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 A ex-procuradora-geral da República (2017-2019), Raquel Dodge virá ao Recife na próxima segunda-feira (12) para participar da palestra “O Diálogo entre as Instituições no Estado Democrático de Direito”, às 10h.

O evento é realizado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da Escola Superior (ESMP/PE), e com apoio da Associação do Ministério Público de Pernambuco (AMPPE).

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O evento será realizado no auditório da Procuradoria Geral de Estado (PGE), localizado na Rua do Sol, Nº 143, 7º andar, Santo Antônio.

Contrariando sua antecessora Raquel Dodge, o procurador-geral da República, Augusto Aras, enviou novo parecer ao ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), em que passa a defender a inconstitucionalidade do tabelamento do frete rodoviário.

Para Aras, a lei que criou a tabela do frete prejudica “os princípios [constitucionais] da livre iniciativa e da livre concorrência, bem como os limites constitucionais da subsidiariedade da atuação estatal direta no domínio econômico”.

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Quando a lei foi aprovada, durante o governo de Michel Temer, Raquel Dodge, então PGR, havia se manifestado a favor da constitucionalidade da medida, por considerá-la fundamental “para o respeito à dignidade humana e à valorização do trabalho, em detrimento da suposta liberdade para contratar serviços abaixo do preço de custo".

Agora, Aras afirma que “não cabe ao Estado, em sua intervenção direta, substituir-se aos agentes privados e ao mecanismo de alocação entre oferta e demanda, suplantando a concorrência pela regulação, tampouco será possível, em sua intervenção indireta, na condição de agente normativo e regulador, afastar o regime concorrencial das atividades econômicas privadas”.

Julgamento suspenso

A tabela do frete foi uma das principais concessões do governo Temer para encerrar uma greve nacional de caminhoneiros em maio de 2018. O instrumento foi criado via medida provisória, depois convertida em lei.

A medida é contestada no Supremo por três ações diretas de inconstitucionalidade (ADI´s), relatadas por Fux. O julgamento do assunto estava marcado para 19 de fevereiro, mas foi adiada pelo ministro a pedido da União.

Na mesma decisão sobre o adiamento, Fux marcou uma nova reunião de conciliação entre as partes, o governo e representantes da PGR e da Advocacia-Geral da União (AGU). O encontro deve ocorrer no gabinete do ministro em 10 de março, às 12h, diz o despacho. 

Desde 2018, Fux realizou ao menos duas reuniões a portas fechadas entre caminhoneiros, transportadores, setor produtivo e representantes da Procuradoria-Geral da República (PGR) e do governo, sem que nenhum consenso fosse alcançado. Em agosto daquele ano, foi realizada também uma audiência pública.

A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge disse nesta quarta-feira, 30, que considera "grave" a declaração de um porteiro que cita o presidente Jair Bolsonaro em investigação sobre o assassinato da ex-vereadora Marielle Franco (PSOL). "É uma denúncia grave sobre a qual eu não tenho nenhum conhecimento", afirmou. Para ela, a menção ao presidente justifica que o caso vá para o Supremo Tribunal Federal (STF).

Raquel Dodge falou com a reportagem após participar do evento Estadão Brasil Summit - O que é poder?, realizado em São Paulo. Em setembro, quando ainda era procuradora-geral, ela denunciou o ex-deputado estadual e ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro (TCE-RJ) Domingos Brazão além de outras quatro pessoas, por obstrução da investigação sobre os homicídios. No último dia de seu mandato, Raquel fez um pedido de federalização das investigações, com a justificativa de que havia "inércia" na apuração em nível local. A decisão cabe ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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Em depoimento revelado pelo Jornal Nacional nesta terça-feira, 29, um porteiro do condomínio Vivendas da Barra, onde morava Ronnie Lessa, um dos acusados de matar Marielle, afirmou à Polícia Civil que um homem chamado Elcio entrou no local dizendo que iria à casa 58, onde mora Bolsonaro. Segundo o porteiro, quem teria atendido o interfone foi "seu Jair", que teria autorizado a entrada. Registros da Câmara, no entanto, mostram que Jair Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.

"Toda vez que uma autoridade com foro de prerrogativa de função é referida, ainda que não haja nenhuma evidência contra ela, os casos costumam ser remetidos ao foro competente", disse a procuradora nesta quarta. Ela ressaltou ainda a dimensão do assassinato de Marielle. "É um caso muito importante. Ela era vereadora no exercício do cargo e fazia um grande serviço social. Toda vez que se cala um representante eleito do povo é preciso avaliar o homicídio nessa dimensão."

A ex-procuradora-geral da República Raquel Dodge afirmou nesta quinta-feira, 24, que mantém a convicção de que deveria ser mantida a interpretação de que a prisão em segunda instância é possível, como manifestou no segundo parecer do processo sobre a prisão em segunda instância, que está sendo julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Ao ser questionada após a participação no evento "Brazil Summit 2019" sobre o voto da ministra Rosa Weber, que abriu caminho para mudança no entendimento da corte, Dodge disse que no segundo grau encerra-se o juízo se há prova de que o acusado é culpado ou não.

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"Acho que uma solução desta fomenta a percepção da população de que o sistema de Justiça funciona com a rapidez necessária, o mais rápido possível da data do fato."

Segundo ela, o impedimento da execução da pena em segunda instância deverá levar o Parlamento refletir se é necessário mudar alguma regra para se estabelecer mais clareza sobre o tema.

