Tópicos | facções criminosas

Uma pessoa morreu e seis ficaram feridas ao serem baleadas durante confrontos em três favelas vizinhas (Jacarezinho, Manguinhos e Mandela), na zona norte do Rio de Janeiro, na tarde deste domingo (20). É o terceiro dia de tiroteios entre facções criminosas rivais na favela do Jacarezinho, onde a Polícia Militar fez uma operação neste domingo. Segundo a secretaria de Saúde do município do Rio, cinco dos feridos não correm risco de morte e já receberam alta. O sexto é um policial militar que, segundo a PM, foi atendido no Hospital Central da corporação.

Seis baleados foram encaminhados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Manguinhos. Segundo a secretaria municipal de Saúde do Rio, um homem chegou morto à unidade de saúde. Outro teve que ser transferido para o hospital municipal Albert Schweitzer, em Realengo (zona oeste), e quatro já receberam alta. Ainda segundo a secretaria de Saúde, o paciente encaminhado para o hospital de Realengo também já recebeu alta médica.

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O nome das vítimas não foi divulgado, e também não se sabe de onde partiram os tiros que balearam essas pessoas.

Segundo a PM, policiais do Batalhão de Choque realizavam patrulhamento na comunidade do Jacarezinho, na localidade conhecida como Concórdia, neste domingo, quando foram atacados a tiros por criminosos. Um PM foi atingido. À tarde, policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) reforçaram o patrulhamento no Jacarezinho e em Manguinhos, tendo em vista os seguidos ataques de criminosos.

Com dificuldades de fazer o pacote anticrime avançar no Congresso, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, tem apostado no combate às facções criminosas para tentar marcar sua atuação no governo e se reposicionar no jogo político. O ministério comandado pelo ex-juiz da Lava Jato intensificou a política de isolamento dos chefes de grandes organizações em presídios federais e, de janeiro até a semana passada, transferiu 321 líderes e integrantes de facções como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte de celas de presídios estaduais para o Sistema Penitenciário Federal.

A estratégia fez com que o número de detentos em suas cinco unidades dobrasse. Há ainda 400 vagas disponíveis. Na gestão de Moro na Justiça, a Polícia Federal passou a priorizar o combate ao crime organizado. Em governos passados, o órgão era voltado especialmente ao desmantelamento de esquemas de corrupção.

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Além do aumento do número de presos, as cinco penitenciárias federais sofreram mudanças estruturais. Uma delas foi a construção de parlatórios de vidro, que acabaram com os contatos físicos entre presos e visitantes. "Os presídios federais não eram utilizados para isolar os presos", afirmou o delegado federal Fabiano Bordignon, diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), subordinado a Moro.

"É um trabalho que tem sido bem árduo, mas os resultados estão aparecendo. Isso não quer dizer que a gente vai querer recorde de inclusão de presos", completou ele, ao destacar que o uso do sistema federal "deve ser cada vez mais excepcional".

No esforço para sufocar as facções que comandam presídios estaduais e territórios de vendas de drogas nas cidades, o ministério aposta também no uso da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), vinculada ao Depen e integrada por agentes federais e estaduais. A atuação da força, no entanto, é criticada pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão do Ministério da Mulher, que aponta violações aos direitos humanos.

Em outras frentes contra as organizações criminosas, a equipe de Moro espera a aprovação, pelo Congresso, de uma proposta incluída no pacote anticrime idealizado pelo ministro para impedir a progressão de regime a presos integrantes das facções. Os projetos aguardam votação. O Depen prepara ainda um sistema para centralizar as fichas de toda população carcerária. Pelas estimativas dos setores de inteligência, o número de integrantes de facções criminosas não chega a 10% dos presos no País.

Ao mesmo tempo, o ministério aumentou o número de operações da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal nas estradas e fronteiras. As 82 toneladas de cocaína confiscadas de janeiro até o dia 4 de novembro representam um recorde anual desde o início da série comparativa, em 1995.

Queda

A equipe de Moro avalia que o combate às facções ajudou a reduzir os índices de violência neste ano. Os dados de homicídios dolosos e de latrocínios entre janeiro e julho de 2019 caíram, ambos, 22% na comparação com o mesmo período em 2018.

Especialistas afirmam, porém, que não há como comprovar a correlação entre o trabalho atual da pasta e a queda do número de homicídios e roubos. A redução dos crimes faz parte, segundo eles, de tendência iniciada no ano passado.

