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O Supremo Tribunal Federal (STF) validou o cálculo de pensão por morte alterado na Reforma da Previdência, em 2017. Por 8 a 2, os ministros rejeitaram uma ação apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores Assalariados e Assalariadas Rurais (Contar) contra o dispositivo da reforma.

Hoje, o cálculo é de 50% sobre o valor da aposentadoria recebida ou à qual teria direito se fosse aposentado por incapacidade permanente - acrescida de cotas de 10% por dependente, até o máximo de 100%. Antes da Reforma da Previdência, de 2017, o valor correspondia a 100% do benefício, sem a regra progressiva.

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Para a Contar, a regra atual retira dos dependentes dos seguros o "direito a uma vida com subsistência digna". A entidade também alegou que o dispositivo, ao considerar o valor da aposentadoria por invalidez, impede que o valor da pensão reflita o valor das contribuições previdenciárias.

O relator, Luís Roberto Barroso, disse reconhecer que a reforma provocou "decréscimo relevante no valor do benefício", mas ponderou que isso não significa "que tenha violado alguma cláusula pétrea". O ministro destacou que as pensões por morte "não visam à manutenção do padrão de vida alcançado pelo segurado falecido", nem "têm natureza de herança".

"Em realidade, elas (pensões) são um alento - normalmente temporário - para permitir que os dependentes reorganizem-se financeiramente, busquem novas alternativas e tenham condições, afinal, de prover recursos suficientes à sua própria subsistência", afirmou o ministro.

No julgamento, que foi finalizado no plenário virtual na última sexta-feira, 23, oito ministros acompanharam o voto de Barroso. Apenas Edson Fachin e Rosa Weber divergiram. Em seu voto, seguido por Rosa, Fachin propôs a declaração de inconstitucionalidade do trecho que trata da aposentadoria por incapacidade.

Para o ministro, o dispositivo estabelece um "duplo fator para redução da renda". Isso porque a Reforma da Previdência já estabeleceu um cálculo que reduz o valor do benefício para os aposentados por incapacidade. "A manutenção da forma de cálculo não permite, senão inviabiliza, a reorganização familiar e financeira após o falecimento, ampliando a vulnerabilidade social", afirmou.

O presidente francês, Emmanuel Macron, promulgou, na madrugada deste sábado (15), sua impopular reforma da Previdência, uma "provocação" para os sindicatos e para a oposição, após três meses de um conflito social que deve continuar. "Uma lei promulgada à noite, como os ladrões", reagiu o líder comunista, Fabien Roussel.

"Que provocação! Nova fanfarrice de Emmanuel Macron em um momento em que o país nunca esteve tão fraturado", tuitou Marine Tondelier, dos Verdes.

Em uma "lógica de apaziguamento", o presidente vai discursar à nação na noite de segunda-feira às 20h (15h de Brasília), para fazer um "balanço" dos três meses de crise, informou à emissora TF1 o porta-voz do governo, Olivier Véran.

As tensões permanecem desde a sexta-feira, quando o Conselho Constitucional validou o adiamento da idade da aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e a antecipação para 2027 da exigência de contribuição por 43 anos - e não 42, como é agora -, para se ter direito à aposentadoria integral.

Várias cidades registraram protestos e alguns terminaram em distúrbios, como em Rennes (oeste), onde um grupo destruiu neste sábado uma agência nacária e a entrada de um hotel quatro estrelas, além de incendiar e danificar carros de luxo.

"A melhor resposta que se pode dar a Emmanuel Macron é esta agitação popular permanente", disse a deputada de esquerda Danielle Obono, antes de uma manifestação de 300 pessoas que percorreu o nordeste de Paris.

Os sindicatos, ponta de lança da contestação desde janeiro, convocaram uma "mobilização excepcional" para 1º de maio, por ocasião do Dia Internacional dos Trabalhadores, para protestar contra a reforma.

Mas outros atos estão previstos antes disso. A central CGT convocou novos dias de protestos em 20 e 21 de abril, e as centrais representativas da empresa ferroviária SNCF anunciaram um dia de "ira" para a quinta-feira.

- "Vitória de Pirro" -

Embora a decisão do Conselho Constitucional tenha sido uma "vitória legal" para o presidente liberal, de 45 anos, a imprensa considerou, de forma unânime, neste sábado, que se trata de uma "vitória de Pirro" e de "um desastre para a nação", especialmente em meio à rejeição da maioria dos franceses.

Os sindicatos advertiram que a França vive uma "crise democrática", depois que o presidente decidiu, em meados de março, adotar por decreto sua impopular lei, temendo perder a votação no Parlamento. Macron não tem maioria absoluta no Legislativo.

Essa decisão radicalizou os protestos e, com sua rápida promulgação, Macron "parece gostar de colocar lenha na fogueira", afirmou o líder do sindicato UNSA, Laurent Escure, para quem "nada de bom sairá disso".

Embora o conflito social permaneça incrustado, o governo pretende virar a página rapidamente com novas medidas, em um momento de forte preocupação da população com o aumento dos preços.

"Queremos construir uma França de pleno emprego", "garantir a igualdade de oportunidades" e "agir" para melhorar a saúde e a educação, afirmou, neste sábado, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, que se disse disposta a "acelerar" as reformas.

Mas, com quem? Os sindicatos e recusam a se reunir com o governo antes de 1º de maio, e Borne assegurou que, no Parlamento, "não é hora de coalizões", mas de "maiorias possíveis para cada projeto".

- "Revolução" ou "populismo" -

Um referendo para limitar a idade da aposentadoria a 62 anos, como a esquerda propõe, poderia reduzir o conflito. Em 3 de maio, o Conselho Constitucional deve se pronunciar sobre este pedido, após rejeitar uma demanda similar na sexta-feira.

Em abril de 2022, Macron foi reeleito com 58,5% dos votos ante Marine Le Pen, da extrema direita. Ciente de que sua vitória se devia em parte ao cordão sanitário contra sua adversária, prometeu governar de maneira diferente e unir o país.

Mas, o episódio da reforma da Previdência mostrou o contrário. A lei foi aprovada por meio de polêmicos mecanismos que limitaram o debate no Parlamento e sem ouvir a rejeição da maioria da população e dos sindicatos. A popularidade do chefe de Estado caiu para menos de 30% nas pesquisas.

“Há uma arrogância em Emmanuel Macron que se alimenta de uma ignorância social”, disse o historiador Pierre Rosanvallon ao jornal Libération, para quem “o tempo das revoluções”, ou do “populismo de extrema direita”, pode agora voltar.

As pesquisas de opinião mostram, por enquanto, uma deterioração da confiança dos franceses nas instituições e uma progressão na intenção de voto em Marine Le Pen, ainda que sua oposição à reforma tenha sido menos ativa do que a da esquerda.

"Com sua política, [Macron] estende o tapete vermelho" à extrema direita, assegurou a líder da CGT, Sophie Binet, à imprensa regional.

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O presidente da França, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira (22) a entrada em vigor de sua impopular reforma da Previdência até o fim do ano, em um momento de intensificação dos protestos contra o projeto do governo.

"Esta reforma é necessária. Não me faz feliz. Teria preferido não fazê-la", declarou o presidente liberal em uma entrevista aos canais TF1 e France 2, na qual reconheceu a "impopularidade" da medida.

A França vive desde a última quinta-feira um contexto social muito tenso com uma onda de protestos espontâneos, marcados pela violência. Sua entrevista não parece acalmar as coisas, na véspera de um novo dia de protestos convocados pelos sindicatos.

