Luiz Mendes

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Deixa que eu chuto

Perfil: Graduado em Jornalismo pela Faculdade Maurício de Nassau. Começou a carreira trabalhando em rádio e atualmente é editor de esportes do LeiaJá

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Dunga paz e amor

Luiz Mendes, | qua, 23/07/2014 - 09:28
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Simpatia nunca foi seu forte. Sempre fez cara feia para adversários, fossem eles jogadores de outros times ou jornalistas com suas perguntas atravessadas. Se a escolha do técnico da seleção brasileira dependesse de um plebiscito, dificilmente o nome de Carlos Caetano Bledorn seria lembrado. Não ficaria nem entre os três mais votados. 

Recolocado no cargo, mesmo com toda rejeição aparente, Dunga tem a missão de melhorar a imagem da seleção perante a torcida e de quebra também a sua. Mesmo com a eliminação na Copa de 2010, o capitão do tetra ainda gera boas lembranças no brasileiros. 

O seu jeito de poucos amigos, um dia conquistou todo um país. Levantando a taça e xingando tudo e todos que quisessem ouvir e dando esporro em companheiros dentro de campo, Dunga era o sinônimo da raça do futebol brasileiro, desenvolvido no Sul do país.

Em sua primeira aparição como novo/velho treinador da seleção, o gaúcho sorriu mais do que o normal. Tinha uma mansidão na voz. Não rebateu nenhuma pergunta de forma mais áspera. Aparentemente o momento é de levantar a cabeça e tocar a bola. Os tempos de carrinho no meio da canela parecem ter ficado para trás.

É hora de colocar os números da última passagem de Dunga no comando do Brasil dentro de uma caixa ou arquivo. Pouco importa os setenta e poucos por cento de aproveitamento no final da última década. Zerou. Não veio a renovação esperada por todos os fãs de futebol, mas ao menos o novo/velho treinador demonstra vontade de se renovar.

3 dentro

- Santa Cruz. A diretoria coral, que pouco se movimenta, tomou uma iniciativa interessante. Sócios em dia, não importando a categoria, não pagará para assistir aos jogos do time no Arruda. A previsão é terminar 2014 com pelos menos 25 mil associados contribuindo mensalmente com o clube.

- Handebol de Areia. Ainda desconhecido para muita gente, primeiro dia de jogos do Mundial da categoria, disputado na praia do Pina, levou um público considerável ao local. O Brasil sendo o grande favorito nas disputas femininas e masculinas aumenta o interesse dos curiosos do esporte.

- James Rodríguez. Grande destaque da Copa do Mundo do Brasil, o meia colombiano entra para o hall de jogadores mais caros do mundo. Sua transferência do Mônaco para o Real Madrid saiu por 80 milhões de euros.

3 fora

- Régis. Contratado como a salvação criativa para o meio campo do Sport vai demorar ainda mais para entrar em campo com a camisa do Leão. Estiramento na coxa esquerda adiou por pelo menos mais dez dias a estreia do jogador rubro-negro.

- Flamengo. Lanterna, com atuações pífias, torcida batendo em jogadores, ex-cartolas tumultuando os bastidores, diretoria que manda atleta embora e se arrepende mandando ele voltar. O namoro do time mais popular do país com a Série B está cada vez mais forte e com data de casamento marcada para 2015.

- Adriano. Vai terminando de forma melancólica a carreira daquela que um dia tão bem herdou a camisa nove da seleção brasileira. Sem achar espaço em clubes do futebol brasileiro, Adriano negocia retornar aos gramados atuando na quarta divisão do Campeonato Italiano.

Clube do retrocesso

Luiz Mendes, | seg, 21/07/2014 - 09:00
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Não doeu, não envergonhou, não fez nada. A humilhação dos 7 a 1 contra a Alemanha não surtiu nenhum efeito na CBF. Não adianta. Quem comanda o futebol nacional nada entende do esporte. São políticos. Entendem de acordos, comerciais e de poder. 

Marin e Nero deram a um ex-goleiro que se profissionalizou na venda e compra de jogadores  a missão de reorganizar a abalada seleção brasileira. O caráter pessoal prevaleceu sobre o profissional. Por maiores que fossem os clamores populares por um time com um sistema de jogo moderno, com um treinador que fosse um estudioso do futebol, a decisão para se escolher o novo/velho treinador do Brasil foi baseada na amizade.

