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Em Avaré, a queda no nível da Represa de Jurumirim afetou "de forma substancial" as atividades turísticas, segundo o secretário de Turismo, Fernando Alonso. Quatro grandes hotéis que têm marinas registraram desistências de reservas em razão do recuo das águas.

"Com a baixa, além de bancos de areia, emergiram restos de árvores que estavam submersos, dificultando a navegação." Ele contou que um hotel investiu na compra de um grande catamarã, mas ainda não conseguiu colocar o barco no lago.

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Na semana passada, o nível da represa estava em apenas 18% da capacidade, segundo medição da empresa Duke Energy, que opera a hidrelétrica. A falta de água fez desaparecer a prainha do Camping Municipal, que atraía milhares de turistas. "A água se distanciou da faixa de areia e está no meio do lodo", relatou o secretário. A situação só não é pior, segundo ele, porque o reservatório é muito grande - quatro vezes maior que a Baía de Guanabara. "Nossa esperança é que chova para recuperar o lago, mas é preciso de muita chuva mesmo."

Na Represa de Itupararanga, que se estende entre Votorantim e Ibiúna, a situação é semelhante. Com o recuo das águas, as rampas de acesso às marinas se tornaram inoperantes e o aluguel de barcos despencou. De acordo com Paulo Santos, dono de uma escola náutica, pedras enormes que estavam 3 metros abaixo da superfície da água agora afloraram e exigem muito cuidado dos barqueiros. No dia 2, um barco virou depois de colidir com uma rocha, mas os três ocupantes se salvaram.

Em Joanópolis, a Represa Jaguari-Jacareí, que faz parte do Sistema Cantareira, praticamente secou e os hotéis e pousadas localizados à beira d’água acumulam prejuízos. O hoteleiro Paulo Bonandi, dono da Pousada Monteleone, havia investido em uma bem aparelhada marina e, de uma hora para outra, viu toda a água ir embora.

"Estava com 38 lanchas na marina e não restou uma", disse. Os passeios de barco, maior diferencial da pousada, tiveram de ser suspensos. O restaurante, construído para atender a náutica, ficou vazio e ele dispensou 22 dos 35 funcionários. "Depois de 20 anos tomando conta da pousada, estou tirando umas férias forçadas." Ele acredita que a recuperação da represa só ocorrerá em 2016. "Ainda assim se chover muito." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A longa estiagem já matou 1.100 cabeças de gado e praticamente inviabilizou a pesca artesanal no município de São Fidélis (norte fluminense), um dos mais afetados pela seca que atinge o Estado do Rio.

Com economia dependente da pecuária (eram 84 mil cabeças antes da estiagem), a população de São Fidélis acompanha atônita a transformação da paisagem na zona rural. O Riacho São Benedito, que abastece os açudes das fazendas de gado antes de desembocar no Rio Paraíba do Sul, está seco.

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"Esses açudes vazios são o retrato da nossa situação. Parece que estamos em um deserto. Nasci em São Fidélis e nunca tinha visto isso. É terrível", disse o secretário municipal de Desenvolvimento Agropecuário e Pesca, Gilberto França. "Não tem mais o que o animal comer. Ele morre de desidratação. Deita e não levanta mais. Só a chuva pode resolver a nossa situação." Segundo França, a produção de leite, que havia chegado a 313 mil litros em setembro de 2013, caiu 80%.

Caminhões da prefeitura levam cana-de-açúcar comprada no município vizinho de Campos para alimentar o gado nas fazendas. Enquanto isso, retroescavadeiras cavam covas para enterrar os animais que não resistem à seca.

São Fidelis tem população relativamente pequena (38 mil habitantes), mas é um dos cinco maiores municípios do Estado. Faz divisa com seis cidades. Em 30 de setembro, o prefeito Luiz Carlos Fernandes Fratani (PMDB) assinou decreto que solicitava o reconhecimento de Situação de Emergência no município.

O governo federal informou que o processo havia chegado incompleto. Foi reencaminhado em 29 de outubro pela prefeitura. Deverá ser analisado até o próximo fim de semana.

Com o reconhecimento federal, o município receberá ajuda para comprar equipamentos, entre outros benefícios. No decreto de calamidade, o prefeito admite que o desastre superou sua capacidade de gestão. O valor necessário para a execução das ações de emergência está estimado em R$ 3 milhões no ofício encaminhado à Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. O orçamento anual de São Fidélis é de R$ 68 milhões.

O superintendente da Defesa Civil Municipal, Cláudio Luiz de Almeida, disse que não foi necessário racionar água para a população, apesar da baixa do nível do Paraíba do Sul, mas a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) precisou aumentar a tubulação que faz a captação do rio. Já a pesca tornou-se "impossível", segundo o presidente da Colônia de Pescadores Z-21, Sirley de Souza Ornelas.

"Cerca de 200 famílias sobrevivem da pesca. Hoje essas famílias estão sofrendo com uma seca jamais vista. Até mesmo os mais antigos pescadores nunca contemplaram um volume de água tão baixo no Paraíba do Sul, tornando praticamente impossível a atividade pesqueira", diz Ornelas.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Após as chuvas que atingiram São Paulo, o nível de água do Sistema Cantareira se manteve estável pela primeira vez desde que a segunda cota do volume morto foi incorporada. Segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que monitora a situação dos mananciais responsáveis por abastecer a Grande São Paulo, a represa manteve 11,9% da capacidade total nesta terça-feira (4).