Em relação à possibilidade de que condenados em segunda instância sejam soltos, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-PGR disse que as defesas devem fazer os pedidos à Justiça e de que "certamente haverá uma solução condizente com a decisão do STF, soltando os condenados".

Em relação à reação da sociedade, Dodge disse que a sociedade entende que as instituições devem funcionar condizentemente. "Creio que o STF está dizendo à sociedade brasileira que essa é a regra, devemos respeitar."

Medo

A ex-PGR disse ainda que a justiça não tem sido igual para todos pela forma que ela vem sendo aplicada. De acordo com ela, as pessoas olham para a Justiça e sentem medo de a Justiça não funcionar para elas como funciona para outras pessoas. De acordo com Dodge, "as pessoas pensam que se não têm muito dinheiro, a Justiça não vai funcionar para elas".

Janot

Questionada sobre a imagem da promotoria após as declarações de seu antecessor, Rodrigo Janot, que disse que pensou em matar o ministro do STF Gilmar Mendes, Dodge disse que é um "fato lamentável, mas isolado".

Ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes elogiou, nesta quarta-feira (18), a atuação de Raquel Dodge à frente da Procuradoria Geral da República nos últimos dois anos. 

“Com sua integridade ética e primor técnico, Dodge restabeleceu a dignidade do Ministério Público”, enalteceu o magistrado. “A primeira mulher a assumir a PGR deixa um legado de intransigente respeito pelas instituições democráticas”, emendou Mendes.

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Raquel Dodge deixou deixou o cargo nessa terça (17). Ela foi a primeira mulher à frente da PGR, mas não foi reconduzida pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) que optou por não acolher a lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e escolheu o subprocurador Augusto Aras para assumir o posto. 

No último dia como procuradora-geral, ela contestou decisões de Bolsonaro ao enviar um parecer pedindo que o STF declare inconstitucional seis decretos do governo que alteraram as regras de porte e posse de armas. 

Além disso, ela também pediu a federalização da investigação sobre quem seria o mandante do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018, no Rio de Janeiro.  

Viúva da vereadora Marielle Franco, a arquiteta Mônica Benício criticou o pedido da ex-procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para federalizar as investigações sobre os mandantes do assassinato da parlamentar que aconteceu em março de 2018, no Rio de Janeiro. 

Mônica disse que Dodge não estabeleceu nenhum diálogo com os familiares de Marielle e do motorista Anderson Gomes, também morto na ocasião, antes de tomar a atitude. 

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“Preocupante e profundamente desrespeitosa a atitude da PGR em pedir a federalização do caso Marielle e Anderson sem NENHUM [sic] diálogo com as famílias”, escreveu Mônica no Twitter.

A solicitação de Dodge foi uma das últimas do seu mandato à frente da PGR. Ela apresentou à Justiça uma denúncia criminal de obstrução das investigações do Rio de Janeiro apontando o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), Domingos Inácio Brazão, e mais quatro pessoas como envolvidos no caso.

Brazão é apontado por Dodge como um dos eventuais mandantes do assassinato

No último dia do seu mandato, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, enviou nesta terça-feira, 17, um parecer pedindo que o Supremo Tribunal Federal (STF) declare a inconstitucionalidade de seis decretos do governo Jair Bolsonaro que alteraram as regras de porte e posse de armas. Em outra frente, Raquel apresentou também três ações ao Supremo que contestam outras iniciativas do governo federal: o Escola sem Partido e mudanças promovidas nas composições dos conselhos nacionais do meio ambiente (Conama) e dos direitos da criança e adolescente (Conanda).

Nas últimas semanas, Raquel fez gestos de aproximação com o Palácio do Planalto, mas ainda assim Bolsonaro decidiu não reconduzir a procuradora-geral para mais dois anos de mandato. O presidente escolheu o subprocurador-geral da República Augusto Aras para suceder a Raquel no comando do Ministério Público Federal (MPF) - o nome de Aras ainda precisa ser aprovado pelo Senado.

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No caso das alterações das regras de posse e porte de armas, por exemplo, Raquel afirmou que os decretos assinados pelo presidente Bolsonaro afrontam "o princípio da separação dos Poderes" e substituem o papel do Poder Legislativo "na tomada de decisão acerca da política pública sobre porte e posse de armas de fogo".

O parecer da procuradora foi encaminhado no âmbito de uma ação ajuizada pelo partido Rede Sustentabilidade em maio deste ano.

Liminar

Já na ação que mira o projeto Escola sem Partido - uma das bandeiras do presidente Jair Bolsonaro - Raquel pediu que o Supremo conceda imediatamente uma liminar para suspender qualquer ato do Poder Público "que autorize ou promova a realização de vigilância e censura da atividade docente com base em vedações genéricas e vagas à 'doutrinação' política e ideológica" e "à abordagem de questões relacionadas a gênero e sexualidade no ambiente escolar".

"Não será esterilizando o processo educativo à reflexão e ao embate ideológico que se obterão melhores resultados no desenvolvimento dos alunos", escreveu Raquel na ação encaminhada ao Supremo. "Entre a vedação apriorística de conteúdos e a liberdade de ensino, esta é preferível", completou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, disse nesta terça-feira, 17, que, nos dois anos em que esteve à frente do Ministério Público Federal (MPF), tentou difundir um estilo de autocontenção que considera "adequado" para todo membro da instituição. O comentário da procuradora foi feito após ela ser questionada sobre o vazamento de mensagens de procuradores da força-tarefa da Lava Jato reveladas pelo site "The Intercept Brasil".

