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Crianças desnutridas no Malauí estão em grave risco devido ao pior pico de cólera no país africano, alertou a ONU nesta terça-feira (7), pedindo mais de US$ 50 milhões (cerca de R$ 259 milhões) para combater a doença.

Cerca de 4,8 milhões de crianças - uma em cada duas - precisam de ajuda alimentar, alertou o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Entre agora e o final de março, o estado de desnutrição de mais de 213.000 crianças menores de cinco anos vai piorar, e mais de 62.000 delas sofrerá de desnutrição aguda, disse Rudolf Schwenk, representante do Unicef no Malawi.

"Uma criança gravemente desnutrida corre 11 vezes mais risco de morrer de cólera do que uma criança bem alimentada. Um surto de cólera pode resultar em sentença de morte para milhares de crianças no Malauí", disse ele a repórteres em Genebra, em coletiva de imprensa online.

O Malauí vive a epidemia de cólera mais mortal de sua história, com 1.500 mortes, 197 delas de crianças, desde março de 2022. Mais de 50.000 pessoas, incluindo mais de 12.000 crianças, foram afetadas, segundo os últimos dados disponíveis.

Mas o Unicef, que forneceu remédios, água potável e informações sobre prevenção e tratamento do cólera, está ficando sem recursos e, por isso, pede doações no valor de 52,4 milhões de dólares.

"Para prevenir novas epidemias de cólera, temos que apoiar o país com investimentos significativos em infraestruturas sanitária, de água e saneamento", acrescentou Schwenk.

Marwa Khaled sabe que a água contaminada deixou seu filho doente com cólera, mas continua a beber porque em sua cidade no norte do Líbano a maioria dos habitantes não tem água potável.

"Todo mundo vai pegar cólera", declara fatalista, acompanhando o filho de 16 anos ao hospital de campanha de Bebnine, que abriu suas portas no final de outubro.

O cólera foi detectado no Líbano no início de outubro, o primeiro caso em quase 30 anos, em um momento em que o país vive uma crise econômica sem precedentes e luta com infraestruturas antigas e precárias.

Na segunda-feira, a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou que a epidemia está se espalhando rapidamente no Líbano, onde 18 pessoas já morreram e há cerca de 400 casos registrados.

Como muitos dos habitantes da cidade, Marwa Khaled, de 35 anos, e seus seis filhos bebem água contaminada porque não podem comprar água engarrafada.

"As pessoas sabem, mas não têm escolha".

No hospital de Bebnine, Malek Hamad, de cerca de dez anos, está doente há duas semanas e perdeu quinze quilos. Sua mãe está apavorada que seus outros dez filhos tenham sido infectados.

- Água contaminada -

Mais de um quarto dos casos registrados no Líbano estão concentrados na cidade de Bebnine, onde abundam famílias numerosas que vivem na pobreza.

De acordo com Nahed Saadeddine, diretor do hospital de campanha, localizado a cerca de 20 quilômetros da fronteira com a Síria, 450 pacientes chegam todos os dias.

A cidade tem 80.000 habitantes e um quarto são refugiados da cidade síria de Rihaniyye, nas proximidades.

A maioria dos habitantes é obrigada a comprar água bombeada por caminhões-pipa de poços, que às vezes também estão contaminados.

A cidade é atravessada por um afluente do rio Nahr el-Bared, que está contaminado com cólera, segundo Saadeddine.

A água "irriga todas as terras agrícolas e contamina poços e lençóis freáticos" de Bebnine, lamenta.

O cólera, cuja disseminação é facilitada pela ausência de saneamento básico e água potável, é facilmente tratável. Mas também pode matar em poucas horas se o paciente não tiver acesso ao tratamento, segundo a OMS.

Para combater a doença, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) distribuiu cloro solúvel para alguns moradores.

“O coronavírus não me assustou tanto quanto o cólera”, diz Sabira Ali, supervisora escolar de 44 anos que perdeu dois parentes para a doença em outubro.

O diretor do hospital de campanha de Bebnine considera que, para travar a propagação, "é necessário mudar as infraestruturas, melhorar os poços e as fontes de água".

"Queremos uma solução de longo prazo, caso contrário teremos mais desastres", alerta Saadeddine.

"Água de esgoto, as fraldas, o lixo (...) tudo acaba no rio. É nojento! O que o município está fazendo?", questiona Jamal al-Sabsabi, 25 anos, apontando para a água escura que corre a poucos metros de sua casa. "Claro que a doença vai se espalhar!"

