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As cinzas do último grande combatente contra o apartheid, Desmond Tutu, foram enterradas, neste domingo (2), em sua antiga paróquia na Cidade do Cabo, um dia após seu funeral.

"As cinzas do arcebispo emérito Desmond Tutu foram enterradas na Catedral de São Jorge em um culto familiar privado", informou a igreja anglicana em um comunicado.

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Sua viúva, conhecida como "Mama Leah", compareceu ao serviço religioso.

Suas cinzas agora repousam em um lugar especial em frente ao altar-mor, sob uma pedra gravada em letras maiúsculas: "Desmond Mpilo Tutu Out 1931 - Dez 2021 Arcebispo da Cidade do Cabo 1986-1996".

Desmond Tutu faleceu em 26 de dezembro aos 90 anos.

A África do Sul prestou homenagem à figura global no sábado em um funeral discreto, como ele desejava.

O corpo do ganhador do Prêmio Nobel da Paz foi reduzido a pó por aquamação, um método de cremação com água considerado uma alternativa ecologicamente correta aos sistemas convencionais.

Tutu passou a ser conhecido nos piores anos do regime racista abolido em 1991. Ele organizou marchas pacíficas contra a segregação e defendeu sanções internacionais contra o regime branco de Pretória.

Após a eleição de Nelson Mandela em 1994, ele presidiu a Comissão da Verdade e Reconciliação (TRC).

Desmond Tutu, que morreu no domingo passado aos 90 anos e cujo funeral é realizado neste sábado (1°), foi considerado a consciência moral da África do Sul, um pessoa que ajudou a derrubar o apartheid e depois empregou sua energia a serviço da reconciliação do país e dos direitos humanos.

Até o fim da vida, o arcebispo anglicano emérito, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1984, impôs sua sinceridade para denunciar injustiças e os excessos do poder, independente do alvo da crítica.

Tutu nunca deixou de criticar o governo sul-africano, incluindo o Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o principal movimento que lutou contra o regime racista do apartheid e que administra o país desde 1994.

Os grandes temas da política internacional também não escaparam de suas críticas. Ele atacou a própria Igreja para defender os direitos dos homossexuais, defendeu um Estado palestino e afirmou em setembro de 2012 que o ex-presidente americano George W. Bush e o ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair deveriam ser julgados pelo Tribunal Penal Internacional de Haia pela guerra do Iraque.

Mas foi em seu próprio país que seus comentários provocaram maior impacto. No fim de 2011, quando Pretória não concedeu a tempo um visto para o Dalai Lama, a quem havia convidado para seu aniversário de 80 anos, ele acusou o governo de ceder às pressões da China.

"Nosso governo é pior que o governo do apartheid", disse. "É escandaloso que aqueles que sofreram sob um regime de opressão façam agora este tipo de coisa", acrescentou.

Também protestou contra as más condições das escolas sul-africanas, que continuam muito ruins para a maioria dos alunos negros depois de anos de governos do ANC.

"Se Nelson Mandela visse isto, ele choraria", afirmou.

O arcebispo emérito da Cidade do Cabo era conhecido pela sinceridade, humildade, energia contagiante e, sobretudo, pelo humor.

Ao ser questionado sobre seu papel como consciência moral da nação, ele sorriu e disse: "Você me vê na frente de um espelho dizendo: garoto, você é um ícone, sabia disso? Penso que nenhum homem ao qual concedem esta honra considera que isto é realmente o que as pessoas veem nele. Simplesmente você segue o seu caminho e faz o que pensa que é justo".

Com o mesmo humor, ele agradeceu a família, que o ajudou a manter os pés no chão.

"Recentemente minha mulher colocou um cartaz no quarto que dizia: você tem o direito de ter opiniões erradas. Está vendo... estão aqui para desinflar a grande opinião que tenho de mim", afirmou com uma gargalhada.

- "Nação Arco-Íris" -

Desmond Tutu ganhou fama durante o apartheid, ao organizar passeatas pacíficas para denunciar a segregação e lutou pela adoção de sanções econômicas internacionais contra o regime branco de Pretória.