Desde que a situação dos mananciais foi divulgada pela última vez, na segunda, o volume de chuva na região foi de 15,7 milímetros, bem acima da média diária dos últimos meses. Enquanto em outubro choveu 42,5 milímetros, nos primeiros quatro dias de novembro o volume acumulado já é de 39,4 milímetros, o que representa 93% do mês anterior.

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Antes de a segunda cota do volume morto entrar no cálculo da Sabesp, há duas semanas, o nível do Cantareira estava em apenas 3%, o mais baixo já registrado. Após a adição de 105 bilhões de litros da reserva técnica, o volume útil de água subiu para 13,6%.

Desde então, o Sistema Cantareira registrava sucessivas quedas de 0,2 ponto porcentual por dia - com exceção do último domingo, em que o nível de água caiu 0.1 ponto porcentual.

O Ministério Público Federal (MPF) questiona na Justiça a resolução de ontem da Agência Nacional de Águas (ANA) que prorrogou até 30 de novembro a redução da vazão na bacia do rio Paraíba do Sul. O procurador da República Eduardo Santos de Oliveira pede a anulação da medida. Segundo ele, a redução agrava a situação de municípios do norte e noroeste fluminense afetados pela estiagem. A ação civil pública, entretanto, ainda não foi julgada pelo Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região.

"A decisão da ANA é mais uma demonstração de que a crise existe e é grave. A diminuição da vazão pode não ser o único fator, mas estamos convencidos de que contribui para agravar a situação no norte e noroeste fluminense", disse Santos. Segundo ele, a situação é "drástica" em São Fidélis, São Francisco de Itabapoana e São João da Barra, onde o rio deságua no mar, com consequências principalmente na agricultura e na pecuária. Em São Fidélis, mais de mil cabeças de gado morreram desde o início do mês. O MPF lançou uma campanha pelo "uso comedido da água, evitando-se escassez, conflitos e racionamentos".

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Na quinta-feira, foi publicada no Diário Oficial da União a Resolução nº 1.603/2014 da ANA, que prorroga a redução temporária da vazão mínima afluente à barragem de Santa Cecília, em Barra do Piraí (RJ). O documento mantém a redução da vazão mínima de 190 metros cúbicos por segundo para 160 metros cúbicos por segundo, que vem sendo adotada desde o início de setembro. O objetivo da medida é preservar os estoques de água disponíveis no reservatório da bacia do Paraíba do Sul, que é composto pelos barramentos de Paraibuna, Santa Branca, Jaguari e Funil.

O professor de Hidrologia da Coppe/UFRJ Paulo Carneiro, que coordenou o Plano Estadual de Recursos Hídricos, disse que a decisão da ANA era esperada. Segundo ele, trata-se de uma medida preventiva para que não seja necessário um racionamento. "Era previsível que fizessem isso, enquanto não chover de forma que os reservatórios sejam recuperados. Estão agindo tecnicamente para que não ocorra o pior. Penaliza alguns, mas não há o que fazer. Se as previsões de chuva não se confirmarem, a situação tende a se agravar."

A secretaria estadual do Ambiente voltou a negar que haja "risco de desabastecimento nos próximos meses". Em nota, afirmou desconhecer "qualquer estudo ou análise técnica que embasem propostas de decreto de calamidade pública para o abastecimento de água, em razão da estiagem que vem afetando a região sudeste desde o último verão". A bacia do rio Paraíba do Sul abrange 184 municípios, sendo 88 em Minas Gerais, 57 no Rio e 39 em São Paulo. O Paraíba do Sul resulta da confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, que nascem em São Paulo. O curso d'água percorre 1.150km, passando por Minas, até desaguar no oceano em São João da Barra.

Em meio à maior crise hídrica da história do Estado de São Paulo, Campinas será a primeira grande cidade do País a usar água tratada de esgoto para consumo humano. A medida foi anunciada nesta quinta-feira (30) pela prefeitura e pela Sanasa, empresa responsável pelo fornecimento de água para a cidade de 1,1 milhão de habitantes, e deve atingir 7% da população.

A água produzida a partir de esgoto tratado é de qualidade, mas não é potável. Atualmente, o produto é usado apenas em jardins e para lavar praças da cidade. No entanto, a construção de um sistema adutor estimado em R$ 12 milhões, em parceria com o Aeroporto Internacional de Viracopos, que já consome água de reúso para limpeza e outros serviços, vai permitir o consumo humano. A obra será concluída em um ano e meio.

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O novo sistema adutor, com 19 quilômetros de extensão, levará a água da Estação Produtora de Água de Reúso (EPAR) para a área de captação do Rio Capivari. Esse volume poderá elevar em até 290 litros por segundo a vazão do rio e incrementar em até 600 litros por segundo a capacidade de fornecimento do Rio Atibaia. Os dois rios integram a Bacia do Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ) e são abastecidos pelo Sistema Cantareira, que no interior atende 5,5 milhões de pessoas.

"Esta medida traz dois ganhos: eliminação de odor e aumento da oferta de água na captação do Rio Atibaia, por meio da recarga do manancial com água de altíssima qualidade, com 99% de pureza, resultante da operação da EPAR", diz o prefeito Jonas Donizette (PSB).

A água de reúso será adicionada ao volume do rio e passará por um novo tratamento, o que permitirá o fornecimento à população. "Os técnicos disseram que a água de reúso, que sai da estação de tratamento de esgoto, é mais limpa que a água do Rio Capivari", assegura o secretário de Comunicação de Campinas, Luiz Guilherme Fabrini.