O ministério da Saúde da Síria registrou 39 mortos vítimas de cólera e cerca de 600 casos em um surto neste país devastado pela guerra e que, segundo as Nações Unidas, evolui de forma "preocupante".

Um total de 594 casos foram registrados em 11 das 14 províncias desde o mês passado, indicou nesta terça-feira (5) à noite o ministério da Saúde.

"A situação está evoluindo de forma preocupante nas áreas afetadas e espalhando-se para novas áreas", alertou a Organização Mundial da Saúde (OMS).

A maioria das mortes aconteceu na província de Aleppo, ao norte. É o maior surto de cólera na Síria em uma década.

Esta doença é contraída geralmente pela água ou por alimentos contaminados e causa diarreia e vômito.

A cólera voltou a este país pela primeira vez desde 2009. Desde então, quase dois terços das estações de tratamento de água, metade das estações de bombeamento e um terço das torres de armazenamento foram danificadas por mais de 11 anos de guerra, de acordo com as Nações Unidas.

O cólera deixou ao menos sete mortos no Haiti, disseram autoridades neste domingo (2), gerando temores de um ressurgimento da epidemia no país caribenho, assolado pela crise.

Quase três anos depois do fim da epidemia que matou 10.000 pessoas neste empobrecido país do Caribe, o Ministério de Saúde Pública disse que foram detectados vários casos suspeitos em Porto Príncipe a capital, assim como no subúrbio costeiro de Cité Soleil.

Laure Adrien, diretor-geral desta pasta, anunciou em coletiva de imprensa a morte de sete ou oito pessoas.

"A maioria das vítimas morreu em suas comunidades e não puderam ir aos hospitais", disse.

Protestos e saques sacodem o país, um dos mais pobres do mundo, desde que o primeiro-ministro Ariel Henry anunciou, em 11 de setembro, um aumento nos preços dos combustíveis.

A pasta da Saúde havia informado mais cedo em nota que foram tomadas medidas para limitar a propagação do vírus, incluindo a investigação de outros possíveis casos positivos, enquanto instou-se o país a aumentar as medidas de higiene.

Introduzida pelo pessoal das Nações Unidas após o terremoto devastador de 2010, o cólera causou a morte de cerca de 10.000 pessoas.

As primeiras infecções foram registradas ao longo do rio Artibonite, onde as forças de paz da ONU jogaram fezes, provocando uma epidemia que se espalhou por todo o país.

Apenas em agosto de 2016 a ONU reconheceu oficialmente seu papel no início da pandemia.

Em 2019, tinha sido detectado o último caso prévio de cólera e em fevereiro de 2022, o ministério da Saúde Pública realizou uma cerimônia para marcar a eliminação oficial desta doença.

A pandemia de coronavírus (Covid-19) é a primeira enfrentada pela sociedade contemporânea e entra para a lista de outras crises que assolaram o mundo, como a peste negra, que matou cerca de 60% da população europeia, a  cólera e o HIV. "Elas surgem e retrocedem para refletir sobre causas e consequências, sobre hábitos e costumes, sobre higiene, purificação e, principalmente, sobre excessos e falta de atenção para com a sociedade humana e o meio ambiente", comenta o sociólogo César José, formado pela Universidade de Santos.

Conheça as pandemias anteriores:

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1 – Peste Bubônica

A Peste Bubônica ou Peste Negra é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida através de pulgas de ratos. O mundo enfrentou essa pandemia no final do século XIV, que matou cerca de 200 milhões de pessoas, segundo publicação da revista Galileu. Entre os sintomas da doença estão inchaço dos gânglios, dores de cabeça, fadiga e dores musculares.

2 – Varíola

A doença atormentou a humanidade por mais de 3 mil anos. O vírus Orthopoxvírus variolae era transmitido por meio das vias respiratórias. Tinha como sintomas febre alta, erupções na garganta, na boca e no rosto. Foi erradicada na década de 1980, após campanha de vacinação em massa.  

3 – Cólera

A doença surgiu em 1817 e matou milhares por meio de sua transmissão, que acontece a partir de alimentos e água contaminados. "Há uma tendência em vários lugares a não se observar regras de saneamento, desinfecção e medidas preventivas, não por maldade ou desinteresse, e sim por falta de informação. O cólera ainda é uma doença global que mata milhares", diz o sociólogo José. Um dos países mais atingidos pela cólera foi o Haiti, em 2010. O Brasil já teve vários surtos da doença, principalmente em áreas mais pobres do Nordeste.