Com a chegada da democracia em 1994, ele criou o termo "Nação Arco-Íris" para descrever a África do Sul e presidiu durante 30 meses a Comissão da Verdade e Reconciliação, criada para ajudar o país a superar os traumas das atrocidades do apartheid.

"O ressentimento e a revolta são ruins para a pressão arterial e a digestão", declarou na época.

Desmond Tutu atacava as incoerências da África dos Sul atual, com críticas públicas ao ex-presidente Thabo Mbeki por sua gestão na luta contra a aids ou aos problemas judiciais do também ex-presidente Jacob Zuma.

Ele também chamou a atenção dos compatriotas para a violência na sociedade e lamentava a "perda do senso de certo ou errado". Tutu defendeu os imigrantes durante os episódios de violência xenófoba de 2008 na África do Sul.

Nascido em 7 de outubro de 1931 em Klerksdorp, a duas horas de Johannesburgo, Desmond Tutu sofreu poliomielite na infância. Marcado pela experiência, ele queria fazer faculdade de Medicina, mas sua família não teve condições de pagar pelos estudos.

Ordenado sacerdote da Igreja Anglicana aos 30 anos, ele estudou e ensinou no Reino Unido e no Lesoto antes de se estabelecer em Joanesburgo em 1975.

Ordenado sacerdote da Igreja anglicana aos 30 anos, Tutu estudou e foi professor no Reino Unido e em Lesoto antes de se estabelecer em Johannesburgo em 1975.

Cada vez mais conhecido na luta contra o apartheid, seu trabalho foi premiado com o Nobel da Paz em 1984.

Nomeado arcebispo em 1986, Desmond Tutu foi a primeira pessoa negra a comandar a Igreja anglicana sul-africana.

Um câncer de próstata, diagnosticado em 1997, quase acabou com sua carreira, mas este homem de grande vitalidade continuou a ser uma das grandes figuras da sociedade civil sul-africana, apesar da aposentadoria oficial da vida pública.

Lutador incansável pelos direitos humanos e a democracia, Desmond Tutu vivia desde 2010 praticamente afastado dos eventos públicos. Uma de suas últimas aparições aconteceu em maio de 2021, quando foi vacinado contra a covid-19.

A missa de requiem para Desmond Tutu na catedral anglicana da Cidade do Cabo, onde pregou incansavelmente contra o regime racista do apartheid, permitiu que seus familiares e todos os sul-africanos se despedissem neste sábado (1º) de seu amado arcebispo pela última vez.

Sob um céu cinzento e uma garoa fina, familiares, amigos, mas também a viúva do último presidente branco do país, FW de Klerk, e muitos religiosos, chegaram ao templo esta manhã para o funeral do religioso, falecido aos 90 anos.

"Papai diria que o amor que todos demonstraram (esta semana) é reconfortante", disse sua filha Mpho aos participantes. "Agradecemos por vocês tê-lo amado tanto".

O presidente Cyril Ramaphosa deve fazer o elogio fúnebre após a comunhão e entregar à viúva de Tutu, "Mama Leah", como os sul-africanos a chamam afetuosamente, uma bandeira nacional.

De fato, o arcebispo, que morreu em 26 de dezembro e carinhosamente apelidado de 'The Arch', queria uma cerimônia simples e havia descrito em detalhes a missa que desejava.

O caixão em que permaneceu na Catedral de São Jorge nos dois dias anteriores, para que milhares de pessoas pudessem vir homenagear sua memória, foi feito de pinho claro. Ele havia pedido "o mais barato possível", em um país onde os funerais costumam ser uma demonstração de opulência.

Sem alças de ouro, tem simples pedaços de corda para carregá-lo, lembrando o cinto dos frades franciscanos, com um buquê de cravos brancos em cima.

O arcebispo Tutu não queria nenhuma outra flor na igreja.

Um amigo próximo, o ex-bispo Michael Nuttall, foi escolhido pelo falecido para fazer o sermão. Quando Tutu era arcebispo, Nuttall era seu "número dois".

