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O ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, e os economistas Delfim Neto e Luiz Gonzaga Belluzzo compareceram na manhã deste domingo, dia 12 de novembro, ao velório de Eliane Berger, esposa do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.

"Ela era uma pessoa de alma refinada. Vim dar um abraço no meu amigo. Ela era uma pessoa muito delicada e vai fazer falta nesse mundo onde falta muita sutileza", disse Belluzzo.

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A psicanalista Eliane Berger faleceu na madrugada deste domingo após luta de vários anos contra um câncer. Nos últimos dias, houve piora do quadro de saúde e fora registrada falência múltipla dos órgãos.

Guido Mantega e Eliane Berger eram casados há quase duas décadas e a doença foi detectada ainda quando o economista ocupava o cargo de ministro da Fazenda.

O velório acontece no Cemitério Israelita do Butantã e o enterro está previsto para as 15h.

O ex-presidente Luiz Gonzaga Belluzzo foi suspenso por um ano pelo Conselho Deliberativo do Palmeiras nesta segunda-feira. A suspensão ocorre por irregularidades à frente do clube e má gestão. Assim, o ex-presidente perde o direito de votos nos Conselhos Deliberativo e de Orientação Fiscal e também fica impedido de participar das decisões administrativas. Belluzzo deverá recorrer na Justiça.

Belluzzo teve as contas de seu último ano de gestão reprovadas pelo Conselho. Ele dirigiu o clube entre 2009 e 2010. O economista foi um dos idealizadores dos projeto do Allianz Parque, entretanto, sua gestão ficou marcada por gastos excessivos, principalmente com o futebol.

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Outro que também seria julgado nesta segunda-feira, o ex-presidente Arnaldo Tirone, protocolou um requerimento para exclusão do item da pauta, alegando negativa de vistas ao processo de sindicância contra ele e terá 15 dias para apresentar a defesa.

Os dirigentes Salvador Hugo Palaia, Gilberto Cipullo e Francisco Busico Júnior também foram julgados, mas acabaram sendo absolvidos de qualquer acusação. Durante a reunião, chegou-se a sugerir uma punição semelhante para todos os envolvidos, mas a votação acabou sendo individual e apenas Belluzzo foi punido.

O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga Belluzzo diz que houve um erro na condução da política econômica. Na avaliação dele, um dos motivos que levou o Brasil a perder o grau de investimento foi a crença do governo federal de que o ajuste fiscal traria de volta a confiança do setor privado.

Questionado sobre a decisão tomada pela S&P, Belluzzo acredita que justamente a tentativa de impedir o rebaixamento acabou determinando a decisão da S&P. "Na verdade, a situação fiscal piorou depois do ajuste fiscal. A política monetária está contradizendo a tentativa de ajustar as contas porque piorou a relação da dívida/PIB. O déficit nominal também está piorando. Eu tenho muitas restrições em como as agências de risco se comportaram durante a crise (internacional). Elas se portaram muito mal. Cometeram barbaridades. Mas eu não tinha dúvida de que isso (o rebaixamento) iria ocorrer, pelos critérios das agências e pelo desajuste do ajuste", diz.

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Para o ex-secretário, o "desajuste do ajuste" nasceu da crença de que a confiança do setor privado seria recuperada com o ajuste fiscal. "Na verdade, foi produzido um efeito negativo sobre a expectativa do setor privado, sobre o comportamento dos balanços, das receitas esperadas, etc. E é claro que a economia teve uma recessão maior em relação àquilo que estava suposto na formulação do ajuste. A economia brasileira está caindo entre 2,5% e 3,0% e há uma dinâmica da dívida pública muito ruim, caminhando para mais de 70% do PIB (Produto Interno Bruto). É claro que os resultados apontavam para uma perda do grau do investimento", afirma.

