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O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse na sexta-feira (12) que o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela S&P não deve ser transformado em uma "grande questão política". Para Meirelles, apontado como presidenciável, a decisão é técnica. "Não devemos transformar esse evento de uma mudança técnica em uma grande questão política para o Brasil. É uma questão pontual, não é um grande evento político no País."

A decisão da agência contrapôs ainda mais Meirelles e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Houve "jogo de empurra" entre Executivo e Legislativo para apontar "culpados". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O vice-líder do governo na Câmara, Beto Mansur (PRB-SP), admitiu nesta sexta-feira, 12, ao Broadcast Polític, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, que a base aliada do governo Michel Temer "não fez a lição de casa" em relação à votação da reforma da Previdência. Mansur procurou responsabilizar os próprios deputados, diante do rebaixamento da nota de crédito brasileira pela S&P, na quinta-feira.

"Rebaixamento prejudica o Brasil, não prejudica exatamente as candidaturas. Prejudica o País de uma maneira geral. Não diria para você que a culpa é do ministro da Fazenda Meirelles ou de quem quer que seja. A culpa é nossa, que não fizemos a nossa lição de casa", afirmou ao ser questionado se o resultado atrapalharia os planos eleitorais do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD) - os dois tentam viabilizar candidatura à Presidência da República.

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Mansur afirmou também que, até o momento, o governo continua não tendo votos suficientes para alterar as regras da aposentadoria. Mas disse que os parlamentares estão trabalhando para conseguir aprovar a proposta no próximo mês.

"Acho que o rebaixamento da nota é consequência de uma questão macro do Brasil, de não conseguir fazer a reforma da Previdência, de dirigentes partidários não fazerem conta. Até hoje a gente não tem número para fazer a reforma da Previdência", explicou antes de demonstrar otimismo. "Acho que tem chance de aprovar a reforma dia 19 de fevereiro."

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ressaltou a estabilidade no mercado financeiro mesmo após o rebaixamento da nota de crédito brasileira pela S&P. Em entrevista coletiva, Meirelles disse que indicadores como dólar e juros de curto prazo e a bolsa tiveram pequenas quedas ou se mantiveram estáveis.

"Isso significa que o que a agência disse já estava nos preços e os agentes econômicos já tinham levado tudo isso em conta nos últimos meses. Não há nenhuma surpresa no assunto", afirmou o ministro.

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Meirelles convocou coletiva para comentar o rebaixamento da nota de crédito soberano do Brasil pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings, anunciado na quinta, que passou de BB para BB-.

A nota está três degraus abaixo do patamar considerado grau de investimento.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse não esperar que haja mudanças na nota de rating do Brasil por causa da mudança de metas. "Temos explicado para as agências de rating os motivos da mudança e uma das agências mais importantes deve divulgar ainda nesta terça-feira, 15, uma nova avaliação. Mas nossa expectativa é que não haja mudança no rating", respondeu.

Logo depois, a agência S&P afirmou o rating do Brasil em BB e manteve em observação para possível rebaixamento. Em comunicado, a agência manteve tanto a nota como a perspectiva negativa anteriores à mudança e metas. A S&P informou ainda que a economia brasileira parece ter se estabilizado apesar das questões políticas, mas que a perspectiva negativa reflete justamente os desafios políticos do país.

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Meirelles repetiu que a alteração das metas fiscais para 2017 e 2018 não é resultado de aumento das despesas, como já foi muitas vezes, mas sim de uma queda na arrecadação decorrente de uma inflação menor. "Há um ano, nem o mercado nem o BC previam uma inflação abaixo da meta em 2017", afirmou. "E devido às restrições de ordem legal, não se podem cortar despesas obrigatórias", completou o ministro.

Questionado sobre como o Congresso receberá a proposta de mudança de meta, o ministro disse que as lideranças estão convencidas da necessidade de alteração. "Num primeiro momento, todos são contra mudança de metas, eu também. Mas todos somos responsáveis e realistas e consideramos que revisão decorre da mudança na inflação", alegou.

O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, confirmou ainda que, com a ampliação da meta de 2017 em R$ 20 bilhões, será possível realizar um descontingenciamento de R$ 8 bilhões no Orçamento deste ano.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) afirmou ontem que, apesar dos rebaixamentos recentes no rating soberano do Brasil e de empresas brasileiras, a pressão para novos rebaixamentos permanece. Segundo a S&P, a política interna brasileira continua sendo um dos principais riscos para a nota de classificação de risco do País.

Em um relatório divulgado ontem, intitulado "Condições de empréstimo na América Latina melhoraram, mas riscos permanecem", a S&P faz um panorama das condições de crédito nos países latino-americanos e diz que, à primeira vista, as condições de financiamento na região ainda estão um pouco mais favoráveis em 2017 do que eram no ano passado, o que deu algum impulso ao crédito para a região.