"O governo Bolsonaro, na segurança pública, vive de meias verdades. A tendência de redução começou em 2014 em alguns Estados e se tornou ampla em 2018", disse o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sergio de Lima. Ele elogia, no entanto, a transferência de líderes de facções e o aumento dos esforços da Polícia Federal no combate à lavagem de dinheiro.

Lima afirma, ainda, que o combate à criminalidade sofrerá um abalo, com cortes de recursos, se for aprovada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos fundos, elaborada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ele observa que entre os fundos que o ministro Guedes quer extinguir estão o Fundo Nacional Penitenciário (Funpen) e o Fundo Nacional de Segurança Pública (Funasp).

Maus tratos

Responsável por fiscalizar as condições do sistema prisional, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura identificou maus tratos e tortura praticados pela Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) em vistorias no Amazonas, Ceará, Espírito Santo e Pará. Um relatório publicado pelo órgão no começo deste mês apontou que a Força-Tarefa vinculada ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) atuou de forma ilegal no presídio Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, onde 58 presos foram mortos durante rebelião em julho. A visita dos peritos federais ocorreu de 16 a 21 de setembro.

"Em todos os espaços visitados em graus diferenciados, encontramos a prática de tratamentos cruéis, desumanos, degradantes e tortura", disse José Ribamar Silva, coordenador-geral do mecanismo.

Ribamar acusa o governo atual de, "no mínimo", leniência. O problema, segundo ele, é que falta uma regulamentação da ação dessa força tática de intervenção do sistema prisional. "É necessário ter um protocolo de uso da força, um cronograma de atuação da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária nos Estados. Já solicitamos diversas vezes essas informações ao Ministério da Justiça, que tem o dever de prestar informações ao mecanismo, mas não recebemos", disse.

O diretor do Depen, Fabiano Bordignon, questiona as acusações do mecanismo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que não há provas das denúncias e que alguns relatos foram desmentidos. "Não concordamos (com os relatórios), mas mandamos apurar. Alguns relatórios têm fotos de presos que tiveram dedos quebrados, mas não fomos informados quem seriam, para averiguar", afirmou. "Há laudos do IML apontando autolesão. Se tiver problemas encontrados, serão punidos. Mas não tem nada e, se tem, eles deviam ter nos avisado e não fazer uma discussão midiática."

O diretor observa que a Força-Tarefa fez cerca de 60 mil assistências de saúde e também possibilitou a retomada do controle dos presídios. Na avaliação de Bordignon, a presença do grupo de intervenção ajuda a diminuir os índices de violência nos Estados. "Ceará, Roraima e Pará foram os que tiveram maior redução de homicídios", disse.

O subprocurador-geral da República Domingos Sávio Dresch, coordenador da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal (MPF), afirmou que os relatórios do mecanismo não podem ser desconsiderados. "Os relatórios são fidedignos e sérios, são alinhados com as recomendações internacionais, inclusive da ONU", disse.

Com dificuldades de fazer o pacote anticrime avançar no Congresso, o ministro da Justiça e da Segurança Pública, Sérgio Moro, tem apostado no combate às facções criminosas para tentar marcar sua atuação no governo e se reposicionar no jogo político. O ministério comandado pelo ex-juiz da Lava Jato intensificou a política de isolamento dos chefes de grandes organizações em presídios federais e, de janeiro até a semana passada, transferiu 321 líderes e integrantes de facções como PCC, Comando Vermelho e Família do Norte de celas de presídios estaduais para o Sistema Penitenciário Federal.

A estratégia fez com que o número de detentos em suas cinco unidades dobrasse. Há ainda 400 vagas disponíveis. Na gestão de Moro na Justiça, a Polícia Federal passou a priorizar o combate ao crime organizado. Em governos passados, o órgão era voltado especialmente ao desmantelamento de esquemas de corrupção.

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Além do aumento do número de presos, as cinco penitenciárias federais sofreram mudanças estruturais. Uma delas foi a construção de parlatórios de vidro, que acabaram com os contatos físicos entre presos e visitantes. "Os presídios federais não eram utilizados para isolar os presos", afirmou o delegado federal Fabiano Bordignon, diretor do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), subordinado a Moro.

