O ex-presidente Michel Temer (MDB) avaliou positivamente o governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em entrevista à BBC News Brasil , o emedebista disse que o governo Bolsonaro vai bem porque está dando seguimento as ações iniciadas por ele, como a reforma da Previdência. Na ótica de Temer, “o governo Bolsonaro não saiu da linha pré-traçada” na gestão dele.
“Eu me recordo, quando presidente da República, eu dizia: ‘olha, será bem sucedido o presidente que der sequência àquilo que estou fazendo’. Do jeito que as coisas vão indo, o governo vai bem, porque está dando sequência ao nosso governo”, observou Temer.
##RECOMENDA##“E veja, eu posso dar aqui vários exemplos. Por exemplo, a questão da Previdência Social. A Previdência Social só foi aprovada agora porque na verdade, durante dois anos, eu fiz um debate intensíssimo sobre a Previdência Social e agora acabou sendo aprovada em primeiro turno. Suponho que será aprovada em segundo turno, é importante, fundamental para o país. No passado houve muita resistência, mas esta resistência foi vencida pela campanha que nós fizemos ao longo do tempo”, acrescentou o ex-presidente.
Desde que assumiu o comando do país, em 2016, até o fim do governo, em dezembro do ano passado, Temer defendeu que fosse realizada uma mudança nas regras da aposentadoria. Indagado se a aprovação da Previdência seria mais uma vitória dele ou de Bolsonaro, ele negou.
“Sabe o que é, nós temos muito no Brasil essa concepção política equivocada que é tentar sempre destruir o governo anterior. Eu não faço isso em relação a nenhum governo. Agora, o meu teve esse mérito de colocar a Previdência, como de colocar outras reformas. Reformas fundamentais para o país, como a reforma trabalhista, a reforma do Ensino Médio, a recuperação das estatais…”, listou.
Apesar da avaliação positiva do governo, ao ser perguntado na entrevista sobre como avaliava o estilo de Bolsonaro governar, Temer disse que “cada um tem o seu” e lembrou que o dele foi “conciliador” e de “agregação”.
“Quando eu assumi a Presidência, o que que eu disse? Quem é que governa no país? É o Executivo com o Legislativo. Porque se você não tiver apoio do Legislativo, você não consegue governar”, pontuou.
“Veja que no caso da Previdência Social, quem acabou tomando as rédeas foi o próprio presidente da Câmara (o deputado federal Rodrigo Maia). E o que eu fiz? Logo que cheguei, eu até rotulava o meu governo como semipresidencialista, porque eu chamei o Congresso Nacional para trabalhar comigo. E por isso que nós conseguimos essas reformas todas”, completou, dizendo que Maia colabora muito, assim como fez quando ele era presidente.
À BBC News Brasil, Michel Temer também avaliou como encarava os baixos índices de aprovação do governo Bolsonaro. Pesquisas chegaram a apontar o ex-presidente como o pior no cargo até o seu mandato.
“É decepção, né... É natural essa decepção. Toda vez que alguém chega ao governo, chega dando muita esperança, as pessoas esperam muito. A gente não pode pautar-se apenas pela popularidade, e convenhamos, falando de mim, se fosse pautar-me pela minha popularidade, eu não teria feito as reformas que o país precisa. A questão da popularidade não significa que o governo está bem ou está mal. O governo precisa agir, ir pra frente”, disse.
O emedebista ainda fez observações sobre a atuação dos filhos do presidente, mas não desferiu críticas. “O primeiro ponto é o seguinte, os três filhos dele são políticos. Por mais que sejam filhos dele, quando se manifestam também se manifestam em função do cargo de senador, deputado federal, vereador... Agora, há uma realidade, que é a realidade de comunicação nos dias atuais, que é a rede social. E eles realmente, não sei se criam problemas para o pai, porque eu nunca vi o pai, o presidente Bolsonaro, criticar o filho... Pelo contrário, ele enaltece a atividade dos filhos. Aqui volto a dizer, cada um tem seu estilo”, salientou.