O relacionamento deles, "sem dúvida tocou uma veia sensível no coração e na mente de muitos: um dinâmico líder negro e seu adjunto branco nos últimos anos de apartheid não era pouca coisa", lembrou no altar. "Fomos um exemplo do que poderia ser nosso país dividido."

- Conexão -

Ele também lembrou que Nelson Mandela descreveu Tutu como "a voz dos que não têm voz", uma voz "às vezes estridente, muitas vezes terna, nunca assustada e raramente desprovida de humor".

Estiveram presentes amigos íntimos, como a ex-presidente irlandesa Mary Robinson e a viúva de Nelson Mandela, Graça Machel - ambas falaram na missa -, Letsie III, o rei do vizinho Lesoto, além de um representante do Dalai Lama, que não pôde comparecer devido à sua idade avançada e às restrições da covid.

"A amizade deles era única", disse Ngodup Dorjee à AFP. "Sempre que se encontravam, riam. A única explicação é uma conexão cármica no passado", acrescentou.

A semana foi marcada por homenagens ao arcebispo Tutu em todo o país e no exterior. Os sul-africanos recordaram sua tenacidade diante do regime opressor de Pretória.

Aos poucos, ele se tornou a voz de Nelson Mandela, preso em Robben Island. A polícia e o exército o ameaçaram. Apenas sua batina o salvou da prisão.

"Eles o queriam morto, mas por algum motivo que não podemos explicar, nunca aconteceu. Ele entrava na igreja, rezava a missa e ia embora", disse à AFP Mathabo Dlwathi, de 47 anos.

Durante as manifestações, "era um escudo para nós", lembra Panyaza Lesufi, hoje um alto funcionário do ANC, partido histórico que permanece no poder.

A viúva de Mandela, Graça Machel, falou da "coragem indescritível" necessária para enfrentar o regime.

Para o seu funeral, o pastor Tutu escolheu, para sua última mensagem, a passagem do Evangelho segundo João em que Jesus se dirige aos seus discípulos depois da última ceia. Uma mensagem de amor.

"Meu mandamento é este: Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

Os sul-africanos começaram a se despedir de Desmond Tutu, nesta quinta-feira (30), no velório com seus restos mortais realizado na Catedral de São Jorge, na Cidade do Cabo, de onde o arcebispo lutou durante anos contra o Apartheid.

Ornado com cravos brancos, o caixão simples de pinho - "o mais barato possível", havia pedido Tutu - chegou cedo à sua antiga paróquia sobre os ombros de seis padres anglicanos. Permanecerá neste local por dois dias, antes do funeral planejado para sábado (1º).

Pouco antes de o caixão entrar na catedral, o atual arcebispo da Cidade do Cabo, monsenhor Thabo Makgoba, fez uma oração, enquanto outros lançavam incenso. Depois disso, ao viúva deste incansável do defensor dos direitos humanos, carinhosamente apelidada de "Mama Leah", seguiu, devagar, atrás dele para dentro da igreja.

Desde sua morte no domingo (26), aos 90 anos, personalidades mundiais como o papa Francisco, seu amigo Dalai Lama e chefes de Estado homenagearam Desmond Tutu. Agora, é a vez dos sul-africanos, que se veem órfãos de uma de suas grandes referências.

"Viemos prestar nossa homenagem", disse Joan Coulson à AFP que, acompanhada da irmã, chegou bem cedo pela manhã para ser uma das primeiras a entrar na catedral.

"Eu o conheci quando tinha 15 anos, agora tenho 70", afirmou, comparando Tutu a uma estrela do rock, "como Elvis (Presley)".

O público poderá ir à catedral até as 17h locais. Inicialmente previsto para durar um único dia, p velório foi estendido até sexta-feira, "por temor de uma avalanche", explicou o reverendo Gilmore Fry à AFP.

- Sem ostentação -

Após uma cremação privada, suas cinzas serão enterradas na antiga paróquia do arcebispo, onde, desde segunda-feira (27), os sinos tocam a cada meio-dia durante dez minutos em sua memória.

Desde domingo, centenas de sul-africanos se aglomeraram na catedral, onde um registro foi aberto para que deixassem mensagens e flores.