Suas declarações são "um desprezo pelos milhões de manifestantes", disse Philippe Martinez, líder do sindicato CGT. Macron "adicionou mais lenhas a uma fogueira muito acesa", afirmou o chefe do Partido Socialista, Olivier Faure.

Desde janeiro, o governo enfrenta forte rejeição ao seu plano de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos, e não 42 como agora, para receber uma pensão completa.

Mas a tensão explodiu na última quinta-feira, quando Macron e sua primeira-ministra Élisabeth Borne anunciaram a adoção da reforma por decreto, porque temiam perder a votação na Assembleia Nacional (câmara baixa), com o apoio inclusive da oposição de direita.

Há uma semana, Paris e outras cidades registram protestos não declarados todas as noites, nos quais manifestantes, em sua maioria jovens, incendeiam contêineres e outros itens em seu confronto com a polícia.

"Não vamos tolerar nenhum transbordamento", alertou Macron, chamando esses manifestantes de "sediciosos" e comparando-os aos que invadiram o Capitólio nos Estados Unidos em 2021 e o Congresso Nacional no Brasil em janeiro deste ano.

No dia anterior, em reunião com os legisladores de seu partido, o presidente já alertou que a "multidão" e os "distúrbios" não tinham "legitimidade" sobre os representantes do povo, declarações criticadas inclusive por seus aliados.

As forças de segurança estão na mira devido às centenas de prisões realizadas desde quinta-feira passada, que na grande maioria dos casos resultam em libertações sem acusação, e devido aos métodos usados para controlar os protestos.

A Anistia Internacional alertou nesta quarta para o "uso excessivo e generalizado da força" e para "prisões arbitrárias", preocupações já manifestadas pela oposição de esquerda, advogados, magistrados e até pela Defensoria do Povo.

- Qual saída? -

Além da reforma, Macron, reeleito em abril do ano passado, enfrenta dificuldades para aplicar seu programa reformista durante o segundo mandato, que vai até 2027.

O chefe de Estado reconheceu na entrevista de hoje que o seu único erro foi "não conseguir convencer" sobre a reforma, a qual espera aplicar "até o final do ano" e que procura evitar um futuro "déficit" no fundo de pensões. Agora a reforma é examinada pelo Conselho Constitucional.

Os observadores consideraram um fracasso a adoção por decreto desta reforma crucial para Macron, que tentou adotá-la no primeiro mandato, uma vez que dificultaria a aprovação de novos projetos, em um contexto de falta de maioria absoluta.

Tendo descartado dissolver a Assembleia, submeter a reforma a referendo ou remodelar o governo, conforme solicitado pela oposição, Macron encarregou a primeira-ministra de "construir um programa de governo" e "ampliar a maioria".

Símbolo dessa nova situação, o governo paralisou uma reforma migratória que o Senado deveria começar a debater e que agora será dividida em várias partes para facilitar sua adoção, diante da rejeição por parte da direita de regularizar trabalhadores sem documentos.

O presidente da França, Emmanuel Macron, concederá uma entrevista ao vivo na quarta-feira (22), após a aprovação da impopular reforma da Previdência na segunda-feira, que gerou protestos em várias cidades do país, anunciou o governo.

Macron será entrevistado por jornalista dos canais de televisão TF1 (privado) e France 2 (público) na quarta-feira às 13h (9h de Brasília), informaram as emissoras.

A lei que aumenta a idade de aposentadoria para 64 anos, contra 62 atualmente, foi aprovada na segunda-feira, depois do fracasso no Parlamento de duas moções de censura - uma delas não foi aprovada por apenas nove votos.

O fracasso dos votos de censura e a aprovação da reforma provocaram manifestações durante a noite de segunda-feira em várias cidades da França.

A polícia anunciou a detenção de quase 300 pessoas em incidentes, incluindo 234 em Paris.

A impopular reforma da Previdência do presidente liberal francês Emmanuel Macron recebeu nesta quinta-feira (16) a primeira aprovação do Parlamento, mas persiste a incerteza se a medida receberá votos suficientes dos deputados durante a tarde, após várias semanas de protestos nas ruas.

O Senado iniciou o dia crucial para o restante do mandato de Macron, que vai até 2027, com a aprovação da reforma graças aos votos dos governistas e da oposição de direita do partido Os Republicanos (LR), que controla a Câmara Alta.

"O Senado acaba de aprovar a reforma da Previdência (...) Estaremos durante a tarde na Assembleia Nacional com a mesma vontade de que esta reforma essencial siga adiante", tuitou o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt.

Com 193 votos a favor e 114 contra, a aprovação no Senado era considerada certa.

O governo quer elevar a idade da aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e antecipar para 2027 a exigência de contribuição por 43 anos (e não 42 como atualmente) para que o trabalhador tenha direito à pensão integral. Dois em cada três franceses são contrários à reforma, segundo as pesquisas.

Além do projeto, o presidente de 45 anos, reeleito há quase um ano com a promessa de aprovar reformas na segunda maior economia da União Europeia (UE), corre o risco de aplicar seu programa durante o segundo mandato e ameaçou dissolver a Assembleia em caso de derrota.

Desde quarta-feira, Macron participa em várias reuniões de crise para assegurar a maioria no Parlamento, o que evitaria ativar um polêmico procedimento parlamentar: o artigo 49.3 da Constituição.

O mecanismo permitiria a adoção da reforma sem a votação dos deputados, que só conseguiriam impedir a aplicação do projeto com um voto de desconfiança contra o governo da primeira-ministra Élisabeth Borne. Alguns parlamentares já anteciparam que pretende apresentar moções de censura.

Submeter a reforma à votação dos deputados e perder "travaria consideravelmente" o restante de seu mandato", mas recorrer ao artigo 49.3 "reforçaria a imagem de 'brutalidade' de seu poder e alimentaria a crise social", alertou o jornal liberal L'Opinion.

Diante do dilema, a deputada governista Aurore Bergé defendeu na rede CNews seguir para a votação e considerou que a dissolução mencionada na véspera por Macron em caso de revés, segundo os participantes de uma reunião, permitiria obter "um esclarecimento".

Mas convocar novas eleições legislativas, menos de um ano depois do pleito anterior, seria uma aposta arriscada, ainda mais quando o partido de extrema-direita de Marine Le Pen, contrário à reforma, parece em boa posição nas pesquisas, segundo os analistas.

- Protestos -

Os olhares estão voltados para alguns deputados governistas que poderiam optar pela abstenção e para 20 parlamentares do LR que, segundo o senador de direita Bruno Retailleau, votariam contra a reforma.

Os sindicatos fizeram um apelo para que os parlamentares votem contra uma reforma que consideram injusta, depois de vários dias de protestos. Em 7 de março, entre 1,28 milhão e 3,5 milhões de pessoas participaram na maior manifestação contra uma reforma social no país nas últimas três décadas.

Os protestos, no entanto, perderam força, à medida que os franceses admitem que a reforma acabará sendo aprovada. E as greves em setores cruciais, como energia e transporte, também continuam, embora com menos força.

O governo também ordenou o retorno ao trabalho dos garis em Paris, para que retirem as 7.600 toneladas de lixo acumuladas na capital, ao final de uma disputa com a prefeita Anne Hidalgo, que apoia os grevistas.

Os opositores não jogam toalha e convocaram manifestações em Paris. "Não deixem que roubem dois anos de sua vida", tuitou na quarta-feira o deputado de esquerda Thomas Portes.