Impactos

Questionado sobre os impactos do rebaixamento, o ex-secretário de Política Econômica da Fazenda diz que muito já estava refletido "na curva de juros e no comportamento do câmbio". "Vai haver um outro estresse no curto prazo, mas depois tudo deve se estabilizar. Vai haver uma estabilização numa situação ruim."

Detalhando essa 'estabilização ruim', Belluzzo prevê uma economia que continua a perder força e a "avançar na recessão", acrescida de "uma dinâmica fiscal perversa com aumento do déficit nominal".

"É preciso fazer um gesto. A questão da CPMF (imposto que o governo tenta recriar para financiar a saúde), por exemplo. Era o melhor imposto que se poderia criar porque tem um efeito muito fraco sobre a maioria dos contribuintes, mas o governo não preparou bem isso. Perdeu a oportunidade de fazer e isso poderia ajudar bastante a contornar a situação fiscal, que foi provocada sobretudo pelos equívocos das políticas monetária e fiscal", diz.

O economista e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Luiz Gonzaga Belluzzo, aprovou a decisão do Banco Central (BC) de reduzir, na última quarta-feira, a taxa básica de juros da economia em 0,50 ponto porcentual, para 11,50% ao ano. Belluzzo, que também é sócio da Faculdade de Campinas (Facamp), conversou com jornalistas ontem, antes da cerimônia de lançamento do curso de pós-graduação da instituição. Questionado se não vê contradição na redução da Selic num momento de inflação ainda alta, alimentada principalmente pelo setor de serviços, que responde pouco à política de juros, Belluzzo disse que não. De acordo com ele, a inflação de serviços responde sim à política de juros porque é um setor que está sendo puxado pela demanda. "Então, responde sim à política de juros. O que eu estou dizendo é que essa inflação de serviços vem numa mudança estrutural, com a entrada de 2,2 milhões de pessoas que estavam no Bolsa-Família para o mercado de trabalho", explicou.

Segundo Belluzzo, essas pessoas conseguiram melhorar sua renda e, com esta melhora, a elasticidade renda/serviços é muito mais alta do que a dos bens básicos que elas consumem. Na opinião do ex-secretário, para um economista convencional a receita seria aumentar a taxa de juros e acabar com a inflação de serviços. "Mas um BC não pode se limitar a isso. Vocês conhecem algum país no mundo com uma taxa de juros real mais alta do que a do Brasil? Isso é uma anomalia", criticou. "É um vício estranho. Em plena crise mundial ter uma taxa de juros nominal de 12%, que valoriza o câmbio e causa prejuízos para as contas públicas. O Brasil está cheio de jabuticabas e a taxa de juros no Brasil é a maior jabuticaba no momento", observou.

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Ainda de acordo com Belluzzo, é compreensível que em momentos de repique inflacionário que se eleve a taxa de juros e outros países fizeram isso. "Mas esses países subiram a taxa de juros de 3,5% para 4% ou de 4% para 4,5%. O nível de juros também é importante, tem que ser considerado", disse. Questionado se conhece outro país no mundo com uma cultura inflacionária tão arraigada no consciente do empresário e da população quanto no Brasil, Belluzzo respondeu que essa cultura decorre da criação de instrumentos que estavam adaptados à inflação alta. "As instituições são hábitos e práticas e isso realmente demora. Mas não é justificativa para, depois de tanto tempo de estabilização, ter uma taxa de juros tão alta", respondeu.

No entanto, Belluzzo recomendou que a redução da taxa de juros seja acompanhada de um controle duro dos gastos públicos. Perguntado se o que ele queria dizer é que o governo precisa gastar melhor, ou com mais qualidade, ele disse que não gosta desta expressão, porque parece referência a um orçamento doméstico. "Quando uma dona de casa corta gastos, ela prejudica poucas pessoas. No campo macro, quando o governo corta gastos, ele prejudica muita gente. Então, redução de gastos públicos não inclui investimentos", afirmou Belluzzo, acrescentando que se o governo deixar de investir a economia cairá ainda mais.

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