O país decretou sete dias de luto, e todas as bandeiras tremulam a meio-pau. Na Cidade do Cabo, a icônica Montanha da Mesa se ilumina de violeta todas as noites em homenagem ao arcebispo, que costumava usar a batina desta cor.

A semana também foi marcada por inúmeras cerimônias, principalmente religiosas, em todo país.

No sábado, a cerimônia será sem ostentação e sem gastos extravagantes, já que Tutu deixou instruções rígidas a esse respeito. O único buquê de flores será o oferecido pela família. Devido à pandemia da Covid-19, a presença será limitada a 100 pessoas.

A cerimônia religiosa também será um evento oficial. A pedido de Tutu, os militares limitarão sua intervenção à entrega de uma bandeira sul-africana à sua viúva, Leah, com quem se casou em 1955 e teve quatro filhos.

Debilitado pela idade avançada e pelo câncer, Tutu, ganhador do Prêmio Nobel da Paz de 1984, aposentou-se da vida pública nos últimos meses.

Moradores de Soweto, onde Desmond Tutu morou durante o apartheid, prestaram homenagens ao arcebispo nesta quarta-feira (29), em frente à antiga casa do incansável crítico do regime racista, que morreu no domingo aos 90 anos.

“Ele costumava me dizer: 'Vá para a escola. Lute pelos seus direitos sabendo exatamente pelo que está lutando'”, disse à AFP Linda Malinda, hoje com 63 anos. Ela continua ocupando a casa onde vivia então com seus pais, a poucos passos da residência deste expoente da luta contra o apartheid.

Naquela época, o mais famoso arcebispo anglicano do mundo foi o primeiro negro a servir como reitor da Diocese de Joanesburgo. Há 20 anos, ele largou o jaleco de professor para protestar contra a precariedade educacional das crianças negras e contra a aplicação do princípio da separação racial nas escolas.

"Eles aprenderam inglês o suficiente para entender as ordens que seriam dadas a eles", disse ele em uma entrevista em 1995.

Neste dia de verão do sul, várias dezenas de pessoas se reuniram para uma cerimônia religiosa em frente à sua antiga casa. Uma placa em uma das pontas da fachada lembra que o "herói dos direitos humanos" morava ali.

Um pequeno pódio foi instalado nesta rua inclinada, onde os dois ícones da luta pela liberdade - Desmond Tutu e Nelson Mandela - viviam a algumas dezenas de metros um do outro. Uma placa indica a direção da "Calçada dos Prêmios Nobel".

Santidade

Vários grupos de turistas, ao passarem, pararam e aproveitaram para deixar um recado no registo de condolências, sobre uma mesa: “Obrigado pelo que fizestes pela humanidade”, “Obrigado por ter sido a voz dos sem voz", "Descanse em paz"...

Poucos minutos antes do início da cerimônia, os últimos representantes da Igreja chegaram, apressados. O coral do Orlando Pirates, time de futebol local, cantou uma primeira música.

Após a sua estada em Soweto, Desmond Tutu mudou-se para a Cidade do Cabo, onde realizou marchas pacíficas contra o regime. Mas foi neste município que ele se destacou na luta.

De seu púlpito, denunciou a violência praticada pela polícia contra as crianças durante os protestos de Soweto de junho de 1976, que foram severamente reprimidos. Aos poucos, ele se tornou a voz de Nelson Mandela, preso na Ilha Robben. A polícia e o exército o ameaçaram.

“Levantávamos de manhã e se víssemos os caminhões militares, sabíamos que ele iria celebrar a missa”, disse Mathabo Dlwathi, de 47 anos.

“Há alguma santidade nele”, resumiu um de seus sucessores na paróquia de Joanesburgo, o Rev. Xolani Dlwathi. Até o funeral, no próximo sábado, várias outras cerimônias estão planejadas.

"The Arch", arcebispo em inglês, como foi apelidado, será sepultado na Catedral de São Jorge na Cidade do Cabo. Seus restos mortais ficarão em uma capela ardente na quinta e na sexta-feira para que o público possa visitá-lo.