4 – Gripe Espanhola

Estima-se que cerca de 50 milhões de pessoas tenham morrido na pandemia que procedeu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Mais de um quarto da população mundial na época foi infectada e até o presidente do Brasil na época, Rodrigues Alves, morreu da doença, em 1919. O vírus veio da Europa, a bordo do navio Demerara. O transatlântico desembarcou passageiros infectados no Recife, em Salvador e no Rio de Janeiro. Os sintomas eram parecidos com o do atual coronavírus e não possuia cura.

5 – HIV

O vírus da imunodeficiência humana é considerado por alguns autores uma pandemia global. No entanto, a OMS atualmente usa o termo epidemia. Dados de 2018, apontam que 37,9 milhões de pessoas estão infectadas com o HIV em todo o mundo.

 

As autoridades de Moçambique disseram nesta quarta-feira (27) que há um surto de cólera na Beira. Cinco casos foram confirmados. Segundo a Direção Nacional de Saúde, as mortes ocorreram no bairro da Munhava, o mais populoso de Beira, na província de Sofala.

O receio é que, após esses casos de cólera confirmados em laboratório, a doença se espalhe. Há 2.700 casos identificados de diarreia na região, mas ainda sob investigação.

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As autoridades de Moçambique trabalham também com a possibilidade de outras doenças se alastrarem no país, como tifo e malária.

O país busca sobreviver aos impactos da passagem do ciclone Idai, cuja força dos ventos atingiu 200 quilômetros por hora, provocando a devastação de vilarejos inteiros, causando mortes e isolando pessoas. O número de mortes supera 446.

*Com informações da RTP, emissora pública de televisão de Portugal

A epidemia de cólera na região nordeste da Nigéria, onde atua o grupo extremista Boko Haram, deixou 175 mortos e afeta mais de 10 mil pessoas, advertiu nesta segunda-feira (12) o Norwegian Refugee Council (NRC).

"A doença se propaga rapidamente nos acampamentos de deslocados, que têm acesso limitado a instalações sanitárias adequadas", disse Janet Cherono, diretora do projeto do NRC em Maiduguri, capital do estado de Borno.

"A temporada de chuvas agravou a situação", completou. A epidemia de cólera afeta três estados do nordeste do país (Borno, Adamawa e Yobe), de onde eram as 175 vítimas fatais e onde vivem as 10.000 pessoas portadoras do vírus.

Na semana passada, o presidente nigeriano, Muhamadu Buhari, em campanha pela reeleição, declarou estado de emergência sanitária durante uma reunião sobre o acesso à água.

Na Nigéria, país de maior população da África, com 180 milhões de pessoas, 25% dos habitantes não têm acesso a banheiros e o acesso à água potável caiu de 32% em 1990 a 7% em 2015, recordou o presidente.

A insurreição extremista do Boko Haram e sua repressão por parte do exército deixaram mais de 34.000 mortos desde 2009, assim como 1,8 milhão de deslocados que não podem retornar para suas casas.

Uma gigantesca campanha de vacinação contra o cólera teve início nesta terça-feira em Bangladesh para tentar imunizar os 650.000 refugiados rohingyas procedentes de Mianmar, cujas condições de vida insalubres provocam o temor de uma catástrofe sanitária.

Esta é a campanha de vacinação contra o cólera mais importante no mundo desde a que foi organizada no Haiti em novembro de 2016.

"A maioria destas pessoas não tem as infraestruturas elementares, principalmente banheiros, água. Neste tipo de situação estão reunidas as condições para que aconteça uma epidemia de cólera", afirmou à AFP A M Sakil Faizullah, diretora de comunicação do Unicef em Bangladesh.

A maior campanha da vacinação oraç contra o cólera aconteceu no Haiti em novembro do ano passado, quando 800.000 pessoas foram imunizadas, segundo Faizullah.

Quase 520.000 muçulmanos rohingyas chegaram desde o fim de agosto ao país pobre do sudeste da Ásia para fugir do que a ONU considera uma limpeza étnica em Mianmar.

O êxodo registrou uma desaceleração, mas foi retomado esta semana com milhares de novas chegadas. Os rohingyas entrevistados pela AFP afirmaram que o exército birmanês impede o acesso a suas fontes de abastecimento.

Para não expor a crise humanitária a uma crise sanitária, o Unicef, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e as autoridades de Bangladesh iniciaram a campanha preventiva. A coordenação prevê 900.000 doses de vacinas.