Raquel deixa o comando da PGR nesta terça-feira após uma gestão marcada por crises internas e crescente insatisfação dentro do MPF. "Em todo mandato eu exerci a autocontenção, fui eloquentemente silenciosa em tudo aquilo que exigia talvez uma percepção, parecer, algo fora dos autos", disse a procuradora.

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Em coletiva de imprensa para entregar um balanço de gestão, Raquel Dodge foi questionada sobre o vazamento de mensagens de procuradores, mas observou que não ia comentar o episódio já que esses fatos "não estão no momento na minha mesa".

"Apenas para dizer que, do ponto de vista da chefe do Ministério Público, gestora e presidente do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público, que investiga membros do MP) e CSMPF (Conselho Superior do Ministério Público Federal, órgão máximo de deliberação do MPF), temos que ter cuidado com a palavra, estimular, pelo exemplo, o comportamento de sobriedade, acho que esta autocontenção enuncia a ética que devemos estimular no MP, porque lidamos com pessoas e é preciso ter cuidado com o que fazemos", acrescentou.

"O que posso dizer é que eu tentei difundir pelo meu comportamento e autocontenção o estilo que acho adequado para todo membro do MPF", completou Raquel Dodge.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta terça-feira (17), ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), a federalização da investigação aberta no Rio de Janeiro para apurar supostas irregularidades na investigação do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes.

Caso o pedido de federalização seja aceito pelo STJ, caberá à Justiça Federal, e não mais ao Judiciário local, o julgamento do caso. No mesmo pedido de deslocamento da competência para julgamento, Raquel Dodge apresentou pedido de abertura de um novo inquérito contra suspeitos que teriam participado de uma "encenação de investigação" para conduzir a apuração a falsos mandantes e esconder a verdadeira autoria dos assassinatos.

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O pedido foi feito após a procuradora analisar a tentativa de obstrução das investigações. Durante o processo de análise da federalização do caso, uma cópia da investigação que estava em andamento na Justiça do Rio foi solicitada pela procuradora, mas o compartilhamento de informações foi rejeitado pelo juiz responsável pelo caso.

Além da federalização e a abertura de um novo inquérito, Dodge apresentou denúncia no STJ contra o conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) Domingos Brazão, o delegado da Polícia Federal (PF) Hélio Kristian e mais quatro pessoas. Segundo a procuradoria, todos tentaram atrapalhar as investigações.

Mandato

Dodge encerra nesta terça-feira (17) mandato de dois anos na PGR. Durante o período em que chefiou o Ministério Público Federal (MPF), a procuradora apresentou 64 denúncias contra 224 pessoas; 19 pedidos de homologação de delações premiadas, e 427 pedidos de extradição.

Para o lugar de Raquel Dodge, o presidente Jair Bolsonaro indicou o sub-procurador-geral Augusto Aras. Antes de tomar posse no cargo, Aras precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário da Casa. A previsão é que a indicação seja votada em 25 de setembro.

Até a aprovação, a Procuradoria-Geral da República será chefiada interinamente pelo vice-presidente do Conselho Superior do MPF, Alcides Martins.

 

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, "segurou" casos da Lava Jato por um ano ou até mais. A desaceleração nos ritmos de trabalho da investigação levou o ministro Edson Fachin, relator da operação no Supremo Tribunal Federal, a questionar, no mês passado, a chefe do Ministério Público Federal sobre o andamento das apurações, conforme documento obtido pelo jornal O Estado de S. Paulo. Raquel deixa nesta terça-feira, 17, o cargo e apresentará uma prestação de contas sobre os dois anos de sua conturbada gestão.

Fachin listou 14 casos que estavam, na época, aguardando um posicionamento da Procuradoria, de dezembro de 2017 até hoje - uma soma que chega a 21 meses. Um dos mais emblemáticos é um inquérito que investiga o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE). A apuração foi aberta a partir do acordo de colaboração premiada celebrado pelo Ministério Público com Nelson José de Mello, ex-diretor institucional do grupo empresarial Hypermarcas, que relatou valores repassados ao emedebista. Encaminhado à Procuradoria em março de 2018, o inquérito até hoje não retornou ao Supremo para ser analisado por Fachin.

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Em dezembro do ano passado, os advogados Aristides Junqueira e Luciana Moura, defensores de Eunício, reclamaram do ritmo das investigações e pediram o arquivamento do processo. "A última vez que o inquérito esteve nesse Supremo Tribunal Federal foi no início de março de 2018. A partir dessa data, os autos não mais saíram da PGR, eis que este procedimento, desde o início, tem sido conduzido pelo Ministério Público Federal. A insistência em prolongar as investigações viola as regras de duração razoável do processo com exposição e desgaste indevidos do requerente (Eunício)", criticou a defesa do ex-senador.

Outro caso mencionado pelo relator da Lava Jato é uma apuração preliminar sobre o repasse de valores pela JBS a parlamentares em troca de apoio político à eleição do deputado cassado Eduardo Cunha (MDB-RJ) à presidência da Câmara, em 2014. O caso está parado na Procuradoria há quase um ano.

Um inquérito que investigava o senador Renan Calheiros (MDB-AL) também ficou quase um ano parado na Procuradoria até retornar, no início deste mês, ao STF - depois, portanto, que Fachin enviou o ofício a Raquel. O caso acabou arquivado pelo relator da Lava Jato.

Em março, o magistrado enviou à Procuradoria um inquérito que apura se o ex-senador Edison Lobão (MDB-MA) recebeu vantagem indevida entre 2011 e 2013 - quando ocupava o cargo de ministro de Minas e Energia no governo de Dilma Rousseff (PT) -, em virtude de contratos celebrados para a construção da usina de Belo Monte.