Em caso de aprovação da reforma, a oposição de esquerda deve apresentar um recurso ao Conselho Constitucional que adiaria a promulgação do texto e daria tempo aos críticos de Macron para utilizar seus últimos cartuchos, como um pedido de referendo.

A França vive nesta quinta-feira (16) seu quinto dia de protestos contra a Reforma da Previdência a pedido dos sindicatos, enquanto aguarda a greve de 7 de março que pretende "paralisar" o país.

A nova manifestação busca aumentar a pressão sobre os deputados, que têm até sexta-feira para se pronunciar sobre a reforma, mas deve ser menos numerosa em meio às férias escolares de inverno em grande parte da França.

"Sejamos numerosos nas manifestações", pediu na véspera Laurent Berger, do sindicato CFDT, que junto com os demais dirigentes sindicais se manifestará em Albi (sul) para destacar a importante mobilização fora de Paris.

Seu objetivo é que o governo retire sua proposta de adiar a idade de aposentadoria de 62 para 64 anos até 2030 e de adiantar para 2027 a exigência de contribuir 43 anos (e não 42 como agora) para receber uma aposentadoria completa.

A maioria dos franceses - dois em cada três, de acordo com as pesquisas - se opõe à reforma. Em 31 de janeiro, foi registrada a maior manifestação contra uma reforma social em três décadas -- entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas.

Mas o presidente liberal Emmanuel Macron está determinado a continuar, argumentando que seu plano evitaria um déficit futuro no fundo de pensão e aproximaria a idade de aposentadoria de seus vizinhos europeus.

Nesta quinta-feira, a greve afeta em menor grau o serviço ferroviário e o transporte público de Paris, que funcionam quase normalmente. Mas o aeroporto parisiense de Orly cancelou 30% de seus voos.

A greve na empresa EDF provocou uma queda na produção de energia elétrica de mais de 3.000 MW, o equivalente a três reatores nucleares, embora não tenham acontecido cortes no fornecimento.

Todos os olhos estão voltados para a Assembleia (câmara baixa). Os sindicatos enviaram uma carta aos deputados, exceto os ultradireitistas, para pedir que rejeitem o adiamento da idade de aposentadoria.

Mas não é certo que o texto possa ser votado antes de sexta-feira, quando seguirá para o Senado. O governo optou por um procedimento polêmico que permite aplicar a reforma no final de março, caso as duas casas do Parlamento não se pronunciem.

Diante da situação, a ultradireitista Marine Le Pen anunciou uma moção de censura para que os deputados contrários à reforma se manifestem, o que não tem perspectivas de prosperar devido ao isolamento imposto pela esquerda ao grupo de extrema-direita.

A França tem nesta terça-feira (7) o terceiro dia de protestos convocado pelos sindicatos contra a reforma da Previdência do presidente Emmanuel Macron, em uma tentativa de aumentar a pressão durante a análise do projeto impopular pelo Parlamento.

"Estamos diante de um presidente que, por um ego inflado, quer demonstrar que é capaz de aprovar uma reforma independentemente da opinião pública, algo perigoso", advertiu o líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, à rádio RTL.

Dois em cada três franceses, segundo as pesquisas, são contrários ao aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030 e ao aumento de 42 para 43 anos do tempo de contribuição a partir de 2027 para obter o direito a receber à pensão completa, como propõe o governo.

E, apoiados por esta rejeição, os sindicatos lideram uma ofensiva com greves e protestos pacíficos que em 31 de janeiro resultaram na maior manifestação contra uma reforma social em três décadas (entre 1,27 e 2,8 milhões de pessoas nas ruas).

A terceira jornada de greve geral começou nesta terça-feira com o serviço de trens e os transportes públicos de Paris "prejudicados", mas com menos intensidade que nas duas paralisações anteriores, e com 20% dos voos cancelados no aeroporto de Orly.

"Eu saio de casa muito mais cedo. É um verdadeiro planejamento, quase uma hora e meia mais cedo para ter um trem. É a terceira vez em poucos dias e já começamos a saber o que fazer", afirmou Sydsa Diallo, 36 anos, em uma estação da região de Paris.

A CGT apontou uma queda de 4.500 MW na produção de energia, o equivalente a mais de quatro reatores nucleares, com as paralisações no setor, assim como uma greve de 75% e 100% nas refinarias da Total Energies (56% segundo a direção da empresa).

A continuidade do apoio e da mobilização é crucial para os sindicatos. As autoridades calculam que as passeatas previstas para terça-feira devem reunir entre 900.000 e 1,1 milhão de pessoas. O governo anunciou a mobilização de 11.000 policiais e gendarmes.

Laurent Berger, líder do sindicato CFDT, fez um apelo ao governo no jornal La Croix e pediu que o Executivo escute os manifestantes: "Qual seria a perspectiva se não respondesse? Precisamos da indignação, da violência e da raiva para sermos ouvidos?", questiona.

- "A reforma ou a falência" -

Os apelos não foram ouvidos no Parlamento até o momento. Na segunda-feira, no primeiro dia de debates no plenário da Assembleia (câmara baixa), 292 deputados votaram contra e 243 a favor de uma moção da esquerda que pedia retirada da reforma.

"É a reforma ou a falência do sistema", afirmou o ministro das Contas Públicas, Gabriel Attal. Os cofres da Previdência devem registrar déficit de 14,6 bilhões de dólares em 2030, segundo o governo.

A reforma é uma promessa de campanha de Macron, mas analistas consideram que sua reeleição em 2022 foi motivada em grande parte pelo desejo dos eleitores de evitar a vitória de sua rival no segundo turno, a política de extrema-direita Marine Le Pen.

Poucas semanas depois da eleição presidencial, o governo perdeu a maioria absoluta na Assembleia. Agora busca os votos da oposição de direita do partido Os Republicanos (LR) para aprovar a reforma, diante dos votos contrários do grupo de Le Pen e da esquerda.

Em uma concessão de última hora, a primeira-ministra Elisabeth Borne anunciou que as pessoas que começaram a trabalhar entre 20 e 21 anos poderão solicitar a aposentadoria com 63 anos, mas isto não foi suficiente para convencer todos os deputados do LR.

O governo optou, no entanto, por um procedimento parlamentar que limita o tempo de debate nas duas câmaras do Parlamento e permite aplicar a reforma caso ambas não se pronunciem até 26 de março.

Com a contagem regressiva ativada, o tempo é curto para a oposição. Os sindicatos apostam em aumentar a pressão sobre os deputados com os protestos nas ruas e convocaram um dia de protestos para sábado.

Trens parados, escolas fechadas, centenas de milhares de manifestantes nas ruas. A França vive nesta quinta-feira (19) um dia de protestos em massa contra o impopular adiamento da idade de aposentadoria para os 64 anos, que põem à prova a credibilidade política do presidente Emmanuel Macron.

"Hoje será um grande dia de manifestação (...). Quando todos os sindicatos estão de acordo, algo pouco comum, é porque o problema é muito grave", disse à rede Pública Sénat o secretário-geral do sindicato CGT, Philippe Martinez.

A reforma da previdência é uma das principais medidas que o presidente francês, de 45 anos, prometeu durante a campanha que levou à sua reeleição em abril, após um primeiro projeto em 2020 que precisou abandonar devido à chegada da pandemia.

Mas depois de anos de crise (protesto social dos coletes amarelos, pandemia, inflação), o jornal Le Parisien aponta que a reforma representa um "teste decisivo" para Macron sobre seu mandato e sobre "a marca que deixará na história".