O balanço da epidemia de cólera no Iêmen se agravou com 315 mortes no país em guerra, onde 29.300 pessoas podem ter contraído a doença desde o fim de abril, anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS)

De acordo com a OMS foram registradas vítimas da doença em 19 províncias do país desde o surgimento da epidemia, em 27 de abril, e até 21 de maio.

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A epidemia se expande rapidamente neste país pobre da Península Arábica, onde as instalações médicas e as condições de higiene se deterioram completamente com a guerra.

O conflito bélico opõe, há mais de dois anos, os rebeldes huthis e as forças leais ao governo, apoiadas pela coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita.

A ONG Save the Children informou que dos mais de 1.000 possíveis caso diagnosticados a cada dia, 600 deles correspondem a crianças.

A guerra provocou uma grave crise humanitária no Iêmen. Quase 19 milhões de habitantes, ou seja dois terços da população, precisam de ajuda humanitária urgente. Destes, 17 milhões passam fome.

A grave epidemia de cólera no Iêmen causou somente nessa quinta-feira (18) a morte de 20 pessoas e 3.460 novos casos, elevando o número total de mortos para 242 e o de afetados a 23.425 em três semanas, informou nesta sexta-feira (19) a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"A doença se espalhou para 18 das 23 províncias e a taxa de mortalidade de 1% da que se fala é enganosa porque há áreas com pouco acesso, as pessoas chegam tarde aos hospitais. Ali a mortalidade é 4% ou 5%", disse em uma teleconferência de imprensa desde o Iêmen o representante da OMS neste país, Nevio Zagaria.

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"Estamos surpresos com a rapidez com a qual ressurgiu esta epidemia. Estamos diante de uma situação sem precedentes, que destaca a grave situação da economia por causa do conflito. Não há eletricidade e, como consequência, o fornecimento de água é intermitente", explicou Zagaria.

A gravidade da situação e a rapidez com a qual piora faz a OMS acreditar que em um prazo de seis meses o número de casos poderia chegar a 300 mil.

O pico da epidemia coincide com a temporada de chuvas, com o agravamento da situação econômica e o colapso do sistema de saúde, que faz com que a maioria dos trabalhadores do setor não tenha recebido seu salário nos últimos seis meses.

Para enfrentar esta crise de saúde, a OMS com outras agências humanitárias da ONU reabriram meia centena de centros de tratamento de cólera e cerca de 300 pontos de reidratação oral.

"Mas estes números não são suficientes para enfrentar esta epidemia", destacou o especialista da OMS.

Mais de 500 pessoas morreram desde janeiro de cólera e diarreia aguda na Somália, ameaçada pela fome, informou nesta quinta-feira (13) a ONU, que estima que o número de pessoas afetadas por esta epidemia irá dobrar até o final de junho para 50.000.

Sobre a epidemia de "diarreia aquosa aguda/cólera, 533 mortes foram registradas na Somália desde o início do ano", disse um porta-voz do Bureau de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA), Jens Laerke, em entrevista coletiva em Genebra.

Por sua parte, a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que cerca de 25.000 pessoas foram afetadas pela epidemia desde o início do ano na Somália, devastada pela seca.

Este número deve chegar a 50.000 até o "final de junho", declarou à AFP um porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.

A taxa de letalidade (risco de morte causada pela doença) relacionada a esta epidemia é de 2,1% atualmente, uma taxa duas vezes superior ao limiar de emergência (fixado em 1%), de acordo com a OMS.

A situação é particularmente preocupante nas regiões de Juba Oriental e de Bakol, no sul do país, onde a taxa de mortalidade associada ao surto de cólera/diarreia atinge respectivamente 14,1% e 5,1%.

Cerca de 6,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária urgente na Somália. Destas, 2,9 milhões estão em estado de "crise ou de emergência" (nas fases 3 e 4 numa escala de 5, de acordo com a classificação utilizada pela ONU. A fase 5 é a fome aguda), segundo o porta-voz do OCHA.

Esta crise tem provocado muitos deslocamentos, mais de meio milhão desde novembro, afirmou. A seca no país deve continuar a médio prazo e as Nações Unidas não preveem melhoria nos próximos seis meses, ressaltou.

"Estamos em uma corrida contra o relógio e não sabemos quem vai ganhar", disse Jens Laerke. Em 2011, a última grande fome na Somália matou pelo menos 260.000 pessoas, segundo a ONU.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu desculpas pela primeira vez aos haitianos pelo papel que a organização desempenhou na epidemia de cólera que afeta o país. "Em nome das Nações Unidas, vou lhes dizer muito claramente que pedimos desculpas ao povo haitiano", disse Ban três vezes - em crioulo, francês e inglês.