"É um trabalho que tem sido bem árduo, mas os resultados estão aparecendo. Isso não quer dizer que a gente vai querer recorde de inclusão de presos", completou ele, ao destacar que o uso do sistema federal "deve ser cada vez mais excepcional".

No esforço para sufocar as facções que comandam presídios estaduais e territórios de vendas de drogas nas cidades, o ministério aposta também no uso da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP), vinculada ao Depen e integrada por agentes federais e estaduais. A atuação da força, no entanto, é criticada pelo Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, um órgão do Ministério da Mulher, que aponta violações aos direitos humanos (mais informações nesta página).

Em outras frentes contra as organizações criminosas, a equipe de Moro espera a aprovação, pelo Congresso, de uma proposta incluída no pacote anticrime idealizado pelo ministro para impedir a progressão de regime a presos integrantes das facções. Os projetos aguardam votação. O Depen prepara ainda um sistema para centralizar as fichas de toda população carcerária. Pelas estimativas dos setores de inteligência, o número de integrantes de facções criminosas não chega a 10% dos presos no País.

Ao mesmo tempo, o ministério aumentou o número de operações da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal nas estradas e fronteiras. Os 82 quilos de cocaína confiscados de janeiro até o dia 4 de novembro representam um recorde anual desde o início da série comparativa, em 1995.

Queda

A equipe de Moro avalia que o combate às facções ajudou a reduzir os índices de violência neste ano. Os dados de homicídios dolosos e de latrocínios entre janeiro e julho de 2019 caíram, ambos, 22% na comparação com o mesmo período em 2018.

Especialistas afirmam, porém, que não há como comprovar a correlação entre o trabalho atual da pasta e a queda do número de homicídios e roubos. A redução dos crimes faz parte, segundo eles, de tendência iniciada no ano passado.

"O governo Bolsonaro, na segurança pública, vive de meias verdades. A tendência de redução começou em 2014 em alguns Estados e se tornou ampla em 2018", disse o presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sergio de Lima. Ele elogia, no entanto, a transferência de líderes de facções e o aumento dos esforços da Polícia Federal no combate à lavagem de dinheiro.

Lima afirma, ainda, que o combate à criminalidade sofrerá um abalo, com cortes de recursos, se for aprovada a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) dos fundos, elaborada pela equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ele observa que entre os fundos que o ministro Guedes quer extinguir estão o Fundo Nacional Penitenciário (Funpen) e o Fundo Nacional de Segurança Pública (Funasp).

Maus tratos

Responsável por fiscalizar as condições do sistema prisional, o Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura identificou maus tratos e tortura praticados pela Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária (FTIP) em vistorias no Amazonas, Ceará, Espírito Santo e Pará. Um relatório publicado pelo órgão no começo deste mês apontou que a Força-Tarefa vinculada ao Departamento Penitenciário Nacional (Depen) atuou de forma ilegal no presídio Centro de Recuperação Regional de Altamira, no Pará, onde 58 presos foram mortos durante rebelião em julho. A visita dos peritos federais ocorreu de 16 a 21 de setembro.

"Em todos os espaços visitados em graus diferenciados, encontramos a prática de tratamentos cruéis, desumanos, degradantes e tortura", disse José Ribamar Silva, coordenador-geral do mecanismo.

Ribamar acusa o governo atual de, "no mínimo", leniência. O problema, segundo ele, é que falta uma regulamentação da ação dessa força tática de intervenção do sistema prisional. "É necessário ter um protocolo de uso da força, um cronograma de atuação da Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária nos Estados. Já solicitamos diversas vezes essas informações ao Ministério da Justiça, que tem o dever de prestar informações ao mecanismo, mas não recebemos", disse.

O diretor do Depen, Fabiano Bordignon, questiona as acusações do mecanismo. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele disse que não há provas das denúncias e que alguns relatos foram desmentidos. "Não concordamos (com os relatórios), mas mandamos apurar. Alguns relatórios têm fotos de presos que tiveram dedos quebrados, mas não fomos informados quem seriam, para averiguar", afirmou. "Há laudos do IML apontando autolesão. Se tiver problemas encontrados, serão punidos. Mas não tem nada e, se tem, eles deviam ter nos avisado e não fazer uma discussão midiática."