O presidente, que se encontra nesta quinta-feira em Barcelona para uma cúpula franco-espanhola, tentou enfraquecer a frente sindical no dia anterior, considerando que há sindicatos que "convocam protestos num marco tradicional" e outros que querem "bloquear o país".

Embora sua intenção inicial fosse adiá-la de 62 para 65 anos, sua primeira-ministra Élisabeth Borne acabou estabelecendo a idade em 64 anos, mas antecipou para 2027 a exigência de contribuir 43 anos para receber a aposentadoria completa.

Esses dois pontos provocaram a rejeição social e sindical. De acordo com uma pesquisa da Ipsos publicada na quarta-feira, embora 81% dos franceses considerem uma reforma necessária, 61% a rejeitam e 58% apoiam o movimento grevista.

A primeira frente sindical unitária desde 2010, quando tentou em vão impedir o aumento da idade de aposentadoria de 60 para 62 anos pelo governo do presidente conservador Nicolas Sarkozy, espera levar um milhão de manifestantes às ruas.

Mais de 200 protestos estão planejados na França. Os primeiros já começaram, como em Toulouse (sul) e Marselha (sudeste), e em Paris pela manhã. As autoridades esperam entre 550.000 e 750.000 manifestantes e entre 50.000 e 80.000 na capital.

Mas o sucesso de 1995 será alcançado? Presente no imaginário coletivo, esse intenso protesto durante o inverno, que deixou metrôs e trens parados nas plataformas por mais de três semanas, foi o último a paralisar uma reforma da previdência.

O ministro Clément Beaune já avisou que hoje seria um dia "infernal" nos transportes e pediu aos cidadãos que trabalhem de casa, onde muitos terão também que cuidar dos filhos, já que 70% dos professores também entraram em greve, segundo os sindicatos.

Quem está prestes a se aposentar precisa ficar atento. A reforma da Previdência estabeleceu regras automáticas de transição, que mudam a concessão de benefícios a cada ano.

A pontuação para a aposentadoria por tempo de contribuição e por idade sofreu alterações. Confira abaixo as mudanças que começam a vigorar neste ano.

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Aposentadoria por idade

A regra de transição estabelece o acréscimo de seis meses a cada ano para as mulheres, até chegar a 62 anos em 2023. Na promulgação da reforma da Previdência, em novembro de 2019, a idade mínima estava em 60 anos, passando para 60 anos e meio em janeiro de 2020. A idade mínima para aposentadoria das mulheres aumentou para 61 anos em 2021, 61 anos e meio em 2022 e agora chegou ao valor estabelecido pela reforma.

Para homens, a idade mínima está fixada em 65 anos desde 2019. Para ambos os sexos, o tempo mínimo de contribuição exigido é de 15 anos.

Aposentadoria por tempo de contribuição

A reforma da Previdência estabeleceu quatro regras de transição, das quais duas previram modificações na virada de 2021 para 2022. Na primeira regra, que estabelece um cronograma de transição para a regra 86/96, a pontuação composta pela soma da idade e dos anos de contribuição subiu em janeiro: para 90 pontos (mulheres) e 100 pontos (homens).

Na segunda regra, que prevê idade mínima mais baixa para quem tem longo tempo de contribuição, a idade mínima para requerer o benefício passou para 58 anos (mulheres) e 63 anos (homens). A reforma da Previdência acrescenta seis meses às idades mínimas a cada ano até atingirem 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens) em 2031. Nos dois casos, o tempo mínimo de contribuição exigido é de 30 anos para as mulheres e 35 anos para homens.

Direito adquirido

Quem alcançou as condições para se aposentar por alguma regra de transição em 2022, mas não entrou com pedido no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) no ano passado, não precisa se preocupar. Por causa do conceito de direito adquirido, eles poderão se aposentar conforme as regras de 2022.

Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) do fim da década de 90, o momento para conquistar o direito à aposentadoria ocorre quando o trabalhador alcança as condições, independentemente de data do pedido ou da concessão do benefício pelo INSS. Isso beneficia os segurados que enfrentam longas filas no INSS para ter os processos analisados.

Ao tomar posse, no último dia 3, o ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, disse que pretende rever a reforma da Previdência. Dias depois, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informaram que nenhuma revisão está em estudo e que qualquer decisão desse tipo precisa ser aprovada pelo Palácio do Planalto.

A proposta de Orçamento para 2023 (PLN 32/22) mostra que a reforma da Previdência teve um forte impacto para a redução do déficit do regime dos servidores públicos. Para 2023, o déficit projetado é de R$ 47,3 bilhões, mas, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), o déficit deve passar de 0,64%, em 2021, para 0,49%, em 2023.

Também no regime geral do INSS, o déficit deve sair de 3,79% do PIB, em 2020, para 2,49%, em 2023. A equivalência com o PIB, que é quanto o País produz em um ano, tem o objetivo de possibilitar a comparação entre os valores. O déficit em valores deverá ser de R$ 265,6 bilhões no regime geral. O Orçamento que é pago com receita de impostos tem um valor total de R$ 2,2 bilhões.

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Outra despesa significativa é a com pessoal, que deve atingir R$ 395,8 bilhões em 2023. Apesar de alta, essa despesa também vem caindo em relação ao PIB e está bem abaixo dos limites dados pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Na lei, existe um limite de 50% da receita líquida para as despesas com pessoal da União. Para 2023, esse total está em 32,05%.

Tabela divulgada pelo Ministério da Economia mostra que o total destinado para a manutenção da máquina pública e investimentos dos ministérios deve cair de 8,4% do PIB para 6,3% ou R$ 99 bilhões. Este percentual girava em torno de 20% até 2015. Estes recursos são chamados de discricionários porque seriam passíveis de corte.

Os ministérios da Saúde e da Educação têm os maiores recursos discricionários – mais de R$ 20 bilhões cada. Em seguida, vem o Ministério da Defesa, com R$ 11,5 bilhões e, depois, Infraestrutura com R$ 7,3 bilhões, veja abaixo.

*Da Agência Câmara de Notícias

O presidente da Câmara dos Vereadores de Paulista, na Região Metropolitana do Recife (RMR), Edson de Araújo Pinto, o Edinho (PSB), foi hostilizado após a aprovação de uma reforma da previdência do município na terça-feira (9). Imagens registradas no momento em que o vereador deixava a Câmara mostram ele sendo protegido pela Polícia Militar enquanto é cercado por manifestantes. Uma garrafa de água também foi jogada na direção do parlamentar, molhando pessoas próximas. 

Ao LeiaJá, Edinho disse que ninguém foi agredido e que houve apenas um tumulto. “Estamos cumprindo a lei federal. Se nossa cidade não votasse seria prejudicada, então todos os municípios estão votando essa reforma federal, que é a emenda constitucional 103”, disse o presidente da Casa Legislativa.

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O projeto seria avaliado até o dia 13 deste mês, mas a Câmara Municipal decidiu antecipar a discussão. Ao todo, 10 vereadores votaram a favor da reforma proposta pelo Poder Executivo. Dois parlamentares, Fabiano Paz (PSB) e Flávia Hellen (PT) se posicionaram contra a medida. Outros três não compareceram à sessão.

O Sindicato dos Servidores Municipais de Paulista (Sinsempa) realizou protestos ao longo do dia em frente à prefeitura. "Há dois anos, o servidor empobreceu, o servidor veio sacrificado. Teve reajuste, pedimos ao Executivo que desse a reposição da inflação de 2020. Não fizeram. E agora elaboraram essa proposta de cobrança tão abusiva. Em Paulista, os servidores só têm perdas. Não aguentamos mais essa situação", disse a presidente do Sinsempa, Jucineide Lira, que critica a taxação dos servidores em 14%, incluindo aposentados e pensionistas. 