Mais medidas

A Sanasa informou que troca 123 quilômetros de rede por ano, mas pretende chegar a 140 km. De acordo com a empresa municipal, a cidade é que tem o menor índice de perdas no País - 19,2%. Entre outras ações anunciadas, está a criação de um programa de pagamento por serviços ambientais que prevê incentivos fiscais para pequenos proprietários, como a manutenção de mata ciliar. Além disso, a prefeitura vai tornar mais rigorosa a lei contra o desperdício de água.

O mês de outubro, que se encerra nesta sexta-feira (31) e marca o início do período chuvoso, foi o mais seco em 84 anos do Sistema Cantareira, batendo o recorde de julho deste ano. Desde 1930, os rios que alimentam os reservatórios não registravam uma vazão tão baixa, de 4 mil litros por segundo, apenas 14,8% da média histórica mensal - que passou a ser registrada naquela década.

Entraram nos reservatórios somente 10,7 bilhões de litros em outubro, quando a média é de 72,5 bilhões. Em contrapartida, 60,5 bilhões de litros deixaram as represas neste mês para abastecer 6,5 milhões de pessoas na Grande São Paulo que ainda dependem do Cantareira e mais 5,5 milhões na região de Campinas, no interior paulista. Isso significa que o déficit de água alcançou 49,8 bilhões de litros, ou 5% da capacidade do sistema.

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O agravamento da seca no Cantareira em outubro frustrou a expectativa dos órgãos reguladores do manancial e da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e antecipou o fim da primeira cota do volume morto. No início, os 182,5 bilhões de litros da reserva profunda das represas captados desde maio não seriam usados integralmente. Depois, projetou-se que durariam até 21 de novembro, passando ao dia 15 do próximo mês na última simulação. Agora, a previsão é de que se esgote em uma semana.

A Sabesp usará uma segunda reserva, de 105 bilhões de litros, para manter o abastecimento na Grande São Paulo até março de 2015 sem precisar decretar racionamento oficial. As regras de uso ainda estão sendo discutidas pelos órgãos reguladores dos governos federal e paulista, embora a Sabesp já esteja captando água do segundo volume da Represa Atibainha, um dos reservatórios do Cantareira, na cidade de Nazaré Paulista.

Estimativa

Para o engenheiro e professor de Hidrologia José Roberto Kachel, membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, o balanço de outubro põe em xeque as projeções usadas pela Sabesp em seu plano de contingência. "É desejável que o planejamento de operação do Cantareira use as previsões mais conservadoras. Mas o que temos visto é que as vazões de outubro são 3,8 vezes menores do que as usadas no pior cenário do estudo apresentado pela Sabesp", disse.

No plano da empresa, o cenário mais pessimista apontava que chegariam ao Cantareira 41,3 bilhões de litros, volume igual ao da seca de 1953, a pior da história até então, mas 285% superior ao que realmente chegou às represas. Para Kachel, se mantido o cenário atual, o segundo volume morto acaba no início de março.

A Sabesp acredita que a volta das chuvas prevista para novembro, aliada às ações de contingência, podem elevar o nível do Cantareira para cerca de 40% da capacidade em abril. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise hídrica tem comprometido o atendimento às crianças em creches da cidade de São Paulo. Diretores de Centros de Educação Infantil (CEI) relatam que tiveram de dispensar os alunos, comprar galões de água e até contratar caminhões-pipa para suprir a falta de abastecimento nas últimas semanas.

Na rede municipal, pelo menos 14 creches relataram algum tipo de problema relacionado à falta de água, segundo levantamento do jornal O Estado de S. Paulo. Os problemas vão de falta de fornecimento por um dia até a necessidade de cancelar os banhos. É o que acontece desde julho no CEI Espaço Criança, em Santana, zona norte. Após acordo com os pais, foi decidido que as 136 crianças passariam a não tomar banho diário na creche, a não ser por motivos relacionados à saúde. Outras medidas foram tomadas, como uso de álcool gel e compra de galões para possíveis emergências.

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Os alunos do CEI Reino da Criança II, no Parque São Lucas, na zona leste, também já chegam de banho tomado. A diretora da creche, Lúcia Ferreira, informou que, na metade de outubro, algumas crianças tiveram de ser dispensadas. "Os alunos que podem ficam em casa, mas também não tem água na casa deles."

De acordo com a diretora, por causa dessa situação, alguns pais chegaram a ameaçá-la. Outros, no entanto, se ofereceram para comprar mais uma caixa d’água, apesar de a água disponível não ser suficiente para enchê-la.

Particular

O Berçário Vila do Saber é uma creche particular que, há cerca de um mês, também enfrenta dificuldades. Localizada em Moema, na zona sul, a unidade cuida de 35 bebês de 4 meses a 2 anos. A diretora da escola, Aglair Fraga, explica que as necessidades mais urgentes - como o preparo de alimentos e a limpeza dos bebês - são supridas com a reserva da caixa d’água, durante os períodos de cortes.

Contudo, uma das medidas necessárias foi diminuir a quantidade de banhos dos bebês de dois para um por dia. A diretora chegou a entrar em contato com a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), que alegou que a falta de água ocorre por causa da reestruturação da rede na região.

Caminhões-pipa

As escolas têm se esforçado para garantir o atendimento dos alunos. As 484 crianças matriculadas no CEI Vila Medeiros, na zona norte, ainda não deixaram de ser recebidas pela creche. Mas foi necessária a contratação particular de dez caminhões-pipa desde fevereiro, quando começaram os primeiros problemas, ao custo de R$ 450.

