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Os conflitos que deram início à Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro, completam 116 anos nesta terça-feira (10). Em 1904, os brasileiros iam às ruas para protestar contra a obrigatoriedade da vacina anti-varíola, que foi instituída após o cientista Oswaldo Cruz (1872-1917) incentivar o Congresso Nacional com um projeto que tornaria o imunizante obrigatório para toda a população.

A lei recebeu aprovação em 31 de outubro de 1904 e foi instituída em 9 de novembro. Aqueles que não apresentassem o comprovante de que haviam sido imunizados, não conseguiam emprego, certidão de nascimento e matrícula em instituições. A obrigatoriedade revoltou a população, que temia a vacina por conter pústulas de vacas doentes. Algumas lendas diziam que o imunizante causava mutações em quem o tomava.

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O protesto popular virou uma guerra civil. Os conflitos resultaram em prisões, feridos e até mortos. Toda a situação obrigou o presidente da república da época, Rodrigues Alves (1848-1919), a remover a lei de obrigatoriedade da vacina. Quatro anos após a revolta, uma epidemia de varíola atingiu o Rio de Janeiro e obrigou a população a recorrer ao imunizante antes rejeitado.

Em 2020, ainda existem grupos ideológicos que demonstram resistências às vacinas e contestam a eficácia delas. Segundo o imunologista José Zimmermam, a vacina é considerada o melhor remédio, pois impede a evolução de qualquer tipo de doença. "Os pais que não vacinam filhos contribuem para que doenças já erradicadas, como o sarampo, reapareçam, como temos observado com diversos casos graves e até mesmo fatais", alerta.

Em meio à pandemia de Covid-19, o médico afirma que uma possível vacina garante a imunização de rebanho, e quanto mais pessoas aderirem ao imunizante, maior será a proteção da população. O especialista acredita que, embora a imunização seja o melhor caminho, a obrigatoriedade pode não ser a prática mais eficaz. "Seria melhor fazer uma campanha ampla de vacinação e enfatizar que se vacinar é pensar nos outros", sugere Zimmermam.

A pandemia e o isolamento social, que ocorrem desde março no Brasil, deixaram muitas pessoas ansiosas pela imunização. Segundo Zimmermam, é necessário tomar alguns cuidados com as primeiras remessas de vacinas. "Elas diferem quanto ao seu mecanismo de ação: vírus inativado, proteína Spike do coronavírus e RNA mensageiro. As primeiras vacinas serão as menos elaboradas. O ideal é aguardar de um a três meses para verificar a proteção e os efeitos colaterais", recomenda o médico.

A pandemia de coronavírus (Covid-19) é a primeira enfrentada pela sociedade contemporânea e entra para a lista de outras crises que assolaram o mundo, como a peste negra, que matou cerca de 60% da população europeia, a  cólera e o HIV. "Elas surgem e retrocedem para refletir sobre causas e consequências, sobre hábitos e costumes, sobre higiene, purificação e, principalmente, sobre excessos e falta de atenção para com a sociedade humana e o meio ambiente", comenta o sociólogo César José, formado pela Universidade de Santos.

Conheça as pandemias anteriores:

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1 – Peste Bubônica

A Peste Bubônica ou Peste Negra é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida através de pulgas de ratos. O mundo enfrentou essa pandemia no final do século XIV, que matou cerca de 200 milhões de pessoas, segundo publicação da revista Galileu. Entre os sintomas da doença estão inchaço dos gânglios, dores de cabeça, fadiga e dores musculares.

2 – Varíola

A doença atormentou a humanidade por mais de 3 mil anos. O vírus Orthopoxvírus variolae era transmitido por meio das vias respiratórias. Tinha como sintomas febre alta, erupções na garganta, na boca e no rosto. Foi erradicada na década de 1980, após campanha de vacinação em massa.  

