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O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, classificou de "inaceitáveis" neste domingo (21) as propostas dos republicanos para elevar o limite de endividamento do país, e mencionou a possibilidade de recorrer à Constituição para evitar um default.

As negociações para tirar os Estados Unidos desta crise, quando a data de 1º de junho se aproxima e o país pode ficar sem recursos para honrar seus compromissos, estão estagnadas entre o governo e os líderes opositores do Congresso, que exigem do Executivo um corte drástico de gastos em troca de aumentar o chamado "teto" da dívida, que permite a emissão de mais crédito.

"Chegou a hora de o outro lado [republicano] abandonar suas posições extremas, porque muito do que propuseram é pura e simplesmente inaceitável", declarou Biden aos jornalistas durante a cúpula do G7 no Japão.

Logo em seguida, o presidente americano declarou: "Estou considerando a 14ª Emenda" da Constituição.

- O que é a 14ª Emenda? -

A 14ª Emenda, que foi acrescentada à Constituição em 1868, estipula que "a validade da dívida pública dos Estados Unidos, autorizada por lei, [...] não deve ser questionada". Em outras palavras, as despesas já votadas devem poder ser pagas.

Segundo alguns especialistas, esta disposição torna o teto da dívida inconstitucional.

Se o Tesouro contrair empréstimos acima do limite de dívida estabelecido pelo Congresso, isso violaria a lei, apontou Neil Buchanan, professor de direito na Universidade da Flórida.

Contudo, o não cumprimento das despesas obrigatórias estabelecidas pelo Congresso pode ser uma violação ainda pior, dando ao Tesouro uma justificativa para tomar mais dinheiro emprestado e seguir pagando suas contas.

Invocar a 14ª Emenda pode levar a disputas na Justiça, mas não o fazer também acarreta riscos.

Se o Tesouro ficar sem margem para cumprir com suas obrigações e acabar atrasando certos pagamentos, os credores têm uma "reivindicação legal perfeitamente válida", disse Buchanan.

Os beneficiários da Previdência Social que não receberem seus contracheques podem se juntar em uma ação coletiva, acrescentou.

Por outro lado, se o governo Biden continuar pedindo dinheiro emprestado, os republicanos podem processá-lo por descumprir com o teto da dívida.

Isso os colocaria "em uma posição bastante incômoda, porque estariam acionando a Justiça para obrigar o presidente a deixar de pagar a dívida nacional", explicou Robert Hockett, professor de direito na Universidade de Cornell.

"Podemos conseguir um acordo", reiterou Biden durante o voo de volta a Washington do Japão neste domingo, a bordo do Air Force One. Mas "não posso garantir que eles [os republicanos] não vão forçar um default", acrescentou, ao justificar estar considerando invocar a 14ª Emenda.

"Acho que temos a prerrogativa" de usar o recurso, mas "a questão é se isso pode ser feito e invocado a tempo", comentou o presidente, que cancelou parte de sua viagem à Ásia-Pacífico antes de partir de Washington por causa desta crise.

- Queda de braço -

Está previsto que Biden mantenha uma conversa telefônica neste domingo com o presidente da Câmara dos Representantes, o republicano Kevin McCarthy.

Os republicanos querem reduzir o gasto público e o déficit fiscal, e também querem reduzir a emissão de dívida que habitualmente permite cobrir essa diferença.

O ponto de atrito é a demanda da oposição de reduzir os gastos federais ao nível de 2022, o que representa um corte de 130 bilhões de dólares (R$ 648 bilhões, na cotação atual).

"Não podemos gastar mais dinheiro no próximo ano" fiscal, afirmou McCarthy.

Os democratas são contrários a esses cortes e, em troca, propõem reduzir gastos aumentando os impostos aos mais ricos e às empresas que atualmente se beneficiam de restituições fiscais. Os republicanos, por outro lado, são fervorosamente contra qualquer aumento de impostos.