Em nota, a Sabesp informou que técnicos da empresa estiveram ontem nos locais indicados pela reportagem e registraram índices de abastecimento acima do mínimo estabelecido pela norma padrão, que é de 10 mca (metros por coluna de água). "Portanto, as escolas estão sendo abastecidas", afirmou a companhia.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O volume de água armazenado no sistema Cantareira apresentou nova queda neste sábado (25), de 13,6% para 13,4% da capacidade total dos reservatórios, segundo dados da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). O índice já inclui a segunda reserva técnica, o chamado "volume morto", que começou a ser contabilizado pela Sabesp nessa sexta-feira (24). Antes da adição da reserva, o nível do sistema estava em apenas 3%, o mais baixo da história.

Em nota divulgada ontem, a Sabesp afirmou, porém, que o volume adicional ainda não está sendo bombeado. Isso porque a Companhia ainda conta com 28 bilhões de litros da primeira parte da reserva técnica. Na semana passada, a Agência Nacional de Águas (ANA) informou que concordou com o pedido da companhia para utilizar a segunda cota do volume morto, por avaliar que a medida "se demonstra necessária em função da severa estiagem que levou à redução acentuada das vazões afluentes ao Sistema Equivalente neste ano".

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O site de monitoramento da Sabesp indica uma pluviometria de 5,3 milímetros (mm) sobre a região do sistema neste sábado. Ainda assim, no acumulado de outubro, o volume de chuvas sobre os reservatórios soma 30,5 mm, menos de 25% da média histórica para todo o mês.

Outros mananciais que abastecem a Grande São Paulo também apresentam uma situação crítica. Neste sábado, o nível do Alto Tietê também caiu, de 8% para 7,8%. Desde o início deste ano, o manancial é utilizado para abastecer regiões antes atendidas pelo Cantareira. Ainda segundo o site da Companhia, não há previsão de chuvas para hoje sobre este sistema. Em outubro, a pluviometria acumulado sobre o Alto Tietê é de 18,8% mm, apenas 16% da média histórica para todo o mês.

O agravamento da crise hídrica em São Paulo foi um dos temas abordados no último debate entre os dois candidatos à Presidência, promovido na noite de ontem pela TV Globo. A candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) questionou o adversário Aécio Neves (PSDB) sobre a falta de planejamento da gestão do tucano Geraldo Alckmin. Aécio respondeu, como em outras vezes, argumentando que a crise de abastecimento no Estado é culpa da falta de planejamento e parceria do Governo Federal.

A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou uma carta de retratação ao governo paulista em que desautorizou as críticas à gestão estadual pela falta de água, segundo informou nesta sexta-feira (24), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).

"A ONU já se retratou", explicou o governador, após ser questionado por jornalistas se esperava uma retratação formal da organização após o governo enviar ofício de contestação. "Ela mandou um documento informando que a vinda daquela senhora aqui não representava a ONU. A última missão oficial para o meio ambiente aqui foi em 2013", disse.

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"Não tem problema nenhum em falar. Só não pode falar mentiras. Falaram, por exemplo, que o índice de perda de água da Sabesp estava em 40%, mas são 20%. Ninguém se reuniu com o governo nem com a Sabesp para ouvir", reclamou o governador.

Em agosto, a relatora da ONU para o direito à água, a portuguesa Catarina Albuquerque, acusou o governo de não estar cumprindo seu dever de garantir o acesso à água à totalidade da população. Ela considerou que a falta d'água em São Paulo não era culpa apenas da falta de chuvas. Embora tenha considerado que a gravidade da seca seja um fator importante, indicou que a falta de planejamento e investimentos também contribuíram para a dificuldade de abastecimento.

A tradicional lavagem das instalações do Mercado Municipal de São Paulo, na região central, que seria realizada na próxima segunda-feira, foi cancelada. A superlimpeza, como foi batizada, acontecia a cada quatro meses e será substituída por um trabalho de higienização individual dos boxes, que será feito diariamente, com uso reduzido de água.

Segundo a administradora do Mercadão, Aparecida Dolores Veronesi, o trabalho era realizado com a unidade fechada. Com o novo modelo, não será necessário interromper o funcionamento para que o serviço seja feito. "A novidade é que estamos dando orientações para que as limpezas sejam mais econômicas, que reutilizem água quando possível."

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Aparecida diz que a necessidade de fechar o local para a realização da faxina também influenciou, tendo em vista a proximidade do segundo turno das eleições e do feriado de Finados. "Não estamos querendo provocar pânico." O Mercadão, segundo Aparecida, tem caixas d’água, um poço artesiano e ainda tem parte do abastecimento feito por caminhões-pipa.

A medida foi aprovada por comerciantes. "É mais um dia para lucrar. O pessoal exagerava, achava que jogar muita água limpava mais", diz o sócio do Bar do Mané, William Loureiro, de 27 anos. Gerente da Dona Diva Doces, Marli dos Santos, de 41 anos, concorda com o novo modelo, mas demonstrou preocupação. "Aqui tem muita poeira. Com o mercado fechado, limpava tudo de uma vez, mas temos consciência de que não tem água." Já Rogério Farkuh, de 55 anos, que é dono da Pastelaria da Gigia, acredita que será mais fácil higienizar o local. "Em vez de fazer em um dia só, vai repartir o trabalho. Não vai sobrecarregar ninguém."

No Mercado Municipal da Vila Formosa, na zona leste, além da economia de água, a administração pretende elaborar um projeto para a construção de um poço artesiano na unidade. "Vamos enviar um projeto para a Prefeitura, ainda neste ano, para a construção de um poço artesiano e de uma cisterna", afirma Rogério Gomes, administrador do mercado.

