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O risco Brasil medido pelo contrato de swap de default de crédito (CDS, na sigla em inglês) de cinco anos caiu para abaixo de 200 pontos pela primeira vez desde 17 de maio (193,77 pontos), horas antes da divulgação da delação da JBS que intensificou a crise política. Por volta das 12h30 de ontem, o CDS de cinco anos recuava 1,18%, aos 198,650 pontos.

A queda reflete a ideia de que o resultado da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer na Câmara dos Deputados na noite de quarta-feira representa um alívio na instabilidade política e eleva as chances de aprovação da reforma da Previdência. "A vitória de Temer na Câmara foi uma das etapas vencidas da crise política. Com isso, as incertezas diminuíram um pouco e abriu espaço para a queda do CDS para abaixo de 200 pontos", disse Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Fibra.

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A influência positiva do cenário internacional favoreceu uma leve alta do Índice Bovespa nesta sexta-feira de noticiário doméstico escasso. As altas das commodities e das bolsas de Nova York sustentaram o indicador em terreno positivo. Ao final do pregão, o Ibovespa teve ganho de 0,18%.

A crise política foi um balde de água fria para o setor real da economia. Projetos que começavam a ser desengavetados pela retomada da atividade que estava se desenhando voltaram para a gaveta, à espera de qual será o encaminhamento das reformas. Enquanto isso, analistas começam a calcular as prováveis perdas no dia a dia das empresas e nos diversos setores.

Economistas já estão cortando as projeções de crescimento da economia este ano e no próximo. As estimativas preliminares sinalizam perdas para a atividade em 2017 entre R$ 25 bilhões, no cenário mais otimista, e R$ 170 bilhões, no mais pessimista, na comparação com que se esperava antes das denúncias envolvendo o presidente Michel Temer. É consenso entre os especialistas ouvidos pelo Broadcast/Estadão que o tamanho do estrago vai depender da duração da turbulência em Brasília e do desfecho da reforma da Previdência.

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Aos olhos dos investidores internacionais, o Brasil ficou mais arriscado, o que pode ser percebido na forte alta nas taxas do CDS (Credit Default Swap), uma espécie de seguro de crédito contra calotes. Esse papel chegou, no pior momento, a subir mais de 30%. Ontem, estava em 240 pontos base, alta de 21% comparado a um dia antes da delação da JBS.

Risco. A crise também acendeu o sinal de alerta nas agências de classificação de risco. A Standard & Poor’s (S&P) já colocou o País em observação para possível rebaixamento da nota soberana, por causa das "dinâmicas políticas mais estressadas", que podem afetar as reformas e o PIB. Ontem, a Moody’s alterou ontem a perspectiva do rating brasileiro de "estável" para "negativa", indicando que aumentou a chance de a nota ser rebaixada (ver box).

Os primeiros impactos da crise apareceram nos indicadores financeiros. Em apenas uma semana, as empresas brasileiras perderam R$ 161 bilhões em valor de mercado, segundo a Economática. Já as companhias com dívidas em dólar viram seus passivos aumentarem em R$ 7,2 bilhões. É claro que estes números podem ser revertidos se a situação se resolver, mas a deterioração do cenário econômico por causa da turbulência política já fez empresas adiarem planos de captação de recursos. A Log Commercial, do setor de logística e controlada pela MRV Engenharia, e a Ser Educacional, por exemplo, desistiram de ofertas de ações. Por sua vez, o IRB Brasil Re decidiu adiar sua aguardada abertura de capital.

A paralisia nas empresas já sinaliza impacto negativo para o PIB. A LCA Consultores acha pouco provável a manutenção da sua estimativa inicial de um crescimento de 0,9% este ano. O economista Francisco Pessoa Faria acredita que o mais provável é que a crise tenha um impacto de 0,4 ponto porcentual no PIB deste ano, trazendo a expansão para 0,5% e ocasionando perdas de R$ 25 bilhões, em um cenário mais favorável. Em um caso mais adverso e menos factível, a consultoria estima uma retração de 1,1% no PIB, com uma perda de R$ 127 bilhões. "Ainda existe muita fragilidade em todas as projeções, porque a conjuntura é muito incerta", pondera.

Há gordura no câmbio, porque o dólar está cotado acima do modelo do Banco Central, de acordo com o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Mendes. Embora tenha negado que o governo trabalhe com uma meta cambial, ele declarou que a autoridade monetária e o mercado como um todo trabalham com modelos de referência para a moeda. "Dólar sempre gera um debate muito grande. São muitas as variáveis para explicar o câmbio."

Para garantir liquidez, o BC estaria disposto a atuar por meio do mercado à vista e de derivativos, informou Mendes. "O BC está pronto para garantir a liquidez necessária. Iremos oferecer a moeda que a economia demandar."

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Sobre o valor do real diante do dólar, Mendes refutou a ideia de que o BC trabalha para manter as cotações dentro de uma determinada faixa de flutuação, chamada pelo mercado de banda cambial. "A taxa flutua."

Segundo ele, a estratégia é oferecer liquidez para o fim do ano, época em que faltam dólares, por motivos "sazonais", nas palavras do diretor do BC. "Fim de ano é sempre período de baixa liquidez e o BC está preparado para oferecer liquidez. Não faltará dólar", completou.

Na avaliação dele, as reservas internacionais dão segurança para atuar no mercado à vista enquanto uma posição "leve" no mercado de derivativos facilita.

Metas de inflação

O regime de metas de inflação não mudou, "em absoluto". "O regime de metas continua. A ata (da reunião do Comitê de Política Monetária) continua válida. Todo o trabalho de perseguir o centro da meta continua como antes", afirmou Mendes nesta segunda-feira no seminário Reavaliação do Risco Brasil, promovido pelo Centro de Economia Mundial da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio.

Segundo Mendes, o nível atual da taxa básica de juros, a Selic, é adequado para a convergência da inflação ao centro da meta. O diretor do BC voltou a repetir a ideia de que essa convergência, no entanto, pode se dar de forma "não linear".

Após participar do seminário, afirmou ainda a jornalistas que o governo atua para melhorar as condições de financiamento das empresas. Ele não quis, entretanto, antecipar qualquer nova medida nesse sentido.

A indústria demonstra sinais de recuperação, segundo o diretor de Política Monetária do Banco Central, Aldo Mendes. Em seminário promovido nesta segunda-feira pela Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio, ele argumentou que sondagens da FGV e da Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam para o crescimento do setor. O executivo afirmou que, no quarto trimestre, os resultados da economia, em geral, serão melhores do que os do terceiro trimestre deste ano.

Mendes atribuiu à redução da taxa de juros e aos efeitos no setor de serviços financeiros o resultado frustrante do Produto Interno Bruto (PIB) do período de julho a setembro. O mesmo não deverá ocorrer no quarto trimestre, quando a economia deverá crescer mais, conforme o diretor do BC. "O efeito da taxa de juros mais baixa não terá o mesmo impacto no quarto trimestre."

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Ele reafirmou a existência de "sólidos fundamentos macroeconômicos no Brasil", embora, tenha apontado que, no exterior, permanece o crescimento baixo. Ele destacou que o País terminará o ano com investimento direto superior a US$ 66 bilhões, o que permite financiar a conta corrente. De acordo com Mendes, o balanço de pagamentos não apresenta problemas.

O diretor do BC ressaltou ainda que o índice de cobertura da dívida externa, de 13,4% do PIB, demonstra que "a solidez das contas externas no Brasil evoluiu". Para ele, o cenário fiscal brasileiro é melhor do que o de economias avançadas.

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