Pelé descansa em sua casa após passar 15 dias internado após uma série de procedimentos para tratar de um tumor no cólon direito. O Rei do Futebol aproveita o tempo para se manter ativo nas redes sociais e interagir com seus fãs. Nesta segunda-feira (27), o eterno camisa 10 lamentou a morte de Desmond Tutu, importante figura na luta contra o apartheid na África do Sul.

"Ainda ontem, perdemos @desmondtutu, um líder inspirador que lutou contra o racismo e a favor da igualdade", escreveu Pelé, com uma foto ao lado do arcebispo. "Vencedor do Nobel da Paz, e na minha opinião, um verdadeiro gênio. Ele dizia que todos somos um. Poucas frases são tão verdadeiras. Diante dessa notícia triste, transmito o meu carinho para todos amigos e familiares, e para todas pessoas que acreditam que um mundo melhor é possível."

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Tutu, que tinha 90 anos, se tornou a figura principal na defesa pela reconciliação pacífica sob o governo da maioria negra na África do Sul na década de 1990. A causa de sua morte foi um câncer. Seu primeiro diagnóstico foi de câncer na próstata, em 1997, tendo sido internado múltiplas vezes nos anos que se seguiram. Sua atuação foi uma força poderosa para a não violência no movimento anti-apartheid, que lhe valeu o Prêmio Nobel da Paz em 1984.

Pelé, que hoje luta contra um tumor aos 81 anos de idade, também está de luto por outros motivos. O Rei foi às redes sociais lamentar também a morte de Dorval, um dos maiores jogadores da história do Santos. Ambos fizeram parte do histórico time praiano da década de 1960 e formaram, com Pepe, Mengálvio e Coutinho, o chamado 'Ataque dos Sonhos' da equipe da Vila Belmiro.

"Todos que amam futebol acordaram tristes hoje. Meu grande amigo, parceiro e o melhor ponta-direita da história, Dorval Rodrigues, se despediu de nós. O Santos perdeu um herói. O futebol perdeu um gênio. Descanse em paz, meu amigo", postou o Rei, que recebeu alta do hospital onde estava internado na semana passada a fim de passar o Natal com os familiares.

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O arcebispo anglicano Desmond Tutu, um símbolo da luta contra o apartheid na África do Sul, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, morreu neste domingo (26) aos 90 anos, anunciou o presidente Cyril Ramaphosa.

"O falecimento do arcebispo emérito Desmond Tutu é outro capítulo de luto na despedida de nossa nação a uma geração de destacados sul-africanos, que nos legou uma África do Sul libertada", afirmou o presidente do país em um comunicado.

Ramaphosa expressou "em nome de todos os sul-africanos" sua "profunda tristeza com a morte" de uma figura essencial da história sul-africana.

"Desmond Tutu era um patriota sem igual; um líder de princípios e pragmatismo que deu sentido ao ensinamento bíblico de que a fé sem obras está morta", completou.

"Um homem de intelecto extraordinário, integridade e invencibilidade contra as forças do apartheid, ele também era terno e vulnerável em sua compaixão por aqueles que sofreram opressão, a injustiça e a violência sob o apartheid, e pelas pessoas oprimidas ao redor do mundo", recordou Ramaphosa.

Após a chegada da democracia em 1994 e da eleição de seu amigo Nelson Mandela como presidente, Desmond Tutu, que criou o termo "Nação Arco-Íris" para a África do Sul, presidiu a Comissão da Verdade e da Reconciliação (CVR), criada com a esperança de virar a página do ódio racial.

O "Arch", diminutivo de arcebispo em inglês, tinha problemas de saúde há vários meses e não falava mais em público, mas nunca esquecia de acenar para as câmeras durante suas aparições.

Com seu sorriso famoso ou com um olhar curioso por trás da máscara, ele ainda chamava a atenção do público, como quando foi vacinado contra a covid-19 ou durante uma cerimônia religiosa para celebrar os seus 90 anos.

- Perda "incomensurável" -

A Fundação Mandela afirmou que a morte de Tutu é uma "perda incomensurável".