Supermercados

Redes de supermercado têm relatado alta na venda de água mineral em meio ao clima quente e temores sobre risco de desabastecimento em São Paulo. Apesar da forte demanda, a indústria reporta que não tem havido mudança no processo de produção e descarta o risco de faltar produto.

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou que as lojas das bandeiras Extra e Pão de Açúcar registraram 37% de crescimento das vendas de água mineral na primeira quinzena de outubro na comparação com igual período do ano passado. Os destaques em vendas, segundo a empresa, estão sendo embalagens familiares - 5, 6 e 10 litros - e pacotes promocionais. A companhia ainda declarou que não tem havido problemas de estoque. "A seção de água mineral de ambas as redes continua sendo abastecida regularmente pelos oito fornecedores que o GPA mantém nacionalmente e a companhia mantém estoque do produto adequado para as expectativas de consumo", disse a empresa, em nota.

Já o Walmart informou que apurou crescimento de 50% em unidades vendidas de água mineral de janeiro a setembro, na comparação com o mesmo período do ano anterior. A alta é considerada expressiva porque água não é um produto que costuma ter fortes variações de demanda. A companhia também chama a atenção para o fato de que cresceu a procura por embalagens grandes, de 5 litros ou 10 litros. Em anos anteriores, a maior parte das compras era de embalagens de 1,5 litro.

Apesar do crescimento da procura no varejo, a Associação Brasileira de Indústria de Água Mineral (Abinam) afirma que os fabricantes ainda não sentiram impacto que altere o ritmo de produção. A entidade descarta o risco de falta de produto para abastecer o varejo. Na avaliação da Abinam, a eventual ausência de algumas marcas nas gôndolas indica apenas que alguns pontos de venda podem ter tido dificuldade para gerir estoques.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Os frequentadores da piscina do Sesc Belenzinho, na zona leste de São Paulo, não têm mais seis duchas para tomar banho e tirar o cloro da água do corpo. Com a crise hídrica, quatro equipamentos foram retirados e, no lugar, foram colocados avisos para informar sobre a necessidade de economizar água.

A retirada aconteceu há um mês. Outra medida da instituição foi a diminuição da pressão nas torneiras e do tempo de liberação de água, que caiu de 30 para 15 segundos.

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A autônoma Ana Cibele Assis Mendes, de 31 anos, foi com a filha Ana Júlia, de 9, à piscina do local para se refrescar ontem. Na hora de usar a ducha, ela foi rápida e só acionou o dispositivo para liberar a água do chuveiro uma vez. "A gente tem de participar. Ou participa ou fica sem água. Não precisa demorar. É só tirar o cloro e acabou", disse.

A iniciativa foi aprovada pelo produtor Gerlan Vieira Dantas, de 37 anos. "Para o momento que estamos vivendo, é válido." Dantas mora na Freguesia do Ó, na zona norte, e já está adotando medidas para economizar água. "À noite, a gente faz xixi e não dá descarga. Deixa para dar de manhã. Também estamos aproveitando a água do banho da minha filha para dar descarga", contou o produtor, que é casado e pai de uma menina de 1 ano e 5 meses.

Conscientização

Embora não tenha se deparado com as torneiras secas, a editora de vídeo Sibila Gomes, de 27 anos, está preocupada com a crise. Ela mora na Liberdade, na região central de São Paulo, e concorda com o trabalho de conscientização, mas acredita que as ações deveriam ter começado antes. "A situação está crítica como nunca vi antes, mas não deveria precisar chegar a esse ponto. Deveria ser uma consciência do dia a dia", afirmou.

Diretor regional do Sesc São Paulo, Danilo Santos de Miranda disse que a redução do consumo de água faz parte das ações da instituição. "O Sesc São Paulo tem programa permanente de uso racional de água e energia, tendo sempre a perspectiva do caráter educativo."

Ele disse que a diminuição dos temporizadores das duchas foi adotada em agosto. "As piscinas continuam funcionando normalmente, exceto as unidades de Itaquera (na zona leste) e Interlagos (na zona sul), que estão em manutenção." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O vereador Andrea Matarazzo (PSDB) vai responder a um processo interno na Corregedoria da Câmara Municipal por ter ofendido a Casa e o vereador José Police Neto (PSD). A decisão foi tomada após a revelação da existência de um vídeo no qual o tucano diz que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para investigar a Sabesp é só um "teatro", sem a menor consequência.

Na conversa com a presidente da Companhia de Saneamento Básico de São Paulo, Dilma Pena, em reunião realizada pela CPI no dia 8, Matarazzo ainda classifica Police Neto como "vagabundo" e Dilma o chama de "sem-vergonha".

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Divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, a conversa ocorreu no dia 8, antes de Dilma iniciar seu depoimento aos integrantes da CPI, e foi captada pelos microfones oficiais da Câmara.

As declarações do tucano paralisaram a sessão plenária desta quarta-feira, 15. Police Neto informou na tribuna que vai processar Matarazzo nas esferas cível e criminal. Já o tucano se mostrou constrangido e pediu desculpas. Em nota, ele ainda reclamou do vazamento, "sabe-se lá com que objetivo", de uma conversa privada.

Convidada a participar da reunião realizada ontem pela CPI da Sabesp, Dilma Pena também se desculpou. "A conversa que tive, particular e fora do período institucional dessa casa, com o amigo de longa data, me constrange profundamente. Foi um comentário infeliz", disse. Segundo ela, não houve intenção de "macular a Casa nem a pessoa citada".