Na época, Fachin fixou um prazo de cinco dias para que a Procuradoria se manifestasse se seria o caso de apresentar denúncia, arquivá-lo ou de prosseguir com as apurações. Até hoje não recebeu resposta.

No despacho obtido pela reportagem, Fachin cumprimentou Raquel pelo "brioso" trabalho, mas observou que "se encontram na PGR inquéritos, bem como ações cautelares e petições (...) no aguardo de diligências e respectivos trabalhos, em lapso superior ao prazo".

Raquel disse que a maior parte das peças (manifestações) ajuizadas no STF está sob segredo de Justiça. "No tempo próprio elas expressarão o empenho com que eu trabalhei no enfrentamento da corrupção, naquilo que me cabe de atuação", afirmou ela, na semana passada.

Debandada

A crise na Procuradoria levou, recentemente, um grupo de trabalho da Lava Jato a abandonar os postos, em sinal de desaprovação à conduta de Raquel na delação da OAS.

A procuradora se colocou à disposição do presidente Jair Bolsonaro para ser reconduzida ao cargo por mais dois anos, mas acabou preterida pelo subprocurador Augusto Aras, que lançou candidatura avulsa, sem disputar uma vaga na lista tríplice da categoria. Aras já defendeu uma "disruptura" no Ministério Público, fez críticas a métodos de investigação "personalistas" da Lava Jato e prometeu atuar para destravar a economia. A indicação ainda precisa ser aprovada pelo Senado.

Raquel enfrentou resistência no Planalto por ter denunciado, no ano passado, Bolsonaro por racismo e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, por ameaçar uma jornalista. O entorno do presidente também critica a atuação de Raquel na Lava Jato sob o argumento de que ela não deu prioridade ao combate à corrupção.

Apurações

Eunício Oliveira (MDB-CE): O inquérito que investiga se o ex-senador foi beneficiado com valores repassados pelo grupo Hypermarcas foi enviado à Procuradoria em 2 de março de 2018.

Edison Lobão (MDB-MA): Lobão é investigado por corrupção e lavagem envolvendo contratos de Belo Monte. Em março, Fachin enviou o inquérito à PGR para que, em 5 dias, se manifestasse, mas não houve resposta.

Eduardo Cunha (MDB-RJ): Apuração envolve repasse de valores pela JBS a parlamentares em troca de apoio à eleição de Cunha à presidência da Câmara, em 2014. O caso está na PGR desde 21 de setembro de 2018.

Renan Calheiros (MDB-AL): Caso investigava pagamento de propina por meio de dinheiro desviado de contrato para a construção de navios-sonda. O caso ficou quase um ano na Procuradoria. Depois, foi arquivado.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou nesta quinta-feira (12) que deu toda estrutura necessária ao Ministério Público Federal (MPF) para o combate à corrupção. Raquel Dodge disse que, durante sua gestão na Procuradoria-Geral da República (PGR), o número de procuradores das forças-tarefa da Operação Lava Jato no Paraná, em São Paulo e no Rio de Janeiro foi ampliado e recursos para a manutenção do trabalho foram liberados.

"Dei a eles todos toda a estrutura necessária para o enfrentamento à corrupção, dotando não só cada procuradoria com a verba necessária para fortalecer essa atuação, como também apoiando todas as iniciativas que chegaram ao meu conhecimento na forma de requerimentos. Não teve nada que foi indeferido – muito ao contrário, muito foi fortalecido. Eu ampliei o número de procuradores em todas as forças-tarefa da Lava Jato, seja a do Paraná, seja a de São Paulo, seja a do Rio de Janeiro. Deferi a remessa de todas as verbas necessárias", enfatizou.

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Raquel Dodge participou, nesta quinta-feira, da última sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) na função de representante do Ministério Público Federal.

Após dois anos no cargo, o mandato de Raquel Dodge terminará na próxima terça-feira (17).

Para o lugar de Raquel Dodge, primeira mulher a chefiar o MPF, o presidente Jair Bolsonaro indicou o subprocurador-geral Augusto Aras. Antes de tomar posse no cargo, Aras precisa ser aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e pelo plenário da Casa. A previsão é que a indicação seja votada em 22 de setembro.

 

Em sua despedida como procuradora-geral da República, na sessão plenária do Supremo Tribunal Federal (STF), Raquel Dodge fez um alerta nesta quinta-feira, 12, a todos os ministros da Corte para que "permaneçam atentos a todos os sinais de pressão sobre a democracia liberal".

"No Brasil e no mundo surgem vozes contrárias ao regime de leis, ao respeito aos direitos fundamentais e ao meio ambiente sadio também para as futuras gerações", disse a procuradora, em sua derradeira atuação como chefe do Ministério Público na Corte máxima.

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"Neste cenário é grave a responsabilidade do Ministério Público, mas é singularmente importante a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal do Brasil", declarou. "Do Ministério Público para acionar o sistema de freios e contrapesos para manter leis válidas perante a Constituição, para proteger o direito e segurança para todos, para defender minorias, trazendo os casos à esta Corte. Como acaba de assinalar o seu ministro-presidente, Dias Toffoli, o Supremo precisa ser acionado para que possa decidir."

Raquel Dodge destacou o papel que o Ministério Público tem desempenhado nos últimos 30 anos e emendou, dramaticamente, dirigindo-se aos ministros.