O presidente da Câmara dos Vereadores alega que várias reuniões foram realizadas com os sindicatos para tratar do tema. “Eles levaram suas reivindicações e, das 11 que levaram, foram atendidas nove”, afirmou Edinho. A medida passa a valer em 90 dias. A Prefeitura de Paulista não se manifestou sobre o caso.

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Após a segunda semana de protestos, sindicatos afirmam que a prefeitura do Jaboatão dos Guararapes agiu de maneira arbitrária ao encaminhar minuta da reforma previdenciária “em cima da hora”. Categoria tenta impedir aprovação do Projeto de Lei. 

O município do Jaboatão dos Guararapes (PE), localizado na Região Metropolitana do Recife (RMR), finalizou a segunda semana consecutiva de protestos liderados pelos sindicatos dos Trabalhadores em Educação (SINPROJA), dos Servidores Municipais (SINSMUJG) e Auditores Fiscais da Fazenda Municipal (SINFAM). 

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A próxima mobilização da categoria acontecerá na segunda-feira (16), ao redor da Câmara Municipal, no bairro de Prazeres, como aconteceu nos dias 5, 6, 10 e 12 deste mês. Os trabalhadores buscam impedir a aprovação do que chamam de “devastadora reforma da Previdência'' defendida pela gestão do atual prefeito da cidade, Anderson Ferreira (PL).

Segundo os sindicatos, a prefeitura agiu de maneira arbitrária quando, na tarde do último dia 28 de julho, quarta-feira, encaminhou um ofício, através da Secretaria de Administração, contendo a minuta do projeto de reforma da Previdência e a convocação para uma reunião de apresentação no dia 2 de agosto, segunda-feira. Ou seja, restando apenas dois dias úteis para que os trabalhadores municipais analisassem as mudanças e/ou propusessem alterações.

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Embora a minuta do Projeto de Lei originalmente apresentado pela prefeitura já tenha sofrido mudanças, os servidores permanecem exigindo mais tempo para que possam realizar cálculos atuariais e também uma audiência pública com toda a categoria.  

O LeiaJá explica, a seguir, a cronologia que antecede o impasse sobre a reforma, bem como os principais pontos que podem ser alterados pelo Projeto de Lei.

Mas por que uma reforma na Previdência é necessária?

Sancionada pelo atual presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em novembro de 2019, a mais recente reforma da Previdência (Emenda Constitucional 103) já está em vigor no Brasil. Os estados e municípios, no entanto, precisam se adaptar às novas regras previstas na Emenda Constitucional 103.

Dessa maneira, no dia 8 de dezembro do ano passado, a prefeitura do Jaboatão dos Guararapes publicou, em seu Diário Oficial, a criação de um grupo de trabalho conjunto (GTC) com o intuito de propor medidas e elaborar instrumentos necessários à adequação da legislação municipal face ao que indicou a reforma.

O diretor de formação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (SINPROJA), Marcelo Galdino, explicou que Jaboatão precisaria se adequar a três pontos principais da Emenda Constitucional 103. Sendo eles: 

1 - Fixar a contribuição previdenciária em 14% - algo que já é assim em Jaboatão desde 2016, de acordo com Galdino; 

2 - Criar um fundo de previdência complementar;

3 - Adequar o auxílio reclusão;

“Não é que todo o resto não fosse necessário, porém não era obrigatório. Sendo assim, a necessidade de uma reforma previdenciária em Jaboatão só se justificaria por deficiências financeiras nos nossos fundos de pensão, algo que precisaria ter sido aprofundado. Uma reforma acelerada como essa não possibilitou um estudo aprofundado dos cálculos atuariais por parte do sindicato”, disse.

Os supostos acordos entre prefeitura e sindicatos

Após a publicação da prefeitura, a diretoria do SIMPROJA encaminhou à presidência do Jaboatão Prev., no dia 29 de março, o ofício n.035/2021, indagando se o trabalho do GTC já havia sido concluído. Segundo Marcelo Galdino, o “grupo trabalharia, ao mesmo tempo, em aspectos técnicos e políticos”. O documento também solicitou o envio do Projeto de Lei da reforma da Previdência Municipal, o Projeto de Lei para a instituição da Previdência Complementar no âmbito municipal e, por último, o Projeto de Lei para a adequação do benefício “pensão por morte”.

O sindicato afirma que em reuniões que seguiram o envio do documento, na presença dos secretários de Educação, Administração, Gestão de Pessoas e Controladoria Municipal, cobranças relacionadas ao ofício foram realizadas. 

“Reivindicamos através de ofícios escritos e protocolados, assim como de solicitações registradas em mesas de  negociação oficiais, que a minuta da reforma fosse apresentada ao SINPROJA com antecedência necessária para criar um cronograma de debate e negociação antes de ser encaminhada à Câmara. Seria o momento que garantiria a necessária participação sindical”, elucidou Galdino.

Sendo assim, no dia 1 de julho, o SIMPROJA salienta que representantes do Governo Municipal garantiram que o GTC não havia concluído os trabalhos, impossibilitando o envio dos Projetos de Lei para que os trabalhadores analisassem. Conforme acordado em mesa de negociação, somente após esse procedimento o Projeto de Lei da reforma seria enviado para aprovação (ou não) na Câmara dos Vereadores.

O impasse entre governo e trabalhadores

No dia 22 de julho, no entanto, representantes do SINPROJA foram convocados para uma reunião no Conselho Administrativo da Jaboatão Prev., onde seria apresentada a minuta dos Projetos de Lei. O encontro estava previsto para ocorrer no dia 3 de agosto, contrariando o acordo firmado entre os governantes e a categoria.

Naquele mesmo dia, o sindicato enviou um novo ofício (070/2021), desta vez solicitando o cumprimento dos acordos firmados em rodadas de negociação. Apesar disso, o impasse tornou-se irremediável no dia 28 de julho, quando a Secretaria de Administração respondeu com um novo ofício contendo a minuta da reforma da Previdência municipal. 

O problema, porém, veio a seguir: a convocação para uma reunião de apresentação e debates seria no dia 2 de agosto. Restando, portanto, apenas dois dias úteis para o estudo dos documentos pelos sindicatos das categorias diretamente afetadas pelas mudanças.

A equipe do LeiaJá entrou em contato com a prefeitura do Jaboatão dos Guararapes para entender o porquê do prazo para a análise dos sindicatos ser tão curto. Nós não recebemos respostas até a publicação desta matéria, mas o espaço segue aberto.

A reação dos sindicatos

Conforme a falta de tempo hábil para a análise da proposta, a direção do SIMPROJA acionou a assessoria jurídica e convocou, para o dia 30 de julho, sexta-feira, a comissão de representantes da base para debater o documento. Na ocasião, foram encontrados pontos classificados como “terríveis perdas” para os servidores.

 

Mesmo assim, no dia 2 de agosto, a representação sindical compareceu à reunião com o Governo Municipal para a apresentação do projeto. Os sindicatos fizeram propostas de alterações no texto e exigiram mais tempo para estudo das propostas, além de um prazo para que uma assembleia geral da categoria pudesse ser convocada.

A resposta da Secretaria Executiva de Gestão de Pessoas, de acordo com uma carta assinada pelos sindicatos, foi de que “se a reforma não fosse aprovada até o dia 6 de agosto, o Jaboatão Prev perderia seu Certificado de Regulamentação Previdenciária (CRP)”, impossibilitando, assim, que o município tivesse acesso a qualquer repasse federal.