Gilmar Rinaldi e Dunga são amigos há mais de 30 anos. Estiveram juntos na conquista da medalha de prata nas Olimpíadas de Los Angeles, em 1984. Dez depois integraram o time de Carlos Alberto Parreira que conquistou o tetracampeonato mundial. Agora a dupla se reencontra no comando da seleção brasileira.

O capitão de 1994 volta ao banco de reservas como treinador assim como fez de 2007 à 2010. No currículo de técnico as conquistas de uma Copa América, uma Copa das Confederações, o primeiro lugar nas eliminatórias sul-americanas, uma eliminação nas quartas de final de uma Copa e um título de campeão gaúcho. Muito pra quem só comandou duas equipes em toda a carreira.

Junto com Dunga volta à seleção o regime de concentração quase militar, a exaltação a volantes brucutus e as rusgas com a imprensa. Se em 2014, com Felipão, os jogadores choravam demais, em 2010 a instabilidade emocional foi ao contrário.

A tão esperada e anunciada revolução no futebol nacional não veio. Não tinha como ser diferente. Como dito no início do texto, políticos gerem a CBF. Não há como acreditar em promessas de políticos.

3 dentro

- Cruzeiro. O melhor time do Brasil caminha a passos largos para conquistar o bicampeonato nacional. A equipe azul de Minas Gerais já abriu cinco pontos de vantagem para o segundo lugar na competição.

- D’Alessandro. Argentino é dono do meio campo do Internacional e maestro do time. A goleada por 4 a 0 em cima do Flamengo teve a atuação impecável do camisa 10.

- Bernardinho. Mesmo perdendo o título da Liga Mundial para os EUA, o treinador da seleção brasileira de vôlei mostra que é um dos melhores do mundo na função de comandar equipes. A autocobrança por rendimentos de alto nível fazer qualquer equipe de atletas que ele esteja à frente sempre brigue por títulos.

3 fora

- Santa Cruz. Antes da parada para a Copa do Mundo era o único time invicto nas séries A e B. Após o retorno do mundial é a equipe que tomou sete gols em dois jogos. A instabilidade defensiva tricolor é um defeito que o treinador Sérgio Guedes parece fechar os olhos.

- Náutico. A intertemporada não está mostrando resultados dentro de campo. O que se vê é um time bagunçado e confuso. Quem demonstra está mais perdido é técnico Sidney Moraes no banco de reservas.

- Shakhtar Donetsk. Falta bom senso do time ucraniano recheado de jogadores estrangeiros. O país vive um clima de tensão, aumentado pela explosão de um avião da Malaysia Airlines na semana passada. Por esse motivo, os brasileiros Alex Teixeira, Fred, Douglas Costa, Ismaily e Dentinho se recursam a retornar ao Leste Europeu. O dono do time Rynat Akhmetov ameaça punir quem nãi cumprir “as obrigações que estão nos contratos”.

A renovação que não muda nada

Luiz Mendes, | sex, 18/07/2014 - 09:10
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A goleada por 7 a 1 contra Alemanha não doeu nos dirigentes da CBF. A derrota, para eles, não foi nada além de um acidente de percurso. Não mexeu no brio. Não deu vergonha.

Difícil esperar alguma espécie de constrangimento de quem vem fazendo do futebol brasileiro um mero balcão de negócios, com venda de jogos da seleção e explorando a marca para, apenas, fazer dinheiro. 

Diante o vexame na Copa dentro de casa, foram propagados aos quatro ventos mudanças, reformas e revoluções no futebol nacional. A brisa da esperança de dias melhores soprou no rosto de cada torcedor. Durou pouco. Nesta quinta-feira a tempestade de realidade caiu sobre a cabeça de todos.

A chuva fez a baixar a poeira da fantasia e mostrou que tudo estava como antes, com pequenas diferenças. Marin, Nero e Gallo agora têm a companhia de Gilmar Rinaldi, homem com experiência no futebol. Foi um razoável goleiro que integrou o banco de reservas na Copa de 1994, uma lástima como dirigente no Flamengo e um competente agente de jogadores de futebol.