O presidente José Américo (PT) ficou de entregar hoje um relatório técnico que explique como as imagens e o áudio foram repassados à imprensa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Uma vistoria feita por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) constatou que a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) descumpriu uma decisão da Justiça Federal e "invadiu" a segunda cota do volume morto do Sistema Cantareira na Represa Atibainha, em Nazaré Paulista, cujo uso não foi autorizado pelos órgãos reguladores do manancial.

Segundo um ofício enviado ontem pelo presidente da ANA, Vicente Andreu, ao Departamento de Águas e Energia Elétrica de São Paulo (DAEE), órgão paulista responsável por fiscalizar a Sabesp, uma inspeção feita às 17 horas de terça-feira na Atibainha registrou que o nível de água no reservatório já estava na cota 776,62 metros, ou seja, "38 centímetros abaixo da cota limite autorizada" para captar o primeiro volume morto, que era até 777,00 metros.

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No documento, a ANA anexa fotos das réguas de medição do nível da represa e afirma que a prática configura "descumprimento da resolução conjunta" com o DAEE do dia 7 de julho deste ano, que liberou o uso da primeira parcela do volume morto da Represa Atibainha, entre as cotas 781,88 metros e 777, que correspondem a 78 bilhões de litros. Abaixo desse limite já é considerado o segundo volume morto, de 26 bilhões de litros, cujo pedido de utilização foi feito pela Sabesp, mas ainda não foi autorizado pela ANA.

O documento federal destaca ainda que a decisão liminar proferida no dia 9 de outubro pelo juiz Miguel Florestano Neto, da 3.ª Vara Federal em Piracicaba, determinou "a impossibilidade de captação de águas do Volume Morto II dos Reservatórios Jaguari/Jacareí e Atibainha, abaixo da cota 815 metros e 777 metros, respectivamente".

Na liminar, o juiz abre a possibilidade de retirada de água dessa segunda reserva apenas "se os estudos técnicos apontarem para a impossibilidade do cumprimento" da medida, "mas a liberação de tal utilização deverá se dar da forma mais parcimoniosa possível". O magistrado determinou ainda que "os agentes ou empregados públicos que descumprirem quaisquer das ordens respondam por desobediência e prevaricação".

Zerada

Oficialmente, a Sabesp divulga em seus boletins que o nível da Represa Atibainha atingiu a cota 777,00 apenas ontem, ou seja, zerando a primeira cota do volume morto desse reservatório, que começou a ser bombeada no dia 14 de agosto. Anteontem, segundo a companhia, o nível da represa estava na cota 777,02, ou seja, 2 centímetros acima do limite autorizado e 40 centímetros acima do constatado pela agência.

"Diante do exposto, e considerando que o reservatório Atibainha é um corpo hídrico de domínio do Estado de São Paulo, solicita-se que o DAEE, responsável pela fiscalização dos usuários neste reservatório, adote as providências cabíveis, em caráter de urgência, por causa da rigorosa estiagem que ocorre na região", diz Andreu.

Um dos autores da ação que resultou na liminar, o promotor Rodrigo Garcia, do Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente (Gaema) de Campinas, disse que vai solicitar uma cópia do resultado da vistoria à ANA e a data de intimação da Sabesp sobre a decisão ao juiz. "Se configurar que essa retirada ocorreu depois da intimação do processo, vamos pedir inquérito policial para apurar crime de desobediência", afirma.

Em nota, a Sabesp não nega que o nível da Represa Atibainha ficou abaixo da cota autorizada, mas afirma que "não está descumprindo nenhuma decisão judicial". Segundo a companhia, "há no Sistema Cantareira ainda 40 bilhões de litros da primeira reserva técnica (volume morto)".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Também tem faltado água na rede de transportes sobre trilhos da cidade de São Paulo. Na manhã desta quarta-feira (15), a reportagem do jornal O Estado de S. Paulo percorreu 11 estações do Metrô e apurou que ao menos no Brás - parada compartilhada com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) -, na região central da cidade, faltou água.

Uma placa colocada na frente dos sanitários masculino e feminino da estação, no piso térreo, perto da entrada pelo Largo da Concórdia, indicava que o funcionamento dos banheiros ocorria de forma "parcial", em decorrência de "falha na rede de distribuição".

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Um funcionário afirmou que o problema atingia principalmente o sanitário feminino, na porta do qual formava-se uma grande fila.

"É terrível essa situação. Uma estação tão grande assim ficar sem um banheiro disponível?", disse a auxiliar de limpeza Miriam Severina da Silva, de 51 anos. "Vou ter de procurar um banheiro na rua." Ela contou que na cidade onde mora, Guarulhos, na Grande São Paulo, já enfrenta falta d’água em casa há dias. "Depois das 13h, quase não chega nada, por isso a gente tem de armazenar em baldes."

Por meio de nota enviada ainda de manhã, o Metrô informou que "todos os sanitários públicos das estações metroviárias estão abertos e funcionando". A empresa, que, assim como a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), é gerenciada pelo governo do Estado, não comentou a situação da Estação Brás.

A reportagem do jornal O Estado de S. Paulo também esteve nos terminais rodoviários do Jabaquara, na zona sul, e do Tietê, na zona norte. O abastecimento de água nesses dois pontos era normal, de acordo com os funcionários.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Pelo menos um em cada quatro distritos da capital paulista já registra falta d’água. É o que mostra um levantamento feito pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta semana, com base em visitas e queixas da população. A reportagem constatou desabastecimento em parte de 24 dos 96 distritos de São Paulo.