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No entanto, a agência alerta que os riscos podem deteriorar as condições de crédito, com o aumento da instabilidade política, um possível retrocesso com a queda dos preços do petróleo ou com um aumento significativo do protecionismo comercial. "No entanto, acreditamos que os riscos são mantidos à distância atualmente. Do lado positivo, uma ausência considerável desses fatores melhoraria, de fato, as condições de financiamento, bem como a confiança dos investidores, embora acreditemos que isso possa estar um pouco distante."

Em entrevista dada ao Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, na quinta-feira, a diretora executiva de rating soberano da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, disse que a reversão de políticas e propostas do governo brasileiro "poderia levar ao downgrade" da nota soberana do País. Segundo ela, tal reversão de medidas, sobretudo fiscais, defendidas pela administração Michel Temer poderia se motivada por uma paralisia política. Lisa destacou que a reforma da Previdência é uma das principais propostas para reverter a dinâmica das contas públicas, junto com a adoção do teto de gastos.

Ao ser questionada sobre o risco de os desdobramentos mais recentes da Operação Lava Jato, como a determinação pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de abertura de inquérito contra ministros e lideranças políticas no Congresso, afetarem a aprovação da reforma da Previdência Social, Lisa respondeu que "a dinâmica política é fluida". "Não dizemos que vão (ocorrer), mas há riscos associados de que as delações possam complicar a adoção de politicas", acrescentou a diretora da S&P, referindo-se aos depoimentos de dezenas de executivos da Odebrecht aos órgãos de Justiça que investigam casos de suspeita de corrupção envolvendo a Petrobrás.

"Os desdobramentos (políticos) são um importante exemplo porque temos a perspectiva negativa para o Brasil", comentou. No dia 10 de fevereiro, a S&P reiterou a nota soberana, que é BB-, com perspectiva negativa. "Há o contraponto positivo, por outro lado, de que as investigações fortalecem as instituições no Brasil", concluiu

A agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P) rebaixou ontem a nota de crédito da Odebrecht Engenharia e Construção (OEC) por causa da forte queda do fluxo de caixa e da carteira de obras. Com o envolvimento na Operação Lava Jato, que investiga corrupção em contratos da Petrobrás, a capacidade comercial da empresa e sua competitividade no mercado têm sido postas em xeque.

Para a S&P, mesmo com o caso de corrupção resolvido, há dúvidas quanto ao efeito sobre a reputação da construtora. Um dos fundamentos usados pela agência para rebaixar o rating da empresa foi a redução da carteira de obras de US$ 33 bilhões em 2014 para US$ 22 bilhões em junho deste ano, "em função dos riscos de reputação e das perspectivas econômicas fracas nos principais países onde a empresa opera".

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O portfólio de projetos da construtora está fortemente exposto a economias voláteis que estão atravessando períodos difíceis. Isso deverá prejudicar a geração de fluxo de caixa e a alavancagem da empresa no futuro, diz a S&P. Segundo ela, as operações da Odebrecht em seus principais mercados, como Brasil, Venezuela e Angola, enfrentam forte incerteza sobre o ritmo de crescimento futuro.

Para piorar a situação, a qualidade de crédito dos clientes também tem reflexos negativos no caixa da empresa. Com a demora na liberação de crédito pelos bancos privados e pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o início ou a continuidade das obras têm demorado mais e, consequentemente, reduzido o ritmo de entrada de dinheiro no caixa da construtora. Pelos cálculos da agência de classificação de riscos, a receita líquida da Odebrecht Engenharia e Construção deve recuar entre 65% e 70% neste ano. "Vemos a liquidez da OEC como menos que adequada", diz a agência. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O Palácio do Planalto recebeu, quase simultaneamente, duas notícias na tarde desta quarta-feira, 17: uma boa e uma ruim. De um lado a recondução de Leonardo Picciani para a liderança do PMDB da Câmara e de outro o rebaixamento do rating do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poors. Interlocutores da presidente, entretanto, tentaram minimizar "a surpresa negativa" e exaltar o que consideraram "importante vitória do governo" sobre o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), que apoiava o deputado Hugo Motta (PMDB-PB).

A avaliação é que a recondução de Picciani é um importante passo para conseguir reverter as dificuldades da situação econômica e política, ressaltados pela S&P. "É importante mostrar que o governo continua trabalhando pelo ajuste e agora com a manutenção de Picciani vai conseguir se manter focado na busca da retomada do crescimento", afirmou uma fonte do Palácio. "Com a situação política mais calma, a economia vai melhorar", completou.

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Uma das queixas ouvidas foi que o rebaixamento veio apenas cinco meses após a mesma agência ter tirado o grau de investimento do Brasil, decisão que acabou sendo seguida por outras agências. Além disso, assessores palacianos lembram que, de lá pra cá, o governo não teve tempo hábil de colocar em prática as medidas econômicas desejadas, principalmente porque o Congresso esteve em recesso por 40 dias e não houve votações de medidas importantes da área econômica.