Em uma entidade que há muito tempo esqueceu-se de gerir o esporte que representa e passou a ter mais interesse em ganhos econômicos, parece ser coerente trazer alguém que tinha como trabalho utilizar atletas como mercadoria. 

Deixe guardada a esperança de um futebol moderno no Brasil em um lugar seguro. De tempos em tempos confira como ela anda e não a deixe morrer. Tenha fé, um dia as coisas mudam.

3 dentro

- Neto Baiano. Não foi o gol que Pelé queria ter feito, mas a pintura do centroavante rubro-negro está na galeria dos mais bonitos arremates feitos no Brasil em 2014.

- Mesut Özil – Durante um ataque israelense contra o território palestino um grupo de crianças foi atingido por bombardeios. Uma delas usava a camisa do Real Madrid com o número 23 e o nome do meia alemão nas costas. O fato chamou a atenção do jogador que destinou a sua parte na premiação pela conquista da Copa do Mundo para as vítimas do conflito no Oriente Médio.

- São Paulo. O técnico Muricy Ramalho parece ter deixado de lado o futebol retranqueiro-eficiente que o consagrou como um dos melhores treinadores do Brasil e passou para um jogo mais dinâmico e de toque de bola. Pelo menos foi i que deu para perceber na vitória do tricolor paulista contra o Bahia por 2 a 0. Essa é uma boa estratégia para um time que tem Luís Fabiano, Alan Kardec, Kaká, Pato e Ganso.

3 fora

Fórmula 1. A categoria está cada vez mais desprestigiada entre os brasileiros. Uma prova é que as tradicionais transmissões dos treinos classificatórios terão menos tempo na TV. Se antes, aos sábados, os admiradores da velocidade tinham um hora para assistir a formação do Grid de largada, a partir de amanhã (19), ficarão restritos aos vinte minutos finais da classificação. 

 - Botafogo. O alvinegro carioca está em uma de suas principais crises econômicas. O clube está sofrendo com penhoras e por isso fica cada vez mais difícil conseguir algum tipo de empréstimo ou adiantamento que possa aliviar um pouco as dívidas.

- Blackpool. Não seria estranho se esta história acontecesse no Brasil. Na Inglaterra, o treinador do Blackpool, time da segunda divisão do futebol inglês, ameaça deixar o clube 37 dias depois de assumir o cargo. O motivo seria a falta de jogadores no elenco. Atualmente a equipe conta apenas com oito atletas durante os treinamentos.

Aperte o Reset

por Luiz Mendes | qua, 16/07/2014 - 11:24
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A humilhação brasileira na Copa dentro de casa causou um clamor nacional. O que antes era pauta de um grupo pequeno tomou proporções elevadas após o fiasco do mundial.

O Futebol brasileiro precisa de uma reformulação? Sim. Ela irá acontecer? Acho muito difícil.

Trocar de treinador, como irá fazer a CBF nos próximos dias, é um dos piores hábitos do futebol nacional. Justamente o técnico da seleção brasileira é que mais tempo fica dirigindo um time no país. Nos clubes, chegassem a incríveis marcas de cinco comandantes diferentes no mesmo ano. 

Seria necessário mudar o topo da pirâmide. Mudar os dirigentes. Não seis por meia dúzia, ou Marin por Del Nero. A forma de escolher o presidente da entidade que gere o futebol nacional precisa ser alterada. Todos os filiados, não apenas clubes e federações teriam que votar. Atletas também precisam ser ouvidos e com direito nas decisões, afinal de contas eles é que fazem a máquina girar.

Que a CBF se preocupe apenas com a seleção brasileira e pense um pouco menos em lucros estratosféricos vindos de todas as partes. Inclusive de amistosos mais que suspeitos e que não acrescentam em nada a preparação de um time visando competições importantes. 

Enquanto aos campeonatos, deixem esses com os clubes. Que sejam organizadas ligas fortes. Nacionais e regionais.

São muitas coisas a serem feitas. Não será na semana seguinte ao desastre que toda uma estrutura ultrapassada mudará apenas com o anúncio de um novo treinador para o Brasil. A única maneira de tudo isso acontecer rapidamente seria começando tudo do zero, apertando o botão para reiniciar.