"Quero lhes fazer um pedido muito especial, que também dirijo à sociedade civil e a todas as instituições da República: protejam a democracia brasileira tão arduamente erguida em caminhos de avanços e retrocessos, mas sempre sob o norte de que a democracia é o melhor modelo para construir uma sociedade de mais elevado desenvolvimento humano."

Raquel deixa o cargo no próximo dia 17. Ela deverá ser substituída pelo procurador Augusto Aras, escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro. Ela ficou dois anos no mandato.

"Há dois anos, ao iniciar o mandato constitucional de procuradora-geral, o Brasil padecia de males muito complexos que ainda não foram superados. Tínhamos, como temos, um País sob a nódoa de profunda desigualdade social, de escandalosa corrupção de verbas públicas, de políticas públicas deficientes, do meio ambiente marcado pela destruição de florestas, poluição de seus melhores rios, pelo rompimento de barragens minerárias e mais de 65 mil vítimas de homicídios."

Segundo Raquel, "o setor privado, temeroso, desistiu de novos investimentos, serviços públicos paralisados, obras públicas inconclusas, área política fragilizada pelo impeachment (de Dilma Rousseff) recente e a população ávida por respostas das instituições do Estado".

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, aproveitou a sessão desta quinta-feira, 12, que marcou a despedida da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para fazer uma defesa enfática do papel do Ministério Público, que "não serve a governos, a pessoas, não se subordina a partidos políticos" e "não se curva à onipotência do poder ou aos desejos daqueles que o exercem".

Dentro do Supremo, a incisiva fala do decano foi interpretada como um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro, que indicou o subprocurador-geral da República Augusto Aras para suceder a Raquel Dodge no comando do Ministério Público Federal (MPF). Sem disputar a lista tríplice, Aras foi visto como o candidato que melhor soube ler os sinais de Bolsonaro quanto aos requisitos para nomeação ao cargo.

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Bolsonaro já disse que quer um novo PGR que não seja "radical na questão ambiental", nem que haja como um "xiita", nem "atrapalhe" projetos de infraestrutura, sendo "alinhado" com o Brasil. O nome de Aras ainda depende de aprovação do Senado.

"O Ministério Público não serve a governos, não serve a pessoas, não serve a grupos ideológicos, não se subordina a partidos políticos, não se curva à onipotência do poder ou aos desejos daqueles que o exercem, não importando a elevadíssima posição que tais autoridades podem ostentar na hierarquia da Republica", discursou Celso de Mello, sem citar nomes, na abertura da sessão plenária desta quinta-feira do Supremo.

"O Ministério Público também não deve ser o representante servil da vontade unipessoal de quem quer seja, ou instrumento de concretização de práticas ofensivas aos direitos básicos das minorias, quaisquer que elas sejam, sob pena de o Ministério Público se mostrar infiel a uma de suas mais expressivas funções, que é segundo o que diz a própria Constituição Federal, que é a de defender a plenitude do regime democrático", completou o decano.

Desde que Bolsonaro assumiu o comando do Palácio do Planalto, Celso de Mello tornou-se um dos principais defensores de direitos de minorias e da liberdade de expressão dentro da Corte. O decano foi o relator de uma das ações sobre a criminalização da homofobia, votando para enquadrar a discriminação contra homossexuais e transexuais como crime de racismo, em um voto histórico de 155 páginas que foi lido por seis horas e meia. O julgamento contrariou os interesses da frente parlamentar evangélica e do Palácio do Planalto.

No mês passado, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo, Celso disse que Bolsonaro "minimiza perigosamente" a importância da Constituição e "degrada a autoridade do Parlamento brasileiro", ao reeditar o trecho de uma medida provisória que foi rejeitada pelo Congresso no mesmo ano para retirar da Funai a demarcação das terras indígenas.

Salvação

Segundo a reportagem apurou, o decano reagiu nesta semana com indignação ao comentário do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, de que "por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos". Nesta quinta-feira, Celso enfatizou que não há salvação fora da ordem democrática.

"Regimes autocráticos, governantes ímprobos (desonestos), cidadãos corruptos e autoridades impregnadas de irresistível vocação tendente à própria desconstrução da ordem democrática temem um Ministério Público independente", frisou Celso de Mello, que já atuou no Ministério Público de São Paulo antes de ser indicado pelo então presidente José Sarney para assumir uma das cadeiras do STF, em 1989.

"O Ministério Público, longe de curvar-se aos desígnios dos detentores do poder, tanto do poder político quanto do econômico ou corporativo ou ainda do poder religioso, tem a percepção superior de que somente a preservação da ordem democrática, fora da qual não há salvação, e o respeito às leis dessa República revelam-se dignos de sua proteção institucional", afirmou o decano.

Celso destacou que no Brasil ainda há "situações conflituosas" que expõem a patrimonialização da coisa pública ou "que submetem pessoas indefesas e grupos minoritários ao arbítrio do Estado onipotente ou ao desprezo de autoridades preconceituosas".

"Sem se falar naquela massa enorme de explorados e despossuídos como os povos da floresta, e os filhos da natureza, que são injustamente degradados pela avidez predatória dos que criminosamente transgridem com insensível desrespeito as leis, a consciência moral, a solidariedade social e a constituição os valores básicos sob os quais se devem fundar qualquer sociedade digna, justa e fraterna", frisou o ministro.

O governo Bolsonaro entrou na mira da comunidade internacional pela sua postura no enfrentamento de focos de incêndio na região amazônica.

Vozes

Em sua despedida, Raquel Dodge disse que no Brasil e no mundo "surgem vozes contrárias ao regime de leis, ao respeito de direitos fundamentais e ao meio ambiente sadio para as futuras gerações".