O Brasil deve continuar sendo afetado por escândalos políticos e uma recessão em 2016, afirma a agência de classificação de risco Standard & Poor's (S&P). A previsão é que no país e em outros da América Latina, como a Venezuela, o conturbado cenário político doméstico seja um fator que vai pesar este ano na avaliação do rating soberano.

"Há considerável incerteza política no Brasil e na Venezuela", afirma o diretor da S&P que faz parte da equipe que avalia a América Latina, Joydeep Mukherji, em um vídeo divulgado pela agência de classificação de risco junto com um relatório sobre perspectivas para a região em 2016.

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Mukherji ressalta no vídeo que a S&P vai avaliar o desdobramento da situação política no Brasil e na Venezuela e em outros, como na Argentina, que elegeu um presidente mais amigável ao mercado. "Vimos significativa mudança na Argentina", disse ele.

Para a América Latina como todo, o diretor diz que serão avaliados o impacto de dois fatores em 2016, o crescimento mais lento da economia mundial e a queda dos preços das commodities. Países como México, Chile e Colômbia têm sofrido com a queda das cotações, disse ele.

A S&P projeta que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve encolher "pelo menos" 2% em 2016, no segundo ano consecutivo de recessão. Para 2017, a previsão é de expansão de 1,2%. Ambos os números estão melhores que a média do mercado. Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou relatório com revisão para baixo nas projeções do Brasil. A nova estimativa é que o país deve encolher 3,5% este ano e ficar estagnado em 2017.

"O Brasil vai sofrer com escândalos políticos e uma crise econômica continuada", afirma a S&P no relatório. O documento alerta que a recessão brasileira pode afetar a redução na pobreza na América Latina. A taxa vinha caindo até 2012, depois ficou estagnada nos três anos seguintes e pode aumentar em 2016.

A desigualdade, que caiu no Brasil e em outros países da região, também pode voltar a crescer. A S&P ressalta que a combinação, sobretudo na economia brasileira, de fraca atividade econômica com pressões fiscais pode reverter os ganhos na redução da disparidade social. A necessidade de melhorar as contas públicas, destaca o relatório, pode afetar os gastos sociais e as provisões para os serviços públicos.

A S&P avalia 28 países na América Latina, dos quais 13 são considerados graus de investimento. A maioria dos países na região tem perspectiva estável, mas cinco, incluindo o Brasil, Venezuela e Barbados, têm perspectiva negativa, ou seja, a nota pode ser rebaixada em 2016. Apenas um país tem perspectiva positiva, o Paraguai. No ano passado, apenas três países tiveram a nota melhorada, Uruguai, República Dominicana e Jamaica.

Na América Latina, 15 países são classificados no grau especulativo, entre eles, o Brasil, que passou para a categoria em 2015 ao ser rebaixado em setembro, destaca Mukherji no vídeo. A Argentina tem a pior nota da região, na categoria default. O Chile tem a nota mais alta, "AA-".

O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse nesta sexta-feira, 11, que o rebaixamento da nota da Petrobras pela Standard & Poor's para o grau especulativo BB foi uma consequência do downgrade da nota do Brasil pela mesma agência na última quarta-feira para BB+. "O rebaixamento da Petrobras foi uma consequência da situação do Orçamento para 2016 e reforça a necessidade do governo de cortar gastos e estudar novas fontes de receita", disse Braga.

Para o ministro, o rebaixamento da estatal é "uma situação passageira", porque os números e resultados da companhia estariam melhorando. "Estamos otimistas de que o pior para a Petrobras já passou e estamos num processo de recuperação e fortalecimento da companhia", completou.

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Ainda assim, Braga admitiu que o rebaixamento da nota de risco da empresa é um desafio a mais para a empresa, mas ponderou que a estatal não deve ter dificuldade em se financiar no período à frente. "Toda a demanda de contratos de financiamentos de médio e longo prazos da Petrobras está equacionada. Além disso, os projetos de desinvestimentos e de capitalização da empresa à frente continuam", concluiu.

O presidente do conselho de administração da Petrobras, Murilo Ferreira, que esteve hoje com Braga, não quis comentar o rebaixamento do rating da companhia. "O conselho da Petrobras ainda não se reuniu depois dessa notícia. Só vamos nos reunir no próximo dia 30. Então, eu não sei nada", limitou-se a responder, ao chegar ao Ministério de Minas e Energia.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s, que tirou o grau de investimento do Brasil na quarta-feira, 9, disse não trabalhar com a hipótese de que a presidente Dilma Rousseff não vai concluir o mandato, em dezembro de 2018. "De momento, não é nosso cenário-base", afirmou o diretor de qualificações para a América Latina da S&P, Roberto Sifón-Arévalo.

Ao decidir rebaixar a nota de crédito do Brasil de BBB- para BB+, com perspectiva negativa, a agência colocou o País no grupo de mercados "especulativos". Entre os argumentos para essa decisão estavam a deterioração fiscal e as dificuldades políticas vividas pelo governo Dilma neste segundo mandato.