"Para tantas pessoas na África do Sul e no mundo inteiro, sua vida foi uma bênção", afirmou a fundação, que o chamou de pensador, líder e pastor.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, expressou "profunda tristeza" pels morte do arcebispo sul-africano.

"Foi uma figura chave na luta contra o apartheid e na luta para criar uma nova África do Sul. E será lembrado por sua liderança espiritual e bom humor irreprimível", escreveu Johnson no Twitter.

Desmond Tutu ganhou fama nos momentos mais complicados do apartheid quando, como líder religioso, comandou passeatas pacíficas contra a segregação e para pedir sanções contra o regime de supremacia branca.

Ao contrário de outros ativistas da época, sua posição o salvou de ser preso e sua luta pacífica foi reconhecida com o Prêmio Nobel da Paz em 1984.

Fiel a seus compromissos, Desmond Tutu foi um duro crítico dos sucessivos governos do Congresso Nacional Africano (ANC na sigla em inglês), movimento e partido que lutou contra o apartheid antes de chegar ao poder. Também criticou o ex-presidente Thabo Mbeki, assim como a corrupção e as falhas na luta contra a aids.

Em todas as áreas criticou o 'status quo' em temas como raça, direitos dos homossexuais e, inclusive, expressou apoio ao movimento a favor da morte assistida.

E encarou a morte de frente.

"Eu me preparei para minha morte e deixei claro que não desejo ser mantido vivo a qualquer custo", afirmou em um artigo publicado no jornal The Washington Post em 2016.

"Espero ser tratado com compaixão e ter permissão para passar à próxima fase da jornada da vida da maneira que escolhi", completou.

O arcebispo sul-africano Desmond Tutu, prêmio Nobel da paz em 1984 por sua luta contra o "Apartheid", foi internado por causa de uma infecção "persistente" - anunciou sua fundação nesta terça-feira, sem divulgar mais detalhes sobre a doença.

"O arcebispo emérito deu entrada nesta terça-feira em um hospital da Cidade do Cabo para ser tratado de uma infecção persistente", divulgou a instituição, em um comunicado.

O religioso anglicano, de 83, deve receber alta ao longo da semana. Sua família espera que ele possa retornar para casa "em um dia, ou dois", completou a nota. Em dezembro de 2014, Tutu havia anulado sua participação em uma cúpula de Prêmios Nobel da Paz em Roma para ser tratado de um câncer de próstata, pelo qual foi diagnosticado em 1997.

Em abril de 2013, ele também ficou internado por "uma infecção persistente", cuja natureza não foi revelada. Tutu sofreu poliomielite na infância e, na adolescência, sobreviveu à tuberculose.

Depois de militar contra o regime do "Apartheid" durante a prisão de Nelson Mandela e de ter presidido a Comissão Verdade e Reconciliação com a instauração da democracia no país em 1994, ele sempre foi considerado como a consciência moral do país.

Desmond Tutu se retirou oficialmente da vida pública em 2010 e nunca deixou de denunciar as "imperfeições" em seu país.

Ladrões invadiram nesta terça-feira a casa de Desmond Tutu na Cidade do Cabo, quando o ex-arcebispo participava, em Soweto, perto de Johannesburgo, de uma cerimônia em homenagem a Nelson Mandela, declarou um porta-voz de Tutu nesta quarta-feira.

"Posso afirmar que houve um roubo na noite passada" na residência de Desmond Tutu no bairro de Milnerton, declarou à AFP Roger Friedman, porta-voz do Prêmio Nobel da Paz, sem informar a importância dos objetos levados.

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Desmond Tutu, de 82 anos, e sua esposa estavam na terça-feira em Soweto, onde pronunciou o discurso de encerramento da cerimônia em homenagem a Nelson Mandela no estádio FNB.

"Ainda não podemos dizer o que foi roubado", já que o bisco não estava em Johannesburgo na terça-feira, declarou o porta-voz. "Mas a casa não foi saqueada", acrescentou.

Ele informou que o roubo ocorreu na terça-feira no início da tarde, mas não especificou a hora exata.