“Só nos restou a opção de mobilizar nossas bases sindicais e fazer uma assembleia geral extraordinária conjunta e urgente na quarta-feira, dia 4 de agosto. A assembleia geral deliberou as próximas etapas desta luta, que foram: Ato público nos dias 5 e 6 com o protocolo de propostas de alterações nas minutas da Lei municipal”, diz Lindomar Machado, diretor de imprensa do SINSMUJG.

O que propõe a reforma e o que já foi alterado

A deliberação sindical levou a prefeitura do Jaboatão convocar uma reunião para o dia 4 de agosto. O encontro resultou no recuo do governo em um dos pontos mais polêmicos da proposta, que era a contribuição de 14% para aposentados que ganham acima de um salário mínimo. 

Mais uma vez, segundo os sindicatos, foi colocada a necessidade de mais tempo para elaboração de uma reforma conjunta entre a prefeitura e as categorias de base. O pedido, no entanto, foi negado, sob o argumento de que o Projeto de Lei precisaria passar pela Câmara até o dia 6 deste mês.

Lindomar Machado explica que do conteúdo previsto na reforma, “quase tudo é negativo e retrocede nos direitos previdenciários”. Até quarta-feira (11), entre os pontos mais polêmicos na minuta, segundo ele, estavam:

“Gratificações não poderão ser mais incorporadas na aposentadoria, por causa da revogação do artigo 73 da Lei municipal 224/96 (O estatuto dos servidores municipais de Jaboatão). Aumenta a idade de aposentadoria de 55 para as mulheres, para 62. Quanto aos homens a idade vai de 60 para 65 anos As pensões por morte têm valores muito reduzidos para percentuais de 50% do valor da aposentadoria do falecido ou falecida. Com tempos de direito a receber bem mais curto. A base de cálculo das aposentadorias sai de 80% da média aritmética dos maiores proventos para 100% da média aritmética de todos os proventos”.

Na quarta (11), no entanto, a prefeitura novamente voltou atrás em alguns pontos. O novo documento sugere o cálculo base da aposentadoria estabelecido em 90% da média aritmética das contribuições, idade de aposentadoria fixada em 61 anos para mulher e 64 para homens. O documento assinado por representantes da prefeitura garante ainda flexibilizações na aposentadoria de professores e uma norma de transição para aqueles que ingressaram no serviço público até 31/12/2003.

O Projeto de Lei da reforma foi aprovado em primeiro turno na Câmara Municipal, e segue para segunda votação na segunda-feira (16).

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A gestão João Doria (PSDB) classificou como "descabida" a decisão do desembargador Antonio Carlos Malheiros, do Tribunal de Justiça de São Paulo, que suspendeu liminarmente os efeitos da reforma da Previdência estadual aprovada neste mês pela Assembleia Legislativa de São Paulo.

A medida atendeu a pedido do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado, que questiona a legalidade da figura do relator especial que deu parecer positivo para as mudanças nas aposentadorias.

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"O governo do Estado de São Paulo considera a decisão de suspensão da reforma da Previdência descabida e irá adotar as providências judiciais necessárias para comprovar a legalidade da lei aprovada", afirmou a gestão Doria, em nota.

A nova disputa jurídica gira em torno do relator especial da proposta, no caso, o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Novo). Segundo o desembargador Malheiros, houve vício no processo legislativo que usou a figura do relator para substituir o papel da Comissão de Constituição, Justiça e Redação da Assembleia na elaboração do parecer sobre a reforma da Previdência.

Em fevereiro, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias Toffoli, derrubou liminar que discutia, entre outros pontos, a figura do relator especial, afirmando que não via entraves ao processo legislativo. A decisão permitiu a tramitação e a aprovação do projeto, cuja implementação foi agora suspensa.

Anteontem, o líder do governo Doria na Alesp, deputado Carlão Pignatari (PSDB), disse ao Estado que previa a derrubada da nova liminar em "dois ou três dias", e que o assunto já havia sido "pacificado" por Toffoli em fevereiro.

O relator, Heni Ozi Cukier, classificou o caso como "interferência" entre Poderes e "estratégia de pura obstrução".

Levando em consideração o estado atual em que o Brasil se encontra, o curso sobre os aspectos da Nova Reforma da Previdência, que seria realizado no período de 30 de março a 1º de abril, foi adiado em virtude das novas medidas de contenção do avanço do novo coronavírus. O evento iria ocorrer no auditório do edifício-sede e II da Justiça Federal de Pernambuco (JFPE), na Imbiribeira.

A nova data será informada posteriormente pelo Núcleo de Pernambuco da Escola de Magistratura Federal da 5ª Região. Vale ressaltar que o ensino é destinado apenas para magistrados e servidores da JFPE e do Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF5). 

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As novas alíquotas aprovadas na reforma da Previdência entram em vigor neste domingo (1º) e começam a ser aplicadas sobre o salário de março, pago geralmente em abril.

No Regime Geral de Previdência Social (RGPS), as novas alíquotas valerão para contribuintes empregados, inclusive para empregados domésticos, e para trabalhadores avulsos. Não haverá mudança, contudo, para os trabalhadores autônomos (contribuintes individuais), como prestadores de serviços a empresas e para os segurados facultativos.

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Segundo a Secretaria de Previdência, as alíquotas progressivas incidirão sobre cada faixa de remuneração, de forma semelhante ao cálculo do Imposto de Renda.

Como a incidência da contribuição será por faixas de renda, é preciso fazer um cálculo para saber qual será a alíquota efetiva. Quem recebe um salário mínimo por mês, por exemplo, terá alíquota de 7,5%. Já um trabalhador que ganha o teto do Regime Geral, também conhecido como o teto do INSS – atualmente R$ 6.101,06 –, pagará uma alíquota efetiva total de 11,69%, resultado da soma das diferentes alíquotas que incidirão sobre cada faixa da remuneração.

O governo disponibiliza na internet uma calculadora da alíquota efetiva, que mostra quanto era descontado do salário antes da reforma e quanto será deduzido com a entrada em vigor das novas regras.

Confira as novas alíquotas na tabela abaixo:

tabela1

Sem mudanças

De acordo com a Secretaria de Previdência, contribuintes individuais e facultativos continuarão pagando as alíquotas atualmente existentes, cuja alíquota-base é de 20%, para salários de contribuição superiores ao salário mínimo.

Para salários de contribuição igual ao valor do salário mínimo, deverá ser observado:

I – para o contribuinte individual que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado e o segurado facultativo, o recolhimento poderá ser mediante aplicação de alíquota de 11% sobre o valor do salário mínimo;

II – para o microempreendedor individual e para o segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a família de baixa renda inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), o recolhimento deverá ser feito mediante a aplicação de alíquota de 5% sobre o valor do salário mínimo;

III – o contribuinte individual que presta serviço a empresa ou equiparado terá retido pela empresa o percentual de 11% sobre o valor recebido pelo serviço prestado e estará obrigado a complementar, diretamente, a contribuição até o valor mínimo mensal do salário de contribuição, quando as remunerações recebidas no mês, por serviços prestados a empresas, forem inferiores ao salário mínimo.

A Secretaria destaca que o segurado, inclusive aquele com deficiência, que contribua mediante aplicação das alíquotas de 11% ou 5% e pretenda contar o respectivo tempo de contribuição para fins da aposentadoria por tempo de contribuição transitória ou para contagem recíproca do tempo correspondente em outro regime, deverá complementar a contribuição mensal sobre a diferença entre o percentual pago e o de 20%, com os devidos acréscimos legais.

