Tópicos | CNDH

Pelo menos 29 pessoas em situação de rua foram assassinadas no estado de Alagoas nas últimas semanas. Integrantes do Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) viajaram a Maceió, na última sexta-feira (29), para apurar os fatos, e denunciam que a contagem oficial de casos é menor do que a feita pelo movimento de defesa dos direitos da parcela da população que vive nessas condições.

Na ocasião, o órgão convocou uma reunião interinstitucional, com autoridades locais. O encontro contou com a presença de representantes dos três Poderes estaduais, do movimento de pessoas em situação de rua, das forças de segurança pública, das defensorias públicas e dos Ministérios Públicos. A reunião foi realizada na sede do governo de Alagoas, segundo o CNDH.

##RECOMENDA##

Ainda de acordo com o conselho, foram registrados assassinatos nos dias 17, 23 e 24 de setembro. A Agência Brasil chegou a pedir informações detalhadas sobre os casos à Secretaria da Segurança Pública de Alagoas e buscou saber se já aconteceram outros homicídios com o mesmo perfil de vítima. Até o momento, não houve resposta com os dados solicitados, incluindo informações sobre a possibilidade de a polícia já ter instaurado inquéritos para investigar as circunstâncias das mortes e identificar suspeitos.

O presidente do CNDH, André Leão, contou à reportagem que a primeira chacina teve como vítimas três pessoas de uma mesma família, todas em situação de rua, que foram baleadas enquanto dormiam, na Praça de Sinimbu, no centro da capital. "Uma dessas pessoas morreu na hora. As outras duas foram socorridas, sendo que uma veio a falecer e a outra está gravemente ferida. No fim de semana seguinte, o CNDH recebeu mais uma denúncia de outras duas pessoas em situação de rua mortas. Isso chamou a atenção do conselho, porque não é possível crer que essas mortes sistemáticas sejam fatos isolados", disse.

Leão comentou, ainda, que os movimentos de defesa dos direitos das pessoas em situação de rua já contabilizam 30 casos desde o início do ano. "Durante a reunião [interinstitucional], ouvimos diversas demandas da própria população em situação de rua sobre abordagens truculentas por parte da polícia. A Secretaria da Segurança Pública também não reconhecia as 30 mortes e contabilizava apenas 17. Percebemos que havia também um problema nas próprias estatísticas da secretaria", afirmou.

"No final, existe uma constatação da necessidade de uma integração política de segurança, para melhor atendimento à população em situação de rua. Por isso, o CNDH vai expedir uma recomendação. Primeiro, para instalação de um gabinete de crise e, segundo, para que sejam adotadas medidas emergenciais voltadas à proteção dessa população", acrescentou.

No último dia 25, uma segunda-feira, o procurador-geral de Justiça de Alagoas, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, esteve com representantes de diversos órgãos para tratar da violência cometida contra a população em situação de rua, mais recentemente. Um dos encaminhamentos definidos na oportunidade foi o reforço do policiamento de agentes da chamada Ronda no Bairro, que, na avaliação do procurador-geral, teria mais condições de fazer a segurança, nesse caso, por "estar em contato direto com a comunidade". Albuquerque também defendeu a ampliação de vagas em abrigos.

O procurador-geral informou, ainda, que o Ministério Público de Alagoas deverá compor uma comissão de promotores, nas próximas semanas, para acompanhar a implementação de políticas públicas. A reunião foi uma iniciativa do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e recebeu autoridades da Secretaria de Estado da Segurança Pública, Secretaria de Estado de Prevenção à Violência, Secretaria Municipal de Assistência Social, Tribunal de Justiça de Alagoas, Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública estadual.

A Agência Brasil também questionou a Secretaria da Assistência e Desenvolvimento Social sobre a escalada de violência contra a população em situação de rua, mas a pasta não respondeu até o fechamento desta matéria. A Defensoria Pública de Alagoas também foi procurada pela reportagem e não respondeu os questionamentos feitos.