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"Os desafios políticos que o Brasil enfrenta continuam a pesar na capacidade do governo e vontade de submeter ao Orçamento de 2016 ao Congresso consistente com a política de ajuste fiscal assinalada durante o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff", afirmou a S&P na quarta-feira.

Instituições

Na quinta-feira, 10, durante teleconferência com jornalistas, os analistas da agência elogiaram a institucionalidade do Brasil. "Se acontecer (o impeachment), vamos olhar para o significado disso em termos de política, governabilidade e sobre a continuidade das ações", disse o diretor da S&P. Arévalo afirmou que o impeachment é um instrumento usado em vários países e com previsão legal. Portanto, a agência não avalia o ato em si, mas as consequências econômicas e políticas quando isso ocorre.

A diretora-gerente de ratings soberanos da S&P, Lisa Schineller, foi na mesma linha. Afirmou que, se eventual impedimento da presidente acontecer, a agência vai avaliar "como isso impacta nas políticas e na dinâmica das ações".

Para Lisa, a Operação Lava Jato, que apura corrupção na Petrobras, é prova do fortalecimento da institucionalidade do Brasil. Segundo ela, o País conta com instituições em nível superior ao observado em países com rating semelhante à atual nota de crédito brasileira, como Rússia e Turquia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

As Federações das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgaram nesta quinta-feira, 10, nota conjunta em que se dizem "perplexas com a inação do governo diante da deterioração crescente do quadro econômico do País". As entidades pedem um rigoroso ajuste fiscal, com cortes pesados das despesas e sem elevação da carga tributária.

"O País repudia com ênfase novos aumentos de impostos. Esta é a receita fácil de sempre, mas a sociedade não aguenta mais pagar a conta da incompetência do Estado", diz a nota, assinada pelo presidente da Firjan, Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, e pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf.

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"A perda do grau de investimento por uma agência de rating internacional é o desfecho de uma série de hesitações, equívocos e incapacidade de lidar com os desafios de uma conjuntura econômica cujo esfacelamento é resultado de incontáveis erros cometidos ao longo dos últimos anos", afirmam as duas federações.

No dia 6 de agosto, Fiesp e Firjan já haviam divulgado nota conjunta em defesa da posição do vice-presidente Michel Temer (PMDB), então responsável pela articulação política do Palácio do Planalto. À época, as duas entidades afirmaram que o momento econômico e político brasileiro era "de responsabilidade, diálogo e ação para preservar a estabilidade institucional do Brasil", e que a indústria brasileira se associava "ao apelo de união para que o bom senso, o equilíbrio e o espírito público prevaleçam no Brasil".

Erros

Para as entidades, a sucessão de erros do governo foi "coroada" pelo envio de um projeto de Orçamento para 2016 com estimativa de déficit de R$ 30,5 bilhões. "Assim, o Poder Executivo abriu mão uma de suas prerrogativas mais básicas: a iniciativa de propor ao Legislativo o ordenamento das receitas e despesas públicas segundo suas prioridades. Com esse ato, o governo abriu mão de governar".

Fiesp e Firjan cobram ainda reformas estruturais de longo prazo, como a criação de um limite para despesas públicas e a adoção de um programa de venda de ativos públicos para engrossar o caixa do governo.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta quinta-feira, 10, em Buenos Aires, que o corte da nota brasileira pela agência Standard & Poor's "não significa nada". "Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer", destacou.

O ex-presidente, que participa do 3º Congresso Internacional de Responsabilidade, disse "achar muito engraçado" que a agência de risco tenha tomado essa decisão e criticou que essas agências não usam os mesmos critérios para "países quebrados da Europa". No início de seu discurso, ele criticou a estratégia de ajustes econômicos, que a seu juízo provocam recessão e desemprego.

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Em 2008, quando o Brasil foi classificado como grau de investimento pela S&P, o então presidente disse que isso era uma conquista do povo brasileiro. "Eu acho que houve uma combinação de esforços feita por todos os brasileiros que permitiu que nós pudéssemos, hoje, estarmos felizes porque é uma coisa importante para o Brasil (o grau de investimento), é uma vantagem extraordinária nesse mundo globalizado", disse Lula, à época.

O ex-presidente recorreu ainda a uma de suas tradicionais metáforas, comparando a figura de dois trabalhadores. Um deles é um homem comportado, que cuida da família, paga o aluguel e não tem vícios. "Esse é o investment grade", explicou Lula. O outro recebe o dinheiro, torra tudo em mesa de jogo ou bebe demais e está quebrado. "Então, era assim que era o Brasil. O Brasil estava quebrado, não tinha credibilidade. Todo mundo lembra quanta faixa tinha aqui, da dívida externa. Cada vez que ia em um lugar era: 'Fora FMI', Acabou isso. Acabou!".

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou que o País não vai alcançar a meta fiscal sem "medidas adicionais". Sem apresentar detalhes do que será feito, ele afirmou que o governo deve ter gasto parcimonioso e "visitar" despesas obrigatórias, decorrentes de leis.