"Simplesmente não fizemos o suficiente em relação ao surto de cólera e sua expansão no Haiti", acrescentou o secretário-geral ante a Assembleia Geral da ONU. "Lamentamos profundamente o papel que desempenhamos".

Segundo vários especialistas independentes, a cólera foi introduzida no Haiti por capacetes azuis nepaleses da Missão da ONU no país, a MINUSTAH, que jogavam seus excrementos em um rio. 

Mas apesar destas desculpas, a ONU afirma que não tem responsabilidade legal na questão. "Não modificamos nossa posição jurídica", explicou à imprensa o vice-secretário-geral, Jan Eliasson.

Ban disse que a ONU tinha a "responsabilidade moral de agir". Este assunto, admitiu, "lançou uma sombra nas relações" entre a ONU e o Haiti e "manchou a reputação dos capacetes azuis".

O chefe da ONU apresentou formalmente à Assembleia Geral um plano para ajudar financeiramente as vítimas da epidemia e lutar melhor contra a doença, que deixou mais de 9.000 mortos desde 2010.

Para isso, a ONU deve mobilizar cerca de 400 milhões de dólares em dois anos.

Cerca de 800 casos de cólera foram registrados em uma semana no Haiti após a passagem do furacão Matthew, anunciou nesta quarta-feira (19) a Organização Mundial da Saúde (OMS). "O número de casos de cólera aumentou depois do furacão", declarou Jean-Luc Poncelet, representante da OMS no Haiti.

Em uma conferência telefônica com jornalistas na ONU em Genebra, Poncelet explicou que as autoridades e a OMS "tinham tido problemas para enviar as amostras" de casos de suspeita de cólera.

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Desde terça-feira, porém, este sistema que permite confirmar a doença voltou a estar operativo, permitindo "confirmar que grande parte destes casos (de suspeita) são casos confirmados de cólera", afirmou o médico.

Segundo a OMS, que cita dados do Ministério da Saúde haitiano, foram registrados 773 casos de cólera em todo o país entre 9 e 15 de outubro, 464 deles no departamento do Sul e 167 no departamento da Grand'Anse.

A epidemia de cólera começou no Haiti em 2010, chegando a mais de 300.000 casos em 2011, e diminuiu para menos de 30.000 nos últimos anos. Antes do furacão Matthew, mais de 28.000 casos tinham sido constatados.

Mais de dois milhões de pessoas foram afetadas pela passagem de Matthew, e 1,4 milhão precisaram de assistência imediata, segundo Poncelet, que explicou que cerca de 200.000 haitianos moram em zonas montanhosas de acesso "muito difícil".

Uma epidemia de cólera foi detectada no Iêmen, onde o sistema de saúde piorou muito devido à guerra civil do país, anunciou nesta sexta-feira o escritório do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em Saná, citando autoridades de saúde iemenitas.

"As autoridades de saúde anunciaram que foram confirmados casos de cólera na capital, Saná, enquanto há outras suspeitas [de casos] na cidade de Taez (sudoeste)", informou a Unicef em um comunicado. A agência da ONU acrescentou que estava trabalhando com seus sócios para "estabelecer a amplitude exata da epidemia" confirmada na quinta-feira pelas autoridades iemenitas, segundo afirmou.

"As crianças estão expostas a um risco particularmente alto se a atual epidemia de cólera não for contida urgentemente, ainda mais levando em conta que o sistema de saúde do Iêmen está arrasado com a continuação do conflito" armado, avisou o representante da Unicef no Iêmen, Julien Harneis. "Se não forem tratados, os casos graves de cólera poderão matar até 15% das pessoas afetadas em algumas horas", segundo o comunicado.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmou, citando o Ministério de Saúde iemenita, que oito casos de cólera, cujo maior alvo são as crianças, haviam sido detectados em um bairro de Saná e estavam sendo tratados como desidratação aguda em uma "parte isolada" do hospital Al Sabiine da capital.

"A escassez de água potável agravou a situação de saúde, que já era ruim no Iêmen, provocando um aumento significativo dos casos de diarreia aguda, em particular entre os deslocados do interior do país" afetando "mais de três milhões de pessoas", indicou a OMS em um comunicado. Os serviços de saúde se viram muito atingidos pela guerra no Iêmen, que já dura mais de 18 meses, entre os rebeldes xiitas hutis e as forças pró-governamentais.