O diretor observa que a Força-Tarefa fez cerca de 60 mil assistências de saúde e também possibilitou a retomada do controle dos presídios. Na avaliação de Bordignon, a presença do grupo de intervenção ajuda a diminuir os índices de violência nos Estados. "Ceará, Roraima e Pará foram os que tiveram maior redução de homicídios", disse.

O subprocurador-geral da República Domingos Sávio Dresch, coordenador da Câmara de Controle Externo da Atividade Policial e Sistema Prisional do Ministério Público Federal (MPF), afirmou que os relatórios do mecanismo não podem ser desconsiderados. "Os relatórios são fidedignos e sérios, são alinhados com as recomendações internacionais, inclusive da ONU", disse. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado aprovou proposta que redefine o crime de terrorismo (Lei 13.260/16). A intenção é incluir as ações de facções criminosas contra o Poder Público.

O texto aprovado é o substitutivo do deputado Santini (PTB-RS) ao Projeto de Lei 443/19.

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Poderão ser enquadrados como terrorismo atos ilegais que busquem intimidação do Poder Público, causem perturbação da paz ou calamidade, em atos premeditados para: prejudicar o funcionamento de instituições públicas; produzir pânico ou intimidação; destruir patrimônio.

A definição de terrorismo proposta pelo relator é mais ampla que a atual, porque retira a determinação de que os atos devem ser motivados por xenofobia, discriminação ou preconceito com a finalidade de provocar terror social ou generalizado.

Para Santini, exigir a motivação dificulta o enquadramento de fatos reais ao crime de terrorismo. “Seria praticamente impossível provar que alguém feriu outrem, em ato isolado, por preconceito religioso a fim ‘de provocar terror social ou generalizado’, que é uma circunstância muito subjetiva”, avaliou.

Transporte público

A proposta também torna crime de terrorismo incendiar, depredar, saquear ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público e privado. Sabotar bancos de dados ou sistemas de informática governamentais também poderá ser considerado terrorismo.

O objetivo das mudanças é reagir à ação de facções criminosas que atuam nas cadeias ou no tráfico de drogas e atacam bens públicos quando confrontadas pelas autoridades de segurança, explicou o relator. “Atos como os ocorridos no estado do Ceará desafiam uma mudança legislativa”, disse. No início do ano, organizações criminosas tentaram explodir um viaduto em Caucaia, além de outros atos de violência na região.

Santini destacou que partidos políticos e movimentos sociais não poderão ser enquadrados na Lei Antiterrorismo por determinação legal.

Agentes públicos

A proposta aprovada também classifica como ato de terrorismo atentado contra a vida de pessoas ligadas à atividade penal ou seus parentes: agentes de segurança pública, guardas municipais, guardas civis, polícia comunitária, agentes penitenciários, peritos criminais, agentes do Detran, juízes, promotores, auditores fiscais, oficiais de justiça, advogados criminalistas e outros que possam estar em perseguição criminal. Esse era o ponto principal do texto original, do deputado Gurgel (PSL-RJ).

Atentar contra a vida do presidente da República e de chefes dos demais poderes, entre outras autoridades, também passa a ser terrorismo pelo texto aprovado.

Competência

Com a ampliação do rol de crimes de terrorismo, a proposta também permite que as condutas sejam julgadas pelos tribunais estaduais e investigadas pelas policias civis. Fica revogada a prerrogativa da Polícia Federal e da Justiça Federal para processar e julgar esses crimes.

“Como desdobramento da tipificação do terrorismo doméstico, indispensável se torna a necessidade de se conferir também à Justiça estadual comum a competência para julgamento ”, sustentou o relator.

O texto aprovado também considera terrorismo portar fuzil, granada e demais armas de emprego coletivo em atos criminosos ou que atentem contra a segurança pública ou que desafiem o Estado.

Tramitação

A proposta será analisada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania antes de ir a voto em Plenário.

*Da Agência Câmara Notícias

 

O governo federal planeja propor ao Congresso Nacional que as organizações criminosas mais violentas em atuação no Brasil passem a ser identificadas e nomeadas em lei. A medida, defendida pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, consta do Projeto de Lei Anticrime que o Palácio do Planalto pretende enviar ao Congresso Nacional em breve.

A menção nominal às organizações criminosa será uma mudança significativa, já que, hoje, muitos governantes sequer admitem a atuação destas facções, tentando minimizar o poderio ilícito de seus integrantes. "É uma alteração importante. Praticamente mantemos a conceituação atual, mas deixamos claro, na lei, que estas são organizações criminosas", disse Moro.  