O número de bairros com reclamações passa de 30 e alguns relataram desabastecimento pela primeira vez no ano. Morador da Cidade Dutra, na zona sul, o motoboy Mário Almeida, de 30 anos, foi surpreendido pelas torneiras secas terça-feira, 14. "Faltou umas 21h ou 22h e só voltou hoje às 10h. Agora, a água está bem fraca, não dá nem pressão no chuveiro."

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Procurada nesta quarta-feira, 15, a Companhia de Saneamento Básico do Estado (Sabesp) não respondeu às solicitações até as 21 horas. Na terça-feira, informou em nota que "as elevadas temperaturas dos últimos dias provocaram aumento do consumo que, associado às medidas operacionais (para a crise no Cantareira), prejudicou o abastecimento em alguns pontos altos e distantes".

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Moradores do bairro Jardim Santo Antônio, na periferia de Campinas, fizeram uma manifestação na terça-feira (13) para protestar contra a falta de água no município.

Eles fecharam uma avenida da região para reclamar dos cortes no abastecimento, que começaram na sexta-feira. Segundo a Sociedade de Abastecimento de Água e Saneamento (Sanasa), empresa responsável pela distribuição de água na cidade, a captação foi reduzida por causa da grande concentração de esgoto no Rio Atibaia.

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A empresa também informou que os bairros afetados estão sendo atendidos com caminhões-pipa. Ainda não há previsão de quando a situação poderá ser normalizada.

Anteontem, moradores de dois bairros fecharam a Rodovia Valdomiro Correia de Camargo (SP-79) e queimaram um ônibus em protesto contra a falta de água em Itu, na região de Sorocaba (SP). Cerca de 300 pessoas participaram da manifestação. Foi o quarto protesto contra o desabastecimento na cidade que, desde fevereiro, está sob racionamento drástico, em razão da estiagem.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A crise hídrica em São Paulo e a ameaça de desabastecimento de mais de 14 milhões de pessoas na capital e no interior do Estado é uma junção de problemas conjuntural e estrutural, na avaliação do doutor em planejamento urbano e professor da Universidade Federal da São Carlos (Ufscar) Marcelo Vargas. Segundo ele, o problema conjuntural foi a forte estiagem na Região Sudeste no início de 2014 e a consequente redução do nível do reservatório do Sistema Cantareira a partir de um período do verão que deveria ser marcado pelas chuvas constantes. "Não há dúvidas que o processo de aquecimento global e as mudanças climáticas trouxeram exemplos extremos como a estiagem deste ano, a pior para o Sistema Cantareira desde 1930", disse. "Mas a crise não é meramente conjuntural", ponderou Vargas.

Segundo ele, o problema estrutural começa com o fato de a Região Metropolitana de São Paulo, a primeira abastecida pelo Sistema Cantareira, ser uma metrópole "grande e mal localizada", onde quase 20 milhões de pessoas têm acesso a pouca água, o que leva a Sabesp - empresa responsável pelo abastecimento - a importar metade do líquido de outras regiões. O Sistema Cantareira abastece, além da Região Metropolitana de São Paulo, municípios da bacia dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ).

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O professor da Ufscar lembra que a primeira outorga do sistema à Sabesp, por 30 anos, foi em 1974 e que na renovação, em 2004, por mais 10 anos, a concessionária foi cobrada por um melhor planejamento e o governo estadual alertado que seriam necessários novos sistemas e diminuir a dependência de São Paulo do Cantareira. "Isso não foi feito, tanto que o único sistema produtor que ela (Sabesp) investe é o São Lourenço, buscando água no Vale do Ribeira. Esse aproveitamento está atrasado, pois deve ficar pronto em 2018, quando deveria ser entregue em 2016", disse.

Outra questão estrutural, segundo Vargas, é a falta de coordenação do uso da água para outros fins, como para a indústria, justamente em um sistema que abastece duas das maiores regiões industriais do Brasil: a de São Paulo e a de Campinas. "Além disso, estamos vivendo momento de conflito e, como temos um sistema federativo de governo, a união não pode impor uma decisão", afirmou.

Vargas comentou ainda o alerta do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), revelado pelo Broadcast, cobrando uma "mudança de paradigma no planejamento" da operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) para garantir que o sistema brasileiro volte a ter condições de suportar períodos de estiagem. "Há uma mudança mundial na maneira de pensar na gestão da água. O uso prioritário é o abastecimento urbano de pessoas, mas é preciso assegurar os usos múltiplos da água e garantir a produção de energia elétrica e navegação, por exemplo", concluiu.

A falta de entendimento entre prestadores de serviços de saneamento e municípios resulta em situações como em Santo André, no ABC paulista. Há sete anos, a cidade abastece a população com água da Sabesp sem ter um contrato, embora esse documento seja exigido pela Lei do Saneamento.

"Não houve acordo. A Sabesp nunca detalhou sua planilha de custos para nós. Os preços são abusivos e não há transparência", diz Sebastião Ney Vaz Júnior, presidente da empresa municipal de Santo André (Semasa). A prefeitura move ação contra a Sabesp e, segundo Vaz Júnior, o caso deve ir ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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A Sabesp cobra R$ 1,65 por metro cúbico (mil litros) de água vendido a Santo André, diz Vaz Júnior. O preço que a prefeitura paga, no entanto, é menor. "A gente paga em juízo, usando como referência a empresa local de abastecimento, que fornece água para uma parte da população a R$ 0,73 o m³. É esse o valor que estamos dispostos a pagar." A falta de contrato dificulta a fiscalização. "A Sabesp entrega o volume que pedimos, mas sem considerar nossos horários de pico de consumo", diz Vaz Júnior. A Sabesp diz que atua com base na lei do setor.