Entre os dias 19 e 22 de setembro, o Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) realiza missão no estado de Pernambuco para apurar denúncias de violações de direitos humanos envolvendo conflitos agrários, especialmente na Zona da Mata do estado.   

 A programação da missão inclui visitas a comunidades em conflitos nos municípios de Barreiros e Jaqueira, ambos situados na Mata Sul; e Itambé e Goiana, na Mata Norte do estado. Também serão realizadas reuniões com autoridades governamentais, audiência pública e coletiva de imprensa. 

##RECOMENDA##

   Durante a missão, o CNDH será representado pelo conselheiro Marcelo Chalréo e pela conselheira Sandra Maria da Silva Andrade. A missão contará também com a participação de várias entidades, tais como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares do Estado de Pernambuco (Fetape), a CONTAG, o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq), além de representantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PE, da Defensoria Pública da União (DPU), da Defensoria Pública do Estado (DPE) e da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão do Ministério Público Federal.   

 Contexto da violência no campo na Zona da Mata pernambucana - A realização da missão do Conselho Nacional de Direitos Humanos foi motivada pelo cenário de violência no campo a que estão submetidas populações camponesas da Zona da Mata pernambucana. De acordo com dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), do total dos conflitos no campo registrados no estado em 2021, 44% ocorreram nessa região.  Ainda segundo os dados, das 22 pessoas ameaçadas de morte no campo no estado em 2021, 18 são agricultores e agricultoras que vivem em municípios da Zona da Mata. O número classifica Pernambuco como o segundo estado do país com mais pessoas ameaçadas de morte no campo.   

 Os altos índices de violência na região se relacionam com as transformações em sua matriz produtiva. Nos últimos anos, com a decadência do setor sucroalcooleiro e o acúmulo de dívidas milionárias de usinas produtoras de açúcar e álcool, grandes extensões de terras na Zona da Mata de Pernambuco vêm sendo arrendadas, vendidas ou adquiridas por meio de leilões judiciais por empresas do ramo da pecuária. Essas empresas são alvos de inúmeras denúncias envolvendo esbulho de posse, destruição e envenenamento de lavouras e ameaças contra famílias posseiras que vivem nessas localidades há décadas. 

    Sobre o CNDH - O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) é um órgão colegiado de composição paritária que tem por finalidade a promoção e a defesa dos direitos humanos no Brasil, através de ações preventivas, protetivas, reparadoras e sancionadoras das condutas e situações de ameaça ou violação desses direitos, previstos na Constituição Federal e em tratados e atos internacionais ratificados pelo Brasil. Instituído inicialmente pela Lei nº 4.319, de 16 de março de 1964, que criou o Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH), o colegiado foi transformado em Conselho Nacional dos Direitos Humanos pela Lei n° 12.986, de 2 de junho de 2014.

O CNDH desempenha sua missão institucional tendo como orientação os Princípios Relativos ao Status das Instituições Nacionais de Direitos Humanos (Princípio de Paris), definidas pela ONU em 1992, marcados pelo pluralismo e pela autonomia.   

 PROGRAMAÇÃO:   

 ● Data: 19.09.22 (segunda-feira) - Visitas às comunidades de Roncadorzinho, em Barreiros, e Fervedouro, em Jaqueira, ambas situadas na Zona da Mata Sul pernambucana. Na ocasião, representantes de outras comunidades rurais do entorno também estarão presentes.   

 ● Data: 20.09.22 (terça-feira) - Visitas às comunidades em conflitos na região da Zona da Mata Norte. Na ocasião, serão realizadas escutas na comunidade do Gongo, situada em Itambé, e nas comunidades Horizonte e Dois Rios/São Severino, em Goiana.   