3 dentro

- Náutico. Conseguiu uma magra vitória dentro de casa, na volta da Série B, contra o Sampaio Corrêia. O time ainda não inspira muita confiança na torcida, mas parece já ter a cara do treinador Sidney Morais.

- Joinville. Para chegar à primeira colocação da Série B, o time catarinense conseguiu um feito difícil. Vencer o bom time do Ceará dentro dos seus domínios. 

- Roberto Dornelas.  O ex-técnico do basquete feminino do Sport está de casa nova. Junto com boa parte do elenco que chegou à final das últimas ligas nacionais, o treinador agora faz parte do América. Com a parceria, o grupo não será desfeito e voltará a participar das principais competições do país.

3 fora

- Santa Cruz. O time não mudou durante a parada da Copa do Mundo enquanto os adversários parecem ter aproveitado melhor o período. A goleada sofrida para o Vasco mostra que os antigos defeitos voltaram piores. A defesa que era lenta, agora se mostra quase parada.

- Centros de treinamento. A Prefeitura do Recife gastou R$ 4 milhões em melhorias no CTs de Sport e Náutico para serem utilizados durante a Copa. Apenas o local alvirrubro foi utilizado pela Costa Rica durante uma hora. Cada minuto do treino da seleção caribenha custou mais de R$ 65 mil ao cofre municipal.

- Carlos Alberto Parreira. A empáfia do ex-coordenador técnico da seleção brasileira parece não ter limites. Para aquele que um dia disse que o Brasil já estava com uma das mãos na taça da Copa do Mundo de 2014, a culpa pelo fracasso do futebol brasileiro é dos clubes.  

O salvador virá de longe

Luiz Mendes, | seg, 14/07/2014 - 10:01
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O segundo posto mais importante do Brasil está vago. Tirando o cargo de presidente da República, o brasileiro mais lembrado pela população é o técnico da seleção brasileira de futebol. 

Felipão se foi. Se outrora foi carregado pelos braços do povo, em sua segunda passagem largou a seleção em uma noite domingo, em meio à festa dos alemães. Mesmo discreta, a saída já era esperada. Luiz Felipe Scolari será sempre lembrado por ser um dos principais personagens do futebol nacional. O paizão do família do pentacampeonato e o comandante perdido da tragédia de 2014.

Em campo o técnico gaúcho não deixa nenhum legado. Fora dele, vários ensinamentos. Soberba e apenas o peso da camisa não ganham jogo, muito menos uma Copa do Mundo. 

E agora quem irá nos defender? O bordão de seriado mexicano cabe muito bem a cada um dos torcedores da seleção brasileira. Os fãs da Canarinha estão ávidos por um herói que venha do banco de reservas. Pode ser um Capitão América alemão, um Zorro espanhol que trabalhe na Alemanha, um colonizador português perdido na Grã-Bretanha ou alguém dos Pampas perdido na América Latina. 

Todos estão cansados de Macunaímas. Anti-heróis nacionais posando de salvadores da pátria, mas levando o futebol na malandragem-patrimônio e na preguiça incontida.

3 dentro

- Alemanha. Futebol nem sempre é justo, mas em 2014 premiou a competência e o planejamento. Seria lamentável se o título de campeão mundial fosse para outras mãos que nãos as alemãs. Joachim Low mostrou que um time para ser vencedor precisa muito mais de um conjunto de bons jogadores, do que elencos medianos com uma superestrela.

- Bandeirinhas. Os homens do apito foram costumeiramente medíocres na Copa de 2014, mas a atuação dos auxiliares foi espantosa. Impedimentos milimétricos foram marcados com uma precisão cirúrgica. Teóricos da conspiração afirmam que quem monitora as imagens do jogo, de alguma forma, passa o recado para os assistentes.

- Polícia brasileira. O mercado negro da venda de ingressos para a Copa do Mundo existe há pelo menos 25 anos e só no Brasil foi desmantelada parte da principal quadrilha. Mesmo envolvendo gente poderosa dentro da Fifa, a investigação foi exemplar. Esperemos pelas punições.

3 fora

- Fifa. Prêmio de melhor jogador da Copa é consolo para os times que não foram campeões. Só isso pode explicar a escolha do camisa 10 da Argentina. Recordemos: Messi/2014, Fórlan/2010, Zidane/2006, Khan/2002.