O conflito, que gerou uma grave crise humanitária, deixou mais de 6.700 mortos e ao menos três milhões de civis deslocados, segundo a ONU. A cólera ocasiona uma severa diarreia e desidratação que pode ser mortal. Ela é provocada pela ingestão de água ou alimentos contaminados pela bactéria Vibrio cholerae, presente nas fezes.

A Organização das Nações Unidas (ONU) doará US$ 181 milhões em sua resposta de emergência à epidemia de cólera no Haiti e enviará, pelo menos, um valor igual para as vítimas e seus familiares - disse à AFP um funcionário do organismo.

Os recursos foram anunciados após a ONU reconhecer que tem uma responsabilidade moral em ajudar o Haiti a enfrentar a epidemia, que surgiu em 2010 perto de uma das bases dos capacetes azuis. Mais de 10.000 pessoas morreram, e 700.000 foram afetadas pela doença desde que esta começou. Ainda há 500 novos casos de contágio reportados semanalmente.

"A necessidade mais imediata são os fundos para enfrentar a cólera", disse o conselheiro especial da ONU para o Desenvolvimento Sustentável, David Nabarro, que lidera as negociações com o Haiti e os países doadores de recursos. Nabarro disse à AFP que o objetivo era entregar US$ 181 milhões em três anos e "pelo menos o mesmo valor" para as famílias das vítimas dessa epidemia mortal.

Os detalhes do pacote de ajuda são discutidos com o governo do Haiti, enquanto o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, espera anunciar o acordo final em outubro. Apesar de a ONU reconhecer que tem uma responsabilidade moral, a organização rejeita as acusações de que também tenha uma responsabilidade legal pelos danos causados pela emergência de saúde.

As vítimas da epidemia apresentaram inúmeras demandas contra o organismo em tribunais dos Estados Unidos, mas foram recusadas, pois as missões da ONU possuem imunidade. Os estudos rastrearam a origem do surto de cólera até os capacetes azuis do Nepal, que foram enviados ao Haiti pela ONU após o grande terremoto de 2010.

Essas novas medidas são uma parte fundamental do plano de dez anos, avaliado em US$ 2,2 bilhões, para ajudar o Haiti a melhorar sua infraestrutura de saúde. O projeto foi lançado pela ONU em parceria com o governo do Haiti.

"É uma tarefa complicada. É preciso colocar todas as diferentes peças juntas", disse Nabarro, insistindo em que os doadores querem ter certeza de que os fundos darão resultados no Haiti, país com uma longa história de instabilidade política. Nabarro rebateu as críticas de que a ONU teria sido muito devagar em sua resposta e assegurou que foi registrada uma queda de 90% nos novos casos e nas taxas de mortalidade desde que a epidemia alcançou seu auge em 2011.

"Temos trabalhado muito e gastado muito dinheiro", completou. A cólera é transmitida através da água contaminada. Cerca de 72% dos haitianos não têm banheiro em suas casas, e 42% não têm acesso à água potável. Segundo Nabarro, os fundos para as unidades de ação rápida são deficientes, com US$ 12 milhões pendentes para este ano e US$ 50 milhões para o final de 2017.

Mais de 1.800 casos de cólera foram registrados no Iraque e a epidemia já atingiu a região autônoma do Curdistão, no norte do país - informaram nesta terça-feira as autoridades sanitárias iraquianas. Um balanço anterior divulgado em 7 de outubro dava conta de 1.201 casos.

"Foram registrados 1.809 casos de cólera no Iraque" desde o início da epidemia, no mês passado, nos arredores do rio Eufrates, informou o ministério da Saúde em comunicado. As províncias de Bagdá e Babilônia, no sul da capital, são as mais afetadas - com mais de 500 casos registrados cada uma, declarou à AFP o porta-voz do ministério, Rifaq al-Araji.

Até agora a epidemia deixou seis mortos, dentre eles quatro na região de Abu Ghraib, a oeste da capital iraquiana, antes que as autoridades sanitárias entrassem com um plano para lutar contra a doença.

O ministério da Saúde do governo do Curdistão registrou os primeiros casos na província de Erbil e dois na de Dohouk. Duas destas pessoas vinham das regiões mais afetadas pela epidemia no centro do país, explicou o porta-voz do ministério, Khalis Khadhr.

A última epidemia de cólera confirmada no Iraque remonta a 2012 e causou a morte de quatro pessoas na região autônoma do Curdistão. Após um curto período de incubação de dois a cinco dias, a cólera provoca uma severa diarreia e a desidratação do corpo.