 ● Data: 21.09.22 (quarta-feira) - Reuniões com autoridades no Recife durante a manhã e a tarde;   

 ● Data: 22.09.22 (quinta-feira) - Audiência pública, das 9h às 13h30, no auditório da OAB, com foco nos conflitos objetos das visitas in loco e apresentação de casos e realidades dos povos indígenas, comunidades quilombolas e pescadoras e pescadores em Pernambuco;   

 ● Data: 22.09.22 (quinta-feira) - Coletiva de imprensa, às 16h, na sede da Defensoria Pública do Estado (DPE), situada na Av. Manoel Borba, 640, Recife (PE).

*Da assessoria 

O Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) repudiou a violência nas eleições deste ano. Por meio de nota, o órgão autônomo manifestou “extrema preocupação diante do clima nacional” e cobrou providências das instituições do sistema de Justiça do país. Mais cedo, a Anistia Internacional também se pronunciou sobre o clima de violência eleitoral.

Segundo a nota do CNDH, o clima de violência tem desencadeado práticas de agressão e ameaças a grupos minoritários, como mulheres, população LGBTI, negros, povos indígenas, quilombolas e nordestinos – “as quais estão presentes nas redes sociais, em equipamentos públicos e nos veículos de comunicação de circulação nacional”.

##RECOMENDA##

O CNDH também solicitou que sejam adotados mecanismos efetivos para inibir ações violentas durante o pleito eleitoral. “Cabe, sobretudo, a adoção de providências efetivas no sentido de coibir ações violadoras de direitos, e a proteção a pessoas e segmentos historicamente discriminados e vulnerabilizados, cuja integridade física encontra-se ameaçada”, aponta a nota.

“O CNDH exige, portanto, que os poderes constituídos e as instituições públicas promovam ações objetivas que previnam e impeçam que tal cenário se concretize”, completa.

O órgão destaca ainda a preocupação com o clima de agressões no país no período pós eleições. “Manifestamos também uma grave preocupação com o período imediatamente posterior às eleições, com a permanência do atual clima de ódio, intolerância e violência física, psíquica e simbólica”, diz a nota. Para o CNDH, “retrocessos e a violência” podem atingir inicialmente grupos sociais mais vulneráveis, “mas, inevitavelmente, vão atingir a toda a sociedade brasileira”.

Violência

O mestre de capoeira e compositor Romualdo Rosário da Costa, 63 anos, conhecido como Moa do Katendê, foi morto a facadas no início deste mês, após uma discussão política, em Salvador. O autor do crime, Paulo Sérgio Ferreira de Santana, confessou o assassinato, resultado de desentendimento político como motivação, após Moa ter declarado voto no PT, no primeiro turno das eleições.

Também no início deste mês, um jovem universitário de 27 anos foi agredido a golpes de garrafa e chutes por supostos apoiadores do candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL), nas proximidades da reitoria da Universidade Federal do Paraná (UFPR), região central de Curitiba. Segundo informações do Diretório Central Estudantil (DCE) da instituição, na hora do ataque, o rapaz, da comunidade acadêmica, utilizava um boné do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O Mapa da Violência (http://mapadaviolencia.org/) tem compartilhado denúncias de violência que sofreram ou presenciaram durante as eleições. Embora parte significativa das vítimas pertença a minorias sociais, no site há relatos que fogem a esse perfil, como a história contada por um homem de 38 anos, que se autodeclara branco e heterossexual. Ele alega ter sofrido uma possível intimidação, devido à sua posição política.

De acordo com o Mapa da Violência, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou mais de 120 agressões a jornalistas em contexto político partidário e eleitoral este ano. Foram 59 atentados físicos e 64 ocorrências de assédio digital.

Nações Unidas

No sábado passado (13), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (Acnudh) também emitiu nota condenando as agressões praticadas no Brasil durante as eleições deste ano. A porta-voz do escritório, Ravina Shamdasani, fez, ainda, um apelo aos líderes políticos, pedindo que se mobilizem para refrear as ocorrências.