"Temos que melhorar execução e eficiência", disse, indicando a possibilidade de o governo pedir mudanças em leis. Ele ressaltou que o espaço para cortar despesas discricionárias não é suficiente para atender as necessidades do País.

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De acordo com Levy, a responsabilidade fiscal, junto com a reforma do ICMS, fará o Brasil voltar para o "nosso lugar", com grau de investimento. O ministro ressaltou que a dívida soberana externa brasileira é pequena, cerca de US$ 60 bilhões, mas disse que "felizmente, a gente tem podido atender aos investidores globais com a dívida doméstica".

Segundo o ministro, a proposta de Orçamento de 2016 veio com um esforço de corte de despesas, inclusive as obrigatórias. "Esse é um Orçamento que foi feito com projeção de despesas discricionárias, baseado no executado neste ano. E as despesas deste ano vêm a ser 40% menores que as do ano passado. O governo está cortando na carne já neste ano", afirmou, ressaltando que economia será mantida no ano que vem.

Repatriação

A respeito do projeto enviado ao Congresso que trata da repatriação de recursos de brasileiros no exterior, o ministro afirmou que o objetivo é regularizar divisas de origem lícita. Segundo ele, dezenas de bilhões de reais podem voltar ao País através do mecanismo, apesar de ser difícil fazer o cálculo.

Levy afirmou que o projeto só prevê anistia penal para crimes relacionados ao envio de dinheiro não declarado ao exterior. Segundo ele, haverá verificação de valores declarados, que virão por meio de bancos. "O projeto não quer acobertar recursos de fontes ilícitas", disse. "Não há brechas para recursos ilícitos serem branqueados." Levy ressaltou que a proposta foi elaborada para garantir equilíbrio entre sigilos bancário e fiscal.

Os recursos do projeto vão alimentar fundos de compensação para Estados que sofrerem perdas com a reforma do ICMS. Segundo ele, o objetivo é fazer com que os recursos pagos do tributo permaneçam no Estado onde houve o consumo. "É razoável que o imposto do nordestino fique no Nordeste, que o do nortista fique no Norte", afirmou. O ministro ressaltou que a reforma do imposto estadual é positiva para empresas e ataca riscos jurídicos.

A coordenação política do governo se reunião na manhã desta quinta-feira (10) para discutir o rebaixamento da nota de crédito do Brasil pela agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P). Diferentemente do que acontece após essas reuniões, não houve pronunciamentos, no entanto o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deve falar com a imprensa ainda nesta tarde.

Em nota divulgada na noite dessa quarta (9), Levy reafirmou o compromisso do governo com a consolidação fiscal. “O governo entende que o esforço fiscal é essencial para equilibrar a economia em um ambiente global de incerteza e, juntamente com iniciativas microeconômicas, aumentar a produtividade do país e criar as condições para a retomada do crescimento na esteira do fim do boom das commodities”, disse.

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“O projeto de lei orçamentária para 2016 incorpora importante disciplina nas despesas discricionárias e esforços de gestão para reduzir as despesas obrigatórias.  O processo para se garantir a meta de superávit primário de 0,7% do PIB em 2016 será completado nas próximas semanas com o envio de propostas na área de gastos e receitas discutidas com o Congresso Nacional, em paralelo nos próximos meses a ações legislativas de caráter estrutural para aumentar a eficiência, previsibilidade e produtividade da economia”, explicou também em nota.

Participaram da reunião a presidente Dilma Rousseff, o vice-presidente Michel Temer e os ministros Aloizio Mercadante (Casa Civil), Nelson Barbosa (Planejamento), Edinho Silva (Comunicação Social), Eduardo Braga (Minas e Energia), Gilberto Kassab (Cidades), José Eduardo Cardozo (Justiça) e Ricardo Berzoini (Comunicações). Também estiveram presentes os líderes do governo, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), o deputado José Guimarães (PT-CE) e o senador José Pimentel (PT-CE).

A agência reduziu a nota de crédito do Brasil de BBB- (que representa grau de investimento médio) para BB+ (categoria de especulação). Ontem (9), após o anúncio do rebaixamento, Levy afirmou, em nota, que “o governo brasileiro reafirma seu compromisso com a consolidação fiscal”.

Com informações da Agência Brasil.

Depois do rebaixamento da nota do Brasil pela Standard & Poor', a presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã desta quinta-feira, 10, reunião com os ministros do Planejamento, Nelson Barbosa, e da Casa Civil, Aloizio Mercadante. Ainda não há informação oficial se o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, estará no encontro. A agenda dele cita apenas "despachos internos". Os três ministros formam a Junta Orçamentária.

O governo tem pressa para encontrar saídas que possam dar sinais de compromisso e de segurança com o equilíbrio fiscal e a retomada do crescimento. Também é preciso fechar logo o "adendo" ao Projeto de Lei do Orçamento Anual de 2016 que será enviado ao Congresso com soluções para o rombo de R$ 30,5 bilhões nas contas do ano que vem.