3 – Cólera

A doença surgiu em 1817 e matou milhares por meio de sua transmissão, que acontece a partir de alimentos e água contaminados. "Há uma tendência em vários lugares a não se observar regras de saneamento, desinfecção e medidas preventivas, não por maldade ou desinteresse, e sim por falta de informação. O cólera ainda é uma doença global que mata milhares", diz o sociólogo José. Um dos países mais atingidos pela cólera foi o Haiti, em 2010. O Brasil já teve vários surtos da doença, principalmente em áreas mais pobres do Nordeste.

4 – Gripe Espanhola

Estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia que procedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mais de um quarto da população mundial na época foi infectada e até o presidente do Brasil na época, Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919. O vírus veio da Europa, a bordo do navio Demerara. O transatlântico desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro. Os sintomas eram parecidos com o do atual coronavírus e não possuia cura.

5 – HIV

O vírus da imunodeficiência humana é considerado por alguns autores uma pandemia global. No entanto, a OMS atualmente usa o termo epidemia. Dados de 2018, apontam que 37,9 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV em todo o mundo.

 

Acreditava-se que a múmia de uma criança na Itália continha a evidência medieval mais antiga de varíola, mas uma nova análise de DNA revelou que a doença de que ela padecia era na verdade hepatite B, anunciaram pesquisadores nesta quinta-feira (4).

A criança pequena foi enterrada na Basílica de São Domenico Maggiore em Nápoles, Itália, no século XVI, de acordo com o estudo publicado na revista PLOS Pathogens.

Uma aparente erupção facial levou os especialistas a acreditarem, inicialmente, que a criança tinha varíola.

Pesquisadores da McMaster University decidiram fazer uma análise mais aprofundada, usando pequenas amostras de tecido de pele e osso para identificar fragmentos de DNA.

Sua análise genômica mostrou que o vírus era o da hepatite B, que ataca o fígado e também pode causar uma erupção cutânea.

A descoberta confirma que a hepatite B existe há séculos e mudou pouco nos últimos 450 anos, disse Hendrik Poinar, geneticista do McMaster Ancient DNA Center.

"Esses dados enfatizam a importância das abordagens moleculares para ajudar a identificar a presença de patógenos-chave no passado, o que nos permite restringir melhor o tempo em que podem ter infectado humanos", disse.

"Quanto mais entendemos sobre o comportamento de pandemias e surtos passados, maior é a nossa compreensão de como os patógenos modernos podem funcionar e se espalhar, e essa informação acabará por ajudar no controle deles", acrescentou.

Hoje, a hepatite B infecta cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo e mata cerca de um milhão de pessoas por ano.

A surpreendente descoberta do DNA do vírus da varíola no corpo mumificado de uma criança que morreu no século XVII pode ajudar os cientistas a rastrear a história misteriosa deste agente patogênico mortal, segundo um estudo.

Espécimes deste vírus existem apenas nos congeladores protegidos nos laboratórios desde a erradicação da infecção no fim da década de 1970, resultado das campanhas de vacinação.

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Mas a origem do vírus permanece desconhecida e a descoberta do DNA viral na pele do corpo mumificado que estava em uma cripta sob uma igreja da Lituânia, poderia permitir o fim do mistério sobre a doença infecciosa, de acordo com os cientistas. A descoberta foi publicada na revista científica americana Current Biology.

A sequência de DNA deste antigo agente patogênico indicaria, entre outras coisas, que a infecção surgiu entre os humanos mais recentemente do que se pensava e revela também que o micróbio sofreu várias mutações.

"Há indícios de que múmias egípcias de 3.000 a 4.000 anos de idade tinham marcas que pareciam de peles afetadas, interpretadas como resultantes de pústulas características da varíola", afirmou a cientista Ana Duggan, da Universidad McMaster de Canadá, principal autora do estudo.

"A descoberta mais recente questiona realmente esta interpretação e faz pensar que a história da varíola em populações humanas pode ser inexata", completou.