"Nós condenamos quaisquer atos de violência e pedimos uma investigação imediata, imparcial e efetiva desses acontecimentos. O discurso violento e inflamado presente nessas eleições, sobretudo contra LGBTI, mulheres, afrodescendentes e aqueles com diferentes visões políticas, é profundamente preocupante, particularmente em razão dos relatos de violência cometida contra esses indivíduos", diz a representante no informe.

 

A situação das Funases em Pernambuco foi levada a uma audiência pública, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, nesta sexta-feira (25). Na sequências, representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Conselho Nacional de Defesa da Criança e do Adolescente (Conanda) apresentaram o resultado das discussões - principalmente após a vistoria da unidade em Caruaru - em coletiva de imprensa no Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop). 

“Essa é uma realidade já denunciada pela sociedade civil, Ministério Público e entidades. Esses adolescentes estão desde a rebelião sem banho de sol, confinados em menor quantidade de alojamentos, porque alguns deles foram destruídos”, detalhou Everaldo Patriota, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Conanda. Ele ainda denuncia que há cerca de sete reeducandos em um mesmo alojamento, não há colchão suficiente para todos e as aulas e oficinas não têm sido realizadas. “Estão 24 horas em celas que deveriam conter somente dois, sem qualquer atividade”. 

##RECOMENDA##

Cenário encontrado em Caruaru

A equipe critica que a gestão tem feito uma "maquiagem" dentro da Funase de Caruaru. “A unidade foi limpa em uma quinta-feira, o que não é usual. O espaço também foi pintado, mas a limpeza não foi total”, apontou Patriota. Ele aponta que foram encontrados lugares sem nenhum padrão de higiene, mas “90% da unidade estava arrumada. Inclusive, todos os professores estavam lá, mas não está havendo aula”. 

De acordo com Victor Cavalcante, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) no Conanda, as unidades de internação contam com a Lei do Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase) 2594/2012, que estabelece um tipo arquitetônico para essas casas. É determinado um quarto para cada dois adolescentes, a existência de salas de aula, espaços de atendimento médico, lazer e oficinas.

“Já em Caruaru não há nada disso, ela foge completamente de toda a determinação. Inclusive a norma diz que ela tem que ter o mínimo de caráter prisional e não foi isso que encontramos”. A equipe ainda apontou para o número de equipe técnica - abaixo do esperado - e a falta de divisão entre idades e atos infracionais praticados. “Ficam todos juntos no mesmo alojamento. Não há qualquer distinção”. 

Outro ponto apresentado foi a ocorrência de “chaveiros”. Esses reeducandos determinam quem deve ser direcionado ou não àquela unidade. O presidente ainda aponta para a possibilidade do acionamento de medidas. “Por fugir dos parâmetros, o Ministério Público pode ser acionado para o fechamento da unidade ou audiências concentradas para a redução de internações. Ver os atos infracionais, se são de maior ou menor potencial ofensivo e determinar progressão de pena”.

Próximos passos

No próximo dia 5 de dezembro haverá uma reunião com os colegiados, a fim de fecharem um relatório com as medidas necessárias para melhorar o sistema das Funases. O material final deverá ser apresentado ao governo. Outras unidades também serão visitadas no intuito de serem observadas as irregularidades, mas o grupo não divulgou quais seriam as próximas.   

Números de mortes nas Funases

A estatística de mortes registradas nas Funases é considerada alarmante para as entidades, tanto que um comparativo com a tragédia do Carandiru foi feita por Everaldo Patriota. “Lá eram sete mil detentos e foram 132 mortos. É um fato que nunca mais sairá da história da humanidade. É muito triste para o estado de Pernambuco ter 40 mortos num período de cinco anos, considerando que toda a população internada não chega a 1.500 pessoas”, explicou.

Deila Cavalcante, coordenadora executiva do Gajop, apontou que a entidade - em vista dos números de homicídios - recorrerá a instâncias internacionais “porque todos os órgãos brasileiros que poderiam ser acionados já foram procurados”.