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Na quarta-feira, 9, , O Planalto disse que, embora já estivesse esperando, ter recebido com surpresa a decisão da S&P, que agora impõe, segundo disse Levy em entrevista ao telejornal Jornal da Globo, ação rápida do Executivo e do Legislativo. Para Levy, a lição do rebaixamento do rating do Brasil pela S&P é a de que os agentes estão entendendo a necessidade de fazer escolhas difíceis para que o País readquira o equilíbrio fiscal. "Não é só dizer que vai cortar ou pedir para a população assinar um cheque em branco para o governo", disse.

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"Precisamos nos decidir. A consequência (do rebaixamento) é olharmos para nós mesmos e decidirmos o que a gente quer. Não adianta empurrar o problema", afirmou. "Qual exatamente vai ser o imposto, quanto vai ser ou qual o tamanho do corte, o governo irá fazer isso nas próximas semanas com muita clareza. É um desafio para cada um de nós."

Para participar da reunião com Dilma, o ministro Barbosa cancelou participação em debate na manhã desta quarta na Câmara sobre Plano Plurianual e Orçamento.

Minha Casa Minha Vida

Ainda nesta quinta, Dilma deve se reunir com empresários da construção e movimentos sociais de moradia popular para detalhar algumas condições da terceira fase do Minha Casa Minha Vida. No entanto, as contratações da nova etapa de um dos programas vitrines de Dilma Rousseff só devem começar em 2016. Em vez de um anúncio oficial, como prometido pela presidente no Twitter, Dilma vai discutir os novos parâmetros do programa com o empresariado e representantes de movimentos sociais.

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O ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda Luiz Gonzaga Belluzzo diz que houve um erro na condução da política econômica. Na avaliação dele, um dos motivos que levou o Brasil a perder o grau de investimento foi a crença do governo federal de que o ajuste fiscal traria de volta a confiança do setor privado.

Questionado sobre a decisão tomada pela S&P, Belluzzo acredita que justamente a tentativa de impedir o rebaixamento acabou determinando a decisão da S&P. "Na verdade, a situação fiscal piorou depois do ajuste fiscal. A política monetária está contradizendo a tentativa de ajustar as contas porque piorou a relação da dívida/PIB. O déficit nominal também está piorando. Eu tenho muitas restrições em como as agências de risco se comportaram durante a crise (internacional). Elas se portaram muito mal. Cometeram barbaridades. Mas eu não tinha dúvida de que isso (o rebaixamento) iria ocorrer, pelos critérios das agências e pelo desajuste do ajuste", diz.

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Para o ex-secretário, o "desajuste do ajuste" nasceu da crença de que a confiança do setor privado seria recuperada com o ajuste fiscal. "Na verdade, foi produzido um efeito negativo sobre a expectativa do setor privado, sobre o comportamento dos balanços, das receitas esperadas, etc. E é claro que a economia teve uma recessão maior em relação àquilo que estava suposto na formulação do ajuste. A economia brasileira está caindo entre 2,5% e 3,0% e há uma dinâmica da dívida pública muito ruim, caminhando para mais de 70% do PIB (Produto Interno Bruto). É claro que os resultados apontavam para uma perda do grau do investimento", afirma.

Impactos

Questionado sobre os impactos do rebaixamento, o ex-secretário de Política Econômica da Fazenda diz que muito já estava refletido "na curva de juros e no comportamento do câmbio". "Vai haver um outro estresse no curto prazo, mas depois tudo deve se estabilizar. Vai haver uma estabilização numa situação ruim."

Detalhando essa 'estabilização ruim', Belluzzo prevê uma economia que continua a perder força e a "avançar na recessão", acrescida de "uma dinâmica fiscal perversa com aumento do déficit nominal".

"É preciso fazer um gesto. A questão da CPMF (imposto que o governo tenta recriar para financiar a saúde), por exemplo. Era o melhor imposto que se poderia criar porque tem um efeito muito fraco sobre a maioria dos contribuintes, mas o governo não preparou bem isso. Perdeu a oportunidade de fazer e isso poderia ajudar bastante a contornar a situação fiscal, que foi provocada sobretudo pelos equívocos das políticas monetária e fiscal", diz.

Na avaliação de profissionais do mercado financeiro ouvidos pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado, o rebaixamento da nota de risco do Brasil trará forte viés de alta para o dólar e para os juros nesta quinta-feira, 10, enquanto a BMF&Bovespa tende a cair num primeiro momento.

Ricardo Lacerda, fundador do banco de investimentos BR Partners, disse que a perda do grau de investimento do Brasil "é sem dúvida o maior retrocesso da economia brasileira dos últimos 20 anos". Segundo ele, muito do capital que costuma fugir nesses momentos de crise já saiu do País. "Mas creio que veremos pressão no câmbio e no juros. No médio e longo prazos, as consequências serão ainda piores. Como o próprio ministro da Fazenda (Joaquim Levy) antecipou, esse movimento vai gerar desemprego por muitos anos. Com isso, teremos um aprofundamento da recessão e uma dificuldade da retomada de crescimento. Basta analisar a importância do fluxo de capitais estrangeiros no último ciclo de crescimento, entre 2007 e 2013."