Neste domingo, Biden assinalou que é precisamente sobre as receitas tributárias que há "grandes desacordos".

Biden e McCarthy mantiveram duas reuniões nos últimos dias, na medida em que se aproxima a data limite que, segundo o Departamento do Tesouro, poderia levar os Estados Unidos a uma moratória inédita.

Democratas e republicanos não conseguem chegar a um bom termo sobre este aumento da capacidade de emissão de dívida dos Estados Unidos, apesar de isto ser indispensável para que o país honre seus pagamentos a credores, fornecedores, os salários de funcionários públicos e aposentadorias.

Elevar o teto da emissão de dívida costuma ser um procedimento rotineiro no país, que usa este sistema dependente do Congresso há décadas. Mas, desta vez, e como vem ocorrendo com mais frequência, o assunto se tornou o epicentro de uma disputa política.

Os Estados Unidos superaram o limite máximo de emissão da dívida pública em janeiro, que é de 31,4 trilhões de dólares (R$ 156,5 trilhões, na cotação atual), e, desde então, vêm aplicando medidas extraordinárias que apenas permitem cumprir com as obrigações por um determinado tempo.

O governador de Porto Rico, Alejandro Garcia Padilla, anunciou neste domingo que o governo de Porto Rico não vai fazer um pagamento referente a um bônus de US$ 420 milhões que vence nesta segunda-feira, após o fracasso na negociação de uma solução jurídica ou política para a crise da dívida pública do território dos Estados Unidos. Garcia disse neste domingo ter emitido uma ordem executiva que suspende os pagamentos da dívida do Banco de Desenvolvimento do Governo da ilha, um default que provavelmente desencadeará ações de credores e pode prejudicar o futuro acesso do território aos mercados de capitais.

Autoridades da ilha passaram o fim de semana tentando negociar um acordo para evitar o calote mas, aparentemente, a negociação não teve êxito. O Congresso dos Estados Unidos não conseguiu até o momento aprovar uma lei de reestruturação da dívida para Porto Rico. "Deixe-me ser muito claro, esta foi uma decisão dolorosa", disse Garcia, em discurso. "Nós preferiríamos ter tido um quadro legal para reestruturar nossas dívidas de uma forma ordenada."

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Ele assinalou que o governo de Porto Rico não pode fazer o pagamento sem sacrificar as necessidades básicas dos 3,5 milhões de habitantes da ilha, incluindo a manutenção de escolas e hospitais públicos abertos. "Vamos continuar trabalhando para tentar chegar a uma solução consensual com os nossos credores", afirmou. "Esse é um dos nossos compromissos. Mas o que nós nunca vamos fazer é colocar a vida e a segurança de nosso povo em perigo."

O governador vinha alertando desde o ano passado que a dívida pública de mais de US$ 70 bilhões da ilha é impagável.

Porto Rico enfrenta mais de uma década de desaceleração econômica desde que o Congresso dos EUA eliminou cortes de impostos que fizeram da ilha um centro para fabricação de produtos farmacêuticos e equipamentos médicos. Antecessores de Garcia e os legisladores da ilha tomaram empréstimos para cobrir déficits orçamentários, causando uma espiral de dívida que já levou a defaults menores.

Credores acusaram o governo de exagerar a crise para evitar futuros pagamentos, tais como o de US$ 780 milhões esperado para 1º de julho, que inclui títulos de obrigação geral, que são garantidos pela Constituição.

Economistas têm advertido que um default dessa magnitude pode levar Porto Rico a perder o acesso aos mercados de capitais.

Garcia criticou o Congresso dos EUA por não aprovar uma lei que criaria um painel de controle para ajudar a gerenciar a dívida de US$ 70 bilhões do território e supervisionar alguma reestruturação da dívida. Ele disse que não foi possível chegar a um acordo por divisões partidárias e ideológicas internas na Câmara dos Representantes. "Nós não podemos esperar mais tempo", afirmou. "Precisamos deste mecanismo de reestruturação agora." Fonte: Associated Press.

O Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, reiterou nesta segunda-feira que a Argentina escolheu o caminho correto ao reestruturar sua dívida. "A Argentina demonstrou que não foi fácil, mas que é possível responder à crise. A economia pode seguir adiante e a Argentina teve um alto crescimento durante muitos anos", disse o economista durante seminário sobre políticas para superar a crise de endividamento soberano, em Buenos Aires.

Stiglitz voltou a criticar as receitas de austeridade desenhadas por bancos e organismos internacionais aplicadas na Eurozona e que a América Latina seguiu no passado. Também apontou contra o Banco Central Europeu que, segundo ele, durante a crise na Grécia teve maior preocupação com os bancos. "Isso ocorre frequentemente com os bancos centrais que são captados pelos banqueiros e, às vezes, pelos especuladores", afirmou. Stiglitz também afirmou que "em 2008, nos Estados Unidos e, atualmente, na Europa, os banqueiros usam táticas de medo, dizendo que se os governos não fazem o que eles querem, se acaba o mundo".

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Ao lado do Nobel de Economia, a presidente da Argentina Cristina Kirchner aproveitou cada palavra para justificar medidas adotadas e promover seu governo. "Quem está dando razão à Argentina é o professor de Universidade, economista premiado, um homem do quilate de Stiglitz, que já foi funcionário do Fundo Monetário Internacional (FMI) e conhece o monstro desde suas entranhas", disse ela ao criticar os ajustes econômicos na Europa e as receitas do organismo multilateral.

Ela disse que uma das chaves que a Argentina usou para pagar a dívida foi não ter acesso ao mercado de capitais, foi não endividar-se mais. "Muitos nos criticam e nos perguntam por que não nos endividamos. Não nos endividamos porque o vamos fazer quando as taxas forem convenientes para nós. E, não com essas taxas de loucos. Essas taxas de loucura e de especulação que qualifica a dívida argentina com risco muito mais elevado que a espanhola", disparou. A presidente também fez menção ao forte controle do mercado de câmbio que exerce em seu país. "Os únicos que podem emitir dólares estão em Washington. Quem dera se pudéssemos emitir dólares", comentou.

Em um longo discurso transmitido por cadeia nacional de rádio e de televisão, Cristina criticou a lógica das agências de classificação de risco e opinou que "quando um governo se endivida, quem tem mais responsabilidade é o credor porque é ele que tem experiência". Ela também afirmou que o problema da crise internacional é a falta de liderança política da Eurozona. "É preciso domar o touro pelas hastes e tomar a decisão que tem que ser tomada. A falta de liderança é um problema que a Eurozona", acusou a presidente que tentou mostrar-se conhecedora da economia mundial e de sua história. Segundo ela, se as decisões não são tomadas pelos presidente, são os mercados e os bancos que as tomam. Cristina criticou os bancos e reiterou que é preciso regular os mercados de capital.

"O problema que estamos vivendo hoje é que não encontramos um marco teórico pós neoliberalismo", disse ela, ressaltando que "esse capitalismo não é verdadeiro. É capitalismo de cassino, de especulação", disparou. A presidente ainda teve um parágrafo do discurso dedicado ao Mercosul e seu principal sócio, sem deixar de dar uma estocada: "Se o Brasil for mal, a Argentina vai mal. Se a Argentina vai mal, o Brasil vai pior, já que tem superávit comercial", conclui.

A ministra das Finanças da Áustria, Maria Fekter, disse neste sábado que "estamos mais bem preparados para o default (falência) de um Estado do que há três anos", diante de reformas e criação de instituições, como o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês). As declarações de Fekter ocorreram diante do temor crescente de que a Grécia possa dar o calote e sair da zona do euro se o partido de esquerda Syriza chegar ao poder, depois das eleições parlamentares no próximo mês.