As lideranças das organizações criminosas devem, quando condenadas,  iniciar o cumprimento da pena em penitenciária de segurança máxima.  "Ele não poderá progredir de regime de cumprimento de pena ou receber outros benefícios prisionais se houver elementos probatórios que indiquem a manutenção do vínculo associativo", explicou Mouro.

De acordo com o texto do PL apresentado à imprensa, governadores, vice-governadores e a secretários de segurança pública, será considerada organização criminosa qualquer associação a partir de quatro pessoas "estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas" cujos integrantes atuem com o "objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza, mediante a prática de infrações penais cujas penas máximas sejam superiores a quatro anos".

O PL cita o Primeiro Comando da Capital (PCC), Comando Vermelho (CV), Família do Norte, Terceiro Comando Puro e a organização Amigo dos Amigos como exemplos de grupos que se valem da "violência ou da força de intimidação do vínculo associativo para adquirir, de modo direto ou indireto, o controle sobre a atividade criminal ou sobre a atividade econômica".

Também são citadas os grupos milicianos. Para o ministro Sergio Moro, a atual legislação já permite o enquadramento destes grupos como organizações criminosas, mas o PL, se aprovado pelo Congresso, permitirá, entre outras coisas, "deixar claro" quais são e qual o modelo de atuação das facções. 

"Não é possível nomear todas, pois o rol é exaustivo. Nomeamos algumas, mais conhecidas e de maior alcance nacional", acrescentou o ministro, já prevendo possíveis críticas de especialistas em segurança pública e de advogados contrários a se nomear as organizações por entender que esta seria uma forma de legitima-las, fortalecendo-as. Moro, no entanto, acredita que, a exemplo do que ocorreu na Itália, a alteração da lei, junto a outras medidas, poderá resultar em mudanças.  

O PL anticrime prevê mudanças em 14 leis, entre elas, o Código Penal, Lei de Execução Penal, Lei de Crimes Hediondos e Código Eleitoral. A intenção, segundo o Ministério da Justiça e Segurança Pública, é combater a corrupção, crimes violentos e facções criminosas.

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, defendeu nesta quarta-feira (25) que todas as visitas, incluindo as de advogados, a líderes de facções criminosas passem a ser feitas em parlatórios e que todas as conversas sejam gravadas. O objetivo é impedir que esses comandos continuem atuando de dentro para fora das prisões. Jungmann participou, nesta quarta-feira do Fórum Reconstrução do Brasil, promovido pelo jornal O Estado de S. Paulo, na capital paulista.

Entrevista coletiva com o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann Jungmann exemplificou com os casos de Fernandinho Beira-Mar, Nem e Marcinho VP, que têm 37 advogados. “São advogados ou pombos correios?”, questionou o ministro. 

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O projeto de lei, elaborado pelo ex-ministro da Justiça e hoje ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes, acaba com qualquer tipo de contato com presos que não seja registrado. “O governo apoia [o projeto], não pode haver contato de chefe de facção que não tenha registro”, afirmou.

Pela proposta, as conversas seriam abertas apenas mediante ordem judicial.

Marielle

Jungmann comentou também a investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, mortos a tiros na região central do Rio de Janeiro. O ministro disse que ainda não tem provas de que efetivamente os dois acusados presos – o policial militar reformado Alan de Morais Nogueira e o ex-bombeiro Luis Cláudio Ferreira Barbosa – estejam envolvidos.

Ele afirmou que o trabalho da polícia fluminense é sério e conta com apoio integral da Polícia Federal. No entanto, ele reconheceu a dificuldade de resolução do caso, tendo em vista “as imbricações em relação aos mandantes do crime”. “A cadeia que envolve os mandantes é ampla e complexas.”

“Quando o crime organizado controla territórios, começa a ter uma projeção na política, na polícia, nos órgãos de controle”, acrescentou Jungmann. Ele reforçou os fortes indícios da participação de milícias no assassinato.

Desarmamento

O ministro disse não acreditar que a liberação do porte de armas, tema frequente na fala de pré-candidatos à Presidência da República, seja a solução dos problemas da segurança brasileira. Ele pondera que alguns ajustes possam ser feitos ao Estatuto do Desarmamento, do qual é defensor, mas é contra o projeto que revoga o estatuto, que tramita no Congresso Nacional.