- Brasil. A mais lamentável das Copas. Essa é a definição para a campanha brasileira no mundial disputado em casa. O quarto lugar não seria tão trágico não fossem as humilhações de Belo Horizonte e Brasília e as falsas promessas do período que antecedeu a competição.

- Torcida. A Copa também serviu para observar a falta de educação e criatividade da torcida da seleção brasileira. A dos clubes brasileiros não é feita por lordes, mas tem mais capacidade de criar músicas próprias, cantar durante o jogo todo e não fazer paródias de temas de outros países.

Sofrer faz parte

por Luiz Mendes | seg, 30/06/2014 - 11:05
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O drama, as lágrimas, as mãos gélidas e trêmulas. Já não restam unhas O roteiro não está definido, mas o desenrolar da trama é sempre o mesmo. Tensão.

Isso faz o futebol ser ao mesmo tempo uma tragédia grega e um mambo caribenho. No mesmo instante. Na mesma partida. 

Adoramos disputa de pênaltis durante a Copa, desde que o nosso time não esteja envolvido. Quando é inevitável que ele esteja lá, choramos. Antes e depois de cada chute, seja ele estufado nas redes ou rebatido por um terrível goleiro sem alma nem coração.

Por mais que saibamos que vai ser difícil, que os nervos estarão explodindo pelos poros, não tiramos o nosso olhar de dentro do campo. E quantas vezes isso repetiu. Naquelas inesgotáveis cobranças de pênalti da Copa de 1994. Obrigado, Roberto Baggio. Nas penalidades da semifinal de 1998. Vida longa, Taffarel. Na partida que antecedeu a final de 2002. Santo bico da chuteira de Ronaldo. E esse ano devemos fazer reverência às traves do estádio do Mineirão.

Nesta Copa imprevisível, só temos duas certezas pela frente. A primeira é a ótima equipe colombiana em nosso caminho. A segunda é que iremos sofrer.

3 dentro

- James Rodríguez. Um camisa 10 à moda antiga. Os colombianos têm algo raro e muito procurado no futebol atual. É o jogador que mais leva preocupação para Felipão e sua comissão técnica para o próximo jogo, em Fortaleza. O gol de Rodríguez na vitória contra o Uruguai, no Maracanã, já está na antologia das Copas.

- Ochoa. A não ser que outro arqueiro assombre o mundo com defesas mirabolantes, o título de melhor goleiro do mundial é do mexicano que parou o Brasil e segurou até onde pode os holandeses.

- Costa Rica. A maior zebra de 2014 está conquistando a torcida brasileira. Um time que já deixou Inglaterra, Itália e Uruguai para traz, pode ainda aprontar nesta Copa. Desta vez para cima da temida Holanda.

3 fora

-Seleção Brasileira. Jogar com o coração na linguagem do futebol determina um time que joga com raça. O Brasil joga com o coração, mas com ele mole. A fragilidade emocional da equipe está escancarada desde a partida de estreia com choro na hora do hino e agora chegou à níveis extremos na disputa de pênaltis contra o Chile. Todo o sentimentalismo mostra um time comprometido e sem cabeça para enfrentar possíveis frustrações.

- Torcida Brasileira. Me refiro aos que estão presentes durante os jogos do Brasil nesse mundial. Além de monótona e sem criatividade, ganha o título de mais mal educada. Dilma e o Chile foram vítimas da falta de modos dos que vestiam verde e amarelo nas arquibancadas.

 - Conspiradores brasileiros. Esses são os mais chatos da Copa. Acreditam em Papai Noel, Mula Sem Cabeça, Saci Pererê e na compra da Copa do Mundo pelo governo brasileiro. 

A melhor parte começa agora

Luiz Mendes, | qui, 26/06/2014 - 21:30
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Acabou a primeira fase da Copa do Mundo e esta sexta-feira será o primeiro dia, depois de duas semanas, que não haverá jogo do mundial. Depois de uma overdose de futebol, a abstinência de uma partida na TV já poderá ser sentida.

Agora chegou a parte boa da Copa. Dos nervos saindo pelos poros. Fase de decisão por pênaltis. A hora de mocinhos e vilões darem as caras.