"Nesse cenário é grave a responsabilidade do Ministério Público, mas é singularmente importante a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, do Ministério Público, para acionar o sistema de freios e contrapesos, para manter leis válidas perante a Constituição, para proteger o direito e segurança para todos, para defender minorias", afirmou Raquel Dodge.

A procuradora-geral da República contou com o apoio de ministros do STF e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para ser reconduzida ao cargo por mais dois anos, mas acabou preterida por Bolsonaro. No entorno do presidente, há críticas ao fato de a procuradora ter denunciado o presidente por racismo no ano passado e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, por supostamente ameaçar uma jornalista.

Aliados de Bolsonaro também criticaram a atuação de Raquel Dodge no âmbito da Operação Lava Jato, que desacelerou durante a sua gestão na PGR.

Elogio

Em uma fala mais sucinta e protocolar, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli, afirmou que Raquel "exerceu o cargo com maestria e firmeza, honrando uma instituição de grandeza e relevância singulares na República Federativa do Brasil".

"Nunca é demais reiterar o papel chave do Ministério Público no fortalecimento do Estado Democrático de Direito. Sem um Ministério Público forte e independente na defesa dos direitos e das liberdades das pessoas e no combate à corrupção, os valores democráticos e republicanos propugnados na Constituição de 1988 estariam permanentemente ameaçados", afirmou Toffoli.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, anunciou que pretende até o próximo dia 17 (quando acaba seu mandato à frente da PGR) pedir a federalização dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes.

Dodge quer entrar com um Incidente de Deslocamento de Competência (IDC). A partir do dia 17 ela deve ser sucedida pelo procurador da República Augusto Aras, que foi indicado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL), apesar de estar fora da lista tríplice. 

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Em seu texto de solicitação de federalização, Dodge deverá alegar “grave violação de direitos humanos”, “necessidade de assegurar o cumprimento, pelo Brasil, de obrigações decorrentes de tratados internacionais” e “incapacidade” de prosseguir na apuração. 

De acordo com informações do Globo, a procuradora deve argumentar que o crime cabe ao Supremo Tribunal de Justiça, já que há indícios de envolvimento de pessoa com prerrogativa de foro para o Superior Tribunal. Assim, seria o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) afastado, Domingos Inácio Brazão.

Uma reportagem do Globo apontou que, segundo a Polícia Federal, há uma disputa por pontos políticos que estaria por trás da suspeita de um possível envolvimento de Brazão no assassinato de Marielle e de Anderson Gomes, em março de 2018.

O subprocurador-geral da República Augusto Aras se reuniu nesta segunda-feira (9) com procuradora-geral da República, Raquel Dodge, para discutir o processo de transição do cargo. Segundo a procuradoria, a reunião privada foi agendada para tratar de assuntos institucionais.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro indicou Aras para o cargo de procurador-geral. Antes de assumir, ele precisa passar por uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Depois o nome do subprocurador precisa ser aprovado por maioria em plenário. Segundo o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), a indicação deve ser votada na semana do dia 22 de setembro. O mandato de Dodge termina em 17 de setembro.

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De acordo com a procuradoria, ficou acertado que Augusto Aras passará a contar com uma assessoria parlamentar e terá reforço na segurança institucional durante o período de transição e não receberá mais processos para pareceres no Superior Tribunal de Justiça (STJ), onde atuava. Aras recebeu também informações sobre situação orçamentária do Ministério Público da União (MPU).

Mais cedo, membros do Ministério Público Federal (MPF) fizeram atos nas sedes do MPF em vários estados para defender "a independência do Ministério Público e a transparência ao processo de escolha" do PGR, por meio da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). O nome de Augusto Aras não contava na lista. Apesar de o presidente Bolsonaro não ter obrigação legal de indicar os integrantes, a associação considera a indicação um "retrocesso" para o MPF. Em Brasília, a mobilização ocorreu na sede da Procuradoria da República no Distrito Federal (PRDF).

No Rio de Janeiro, procuradores estiveram reunidos no centro da cidade Rio de Janeiro, na capital fluminense. Eles defenderam a autonomia do MPF e que o próximo procurador-geral da República seja escolhido a partir da lista tríplice elaborada pela categoria.

*Colaborou Akemi Nitahara

 

 

 

Em um dia de protestos de procuradores contra a escolha do presidente Jair Bolsonaro, que não seguiu a lista tríplice, para o comando do Ministério Público Federal, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, recebeu no fim da manhã desta segunda-feira, 9, o subprocurador-geral Augusto Aras, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro na semana passada para o cargo de procurador-geral da República no biênio 2019/2021. A reunião foi marcada por Raquel para tratar de "assuntos institucionais".

O mandato de Raquel termina no próximo dia 17, mas a posse do futuro PGR depende da conclusão de trâmites legais, que incluem uma sabatina na Comissão de Constituição e Justiça do Senado e a aprovação pelo Plenário.

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A data da sabatina ainda não foi marcada.

Entre o fim da atual gestão e o início da próxima, o cargo será ocupado de forma interina pelo vice-presidente do Conselho Superior do Ministério Público Federal, subprocurador-geral Alcides Martins, com quem Raquel também se reuniu na semana passada, com o mesmo objetivo.

Aras agradeceu "os votos de sucesso" externados por Raquel na última sexta-feira, 6, durante evento em Goiânia. Ele ressaltou o fato de a procuradora-geral ter sido a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe do Ministério Público Federal, e lembrou que os dois ingressaram na instituição no mesmo concurso, e agora, se sucedem no comando.