Os cientistas reconstituíram o genoma completo da cepa encontrada no corpo mumificado e o compararam com os vírus da varíola que datam de meados do século XIX e igualmente do período precedente à erradicação da infecção, no fim da década de 1970.

Eles concluíram que os vírus tinham um ancestral viral comum que apareceu entre 1588 e 1645, o que coincide com um período de exploração, migração e colonização que poderia ter contribuído para a propagação da varíola no mundo. Com a tese, talvez os egípcios da época de Ramsés não tenham sofrido com a varíola, e sim a varicela ou o sarampo, indicaram os cientistas.

Além disso, a reconstituição do genoma deste antigo vírus do século XVII possibilitou uma datação mais precisa da evolução da doença. Os cientistas conseguiram deste modo identificar distintos períodos de evolução do vírus.

Eles citam um exemplo claro registrado na época em que o médico inglês Edward Jenner criou sua vacina contra a varíola no século XVIII. Neste período, o vírus aparentemente se dividiu em duas cepas, o que sugere que a vacinação pode ter exercido uma pressão sobre o agente patogênico para sua adaptação.

Donald Henderson, o médico americano e agente da saúde pública que liderou uma bem sucedida luta global para erradicar a varíola nos anos 1960 e 1970, salvando milhares de vidas, morreu, aos 87 anos.

Conhecido com D.A., Henderson era considerado um "gigante" da saúde pública, afirmou Michael Klag, reitor da Escola de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg, posição antes ocupada por Henderson.

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"Henderson fez com que a Organização Mundial de Saúde fosse bem sucedida nos 10 anos em que se esforçou para erradicar a varíola, uma das maiores conquistas da saúde pública na História", afirmou Klag em uma declaração ao anunciar sua morte. "A varíola é a única doença humana que já foi completamente erradicada".

Henderson morreu na sexta-feira, em Baltimore, devido a complicações por uma fratura no quadril, afirmou em um comunicado o Centro Médico da Universidade de Pittsburgh - onde ele era um acadêmico.

Funcionário do Centro de Doenças Transmissíveis, anteriormente chamado de Centro para Controle e Prevenção de Doenças, ele foi selecionado em 1966 para comandar os esforços, aparentemente inúteis, da erradicação da varíola.

Primeiramente conhecida como "praga", a doença foi uma das mais mortais da História, matando cerca de 300 a 500 milhões de pessoas somente no século XX.

Henderson supervisionou a implementação de um programa de vacinação sistemática que tinha por objetivo isolar os focos, ao invés de tentar a vacinação em massa. A campanha foi declarada um sucesso em 1980.

"D.A. Henderson verdadeiramente mudou o mundo para melhor", disse, em um comunicado, Tom Inglesby, do Centro Médico da Universidade de Pittsburgh. "Com tudo isso, ele ainda teve tempo para ser um mentor para inúmeros jovens e foi um grande amigo. Ele é insubstituível".

Henderson deixa sua esposa Nana, sua filha Leigh e seus filhos Douglas e David.

Uma cepa da varíola que datava de 300 anos foi identificada em corpos congelados na Sibéria no século XVIII e parcialmente sequenciada, o que pode ajudar em pesquisas sobre a evolução do vírus, informaram nesta sexta-feira cientistas franceses.

A varíola, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) erradicada em 1979, causou centenas de milhões de mortes e é responsável pelo desaparecimento de populações autóctones em América, África e Ásia.

Os elementos do vírus descobertos na Sibéria foram identificados em um membro de uma família de cinco pessoas enterrada em Yakutia, no norte siberiano, informou à AFP Catherine Theves, uma das pesquisadoras, cujos trabalhos foram publicados recentemente na revista americana New England Journal of Medicine.

Esta descoberta permitirá estudar a evolução do vírus. Até o presente só se dispunha de cepas que datavam dos anos 1950-1980.

"Poderemos eventualmente descobrir como sofreu mutações, como se adaptou a novas pessoas, ao frio intenso", declarou a pesquisadora.

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