Metade dos times que vieram ao Brasil já voltaram para casa. Nem a mais pessimista das previsões poderia cravar que Portugal, Itália, Inglaterra e Espanha não iriam disputar as fases decisivas da Copa. A verdade também que nenhuma bolão tem Costa Rica, Argélia e Grécia jogando as oitavas de final.

Das 16 equipes que ficaram na competição, cinco são sul-americanas, duas são da América do Norte e uma é da América Central. A Europa está sendo representada por seis países, enquanto a África ainda tem dos times no torneio.

Cinco seleções que já foram campeãs do mundo estão nas oitavas de final. Juntos, Brasil, Argentina, Uruguai, Alemanha e França acumulam treze taças.

Em uma Copa tão cheia de surpresas fica difícil fazer algum prognóstico sobre que avançará para as quartas. Pelo que vi neste mundial, acredito que Brasil, Uruguai, Holanda, Costa Rica, França, Alemanha, Argentina e Bélgica passarão à próxima fase.

3 dentro

- Fifa. Diferente do burocrático e sem sentido STJD, a comissão de disciplina da Fifa mostrou o quanto é simples punir exemplarmente fatos injustificáveis. Ela até deu a oportunidade da Federação Uruguaia de Futebol apresentar argumentos para a agressão de Suárez. Como as provas foram fracas, a pena foi imposta sem direito a contestação.

- Thomas Muller. Candidato a ser um dos nomes da Copa, o alemão já tem quatro gols nesta copa e nove em seu histórico em mundiais. O atacante de apenas 23 anos só espera o tempo certo para fazer história no futebol mundial.

- Neymar. É o que está mantendo ainda a confiança do torcedor brasileiro na seleção. Ele está resolvendo e a  torcida é que ele permaneça com a mesma confiança até o final da Copa.

3 fora

- Suárez. Como em 2010 se torna personagem de uma Copa. Se na África ele entrou para histórias dos mundiais por colocar a mão em uma bola que eliminaria o Uruguai do torneio, a imagem da mordida em Chiellini também será lembrada por muito tempo.

- Cristiano Ronaldo. A maior decepção desta Copa, juntamente com toda a seleção espanhola eliminada na primeira fase. Esperava-se bem mais daquele que chegou no Brasil com a alcunha de melhor jogador do mundo.

- Cambistas. Não é um privilégio de jogos dos campeonatos regionais. Não é difícil para quem está em uma das cidades-sedes do mundial ver pessoas, discretamente ou não, oferecendo bilhetes para o jogos por quase o dobro do preço.

Somos mais americanos

Luiz Mendes, | dom, 22/06/2014 - 14:49
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Ao ler o título desta coluna não considere que o autor esteja com algum pensamento ianque, imperialista ou algo do tipo. Na Copa do Mundo de 2014 cada brasileiro está com um sentido maior sobre o continenteque vive . A auto-suficiência local está ficando um pouco de lado e nos pegamos torcendo por qualquer equipe que tenhaterritório do lado de cá do Atlântico.

Nessas andanças pelo Brasil durante o mundial percebo uma maior simpatia tupiniquim pelos times não-europeus. E essa aproximação aumenta pelos países americanos. Sejam eles do Centro, Norte ou Sul.

Culturalmente, e o futebol está incluso nisso, sempre fomos meio alheios ao acontece além das nossas fronteiras. Sabemos muito sobre o que ocorre no Velho Continente e nos EUA, mas nunca nos integramos muito sobre os vizinhos latinos. Há quem culpe a língua e por isso justifique a maior aproximação entre os povos colonizados pela Espanha.

Está bonito ver camisas verde e amarelas misturadas ao verde mexicano, ao vermelho costarriquenho e chileno, aos azuis uruguaios, argentinos e hondurenhos, além do colorido equatoriano e colombiano. Essa força extra das arquibancadas vem mostrando resultado em campo. Fica difícil saber se a impressionante campanha da Costa Rica empolgou a torcida brasileira ou se o efeito foi o contrário.

A Copa do Mundo faz coisas incríveis como brasileiros vestirem as cores da Argentina para apoiar o maior rival no esporte. Toda essa alegria e comunhão dura até hora de um deles cruzarem o caminho do Brasil.

