, no dia 30 de outubro, quando os primeiros diálogos de Lula com o exterior já foram iniciados. 

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O presidente eleito foi convidado para participar da Conferência das Nações Unidas (COP 27) deste ano, realizada no Egito. O encontro, que terá a participação de 175 países e suas respectivas lideranças mundiais, discute a importância do desenvolvimento e do meio ambiente. Bolsonaro, no entanto, não estará presente neste evento, assim como não esteve na COP 25 e 26. Ele teria se queixado da decisão de Lula de ir ao evento e o chamou de “usurpador”, segundo informou Josias de Souza, do portal Uol. 

De acordo com o doutor em ciência política e professor Antônio Lucena, havia um interesse do mundo em tratar sobre determinados temas com o Brasil, mas a agenda estava empacada com o governo Bolsonaro, que tinha/tem uma política externa baseada na do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. “Então, questões de negacionismo em relação à pandemia, críticas a políticas de clima, dificuldades de articulação de um lado ao outro fazia parte da política de Bolsonaro. A diferença é que os Estados Unidos são uma superpotência, e o Brasil é uma potência regional que tem algumas dificuldades de projeção internacional”, explicou. 

Para o especialista, essas primeiras articulações de Lula com outros Países são de grande destaque para o Brasil. “É importante para a reinserção do Brasil nos grandes fóruns internacionais, e também ampliar a sua capacidade de diálogo com outros países". 

No discurso oficial de Lula no dia 30 de outubro, quando eleito, voltou a dar destaque às relações exteriores e falou sobre reconquistar a credibilidade, previsibilidade e estabilidade do Brasil diante do mundo. O cientista político Antônio Lucena corroborou e afirmou que a probabilidade de reposicionamento do Brasil é real. Segundo ele, a política externa de Bolsonaro emulada à de Trump não trouxe sequer muitos benefícios ao Brasil com os Estados Unidos além da indicação para a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), e o Brasil ter sido classificado como parceiro extrarregional da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). 

“Mas o próprio governo Trump na época restringiu as exportações de aço no Brasil, foi mais duro com relação a uma série de outros combustíveis, o que terminou gerando uma dificuldade de relacionamento com o Brasil e outras portas que poderiam ter sido abertas com outros Países e não foram. O que vimos foi um maior universalismo centrado no pragmatismo, sem repetir os alinhamentos ideológicos que eram puramente de ocasião, mas que não traziam benefícios de ganhos de comércio e coisas dessa ordem para o País”, criticou Lucena. 

O doutor em ciência política destacou a importância de o Brasil ter a própria característica de uma relação cordial e amistosa com a maioria dos Países democráticos do mundo, e observou que algumas relações não são possíveis e podem ficar abaladas. “A gente pode ver, talvez, alguma divergência do Brasil com a Rússia em relação à Ucrânia, mas outros aspectos também podem estar presentes. Com essa nova possibilidade de relacionamento, o Brasil pode, inclusive, trazer recursos para nós. Um exemplo é que, durante a campanha presidencial, Joe Biden disse que haveria a possibilidade de um fundo de 20 bilhões de dólares para a Amazônia. A própria Noruega, que tinha bloqueado o Fundo da Amazônia, vai liberar recursos em 1º de janeiro, quando vai ter o próximo governo”, afirmou, ao mencionar que o Brasil estava com recursos travados “por causa de um comportamento errático do governo Bolsonaro”. 

Ele lembrou, ainda, que Bolsonaro criticava a ideologização das relações internacionais durante a campanha presidencial de 2018 e dizia que seria mais pragmático. “O que aconteceu é que as relações internacionais do Brasil se tornaram extremamente ideologizadas durante o governo Bolsonaro sem, muitas vezes, levar em consideração o aspecto comercial pragmático, que é importante nesse sentido”, salientou. 