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Onda vendedora

Para Edwin Gutierrez, gestor para o Brasil da Aberdeen Asset Managers, em Londres, os mercados brasileiros reagirão nesta quinta-feira com uma onda vendedora. Ele acredita que o rebaixamento veio antes do esperado pelos investidores. Entretanto, a possibilidade de acontecer já vinha crescendo nos últimos dias. "Depois da entrega do Orçamento na semana passada, passamos a achar que os riscos de perder o grau de investimento ocorrer este ano havia aumentado."

Na avaliação do estrategista, a permanência do ministro Levy no cargo, mesmo após a perda do grau de investimento, faz diferença para os investidores. "Se ele sair, a onda vendedora (de ativos) será ainda mais dramática."

Queda

No início da noite de quarta-feira, 9, os fundos de índices (ETFs, na sigla em inglês) ligados ao Brasil despencaram no after market (operações após o fechamento do mercado) em Wall Street, refletindo o rebaixamento do rating brasileiro pela Standard & Poor’s (S&P).

Entre as carteiras listadas na plataforma Arca, da Bolsa de Valores de Nova York (Nyse), o Direxion Daily Brazil Bull 3X, da Direxion Investiments, despencava 20,1% por volta das 20h10 (horário de Brasília). Outro fundo de índice, o iShares MSCI Brazil Index, mais conhecido pela sigla que é negociado no mercado, EWZ, recuava 7%.

Para um operador de um banco de investimento em Nova York que investe em papéis brasileiros, a perda do grau de investimento era esperada, sobretudo após a redução das metas fiscais e a proposta de orçamento para o ano que vem com déficit, mas o momento da decisão da S&P acabou surpreendendo. A expectativa, disse ele, é que o corte da nota fosse vir no começo do ano que vem.

Aversão ao risco

Profissionais consultados após a decisão da S&P foram unânimes em afirmar que, apesar de precificado em parte, o efeito inicial da nota vai ser de forte aversão ao risco. Pode pesar negativamente nos ajustes de preços justamente a manutenção do outlook negativo pela agência.

Na BM&FBovespa, as avaliações são de que, apesar da tendência de baixa hoje, o principal índice à vista pode até exibir recuperação durante o dia. "Os investidores mais leigos entram vendendo e depois há uma correção natural. Achei a notícia ótima para a Bolsa. É um sinal de fundo para os preços", comentou Alexandre Wolwacz, diretor da escola de investimentos Leandro & Stormer.

Um gestor de investimentos disse que o efeito na BMF&Bovespa deve acontecer principalmente em cima de empresas mais endividadas, como CSN e Petrobrás. "Os bancos, que teoricamente cairiam mais, já tiveram fortes perdas recentes", disse. (Fabrício de Castro, Mônica Scaramuzzo)

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A agência de classificação de risco Standard & Poor’s (S&P) foi a primeira a conceder ao Brasil o grau de investimento, em 2008. Agora, é também a primeira a retirá-lo. A crise econômica que o País atravessa foi, claro, o ingrediente fundamental. Mas a crise política - sem sinais de melhora diante das declarações recentes de lideranças do Congresso - teve peso importante para o rebaixamento.

"Os desafios políticos do Brasil continuam a aumentar, pesando sobre a capacidade e a vontade do governo em apresentar um orçamento para 2016 ao Congresso coerente com a correção política significativa sinalizada durante a primeira parte do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff", disse a agência no comunicado divulgado na quarta-feira, 9, no início da noite.

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A S&P rebaixou o rating do Brasil de BBB- para BB+ e manteve a perspectiva negativa da nota. A perda do grau de investimento é um duro golpe para o País, depois de um trabalho de mais de uma década para conseguir esse feito, já que o País carregou por muito tempo o estigma de ter pedido moratória da dívida externa na década de 80.

A agência prevê para o Brasil dois anos de retração da economia: para 2015, a projeção é de queda de 2,5% no PIB, e, para 2016, de 0,5%. Segundo a S&P, o Brasil só voltará a crescer, ainda que modestamente, em 2017.

"Acreditamos que o perfil de crédito do Brasil enfraqueceu ainda mais desde 28 de julho, quando revisamos a perspectiva do Brasil para negativa. Naquele momento, sinalizamos riscos maiores de execução para as mudanças políticas corretivas já em andamento, resultantes principalmente das dinâmicas fluidas no Congresso associadas ao alastramento dos efeitos das investigações sobre corrupção na estatal de energia Petrobrás. Nós agora vemos menos convicção, dentro do gabinete da presidente, sobre a política fiscal", diz o comunicado da S&P.