Representantes do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e Conselho Nacional de Defesa da Criança e do Adolescente (CONANDA) vão visitar unidades da Fundação de Atendimento Socioeducativo (Funase) nestas quinta (24) e sexta-feira (25). Na quinta (24) eles vão visitar a unidade de Caruaru, no Agreste. 

A presença dos conselhos no Estado atende a uma solicitação do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop), que enviou denúncias sobre mortes, violação de direitos humanos e falta de estrutura nas unidades. No mês de outubro, 11 adolescentes que cumpriam medidas socioeducativas morreram, sendo sete deles na unidade da Funase de Caruaru e quatro na de Timbaúba, na Mata Norte de Pernambuco.

##RECOMENDA##

A unidade da Funase que será visitada na sexta-feira (25) ainda não foi divulgada. A missão conta também com integrantes do Conselho Estadual de Direitos Humanos (CEDH-PE), do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente (CEDCA-PE), do Comitê Estadual de Prevenção e Combate à Tortura (CPCT-PE) e da Comissão de Cidadania, Direitos Humanos e Participação Popular da Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe). 

Os motins resultaram no afastamento das funções do presidente da Funase, Moacir Carneiro Leão. Ele foi substituído pelo advogado Roberto Franca, que deve apresentar um projeto de reformulação do sistema. 

No início de outubro, após uma visita à Funase de Caruaru, o Gajop havia enviado um relatório informando sobre um risco iminente de rebelião na unidade. No dia 30 do mesmo mês, um motim causou a morte de sete internos.

A missão de visita à Funase começa ainda nesta manhã, com uma reunião com a Rede de Atenção à Criança e ao Adolescente. Também está prevista uma reunião com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE). Na sexta, será realizada uma audiência pública na Alepe e uma coletiva de imprensa. 

O Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH) anunciou nesta quinta-feira que vai protocolar uma representação junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). A ação do órgão vinculado à Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República foi motivada pelo discurso de Bolsonaro na última terça-feira, 9, quando ele disse que não estupraria a deputada Maria do Rosário (PT-RS) porque ela "não merece". Assim como PT, PCdoB, PSOL e PSB, a CNDH decidiu que também protocolará representação no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados pedindo a cassação de Bolsonaro.

Hoje, o deputado foi hostilizado por participantes de uma reunião no Congresso para avaliar o relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV). Ele minimizou as representações que o acusam de quebra de decoro parlamentar. "É um direito deles representar. Eu já respondi a mais de 30 processos de cassação nesta Casa", respondeu.

##RECOMENDA##

CV

Bolsonaro anunciou a apresentação de um projeto de lei criando a Comissão da Verdade (CV). Segundo ele, os trabalhos da CNV foram parciais, "revanchistas e caluniosos" e seu objetivo seria "apurar muitos crimes cometidos pela esquerda contra agentes do Estado" durante a ditadura militar. O prazo para apresentação do relatório final seria 10 de dezembro de 2017.

O deputado propõe que os mesmos integrantes da CNV participem do novo colegiado e que investiguem, além de casos do período, a morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, em janeiro de 2002. Nos fatos listados no projeto, Bolsonaro propõe que a "CV" apure em que condições o ex-deputado José Dirceu fez cirurgia plástica em Cuba durante o exílio e como o Comitê de Segurança do Estado da antiga União Soviética (KGB) forneceu carteira de identidade e salário ao jornalista Ancelmo Gois.

"Nosso projeto visa conceder a oportunidade à mesma Comissão Nacional da Verdade (CNV) de preencher a lacuna em seu relatório, que omitiu os fatos de guerrilheiros e terroristas, treinados e financiados por países que nunca admitiram liberdade em seu solo, esclarecer e dar publicidade, com o mesmo destaque, à participação de cada um em atos de sequestros, atentados a bomba, estupros, torturas, execuções de militares e civis na busca da implantação da ditadura do proletariado", diz a justificativa do projeto.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando