Francisco de Assis Barreto da Rocha Filho sempre pertenceu classe média do Recife. O seu pai era funcionário federal e tinha ideias conservadoras. Estudou no colégio estadual de Pernambuco – o Ginásio Pernambucano -, e participou ativamente dos movimentos políticos que aconteciam antes mesmo do Golpe Militar.
No final dos anos sessenta foi dirigente universitário do PCB. Em 1967 foi preso pelos militares, mas não chegou a ser torturado. Depois de passar cinco dias detidos, acabou indo para o Ceará. Por questões de segurança, ingressou no PCBR. De volta ao Recife foi preso novamente e levado para Casa de Detenção do Recife, a atual Casa da Cultura. “Chegaram metralhando e me deram voz de prisão. A gente resolveu reagir. Atirei no povo que tinha metralhado a porta da frente, mas só tinha dois revolveres conosco. O partido recomendou a gente reagir porque sabíamos o que iria acontecer na prisão. Vera Rocha, que estava comigo, foi atingida, teve que fazer várias operações”, relatou o artista plástico.
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Na segunda prisão, o artista plástico foi torturado várias vezes. De acordo com ele, os militares não escondiam o rosto na hora da maltratar os presos. “Eles nao usavam capuz. Eram tudo de rosto aberto. Eles geralmente não botavam. A gente denunciava, dizia que foi maltratado no dia tal, hora tal, local tal, mas eles diziam que não sofríamos maus tratos. Eu denunciei dez policiais: Miranda, X9, cabo Rível Rocha, todos eles foram indicados como torturadores”, revelou.
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Depois de ser levado para Casa da Cultura, Francisco de Assis foi transferido junto com outros presos para a Penitenciária Professor Barreto Campelo. Segundo o ex-militante, houve um momento em que os presos ficaram colocados juntos em um salão por um ano e meio. “Eram 35 pessoas colocadas juntas num espaço enorme. Na enfermaria. (...) A gente teve sorte, vários companheiros morreram no meio do caminho”, relatou o artista plástico.
Ele passou nove anos e meio no local. Entrou na prisão com 23 anos e saiu com 33 no dia 27 de setembro de 1979. “Dava 44 presos (na Penitenciária). Eram exatamente 11 celas que tinham no local. Cada cela com quatro presos, mas havia mudanças (de presos). Variações nas celas. (...) Eu passei nove anos, quatro meses e 27 dias presos. Isso é muito tempo. (...) A gente olha para trás e pensa que o tempo comprimiu muito”, disse.
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