Tópicos | Tragédia no Arruda

Depois de mais de 13 horas de julgamento no Fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, Centro do Recife, o Conselho de Sentença da  2ª Vara do Tribunal do Júri da Capital condenou os réus Everton Filipe Santiago de Santana a 28 anos e nove meses, Luiz Cabral de Araújo Neto a 25 anos, sete meses e 15 dias e Waldir Pessoa Firmo Júnior a 28 anos e nove meses de reclusão, pelo homicídio consumado de Paulo Ricardo Gomes da Silva, além de outras três tentativas de homicídio. O jovem de 26 anos era torcedor do Sport e foi atingido por um vaso sanitário na área externa do Estádio do Arruda em 2 maio de 2014, após o jogo Santa Cruz x Paraná. Ele morreu na hora.

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Todas as penas deverão ser cumpridas inicialmente em regime fechado. Ao fim do julgamento, os três réus retornaram ao Centro de Triagem de Abreu e Lima (Cotel), onde já se encontravam presos. As partes têm cinco dias para recorrer. 

O julgamento foi presidido pelo juiz Jorge Luiz dos Santos Henriques. As defesas de Luiz Cabral e Waldir Júnior apresentaram ao júri popular a tese de que o que ocorreu, na verdade, foi homicídio culposo. Os advogados disseram que, embora a dupla tenha percorrido 120 metros com dois vasos sanitários nas mãos e atirado o objeto de uma arquibancada de 24 metros de altura, não houve a intenção de atingir a torcida adversária que transitava no entorno do estádio.

A mãe da vítima, Joelma da Silva, esteve presente no início da sessão, clamando por justiça. “A pena de morte seria pouco. Em outros lugares, os acusados têm o direito de escolher como querem morrer, têm o direito de escolher uma comida antes de serem mortos, e nem isso para mim esses monstros merecem”, afirmou, emocionada.

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A  vítima, Paulo Ricardo Gomes da Silva, era integrante de uma das uniformizadas do Sport, mas estava acompanhando torcedores do Paraná - que entrou em campo contra o Santa Cruz no dia do ocorrido. Dois vasos sanitários foram jogados das cadeiras entre os portões 6 e 7 do Arruda, de acordo com o Instituto de Criminalística (IC).

Assista o momento em que o vaso sanitário é arremessado da arquibancada:

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Para a promotoria não há dúvidas da intencionalidade criminosa dos réus do caso da privada. Durante a fala da acusação, no julgamento que ocorre nesta quarta-feira (2), os promotores destacaram os depoimentos que os réus deram em outras oportunidades, em que alegam a intenção de atingir a torcida adversária com os objetos. 

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Todos os três acusados, Luiz Cabral de Araújo Neto, Waldir Pessoa Firmo Júnior e Everton Filipe Santiago Santana, confessaram a participação no episódio. Enquanto Luiz e Everton teriam arrancado as privadas a chutes, Waldir e Luiz teriam feito o arremesso. O advogado de Everton, Adelson José da Silva, quer pedir a absolvição do cliente, visto que ele não jogou o vaso. “Ele ajudou a arrancar os vasos sanitários e ajudou a carregá-los por cerca de 100 metros até o trecho onde sabiam que estaria passando a torcida adversária”, diz o promotor Roberto Brayner, contestando a tese de Adelson.

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Tanto a defesa de Luiz Cabral quanto a de Waldir já comentaram que vão defender a culpa consciente, que é quando há a previsibilidade da tragédia, mas os sujeitos não acreditariam que ela ocorreria.  “A defesa fala em dolo eventual. Isso é quando a gente não quer o resultado, mas assume o risco. Ou seja, se os suspeitos tivessem visto que não passava ninguém na calçada e então arremessado o vaso. Mas há dolo direto. Eles sabiam da existência de pessoas embaixo”, aponta Brayner. 

Os réus respondem por homicídio consumado do torcedor do Sport Paulo Ricardo Gomes da Silva, e três tentativas de homicídio duplamente qualificado das outras três pessoas atingidas pelos destroços de um dos objetos. As qualificações são por motivo fútil e por impossibilidade de defesa.

A Torcida Jovem do Sport se posicionou nesse sábado (3) sobre a morte do torcedor Paulo Ricardo Gomes da Silva, por meio de sua página oficial no Facebook. A organizada também divulgou um vídeo que, segundo torcedores, contém imagens dos últimos momentos de Paulo na arquibancada do Arruda, antes de ser atingido por uma privada. VEJA O VÍDEO.

Segundo a uniformizada, desde o surgimento de campeonatos nacionais, o apoio e a “boa receptividade” entre torcidas aliadas ou amigas de estados diferentes são uma prática comum. Paulo, junto com outros integrantes da Jovem, foram com a torcida organizada do Paraná para o Arruda na última sexta-feira (2), para a partida contra o Santa Cruz, válida pelo Campeonato Brasileiro da Série B. “Foi nesse intuito que nosso componente Paulo Ricardo foi ontem (sexta) ao Arruda acompanhar um jogo do Paraná Clube, um time diferente do seu time do coração, que é o Sport. Ele estava ali para retribuir a boa recepção que a Torcida Fúria Independente do Paraná faz quando o Sport joga em Curitiba”, informou a Torcida.

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Para a organizada rubro-negra, a morte brutal de Paulo foi uma “tragédia anunciada”. “...não foi a primeira vez que vasos sanitários e extintores foram arremessados das arquibancadas do Arruda em direção as torcidas visitantes. É preciso acabar com a impunidade e criar políticas sérias de controle das Torcidas Organizadas”, declarou a Jovem na postagem no Facebook. A organizada ainda alegou que a proibição das torcidas faz com que se perca o controle das uniformizadas.

O sepultamento do torcedor assassinado ocorre na tarde deste domingo (4), no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife. As investigações sobre a morte de Paulo seguem sendo feitas. Um adolescente já foi chamado pela Polícia para depor e um vídeo da SDS mostra o exato momento que a privada foi arremessada. 

 

 

 

 

 

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