Individuais e facultativos

O contribuinte individual é aquele que trabalha por conta própria (de forma autônoma) ou que presta serviços de natureza eventual a empresas, sem vínculo empregatício. São considerados contribuintes individuais, dentre outros, os sacerdotes, os diretores que recebem remuneração decorrente de atividade em empresa urbana ou rural, os síndicos remunerados, os motoristas de táxi e de aplicativos, os vendedores ambulantes, as diaristas, os pintores, os eletricistas e os associados de cooperativas de trabalho.

O contribuinte facultativo é a pessoa com mais de 16 anos que não possui renda própria, mas decide contribuir para a Previdência Social. São donas de casa, síndicos de condomínio não-remunerados, desempregados, presidiários não-remunerados e estudantes bolsistas, por exemplo.

Servidores da União

As novas alíquotas valerão também para os servidores públicos vinculados ao Regime Próprio da Previdência Social (RPPS) da União. No RPPS da União, contudo, as alíquotas progressivas não se limitarão ao teto do RGPS, pois haverá novas alíquotas incidindo também sobre as faixas salariais que ultrapassem o teto.

Confira as alíquotas:

tabela2

Tabelas: Reprodução/Ministério da Previdência

O governo prepara uma estratégia de guerra para tentar pôr fim à extensa fila de espera de 1,2 milhão de pedidos por benefícios do INSS e conseguir colocar em funcionamento o novo sistema do órgão, já com a incorporação das mudanças aprovadas na reforma da Previdência. Apenas dois meses após a promulgação das novas regras, integrantes do governo decidiram agir.

A crise envolve dois grandes obstáculos: a enorme fila de pedidos de benefícios herdada de 2018 e o atraso da Dataprev no desenvolvimento do novo sistema do INSS para análise de benefícios, já com as regras da reforma da Previdência.

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As alternativas em estudo envolvem remanejamento de servidores. Também se avalia a contratação de terceirizados para atuar no atendimento ao público nas agências do INSS - liberando funcionários do órgão para trabalhar nas análises dos benefícios.

Mesmo fora de Brasília, integrantes do governo têm conversado sobre o assunto, que ganhou status de urgente após o crescimento das reclamações de demora nas análises de pedidos de benefício. O tema também foi tratado em uma reunião na Secretaria Especial de Previdência e Trabalho realizada na segunda-feira, 6.

O INSS informou na terça-feira, 7, ao jornal O Estado de S. Paulo/Broadcast que não havia previsão de normalização nas análises de pedidos de benefícios. Dentro do governo, porém, a avaliação é de que não é mais possível lidar com o problema sem o estabelecimento de prazos específicos.

Fontes do governo afirmam que o INSS tem tido problemas para desatar o "nó" que virou o passivo de pedidos recebidos em 2018.

Naquele ano, o INSS iniciou seu processo de digitalização, implementado inicialmente de forma "atabalhoada", segundo uma fonte que participa das discussões. Houve maior facilidade para pedir os benefícios, mas o ritmo das análises não acompanhou a mesma velocidade. O resultado foi o represamento de 1 milhão de pedidos.

Com a instituição de um bônus de produtividade e a fixação de metas para os servidores do INSS em 2019, o órgão tem conseguido, desde agosto, analisar mais pedidos do que o número de novas solicitações nos últimos meses, mas ainda não foi suficiente para zerar o passivo. Ainda há atualmente 1,2 milhão de pedidos em atraso.

A legislação prevê que nenhum segurado deve esperar mais que 45 dias para ter seu pedido de benefício analisado pelo INSS. Hoje, esse prazo está em 120 dias.

O INSS tem sofrido baixas no quadro de pessoal. Só no ano passado, mais de 5,7 mil servidores do órgão se aposentaram. Segundo apurou o jornal O Estado de S. Paulo/Broadcast, cerca de 20% do quadro de funcionários ativos do INSS está em licença-saúde.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) está atualizando os seis sistemas de concessão, manutenção e pagamento de benefícios previdenciários (Prisma, Sibe, Sabi, Plenus, Sispagben e SUB), para adequação à Emenda Constitucional nº 103, que modificou o funcionamento da Previdência Social. O texto base da reforma proposta pelo governo foi aprovado em 22 outubro de 2019.

Também está em atualização o Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS), base de dados que guarda as informações de todos os contribuintes da Previdência Social, assim como o simulador de aposentadoria (acessado no Meu INSS).

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“No momento", diz nota divulgada pelo INSS, "estão habilitados para operação os sistemas para concessão de salário-maternidade, auxílio-doença, auxílio-reclusão, benefícios de prestação continuada ao idoso e à pessoa com deficiência e a pensão especial destinada a crianças com microcefalia decorrente do Zika Vírus”. Esses benefícios somam mais da metade de toda demanda de segurados recebida diariamente pelo INSS.

A autarquia garante que “as adaptações dos sistemas não geram nenhum impacto na rotina de análise dos requerimentos feitos por quem já possuía direito adquirido antes da publicação da emenda, ou seja, a análise dos requerimentos, feitos conforme as regras anteriores, segue normalmente”.

 

Milhares de pessoas protestaram neste sábado (4) em Paris para exigir a retirada do projeto do governo de reforma da Previdência, constatou um jornalista da AFP.

Atrás de uma faixa que dizia "Macron, retire seu projeto", a procissão desfilou à tarde nas ruas de Paris.

A mobilização contra a reforma previdenciária na França entrou em seu segundo mês, uma duração sem precedentes, que excedeu o recorde de 28 dias consecutivos estabelecido em 1986-1987, sem perspectiva de resolução até o momento.

A oposição ao projeto do governo se traduz, desde 5 de dezembro, em uma greve que perturba principalmente a circulação de trens na França e o transporte público na região de Paris.

Na terça-feira, estão previstas várias discussões com os sindicatos, que já convocaram dois dias de manifestações, na quinta e no sábado, em todo o país.

Na cidade de Marselha (sudeste), várias centenas de pessoas se manifestaram neste sábado.

Jean Bergue, 72 anos, aposentado da empresa de telefonia France Telecom, nem conta mais os protestos nos quais participou. "Talvez este seja o 30º", diz ele.

Ele denuncia "um presidente que quer colocar os trabalhadores um contra o outro" e "responde com desprezo" aos protestos sociais. Também espera que "o movimento seja ampliado e endurecido ainda mais, até que o texto seja completamente removido".

Em Toulouse (sudoeste), dezenas de membros do movimento dos "coletes amarelos" ntraram em uma estação ferroviária e alguns bloquearam os trilhos, em apoio aos ferroviários grevistas, antes de se juntarem a centenas de manifestantes nas ruas do centro da cidade.

O ano de 2019 foi marcado por um dos desafios mais difíceis já enfrentados pelo Congresso Nacional: votar a mais profunda reforma da Previdência feita no país desde a Constituição de 1988. No dia 12 de novembro, a Emenda 103/2019 foi finalmente promulgada, alterando o sistema previdenciário e trazendo regras de transição. Com base no texto aprovado pelos parlamentares, o governo estimou economia de R$ 855 bilhões aos cofres públicos para os próximos dez anos.

Entre outros pontos, a reforma adotou uma idade mínima de aposentadoria tanto para quem trabalha na iniciativa privada como para servidores públicos: 65 anos para homens e 62 para mulheres. Além disso, mudou regras de cálculo para o valor do benefício, instituiu normas de transição para os trabalhadores da ativa e alterou o sistema de pensões (veja aqui as principais mudanças).