Em Salvador, a situação é a mesma. "Nosso contrato com a Embasa acabou e não foi renovado", diz Mauro Ricardo, secretário da Fazenda. A Embasa, companhia estadual, acusa a prefeitura de acumular dívida de R$ 450 milhões em contas de água. A prefeitura diz que a Embasa está inadimplente em R$ 400 milhões em IPTU e ISS. "Eles não pagam a gente, nós não pagamos eles", diz Ricardo.

No meio do caos do setor, há bons resultados, como o Consórcio Intermunicipal de Saneamento Básico da Zona da Mata (Cisab), de Minas. "Somos 27 municípios que se uniram para gerenciar o saneamento, o que proporcionou a redução de custos", diz Tânia Duarte, superintendente do Cisab.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Aguardada como a única solução para recuperar o Sistema Cantareira, a chuva acima da média nos reservatórios não foi suficiente para elevar o nível de dois dos seis mananciais que abastecem a Grande São Paulo no mês de setembro.

Tanto o Sistema Alto Tietê, o segundo maior que atende a região metropolitana, quanto o Rio Claro, o menor deles, registraram no mês passado uma pluviometria acumulada de 22% e 33,3% acima da média histórica do mês, respectivamente.

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No Alto Tietê, cujos reservatórios ficam entre Salesópolis e Suzano, na região leste da Grande São Paulo, o volume registrado no mês passado foi de 103,1 milímetros, dos quais 64 milímetros só na forte chuva da última sexta-feira, ante 84,5 milímetros da média histórica.

Mesmo assim, o nível do manancial caiu 18,8% no mês, de 15,4% da capacidade no dia 1.º para 12,5% nesta terça-feira, 30. Com 521 bilhões de litros de volume máximo, o Alto Tietê abastece hoje cerca de 4 milhões de pessoas, sendo 1 milhão que recebiam água do Cantareira antes da crise de estiagem.

Já no Rio Claro, a pluviometria acumulada em setembro foi de 196,1 milímetros, ante a média histórica de 147 milímetros. Apesar das chuvas, o nível do sistema, que tem capacidade de 13 bilhões de litros, caiu de 74,2% no início do mês para 61,8% ontem, queda de 16,71%.

Assim como o Alto Tietê, o Rio Claro também tem sido usado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) para socorrer regiões atendidas pelo Cantareira. Enquanto a empresa reduziu em cerca de 10 mil litros por segundo o volume de água retirado do principal sistema, o Alto Tietê e o Rio Claro tiveram a capacidade de produção de água ampliada na crise.

"Imagine uma caixa d’água onde você despeja um copo cheio por dia e retira três para beber. Não tem como o nível das represas subir com esse déficit", afirma Ideval Souza Costa, geólogo da USP.

Segundo a Sabesp, "é incorreto avaliar a recuperação dos mananciais apenas considerando a pluviometria". "É preciso que as chuvas sejam contínuas, a terra está seca e no início absorve toda a água", afirma. "Setembro é só início das chuvas e uma transição entre o período seco e o chuvoso", completa.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Em mais um protesto contra a falta de água, manifestantes promoveram nesta segunda-feira (29) atos de vandalismo pela cidade de Itu. Foi o terceiro em uma semana. Depois de se reunirem com cerca de 400 pessoas na frente da Prefeitura, dezenas de jovens saíram às ruas, fecharam avenidas, atearam fogo em lixo e placas de políticos, reviraram caçambas e depredaram placas de trânsito. Dois rapazes foram presos e seis bombas caseiras foram apreendidas. Ao contrário das duas vezes anteriores, não houve confronto entre manifestantes e PMs, que acompanharam a manifestação de longe.

O protesto começou às 16 horas na frente da prefeitura, cujos funcionários foram liberados mais cedo, enquanto cerca de 70 guardas municipais e 15 policiais militares faziam um cordão para evitar a invasão do prédio. Antes do protesto, representantes dos manifestantes, Guarda Municipal e PM se reuniram para tomar medidas que pudessem evitar o confronto. Os PMs permaneceram de longe, alguns filmando a ação dos manifestantes.

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Cerca de 400 pessoas participaram dos protestos, que teve até um caixão de madeira para simbolizar a morte do município por falta de água. Horas depois, cerca de 100 jovens, segundo a PM, saíram pelas ruas praticando atos de vandalismo. Eles foram até a frente da casa do prefeito Antônio Tuíze (PSD).

Depois, interditaram a Avenida Ermelindo Mafei, revirando uma caçamba de entulho no meio da via e atearam fogo em lixo e objetos que encontravam pela frente. O grupo também ocupou a Avenida Otaviano Mendes, sentando no meio da via.

Emergência

A população de 50 mil habitantes convive com um racionamento há oito meses e pede que o município decrete estado de emergência ou calamidade, com o que não concorda o prefeito. Tuíze não estava na cidade. Seus assessores disseram que ele estava em viagem a São Paulo. O secretário de Segurança, Marco Antônio Augusto, porta-voz do Comitê da Gestão da Água, criado na semana passada para gerenciar a crise, recebeu um grupo de manifestantes.

Depois de tentar amenizar a situação, dizendo que a chuva do fim de semana já ajudou a melhorar a pressão da água para alguns bairros, Augusto descartou atender ao pedido dos moradores. "Ainda não cabe essa solicitação", disse.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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