Orçamento

Para a agência, "a proposta de orçamento para 2016 apresentada em 31 de agosto incorporou mais uma revisão das metas fiscais do governo em um período curto de tempo. O orçamento proposto se baseia em um déficit primário de 0,3% do PIB, ao invés da meta revisada anteriormente de superávit de 0,7% do PIB, que havia sido anunciada em julho. Essa mudança reflete divergências internas sobre a composição e a magnitude das medidas necessárias para corrigir a derrapagem nas finanças públicas".

A preocupação é com o aumento do endividamento público. O relatório da S&P também diz que, "sem um desempenho inesperadamente melhor, a meta fiscal proposta no orçamento geraria três anos consecutivos de déficits fiscais primários e uma elevação contínua da dívida líquida geral do governo".

"Nós agora temos a expectativa de que o déficit geral do governo suba para uma média de 8% do PIB em 2015 e 2016, antes de declinar para 5,9% em 2017, versus 6,1% em 2014. Não temos a expectativa de um superávit primário em 2015 ou em 2016. Uma carga de juros elevada (e em declínio lento), tendo em vista taxas de juro elevadas e o impacto de um real mais fraco nos swaps cambiais em poder do mercado, contribui para o déficit grande", afirma.

A S&P previu que a dívida do governo, descontados os ativos líquidos (sem incluir as reservas internacionais), vá crescer para 53% do PIB neste ano e para 59% no próximo ano, de 47% em 2014. A agência disse ainda que as perspectivas de crescimento para o Brasil são inferiores às de países em um estágio semelhante de desenvolvimento, apesar dos esforços do governo com o ajuste fiscal e a aproximação dos setores produtivos.

"Nós não vemos que estas medidas tenham melhorado o sentimento empresarial. Parece agora que o Brasil está mais longe de uma mudança para um crescimento positivo até que algumas incertezas políticas sejam resolvidas", diz a agência.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou na quarta-feira, 9, em entrevista ao Jornal da Globo, que a lição do rebaixamento do rating do Brasil pela Standard & Poor's é a de que os agentes estão entendendo a necessidade de fazer escolhas difíceis para que o País queira readquirir o equilíbrio fiscal. "Não é só dizer que vai cortar ou pedir para a população assinar um cheque em branco para o governo", disse Levy durante entrevista ao vivo. "Precisamos nos decidir. A consequência (do rebaixamento) é olharmos para nós mesmos e decidirmos o que a gente quer. Não adianta empurrar o problema", afirmou.

O ministro evitou dizer quais serão os próximos passos do governo, mas reiterou que "sempre dá para cortar mais" e que é possível que a carga tributária aumente. "Qual exatamente vai ser o imposto, quanto vai ser ou qual o tamanho do corte, o governo irá fazer isso nas próximas semanas com muita clareza. É um desafio para cada um de nós."

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Levy defendeu o Orçamento do governo, lembrando que os cortes já feitos levaram os gastos discricionários ao nível nominal de 2013. Para ir além na redução das despesas, continuou, uma contribuição deve vir do próprio Executivo na melhora da gestão de programas sociais. Outras iniciativas dependerão da aprovação do Congresso, como a criação de uma idade mínima de aposentadoria, ideia que está em discussão no parlamento. "As pessoas precisam entender que, se não aprova, nossa dívida piora, o crédito diminui", disse.

O ministro também defendeu a presidente Dilma Rousseff, afirmando que ela não teve receio de colocar sua popularidade em risco ao tomar "as medidas certas e que já estão dando resultado", como a liberação dos preços represados e o ajuste do câmbio. Levy afirmou ainda que uma agenda que olhe para além da crise já existe, como as reformas do ICMS, do PIS/Cofins e outros itens da Agenda Brasil.

"O País tem maturidade e demonstrou várias vezes que consegue superar desafios", disse Levy. "Vamos voltar ao nosso lugar, entre os melhores."

O professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro José Oreiro acredita que a decisão da S&P de retirar o grau de investimento do País deve aprofundar ainda mais a recessão.

"Essa decisão eleva a pressão sobre os juros e, assim, o custo de oportunidade dos investimentos. Além disso, tem o efeito no câmbio, que no curto prazo é contracionista, porque muitas empresas têm divida em dólar e vão ter seus custos financeiros elevados", comentou em intervalo do XXI Congresso Brasileiro de Economia, promovido pelo Conselho Federal de Economia (Cofecon), em Curitiba.

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Ele também acredita que a decisão da S&P enfraquece ainda mais a posição do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. "Dado que ele tinha sido escolhido para evitar a perda do grau de investimento, fica difícil segurá-lo. A oposição a ele dentro do PT é muito forte e, mais recentemente, setores empresariais, como a Fiesp, vêm pedindo a cabeça dele", afirmou. Mesmo assim, Oreiro não vê relação direta entre a perda do grau e a possibilidade de a presidente não terminar o mandato. "É uma questão que não é só econômica, depende de haver uma alternativa viável para colocar no lugar de Dilma."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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