O presidente de Israel, Shimon Peres, elogiou neste sábado uma aparente concessão feita pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, sobre a delicada questão dos refugiados palestinos. Peres disse que Abbas "entende que a solução para a questão dos refugiados palestinos não pode se dar em território israelense e em detrimento do caráter de Israel". Para ele, as declarações de Abbas foram "corajosas". "São palavras significativas. Precisamos tratá-las com o maior respeito", acrescentou.
Na quinta-feira, o líder palestino havia dito em entrevista ao Canal 2 da televisão israelense que gostaria de ver novamente a cidade em que nasceu, em 1935 - Safed, no norte de Israel -, mas que não voltaria a viver lá. "Quero ver Safed. É meu direito vê-la, mas não viver ali", afirmou Abbas. Ele também disse que "a Palestina, agora, para mim, são as fronteiras de 1967, com Jerusalém leste como sua capital. Isso é a Palestina para mim, agora e para sempre. Sou um refugiado, mas vivendo em Ramallah. Acredito que a Cisjordânia e Gaza são a Palestina. O resto é Israel".
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Essas declarações foram fortemente criticadas na sexta-feira por Ismail Haniyeh, líder do Movimento Islâmico de Libertação (Hamas) e primeiro-ministro da ANP, eleito em 2006 mas derrubado por Abbas no ano seguinte. Para ele, "as afirmações de Abbas sobre o direito do retorno dos refugiados palestinos são extremamente perigosas. Abbas não tem o direito de abrir mão dos direitos dos refugiados. Ele não fala em nome dos refugiados". No território ocupado da Faixa de Gaza, controlado pelo Hamas, milhares de pessoas saíram às ruas na sexta-feira em protesto contra as declarações de Abbas, tanto na Cidade de Gaza como nos campos de refugiados de Khan Yunis e Jabaliya.
Centenas de milhares de palestinos foram deslocados de onde viviam na guerra que levou à formação do Estado de Israel, em 1948; eles se espalharam por vários países e, com o passar das décadas, tornaram-se milhões. A questão do direito de retorno é uma das mais delicadas nas negociações de paz entre as duas partes; Israel sustenta que os refugiados palestinos não têm qualquer direito a voltar aos territórios sob seu controle.
"Essas posições [de Abbas] estão exatamente em linha com as de Israel e da maioria da população, que apoia a solução de dois Estados para dois povos. Essa é uma declaração pública corajosa e importante", disse o presidente israelense. As informações são da Associated Press.