O número de casos confirmados de cólera no Iraque aumentou para 1.201 - anunciou nesta quarta-feira (7) o ministério da Saúde, em referência a uma epidemia que começou há um mês nos arredores do rio Eufrates. "Em 7 de outubro de 2015, temos 1.201 casos confirmados", indicou em comunicado o ministério da Saúde, explicando que a maioria das pessoas afetadas foram curadas.

Segundo o ministério, apenas uma morte foi registrada na província da Babilônia, no sul de Bagdá. Agentes sanitários contabilizaram quatro mortos no oeste da capital em setembro, provavelmente em razão da cólera.

A ministra da Saúde iraquiana, Adila Hammoud Hussein, está em contato com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para reforçar a cooperação face à epidemia, explicou o comunicado. Segundo a Vigilância Sanitária, a epidemia se alastrou especialmente por causa das águas poluídas do rio Eufrates, que atingiram um nível muito baixo.

A última epidemia de cólera confirmada no Iraque remonta a 2012 e causou a morte de quatro pessoas na região autônoma do Curdistão (norte). Após um curto período de incubação de dois a cinco dias, a cólera provoca uma severa diarreia e a desidratação do corpo.

Uma epidemia de cólera deixou 16 mortos em três campos de deslocados que fogem dos ataques perpetrados pelo grupo islamista Boko Haram no nordeste da Nigéria - anunciou nesta quarta-feira a ONG Médicos Sem Fronteiras (MSF). "Em 16 de setembro, um balanço oficial dava conta de 172 doentes e 16 mortos", declarou a MSF em comunicado.

Os campos atingidos pela epidemia estão em Maiduguri, capital do estado de Borno, alvo regular do Boko Haram, cuja violência e repressão pelo exército deixaram ao menos 15.000 mortos e mais de dois milhões de deslocados desde 2009.

Ghada Hatim, responsável pelas operações da MSF na Nigéria, e Chibuzo Okonta, responsável pelos projetos de emergência da ONG em Paris, pediram ajuda a outras organizações humanitárias internacionais.

"As condições de vida e higiene nos campos eram e continuam sendo favoráveis à proliferação deste tipo de epidemia. Precisamos de reforços", pediu Okonta.

Os primeiros casos de cólera, doença altamente contagiosa caracterizada por uma diarreia que rapidamente leva à desidratação que, caso não seja rapidamente tratada, causa uma morte rápida, apareceram no mês passado num campo de Maiduguri, que abriga 1,4 milhões de deslocados. Dois outros campos foram afetados em seguida.

A Agência Nacional de Gestão de Emergências (Nema) declarou que a epidemia havia sido "controlada", garantindo ter registrado "um ou dois casos" em apenas um campo.

A cólera é transmitida geralmente pela água contaminada por fezes humanas. As epidemias desta doença nas favelas ou campos de refugiados ou deslocados - que carecem de água potável ou vasos sanitários - são frequentes.

Uma vacina oral, barata, confere uma proteção "significativa" contra a cólera grave, segundo um teste realizado nas condições de vida comum em Bangladesh, onde a doença mata milhares de pessoas anualmente.

O estudo, publicado nesta quinta-feira na revista médica The Lancet, que entrevistou cerca de 270 mil crianças e adultos nas favelas de Mirpur em Dacca com alto risco de cólera, é o primeiro a demonstrar a eficácia da vacina em áreas endêmicas, de acordo com os autores.

A cólera é uma infecção diarreica aguda causada pela ingestão de alimentos ou água contaminadas pela bactéria Vibrio cholerae e os hospedeiros do bacilo. Ele é facilmente disseminado em áreas sem infra-estrutura básica - água potável, vasos sanitários, saneamento - como favelas ou campos de refugiados, muitas vezes superlotados.

Segundo a OMS, a cada ano são registrados entre 3 e 5 milhões de casos de cólera, matando cerca de 120.000 pessoas em todo o mundo.

Para o estudo, 94.675 pessoas receberam a vacina. Além da vacina, um outro grupo de número quase equivalente (92.539) foi incluindo num programa de "mudança de comportamentos", incluindo a lavagem das mãos e o uso de água potável. Um outro grupo (80.000) não recebeu nada.

A vacina oral Shanchol foi administrada em duas doses, com 14 dias de intervalo, pelos serviços de saúde pública.

Apesar de uma população bastante variável, 65% das pessoas do grupo vacinado receberam as duas doses e 66% do grupo atingido também pelo programa de mudança de comportamentos.