Em agosto o bispo anglicano foi vítima de outro roubo sem violência em sua casa em Milnerton quando dormia com sua esposa.

O arcebispo aposentado Desmond Tutu saudou o presidente Barack Obama com um "bem-vindo à casa", continente onde o pai do presidente nasceu, e pediu a Obama que seja um líder da paz, especialmente no Oriente Médio, o que deixaria todos os africanos orgulhosos.

Obama visitou a Fundação HIV de Desmond Tutu, um programa complementar de escolar em uma comunidade onde muitos jovens foram infectados com Aids. Obama elogiou Desmond, também prêmio Nobel da Paz, que ajudou a colocar fim no apartheid na África do Sul, "como um lutador inflexível pela justiça e dignidade humana".

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Desmond então falou da reeleição de Obama como primeiro presidente americano-africano. "Você não sabe o que fez por nossa psique, você venceu e nós vencemos."

"Seu sucesso é nosso sucesso. Seu fracasso, goste ou não, é nosso fracasso", acrescentou o arcebispo. "Queremos que você seja conhecido por ter trazido a paz para o mundo, especialmente por ter colocado fim na angustia em todo o Oriente Médio", afirmou Tutu.

"Rezamos para que você seja conhecido por ter levado a paz para todos os lugares onde existe discórdia. Por trazido paz e não a necessidade de um centro de detenção na Baia de Guantánamo", em Cuba, onde estão presos dezenas de suspeitos de terrorismo pelos EUA.

Na visita diplomática cheia de formalidade, o arcebispo anglicano de 81 anos falou lentamente e com tanta emoção que muitos que trabalham no centro ou na Casa Branca choraram. "Temos orgulho de você. Você pertence a nós", concluiu Desmond.

Obama deve ter apreciado essas palavras no momento em que vem sendo muito criticado em casa. O presidente dos EUA se levantou e abraçou Desmond com o click das câmeras como único som de pano de fundo.

O partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) apresentou e aprovou em voto um projeto de lei no Parlamento da África do Sul nesta terça-feira, para proteger segredos de Estado, apesar das fortes críticas e objeções da oposição, a qual inclui desde conservadores brancos a nacionalistas negros, grupos que eram inimigos na era do Apartheid. A lei foi aprovada por 229 votos a favor e 107 contrários.

Os políticos da oposição afirmam que a lei irá manter a corrupção dentro do governo fora de controle e minar a democracia duramente conquistada na África do Sul. O CNA diz que a África do Sul precisa atualizar a legislação que sobrou da era do Apartheid e que não tem a intenção de coibir a livre expressão e amordaçar a imprensa.

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A oposição esperava que o Parlamento, onde o CNA possui maioria folgada, aprovasse a Lei de Proteção à Informação de Estado. A oposição afirma que agora desafiará a lei na Corte Constitucional.

Entre os opositores à lei, estão dois nomes de peso: o arcebispo Desmond Tutu, prêmio Nobel da Paz, e a prêmio Nobel de Literatura Nadine Gordimer. O escritório do ex-presidente Nelson Mandela expressou reservas com o projeto de lei. A Câmara Alta do Parlamento agora poderá pedir emendas ao projeto de lei, mas não se espera que isso ocorra. O presidente Jacob Zuma precisará sancionar a matéria para que ela vire lei.

Mukelani Dimba, um ativista sul-africano que fez campanha contra o projeto de lei, disse que os parlamentares que chegaram ao poder após o fim do Apartheid, em 1994, inicialmente lutaram para se diferenciar dos supremacistas brancos, adotando não apenas uma Constituição moderna, mas uma série de leis progressistas. Mas Dimba afirma que ao longo da última década esses ideais progressistas desapareceram.

"Nós temos hoje um poder governante (O CNA) que apenas quer manter o poder, e nós temos que admitir que a informação é poder", afirmou Dimba.

"Hoje foi um dia sombrio e triste para a nossa democracia", disse Lindiwe Mazibuko, política da Aliança Democrática, principal partido da oposição. "O CNA abandonou os valores dos seus fundadores", ela comentou.

As informações são da Associated Press e da Dow Jones.

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