Todas essas demonstrações de afinidades latinas mostram que ainda somos diferentes. Que não fomos entregues ao padrão europeu de futebol. Preferimos as coisas quentes e criativas a toda frieza calculada no primeiro mundo. Ainda há mais futebol e menos números. Que bom.    

3 dentro

- Costa Rica. Não há como não vibrar e admirar a ração e a força de vontade da maior surpresa do mundial de 2014. Além de superação dentro de campo, o time da América Central mostra muito carisma com o público. Conquistou os brasileiros.

- Luís Suarez. Pouco mais de duas semanas após uma cirurgia no joelho voltou a campo e foi decisivo para o Uruguai. Seu retorno motiva toda a equipe, que ainda luta para chegar na segunda fase da competição.

- Klose. Igualou o recorde de gols em Copa de Mundo de Ronaldo e ainda tem jogo para superar a marca. Sempre no estilo e oportunista e mio apagado em campo.

3 fora

- Segurança. A invasão de torcedores chilenos ao Maracanã mostra a falha em um dos setores que foi uma das maiores preocupações não preparação da Copa. O patrulhamento e monitoramento serão ampliados nas cidades-sedes, mas nada garante que serão eficazes.

- Felipe Massa. Depois de seis anos o piloto brasileiro conseguiu um pole position. Porém, as esperanças de uma boa corrida foram frustradas com um quarto lugar no GP da Áustria. Por mais que queiram se empolgar com a Fórmula 1, a falta de um lugar no pódio vai afastando os fãs de corrida das transmissões e autódromos.

- Alimentos. Durante toda a preparação para a Copa, qualquer obra ou ato de maior requinte recebeu a irônica pecha de “Padrão Fifa”. Tal fineza no tratamento não foi percebida nos alimentos comercializados na Arena Pernambuco. 320 kg de produtos estragados foram apreendidos e mais de 80 pessoas foram socorridas após passarem mal por ingerirem as substâncias.

 

O grito da torcida

Luiz Mendes, | qua, 18/06/2014 - 10:20
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Copa do Mundo é uma competição diferente das que estamos acostumados a acompanhar. Para alguns jornalistas a forma de trabalhar é diferente, pois não estão habituados com competições desse nível, como para torcida também é diferente, pelo mesmo motivo. A partida entre Brasil e México terminou em 0x0, mas nas arquibancadas fomos vencidos pelos astecas.

Se estivéssemos na apuração de um desfile de escola de samba, os mexicanos teriam nos vencido nos quesitos fantasia, alegoria, e samba-enredo. Talvez ganhássemos em harmonia pelo canto coral à capela durante o hino nacional.

Quem esteve no Castelão viu e ouviu o quanto eram barulhentos as partes vermelhas e verdes do estádio. Enquanto a parte amarela se resumia a repetição da palavra Brasil e o monótono “eu sou brasileiro com muito orgulho e com muito amor”, os torcedores do México tinham cânticos para tudo em seu repertório. Músicas para xingar, para apoiar e até para bater  tiro de meta.

 A maioria dos torcedores brasileiros que estão indo aos jogos da seleção durante o mundial não é freqüentadora de estádios. São aqueles que acompanham futebol a cada quatro anos ou que, no máximo, vão ver os jogos pelo telão de um bar agarrado a uma caneca de chopp. 

Enquanto isso, os nossos vizinhos argentinos fazem algo irresponsável. A AFA, o que corresponde a CBF deles, financia a viagens das principais lideranças da Barras, como são chamadas as torcidas organizadas na Argentina, para contagiarem o restante da torcida durante a Copa. O resultado, além dos belos cantos, é o vandalismo praticado por eles, como foi visto no Rio de Janeiro.  

Voltando aos brasileiros, nos últimos anos o time da CBF jogou tantas vezes fora do país que criou no seu torcedor um perfil cada vez mais europeu. É necessário retornar mais vezes para Fortaleza, Recife, São Luís, Manaus, para ver se ainda há sangue latino nas veias da torcida brasileira.

3 dentro

- Miguel Herrera. O técnico da seleção do México encontrou uma maneira eficaz de encarar o Brasil. Diferente da maioria dos adversários que prioriza a marcação em jogos contra os brasileiros, o mexicanos souberam neutralizar o meio-campo verde amarelo e foi ao ataque com perigo.