Em comparação aos não vacinados, a incidência global de desidratação grave foi reduzida em 37% no grupo que recebeu a vacina isoladamente e de 45% quando a vacina foi acompanhada pela campanha para a mudança como uma precaução.

A vacina foi bem tolerada, sem efeitos indesejados graves, segundo os autores.

"Nossos resultados mostram que o programa de vacinação oral de rotina contra a cólera nos países onde a doença é endêmica poderia reduzir consideravelmente o peso da doença e contribuir enormemente nos esforços da luta contra a cólera", comentou a principal autora da pesquisa, Firdausi Qadri, do Centro Internacional de Pesquisa sobre Doenças Diarreicas de Bangladesh, em Dacca.

Qadri lembra, contudo, que a água potável e o saneamento básico - escassos para metade da população dos países em desenvolvimento (cerca de 2,5 bilhões de pessoas) - são, no fim das contas, o principal fator na luta contra a cólera.

A especialista ressalta também que a Shanchol não "custa caro", com o preço de duas doses a 3,7 dólares - cerca de um terço do preço da outra vacina oral comercializada, a Dukoral.

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O Haiti vive um forte ressurgimento da epidemia de cólera que ameaça minar os progressos realizados nos últimos anos na luta contra a doença - alertou nesta quinta-feira um alto funcionário da ONU.

Em entrevista à AFP, o coordenador da luta contra a cólera no Haiti, Pedro Medrano, previu que até 2015 haverá "mais de 50.000 novos casos" da doença no país.

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O número de afetados tinha caído de 60.000 em 2013 para 28.000 no ano passado, o nível mais baixo desde o início do surto em outubro de 2010.

"Infelizmente, devido à falta de recursos e por causa da estação das chuvas, passamos nos últimos seis meses de 1.000 novos casos por mês para cerca de 1.000 casos por semana", o que equivale a 11.721 casos e 113 mortes entre 1º de janeiro e 28 de março, explicou. Além disso, uma nova temporada de chuvas no início de junho poderia acelerar a tendência.

Acrescente a isso a saída de várias ONGs do país e a queda no número de centros de tratamento, que passaram de 250 em 2011 para 159 em 2014.

A epidemia de cólera já matou 8.800 pessoas desde outubro de 2010, entre 736.000 casos notificados.

Peritos independentes concluíram que a epidemia foi introduzida por soldados Capacetes Azuis nepaleses, cujos excrementos poluíram um rio no norte de Porto Príncipe. No entanto, até agora, a ONU se recusou a reconhecer oficialmente sua responsabilidade, apesar das queixas apresentadas pelas vítimas.

Concorrência com Ebola

"Para a comunidade de doadores, a cólera já não é mais uma urgência" após quatro anos de luta contra a epidemia, lamentou Medrano. "O risco é que todo o progresso que fizemos até agora seja anulado", acrescentou.

Ele também alertou sobre a ameaça de disseminação para países vizinhos como Cuba ou República Dominicana.

No entanto, para ele o combate à epidemia de cólera continua a ser uma verdadeira prioridade. "Se não formos capazes de tratá-la, poderá tornar-se um perigo para a paz e a estabilidade" na região, ressaltou.

Ele lembra que, após um surto semelhante que se originou no Peru na década de 1990, a América Latina "levou dez anos para se recuperar", embora os países afetados tivessem sistemas de saúde melhor do que o haitiano - país com 10 milhões de pessoas, entre os países mais pobres do mundo.

Medrano reconhece que a epidemia de Ebola na África tenha prejudicado o Haiti, uma vez que monopolizou a atenção do mundo. A isto se acrescenta a instabilidade crônica no Haiti que "desencoraja os doadores". Embora "isso não deva ser uma desculpa", afirmou.

A ONU lançou um vasto programa de 2.200 bilhões em 10 anos para melhorar a infra-estrutura de saúde do país, mas falta dinheiro para tratar os doentes e prevenir o surgimento de novos casos.

As Nações Unidas planejam vacinar 300.000 pessoas este ano, mas ainda precisa de 1,9 bilhões de dólares para cumprir esta meta. Ao todo, a ONU ainda precisa de 36,5 milhões de dólares em 2015 para combater a epidemia.

É por esta razão que Pedro Medrano começou uma turnê que já o levou a Cuba, um importante fornecedor de medicamentos para o Haiti, e na próxima semana vai até Suíça, Áustria e França, que detêm "assistência técnica para fortalecer as instituições nacionais" no Haiti.

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