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Os regramentos estão valendo desde a publicação no Diário Oficial da União, em 13 de novembro, com exceção das mudanças nas alíquotas de contribuição. Os novos percentuais começarão a ser aplicados sobre o salário de março de 2020. Na iniciativa privada, a alíquota vai variar de 7,5% a 14%. Para os servidores públicos, começará em 7,5%, podendo chegar a 22% sobre o que ultrapassar o teto constitucional do serviço público. A incidência da contribuição será por faixas de renda e, portanto, serão necessários cálculos individualizados para se saber quanto será descontado do contracheque do trabalhador. 

Editada em 4 de dezembro, uma portaria da Secretaria Especial da Previdência e Trabalho do Ministério da Economia deu prazo até 31 de julho para que prefeituras e governos estaduais ajustem as alíquotas de seus servidores locais ao novo regime previdenciário de modo que elas não sejam inferiores ao cobrado pela União, salvo se o ente não tiver deficit atuarial a ser equacionado.

PEC Paralela

Também ficou para este ano a proposta de emenda à Constituição conhecida como PEC Paralela (PEC 133/2019), que possibilita a extensão das regras de servidores federais para os estaduais e municipais. Só que a tarefa caberá aos deputados, visto que o texto já passou pelo Senado.

Entre os senadores, há quem diga que há o risco de a PEC Paralela ser abandonada na Câmara. O líder do Bloco Parlamentar Senado Independente, Veneziano Vital do Rêgo (PSB-PB), é um dos que acreditam que a proposta não vai prosperar e já falou sobre isso em Plenário:

"Continuo convencido de que esse ardil construído pelo governo não vai ser levado adiante. Se ela for adiante e voltar ao Senado, eu sou o primeiro a dizer: errei quando projetei algo diferente e assim votarei. Mas não creio, não acredito, absolutamente. Foi um jogo de cena tentar transmitir à opinião pública que as maldades plantadas e que não foram, de forma lamentável, retiradas na PEC 6, poderiam estar sendo consertadas na PEC Paralela. E nós sabemos que isso não acontecerá", afirmou.

Um dos vice-líderes do governo no Senado, Elmano Férrer (Podemos-PI), pensa diferente e está otimista no trabalho da Câmara. Ele também ressaltou que alguns governadores já se anteciparam à discussão.

"É imprescindível a inclusão de estados e municípios. Aliás, vários governos já iniciaram as discussões em suas assembleias legislativas. No Piauí, por exemplo, foi aprovada em dois turnos, no último dia 11 de dezembro, a emenda à Constituição estadual. A Câmara dos Deputados e seus dirigentes saberão o melhor momento para a tramitação e aprovação da PEC 133/2019", avaliou.

Além do Piauí, outros seis Estados já saíram na frente e decidiram não esperar uma definição da Câmara: Alagoas, Acre, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Maranhão e Espírito Santo aprovaram reformas próprias para a Previdência dos servidores locais.

Na sessão de promulgação da reforma, em 12 de novembro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, lembrou que, para que a tramitação das mudanças na Previdência fosse célere, acordos foram feitos, os quais incluíram a PEC Paralela.

"Foi sugestão do Senado uma PEC Paralela. Essa proposição, cujo maior impacto reside na questão previdenciária de estados e municípios, permitiu a aprovação do texto principal sem demora. Cabe destacar que, se aprovada como está, pode vir a poupar R$ 350 bilhões, melhorando ainda mais o resultado fiscal do setor público, além de evitar que estados e municípios sejam paralisados por falta de recursos. Acordos foram feitos e mantidos para que esta emenda à Constituição esteja sendo promulgada agora. Essa é a essência da política, da qual não podemos nos afastar", afirmou Davi na ocasião.

A principal mudança da PEC Paralela é a inclusão de estados e municípios no novo sistema de aposentadorias. Por meio de leis ordinárias aprovadas pelas assembleias estaduais, eles poderão adotar integralmente as mesmas regras aplicáveis ao regime próprio da Previdência Social para os servidores públicos civis da União.

O texto também prevê regras diferenciadas para servidores da área de segurança pública; isenta as entidades beneficentes de contribuição para a seguridade social, desde que elas sejam certificadas pela União e prestem serviços nas áreas de assistência social, saúde e educação; e ainda traz a possibilidade de criação de um benefício de caráter universal para crianças em situação de pobreza. O auxílio mensal deve complementar os gastos com “nutrição e desenvolvimento” de meninos e meninas até 5 anos de idade.

Capitalização

Outra questão que ficou para 2020 é o regime de capitalização, um sistema semelhante à ideia da poupança, em que o trabalhador contribui para a formação do seu próprio montante individualmente para ser usado no futuro.

O tema enfrentou grande resistência no Congresso Nacional, e há senadores que não acreditam na retomada do assunto. O líder do PT, Humberto Costa (PE), é um deles. O representante de Pernambuco acredita que o governo pode até tentar novamente, mas acha muito difícil a aprovação do tema.

"Acredito que o governo não desistiu, mas não vejo muita possibilidade de aprovação dessa medida, até porque temos o exemplo do Chile, que conseguiu produzir uma quantidade de miseráveis aposentados que se tornaram parte importante desse processo de insatisfação naquele país", opinou.

O assunto é visto com cautela até por governistas. O vice-líder Elmano Férrer lembrou que a capitalização já foi rechaçada pelo Congresso Nacional e, no momento, há outras reformas estruturantes mais importantes, como a reforma tributária, as propostas de emenda à Constituição do Pacto Federativo e o Marco Legal do Saneamento Básico.

"Não é oportuna a reedição de projeto de lei que vise a impor o sistema de capitalização. Acredito que o debate em torno da capitalização deve ser feito em momento posterior, diante da necessidade de o governo enfrentar reformas essenciais ao Brasil", disse. 

*Da Agência Senado

O presidente francês, Emmanuel Macron, advertiu nesta terça-feira (31) que seguirá adiante com a reforma da Previdência, apesar dos protestos dos sindicatos que lideram uma das greves dos transportes mais longas do país em décadas.

"A reforma da previdência será levada adiante", disse Macron em mensagem de fim de ano aos franceses, e acrescentou que espera "encontrar um compromisso rápido" com os líderes sindicais, que pedem que se deixe o projeto.

O presidente destacou que a reforma levará "em conta os trabalhos de risco para permitir que estes trabalhadores se aposentem mais cedo, sem que isto esteja vinculado a um status ou empresa".

As reuniões entre sindicatos e o primeiro-ministro Edouard Philippe serão retomadas no dia 7 de janeiro.

Esta greve já é mais longa que a de 1995, quando o então governo acabou desistindo da reforma da previdência.

E os sindicatos se mantêm firmes, apesar de uma queda na adesão entre os ferroviários de longa distância e nos transportes em geral na capital.

O braço do setor químico do sindicato francês CGT defendeu nesta terça o bloqueio das refinarias, terminais e reservatórios de petróleo entre 7 e 10 de janeiro, para pressionar o governo.

Já a SNCF (empresa nacional de ferrovias) informou que no próximo final de semana - entre 3 e 5 de janeiro - circularão dois a cada três trens de alta velocidade, coincidindo com o retorno do feriadão.

Na região de Paris, apenas 1 a cada 4 trens está circulando, mas as 14 linhas do metrô da capital funcionam normalmente.

A França viveu nesta terça seu 27º dia de greve contra a reforma da previdência proposta por Macron.

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