O mercado futuro de juros inicia a semana de decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central com viés de alta, em meio à correção técnica após as quedas recentes. O movimento é amparado pela revisão, para cima, das projeções de inflação em 2013 contidas no boletim Focus do Banco Central. Essas estimativas ofuscam a desaceleração do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em fevereiro e o pessimismo externo diante de notícias da China.
"A pesquisa Focus trouxe uma previsão de inflação mais alta 12 meses à frente. O que ocorre nesta manhã é movimento técnico, de ajuste, relacionado a Focus", diz Luis Felipe Laudisio dos Santos, operador da Renascença, ressaltando ainda baixo volume de negócios.
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Às 10h55, na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 tinha taxa de 7,22%, de 7,21% no ajuste de sexta-feira e o DI com vencimento em janeiro de 2014 apontava 7,63%, de 7,62% no ajuste anterior. O contrato para janeiro de 2015 tinha taxa de 8,31%, na máxima, ante 8,30%. Entre os contratos mais longos, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,05%, de 9,04% no ajuste de sexta-feira (01).
O boletim Focus mostrou inversão na expectativa do mercado financeiro para a inflação oficial em 2013, embora as alterações tenham sido pequenas. A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) neste ano subiu 5,69% para 5,70%. Já o IPCA para 2014 seguiu em 5,50%. O índice para fevereiro passou de 0,43% para 0,45%. A expectativa para o IPCA 12 meses à frente avançou de 5,49% para 5,62%.
No Top5, grupo das instituições que mais acertam projeções, a mediana das estimativas para o IPCA 2013 no médio prazo subiu de 5,56% para 5,57% e, para 2014, caiu de 6,5% para 6,2%.
Já a previsão para o crescimento do PIB neste ano recuou, de 3,10% para 3,09%, e para o PIB do ano que vem avançou, de 3,60% para 3,65%. As projeções para a Selic permaneceram em 7,25% ao ano e 8,25% ao ano em 2013 e 2014, respectivamente.
Para o encontro desta semana do Copom, a aposta unânime é de manutenção do juro básico da economia (Selic) em 7,25% ao ano. As expectativas se concentram no comunicado a ser divulgado após a reunião e, ainda, na ata, a ser revelada no dia 14. Os investidores aguardam sinais do BC sobre a condução da política monetária. O estrategista-chefe do WestLB, Luciano Rostagno, espera que o BC se mantenha "fiel" à estratégia de manter a Selic estável por período suficientemente prolongado de tempo.
No exterior, ressalta Rostagno, "prevalece nesta manhã um clima mais pessimista, com dados ruins na China, entre eles o PMI de serviços e medidas para conter alta de preços de imóveis no país, além de dificuldades políticas na Itália". O índice dos gerentes de compras (PMI) do setor de serviços chinês caiu para 54,5 em fevereiro, de 56,2 em janeiro, no primeiro declínio do indicador após quatro meses de alta.
Ainda por lá, a Bolsa de Xangai fechou com a maior queda desde 2011, atingida pelo aperto das regras no mercado imobiliário chinês, o que contamina negócios na Europa e em Nova York, além das preocupações com negociações políticas na Itália e nos Estados Unidos, estas em torno de cortes de gastos.
O IPC, que mede a inflação em São Paulo, no piso das estimativas, poderia trazer viés de queda para as taxas futuras. O índice subiu 0,22% em fevereiro, informou a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). A taxa representa uma desaceleração em relação ao mês de janeiro, quando avançou 1,15%, e também ante a terceira quadrissemana de fevereiro (0,52%). Analistas ouvidos pelo AE Projeções esperavam de 0,22% e 0,40%, com mediana em 0,33%.