"Os gregos têm de decidir entre eles se querem permanecer na zona do euro", disse a ministra austríaca, em entrevista. A zona do euro reúne os países que utilizam o euro como moeda. Ela afirmou ainda que a consolidação fiscal na zona do euro deveria continuar. "Gerar crescimento com déficit nos gastos não tem sentido", disse.

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Fekter também se mostrou contrária aos eurobônus. "Eurobônus são apenas atrativos para os países dilapidados por juros elevados". Estes "vão aos vizinhos que pagam juros baixos e dizem, querido vizinho, por favor, pague nossa dívida", acrescentou. "Eu não quero pagar a dívida dos vizinhos", afirmou. As informações são da Dow Jones.

Um "forte default" (calote) da dívida soberana da Grécia teria "destruído a base de capital do Banco Central Europeu (BCE)", afirmou neste sábado Charles Dallara, diretor-gerente do Instituto Internacional de Finanças (IIF), no âmbito da reunião do G-20 (grupo das 20 maiores economias do mundo).

Isso porque, segundo ele, a exposição direta do BCE à dívida grega equivale a cerca de 200% de sua base de capital. Mas Dallara considerou o BCE "a instituição financeira mais importante da Europa" e descreveu seus esforços para lidar com a crise de dívida como "vitais."

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Dallara também considerou o último programa de resgate da Grécia como algo que "abrirá uma fase nova e mais confiante na maneira de lidar com os problemas da dívida da zona do euro." O programa "deve abrir caminho para uma renovação econômica", disse. As informações são da Dow Jones.

O ministro das Finanças grego, Evangelos Venizelos, disse hoje que o novo governo do país deve fazer tudo para evitar um default. "O governo tem um mandato específico, um prazo fixo. O mandato, como concordamos, é para completar a implementação da decisão de 26 de outubro", disse Venizelos a deputados no parlamento grego.

A prioridade foi tomar as medidas necessárias para receber a sexta tranche, de € 8 bilhões, do primeiro resgate, disse o ministro. "A questão se evitamos a falência deve receber uma resposta positiva, mas, para respondê-la, precisamos fazer tudo o que é exigido imediatamente, agora (...) para receber a tranche antes do dia 15 de dezembro. Enquanto todas exigências legislativas foram alcançadas, as políticas também precisam ser", afirmou Venizelos, referindo-se às exigências da União Europeia (UE) de uma carta de comprometimento com o programa por parte dos líderes gregos.

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Os fundos do novo resgate de € 130 bilhões e os detalhes do que deve ser trabalhado entre a Grécia e a troica de credores oficiais (UE, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional) manteriam o país na virada do ano, disse o ministro. "A próxima tranche (de fevereiro de 2012) não é de € 8 bilhões, mas acima de € 80 bilhões, sendo € 30 bilhões para recaptalização dos bancos, sem o que não podemos organizar o PSI (envolvimento do setor privado)", disse. Além disso, o país precisa de € 15 bilhões em março para pagar o vencimento de bônus, assim como € 15 bilhões para incentivar a liquidez de mercado.

Venizelos anunciou que o rascunho do orçamento de 2012 será levado à votação no parlamento na sexta-feira e refletirá um movimento para alcançar o superávit primário. Ele também afirmou que o novo orçamento seria testemunho dos efeitos benéficos do PSI sobre os custos da dívida.

Ele expressou preocupação sobre os desdobramentos na Itália e na zona do euro. "Neste momento, dois países com mais de 40% do total da dívida da zona do euro estão sendo alvo", acrescentando que houve um "mal-estar" sobre o progresso na finalização do fundo de resgate transitório da zona do euro, a Linha Europeia de Estabilidade Financeira (EFSF, em inglês), e seu mecanismo permanente de resgate, o Mecanismo Europeu de Estabilidade. As informações são da Dow Jones.

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