Na opinião de Jungmann, o debate foi impulsionado pela indústria de armas brasileira, e a melhor saída para o país é aumentar os esforços na melhoria da segurança pública.

“As medidas [do projeto] levam a coisas como comercial de armas em rádio e televisão, à possibilidade de [que] caminhoneiros, taxistas, qualquer um possa andar no seu trabalho armado, inclusive tendo propriedade de seis a nove armas, à possibilidade de as pessoas possam terem acesso a armas restritas”, disse o ministro.

Estudantes da rede pública de ensino do Ceará estão sofrendo conseqüências da disputa entre facções criminosas. Os alunos que não moram na região da escola estão “proibidos” de freqüentar as aulas e estão sob ameaças constantes vindo de criminosos.

Moradores e estudantes de uma escola localizada no bairro Pirambu, em Fortaleza, dizem que o medo predomina no local. Criminosos estão ameaçando iniciar um confronto, caso algum estudante de outra localidade rival se desloque até a escola do bairro.

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Em quatro escolas onde foram registradas as ameaças, policiais foram colocados de prontidão para fazer a segurança dos alunos. Porém, nem todos os estudantes estão indo às aulas.

A Secretaria de da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) publicou, em uma rede social, que a polícia vai fazer todo esforço para que os criminosos não ditem regras nas escolas. Investigações estão em curso para localizar os autores das ameaças.

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Segundo o Secretário de Justiça de Roraima, Uziel Castro, nesta segunda-feira (9) os 33 presos assassinados na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo foram mortos após se recusarem a entrar para uma facção que existe dentro do presídio.

"Não foi um acerto de contas, não foi uma vingança. O nosso serviço de inteligência está detectando possivelmente uma represália a presos que não queriam aderir à facção deles (Primeiro Comando da Capital, PCC)", declarou Castro em coletiva à imprensa. Nenhum suspeito de participar do massacre foi identificado.

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No total, 31 presos morreram na madrugada da última sexta-feira (6) na penitenciária localizada na zona rural da capital roraimense. Após um busca outros dois corpos foram encontrados enterrados na mesma unidade na tarde de sábado (7).

De acordo com Uziel Castro, depois do conflito em outubro de 2016, após 10 presos serem mortos dentro na penitenciária, os detentos foram separados nas unidade prisionais do estado de acordo com as facções que integravam.

Castro ainda explicou que por conta disso há apenas presos do PCC cumprindo pena na unidade, e que a Polícia Civil já abriu inquérito para investigar as mortes. 

Cerca de mil homens do Exército chegaram na manhã desta quarta-feira, 3, à cidade de Natal. O efetivo integra a tropa federal que atuará no patrulhamento ostensivo para coibir os ataques que vêm sendo realizados por facções criminosas em todo o Estado em represália à instalação de bloqueadores de sinal de celular em presídios. Até o início desta tarde, 90 ataques já haviam sido registrados pela Secretaria Estadual de Segurança. As ações de vandalismo atingem 33 municípios, incluindo a capital.

Até a manhã desta quinta-feira, 4, deve ser definido o esquema de distribuição das tropas federais. Nesta terça, durante entrevista coletiva, o governador Robinson Farias informou que os militares vão patrulhar as ruas, principalmente os corredores de ônibus e os locais de acesso aos pontos turísticos. A chegada do ministro da Defesa, Raul Jungmann, ao Estado foi adiada desta quarta para quinta-feira.

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Os homens que chegaram nesta quarta foram deslocados de batalhões sediados em João Pessoa e Campina Grande, na Paraíba; Jaboatão dos Guararapes e Garanhuns, em Pernambuco; e também de Caicó, no interior do Rio Grande do Norte. Nesta quinta devem chegar 200 fuzileiros navais, da Marinha brasileira.

Apesar da redução no ritmo dos ataques, os ônibus urbanos da região metropolitana continuam circulando com a frota reduzida. No início da manhã, o trabalho começou com 60% da frota em atividade e depois atingiu 70%. O recolhimento dos veículos está previsto para às 21h30, a exemplo do que vem acontecendo desde o início dos ataques. A redução do horário de funcionamento do sistema público de transporte desencadeou queixas da população.

Os prejuízos, segundo o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros, já chegam a R$ 4,7 milhões.

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