- Santa Cruz. Vem acertando nas dispensas que vem fazendo para reduzir a folha salarial do elenco. Nomes como Raul e Luciano Sorriso, que foram importantes nas conquistas recentes do tricolor, mas não estavam rendendo o esperado atualmente, mostra a mudança de postura da diretoria.

- Ochoa. O goleiro mexicano frustrou o ataque brasileiro em três oportunidades na partida em Fortaleza. O arqueiro, atualmente sem clube, já fez grandes partidas jogando no Brasil, como o da Libertadores de 2008, quando o América-MEX eliminou o Flamengo no Maracanã.

3 fora

- Felipão. Errou em colocar Ramires no lugar de Hulck e percebeu isso logo após o final do primeiro tempo. Durante a partida não ousou, substituindo os jogadores da mesma posição. Seis por meia dúzia.

- Fred. É verdade que a bola não está chegando até ele, mas muitas vezes parece que o atacante está em outro lugar que não é o campo de jogo. Precisa melhorar muito nesta Copa.

- Paulinho. Já não é mais aquele volante moderno da Copa das Confederações que marcar muito e sabe sair jogando. O banco de reservas na Inglaterra e uma recente lesão podem estar influindo no futebol do jogador.

 

 

Coisas de Copa

Luiz Mendes, | seg, 16/06/2014 - 10:59
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É difícil reconhecer, mas a Fifa tinha razão. A Copa do Mundo é uma experiência diferente de tudo que o Brasil já viveu. Desde e o início do mundial estive Salvador, Recife e Fortaleza, três cidades nordestinas que recebem o mundial e em cada uma delas uma torcida me cativou.

Na Bahia foi incrível ver o Pelourinho pintado de laranja pelos holandeses, isso bem antes da magistral apresentação de Robben na Fonte Nova. Surreal foi desembarcar no Recife é ver a cidade apinhada de gente de olhos puxados e camisas azuis pelas ruas, distribuindo gentileza e simpatia por onde passavam. Em Fortaleza, onde estou no momento, a orla da cidade foi transformada em uma embaixada mexicana, com direito a salsa, tequila e mariachis.

E cada um aproveita como pode. Tem quem se misture aos gringos e entre na onda deles, tem aqueles que provocam de forma sadia os adversários. Ontem um carro parou em frente ao hotel onde está hospedada a seleção mexicana e o som começou a tocar o hino do Brasil, que foi dançado como uma valsa por gente de várias nacionalidades na calçada em frente.

Esse clima de euforia é bom. É válido. Mas a Copa vai passar e algumas lições vão ser tiradas. O que está dando certo e funcionando nestes dias, terá que ter uma continuidade. A cobrança vai ser maior daqueles que desfrutam do atual momento do país.

3 dentro

- Michael Schumacher. O heptacampeão de Fórmula 1 mais uma vez assombra o mundo. Depois de seis meses em coma, devido a um acidente de esqui, Schumi recuperou a consciência. Essa é a maior vitória da carreira do alemão.

- Hulk. Se o futebol dele na seleção ainda está deixando a desejar, em seus posicionamentos o atacante tem se saído muito. Ele quer se mostrar como jogador que é e não como um nordestino engraçado ou um símbolo sexual.

- Robben. Até o momento o jogador que mais impressionou na Copa. A categoria e velocidade do camisa 11 da seleção holandesa espanta quem não esperava muito dele e do seu time neste mundial.

3 fora

- Seleção brasileira. O time comandado por Felipão vive um bom momento e tem o carinho do público. Desnecessário fugir do contato do povo e entrar no hotel escondido, como fez ao chegar na capital cearense.

- Arbitragem. Uma coisa que não está no mesmo nível dos ótimos jogos desta Copa são os juízes. É um grave problema a atuação dos árbitros, que até aqui não interferiram ainda nos resultado das partidas.

- Argentinos. Quem foi ao Maracanã ver a estréia dos hermanos na Copa se surpreendeu com a torcida azul e branca. Além de incentivar a todo momento a sua seleção, os Argentinos faziam cânticos ofensivos aos brasileiros, além de respeitaram os assentos numerados e urinarem nas áreas comuns  do estádio. 

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