Apesar de apresentar aspectos positivos como rapidez e baixo custo, a expansão do uso de bicicletas no Brasil também trouxe aumento no número de mortes e acidentes envolvendo ciclistas. Em Pernambuco, uma pesquisa inédita identificou o perfil de quem normalmente é vítima dos acidentes envolvendo o modal. Segundo dados obtidos através do estudo, homens entre 15 e 39 anos são os mais envolvidos nas ocorrências.
Realizada pela Fiocruz Pernambuco, a pesquisa avaliou 2.364 acidentes com ciclistas, ocorridos no ano de 2012 na Região Metropolitana do Recife (RMR), Zona da Mata, Agreste, Sertão e São Francisco. Os dados foram obtidos através do Sistema de Informação sobre Acidentes de Transporte Terrestre (Sinatt).
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Segundo o levantamento da Fiocruz, 82,7% das vítimas dos acidentes são homens. Desse percentual, 46,3% tem entre 15 e 39 anos. A pesquisa ainda constatou que 62,5% dos acidentes aconteceram em dias úteis e cerca de 58,1% das ocorrências foram feitas durante o período diurno, ou seja, durante os períodos de deslocamento para o trabalho. Entretanto, somente 10,8% dos casos de acidentes com bicicleta foram enquadrados como acidentes de trabalho nas fichas de notificação.
Para a estudante Kênia Brilhante, autora da pesquisa, as fichas de notificação também têm outras deficiências, como a ausência de um responsável pelo acidente. Apesar de ser classificado como a causa de 10,8% dos acidentes, o consumo de bebida alcoólica não é indicado se foi feito pelo ciclista ou por outros envolvidos na ocorrência. Também não é possível identificar de quem foi a transgressão nos casos de excesso de velocidade, avanço de sinal e uso de celular.
Os acidentes ciclísticos também representam gastos no Sistema de Saúde. Entre os anos de 2008 e 2012, o número de autorizações para internação hospitalar para vítimas de acidentes de bicicleta cresceu 1.570%, e, dos R$ 201,8 milhões gastos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar vítimas de ocorrências no trânsito, R$ 9 milhões foram destinados às despesas com ciclistas.
O aumento no número de acidentes envolvendo bicicletas também foi confirmado pelo ortopedista Edgardo Bonfiglio. O especialista ainda apontou diferenças entre o perfil dos acidentados nas ciclofaixas móveis e no dia-a-dia: “Quem se machuca nas ciclofaixas vai para o serviço privado. São casos menos sérios. As chances de sofrer acidentes mais graves são dos trabalhadores que dividem as ruas com caminhões, carros e motos. Este vai ser atendido na unidade de saúde pública”, observa Bonfiglio.