Questionado sobre a probabilidade de Lula fazer a mesma política externa feita em 2003, quando foi eleito presidente pela primeira vez, o professor esclareceu que os condicionantes eram outros e que era um novo governo, então, é uma perspectiva difícil de ser trabalhada no momento. “O Brasil vivenciou o superciclo das commodities e isso trouxe muitos benefícios. A gente vai iniciar um período fiscal muito ruim no próximo ano, que está ‘perdido’ pela necessidade do reajuste e reorganização da casa. Então, vamos precisar organizar bem a casa para poder sair à rua e esse é o processo que deve ser observado. Mas é claro que o Brasil deve ter uma política mais pragmática", asseverou. 

O mercado brasileiro de ações não teve fôlego para dar continuidade ao movimento de alta e da véspera voltou a realizar lucros nesta quarta-feira, 11, pré-feriado. Apesar das agendas interna e externa relativamente intensas, não houve notícia com impacto suficiente para direcionar os negócios com clareza. Com isso, predominaram as correções, concentradas principalmente nas blue chips. O Índice Bovespa terminou o dia em baixa de 0,31%, 76.659,80 pontos, depois de oscilar entre +0,11% e -0,75%. Os negócios somaram R$ 9,5 bilhões, dentro da média diária das últimas semanas.

No cenário externo, a principal expectativa do dia girou em torno da ata da reunião de política monetária do Federal Reserve (Fed). O mercado já esperava um documento sem grandes novidades, o que se confirmou. A sinalização de que os dirigentes do Fed se preocupam com a inflação baixa fez com que a ata fosse interpretada como "dovish".

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Na agenda doméstica, o evento de maior relevância no dia é a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF), para julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade que defende a necessidade de que medidas cautelares contra parlamentares sejam autorizadas pela Câmara ou pelo Senado. A questão envolve diretamente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), afastado do mandato em setembro pela Primeira Turma da Corte. Apesar de ter sido monitorada de perto, a sessão de julgamento não teve influência visível nos negócios.

"Foi um dia de poucas notícias com potencial para animar o investidor. De tudo, um dos fatores de maior repercussão foi o aumento da tensão envolvendo Rodrigo Maia, que ameaçou não votar as medidas provisórias de interesse do governo", disse Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença Corretora.

Com mais uma tentativa frustrada da votar a medida provisória 784, a MP da Leniência, o presidente da Câmara disse que não pretendia mais pautar a MP, que perde a validade no dia 19. Maia culpou o governo pela falta de quórum e disse que os esforços do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, foram "jogados no lixo". Ele anunciou ainda a intenção de não votar mais MPs. A ameaça de Maia coloca em risco medidas que teriam efeito fiscal positivo de R$ 17,3 bilhões.

Na cenário externo, a queda de 2% dos preços do minério de ferro no mercado à vista chinês e a instabilidade dos preços do petróleo favoreceram as baixas das ações da Vale, siderúrgicas e da Petrobras. Papéis do setor financeiro, que na terça-feira estiveram entre as altas mais significativas da bolsa, hoje devolveram parte dos ganhos da véspera. As units do Santander perderam 1,88%, depois de uma alta de 3,81% na terça-feira. Petrobras ON caiu 0,48% e Vale ON, 0,70%.

A presidenta Dilma Rousseff participa, nesta segunda-feira (24), em Bruxelas, na Bélgica, da Reunião de Cúpula Brasil-União Europeia. Ela chegou à capital belga nesse domingo (23), visitou o primeiro-ministro, Elio Di Rupo, e participou de jantar promovido pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil e pela Confederação Nacional da Indústria.

No encontro empresarial, está previsto o lançamento do plano de ação de competitividade e investimentos. "É importante dizer que é um passo importante na consolidação da integração comercial Mercosul-União Europeia, que é o próximo passo que nos aguarda nos próximos meses”, disse o ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges.

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A presidenta deverá discutir também a viabilidade da construção de um cabo ótico submarino para facilitar a comunicação eletrônica com a Europa. O projeto se tornou uma das prioridades do governo brasileiro depois das denúncias de espionagem feitas pelos Estados Unidos a cidadãos de vários países. Dilma retorna ainda nesta segunda a Brasília. 

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