Raquel colocou a equipe de seu gabinete à disposição do futuro PGR.

No encontro, ficou acertado que Aras será desonerado da distribuição de processos. Com a medida, ele deixa de atuar no Superior Tribunal de Justiça.

Outra providência ajustada foi que Aras contará, a partir de agora, com assessorias específicas como o reforço na segurança institucional e assessoria parlamentar.

A PGR informou ao subprocurador-geral que ele receberá relatórios de gestão e operacional relativos aos dois anos de seu mandato, o que não impede o fornecimento de outras informações.

No encontro, Raquel e Aras também falaram sobre a Lei Orçamentária Anual do Ministério Público da União, sobre as obras tocadas pela atual gestão, em andamento - como da Escola Superior do Ministério Público da União - e já entregues, como as sedes das Procuradorias Regionais da República no Rio e em Porto Alegre, inauguradas recentemente, e que contribuíram para a redução de custos com aluguel.

Além de ignorar a lista tríplice dos procuradores, o presidente Jair Bolsonaro quebrou outra tradição ao escolher o subprocurador Augusto Aras para comandar a Procuradoria-Geral da República (PGR). A procuradora-geral Raquel Dodge é a primeira a não ser reconduzida ao cargo nos últimos 14 anos. Com exceção de Cláudio Fonteles, em 2005, todos os demais ocupantes do cargo desde a Constituição exerceram ao menos dois mandatos. Diferentemente de Raquel, porém, Fonteles não concorreu.

A partir de 1988, o procurador-geral da República passou a ser escolhido obrigatoriamente dentre os membros da carreira e ganhou independência funcional, não podendo ser demitido. A escolha é do presidente da República, mas depende de aval do Senado Federal. Cada mandato tem dois anos, com a possibilidade de recondução.

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O primeiro a ser nomeado neste formato foi Aristides Junqueira, que ficou no cargo até 1995. Deu lugar a Geraldo Brindeiro, reconduzido três vezes pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso.

A tradição de escolher um nome a partir da lista tríplice da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) começou em 2003, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ele indicou Cláudio Fonteles, o mais votado da categoria.

Fonteles, porém, optou por não tentar uma recondução dois anos depois. Ele apoiou o número 2 do Ministério Público Federal, Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, que ficou em primeiro na lista da ANPR, sendo reconduzido em 2007.

Depois de Antonio Fernando vieram Roberto Gurgel e Rodrigo Janot, que ocuparam dois mandatos cada.

Veja a lista de todos os PGRs desde a redemocratização:

1989 a 1995: Aristides Junqueira

1995 a 2003: Geraldo Brindeiro

2003 a 2005: Claudio Fonteles

2005 a 2009: Antonio Fernando Barros e Silva

2009 a 2013: Roberto Gurgel

2013 a 2017: Rodrigo Janot

2017 a 2019: Raquel Dodge

A procuradora-geral da República (PGR), Raquel Dodge, e o advogado-geral da União, André Mendonça, disseram nesta quinta-feira (5) ter chegado a um acordo junto ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para que R$ 1 bilhão oriundo da Petrobras seja destinado a ações de preservação do meio ambiente, sobretudo na região da Floresta Amazônica.

Os dois se reuniram com Moraes na manhã desta quinta-feira (5). Segundo ambos relataram, o ministro deverá anunciar em breve a decisão que selará a destinação dos recursos. Também participaram do encontro o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina.

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Desses R$ 1 bilhão, ao menos R$ 400 milhões devem ser repassados aos estados da região amazônica. “Haverá da parte do governo federal uma transferência dessa ordem”, afirmou Raquel Dodge.

“A defesa da Amazônia, que é patrimônio brasileiro, é muito importante e ela agora conta com recursos que irão para a área da agricultura, para assistência técnica, para regularização fundiária, para prevenção de queimadas e também para a regeneração da floresta”, acrescentou a PGR.

Fundo

Moraes é o relator de uma ação que trata da destinação de mais de R$ 2,5 bilhões que a Petrobras se comprometeu a repassar às autoridades brasileiras após um acordo com o governo dos Estados Unidos. A quantia é referente a punições por prejuízos causados a investidores estrangeiros em decorrência dos casos de corrupção investigados na Lava Jato.

O valor se encontra bloqueado, em uma conta na Caixa Econômica Federal, por força de uma liminar (decisão provisória) do ministro Alexandre de Moraes, proferida em março a pedido da própria PGR. 

A princípio, os recursos seriam destinados a uma fundação ligada à força tarefa da Lava Jato no Paraná, conforme acordo firmado entre a operação e o governo dos Estados Unidos, mas Moraes considerou que tal destinação seria ilegal, após ter sido acionado pela PGR.

Amazônia

De início, a PGR defendia que toda a quantia fosse destinada à União, para ser aplicada nas áreas de educação e ciência, mas após a repercussão do aumento das queimadas na Amazônia neste ano, ela solicitou que parte do dinheiro fosse destinado ao meio ambiente. Dias antes, a mesa diretora da Câmara, por iniciativa do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), havia feito solicitação semelhante.

Antes de decidir sobre a destinação dos recursos, Moraes realizou ao menos duas reuniões com representantes do governo, do Legislativo e do Ministério Público Federal para tentar chegar a um consenso sobre para onde, sob quais condições e de que forma o dinheiro será repassado. O ministro pode decidir de modo monocrático (individual) na ação de descumprimento de preceito fundamental que trata do assunto, mas há a possibilidade de que matéria seja enviada para deliberação em plenário.

 

A procuradora-geral, Raquel Dodge, afirmou, nesta segunda, 2, que o crime organizado é responsável pelo desmatamento da Floresta Amazônica. Segundo ela, informações apuradas pelo Ministério Público Federal revelam "indícios da existência de associação entre os grupos que derrubam a mata e os compradores de madeira no exterior, para onde segue grande parte do produto extraído ilegalmente no território nacional".

As informações foram divulgadas pela Secretaria de Comunicação Social da Procuradoria.

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Segundo a PGR, "para reverter o problema, é preciso valorizar o papel do Ministério Público dentro do sistema penal acusatório e investir em mecanismos de cooperação internacional que levem em conta as características de cada tipo de delito, com ações tanto no plano doméstico quanto no internacional".

As declarações de Raquel foram feitas na solenidade de abertura da reunião de trabalho entre procuradores do Ministério Público Federal representantes da Eurojust (Unidade de Cooperação Jurídica da União Europeia).

O evento ocorre nesta segunda, 2, e na terça, 3, na sede da Procuradoria-Geral da República, em Brasília.

Ao avaliar o tema do desmatamento no Brasil, Raquel destacou que ‘é preciso enfrentar a questão como fenômeno transnacional’.

"As informações que temos é de uma associação estreita entre quem desmata e quem compra madeira", afirmou a procuradora-geral. "Entre quem desmata, e põe fogo na mata, e quem usa essa madeira no exterior. [A madeira] não é usada só no território brasileiro. Aliás, é poucas vezes usada no território nacional. Inclusive, porque o porto do escoamento é no Norte do Brasil, não é para dentro do Brasil."

Segundo ela, o empreendimento de desmatamento é muito oneroso.

"Porque adentrar a floresta, desmatá-la numa primeira fase com uso de mão de obra escrava, carregar aquelas toras, encaminhá-las pelo rio até chegar ao porto, transportá-las de navio até o exterior é obra de uma organização e de um engendramento que não é fruto de coautoria, de uma ação ocasional não planejada", ressaltou a chefe do Ministério Público Federal.

Raquel ainda reforçou a necessidade da implementação de ações de cooperação entre o Ministério Público brasileiro e autoridades estrangeiras.

Ela defendeu o enfrentamento da corrupção e à lavagem de dinheiro ‘com instrumentos que vedem transferência dissimulada para o exterior, de valores do patrimônio público brasileiro’.

"Inclusive, porque os outros países têm sido santuário do desvio do dinheiro do patrimônio público brasileiro. Se não houver cooperação para que os países europeus não sejam o destino desse dinheiro desviado do nosso patrimônio público, essa corrupção continuará a ser praticada", asseverou a procuradora.

A procuradora abordou, ainda, os altos índices de violência no País.

Para ela, o crime organizado é responsável por grande parte dos 65 mil homicídios que ocorrem por ano no Brasil.

Muitas dessas mortes são relacionadas ao tráfico internacional e ao tráfico doméstico de drogas.

"O Brasil não é produtor da maioria da droga associada ao tráfico internacional", observou.

Papel do Ministério Público - Raquel fez defesa veemente do papel do Ministério Público dentro do sistema penal acusatório, que é o adotado no Brasil, e no qual há distinção entre o órgão acusador, a defesa e o juiz imparcial.

Ela criticou o que chamou de ‘amarras impostas’ aos Ministérios Públicos em diversas partes do mundo, disse ser importante o intercâmbio de informações, previsto em leis e necessário para o ajuizamento de denúncias, pedidos de busca e apreensão, e autorizações de interceptações telefônicas que aprofundem a investigação.

"É avanço importantíssimo termos um órgão que acusa, outro que defende, e o juiz que julga", declarou a procuradora-geral. "E por que o protagonismo do juiz no enfrentamento do crime organizado, sendo que o papel dele é de neutralidade? Ele vai receber a prova das duas partes. É preciso enfatizar a cooperação dentro do sistema de Justiça, mas dando a cada ator, considerando o sistema penal acusatório, o papel de preponderância que tem. E nesse ambiente, o Ministério Público precisa ter o papel destacado que a Constituição e as leis do Brasil lhes confere.

Próximo do fim do mandato de Raquel Dodge à frente da Procuradoria Geral da República (PGR), o presidente Jair Bolsonaro (PSL) ainda não fez uma indicação para o sucessor no cargo e, neste sábado (31), chegou a insinuar que Dodge estaria aparelhando a PGR.

A insinuação de Bolsonaro se deu após a procuradora-geral fazer uma série de nomeações de procuradores-regionais eleitorais, escolhidos pela categoria nos Estados, perto do fim do seu mandato - que se encerra no próximo dia 17 de julho.

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"Eu tive uma informação aqui. Estão nomeando cargos nos Estados a partir de outubro. Eu não posso ter um PGR que não defini ainda. Suponha que [Dodge] não seja reconduzida. Uma pessoa que vai chegar e vai estar todo o ministério montado com mandato", argumentou Bolsonaro.

ENomes cotados para substituir Dodge na PGR ficaram incomodados com o fato de as nomeações serem para a partir de 1º de outubro, quando ela já não estiver mais no posto.

Bolsonaro chegou a dizer que tinha “muito carinho” por Dodge, mas se contradisse ao responder se essas nomeações poderiam ou não afetar a sua decisão de reconduzi-la ao cargo de PGR.

"Não vai influenciar em nada. Que vai ter algum peso vai, não tem a menor dúvida. Quero ter um PGR que tenha a bandeira do Brasil na mão e a Constituição na outra, é isso que eu quero", finalizou.

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