O popular seriado de comédia americano “Friends” (1994-2004) completa 27 anos de sua primeira exibição. Durante 10 anos, as histórias protagonizadas por Ross Geller, Rachel Green, Monica Geller, Chandler Bing, Joey Tribbiani e Phoebe Buffay fizeram parte da vida de muitos fãs e, mesmo após o fim, o seriado ainda é assistido e celebrado por todo o mundo.
“Friends” é classificado como “comédia de situação” ou pelo termo popularmente conhecido “Sitcom”, que define personagens que vivem histórias comuns e cotidianas, mas que sempre puxa para um tom de comédia. Uma característica que sempre marca presença em uma sitcom, são as risadas de fundo.
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A série foi concebida pelo produtor David Crane e pela diretora televisiva Marta Kauffman. O seriado narra o cotidiano de seis amigos que precisam encarar desafios da vida adulta, que vão desde a necessidade de conquistar um bom emprego, lidar com relacionamentos, casamentos, divórcios e filhos.
Desde a sua conclusão, o programa já foi reprisado em diversas localidades do mundo e se tornou o favorito nas plataformas de streaming, esteve presente e conquistou diversas premiações, entre elas, seis Prêmios Emmy e um Globo de Ouro.
O último episódio que foi ao ar em 6 de maio de 2004 no canal NBC foi visto, segundo dados de audiência da época, por 52,5 milhões de americanos e se tornou o quarto final de seriado mais assistido da televisão.
Mesmo 17 anos após o seu fim, “Friends” continua a ser assistido pelo público das antigas, além de ganhar novos fãs. Essa ativa comunidade costuma debater os episódios, criar teorias e discutir sobre situações corriqueiras do seriado, como por exemplo, o fato de Ross ter ou não traído Rachel ou se eles realmente tinham "dado um tempo". Embora o sucesso do seriado seja indiscutível, muito se debate a respeito dos fatores que levaram o programa a sua consagração.
Na visão do crítico de cinema Rafael Argemon, diferente de outras sitcoms que abordavam um núcleo familiar, “Friends” apresentava um novo conceito de “família”. “No pitch para vender sua criação para redes de TV, Marta Kauffman e David Crane explicavam a série como 'uma questão de amizade, quando você está solteiro na cidade, seus amigos são sua família'”, aponta.
Segundo Argemon, “Friends” veio com a proposta de alcançar um público que cresceu com as sitcons, mas que não se identificavam com as histórias abordadas em muitas delas. “Os pais estavam fora de cogitação. O público se sentia parte daquele grupo de jovens de vinte e poucos anos, um tanto desnorteados, sem saber exatamente qual o rumo de suas vidas”, explica o crítico.
Em “Friends”, os personagens precisavam encarar o drama de relacionamentos mal sucedidos, sensações de derrotas por não conseguirem o emprego dos sonhos, por não estarem satisfeitos com seus atuais trabalhos ou por serem demitidos. “Eles não tinham certeza para onde iriam, mas não se preocupavam com isso, pois tinham seus amigos para seguir de mãos dadas por essa jornada”, descreve Argemon.
Ame ou Odeie
Em meio ao sucesso de “Friends”, um fenômeno que pode ser observado é que não existe um meio termo entre o público: ou a pessoa ama o seriado, a ponto de considerá-lo perfeito ou ela a odeia com todas as suas forças.
De acordo com Argemon, um dos motivos que fazem a série ser celebrada por muitos, é que ela não pregava a necessidade de ter um bom emprego, se casar ou possuir uma casa, como fatores determinantes de felicidade. “Além do fato de que era uma série engraçada, bem escrita e com personagens marcantes, que se encaixaram perfeitamente com a escolha do elenco. Na época em que esteve no ar, ela representava muito bem os estereótipos de uma geração”, ressalta.
Por outro lado, o crítico lembra que na passagem da década de 1990 para os anos 2000, questões como representatividade não estavam presentes na TV e “Friends” é uma série branca. “Tudo girava em torno de brancos de classe média com problemas de classe média. Uma representação nada realista de uma cidade multicultural e com um grande abismo social como Nova York. Comparada às séries atuais voltadas ao público na casa dos 20 anos, Friends é jurássica”, enfatiza Argemon.
Mesmo com esses problemas, o crítico realça que a série não veio com a proposta de se apegar a temas específicos de sua época ou tratar de questões mais espinhosas, pois tudo é visto por uma perspectiva mais amigável. “Apesar da falta de representatividade que hoje é tão urgente, 'Friends' tem material para perdurar no imaginário da TV por muitas décadas mais”, afirma Argemon.
Vale lembrar que entre os fãs, existe uma rivalidade entre os seriados de comédias, que muitas vezes resultam na discussão de “qual é o melhor?”. Por conta disso, muitos comparam “Friends” (seja em nível de superioridade ou inferioridade) a outras produções do gênero, como “The Big Bang Theory” (2007-2019), “How I Met Your Mother” (2005-2014), “Brooklyn Nine-Nine” (2013-2021), “Um Maluco no Pedaço” (1990-1996) e até mesmo o seriado mexicano “Chaves” (1971-1980) é colocado na briga.
O reencontro de “Friends”
Neste ano, os fãs da série foram presenteados com o “Friends: The Reunion”. O programa não se trata de um novo episódio, mas funciona no formato de entrevista em que os principais atores da série, David Schwimmer, Jennifer Aniston, Courteney Cox, Matt LeBlanc, Lisa Kudrow e Matthew Perry se reencontram para relembrar os tempos de gravações e curiosidades da época.
O especial contou com diversas participações especiais e, segundo os autores, essa foi a primeira vez em 17 anos que todo o elenco se reuniu. Durante o especial, é possível conferir representações bem fiéis aos cenários do programa e reinterpretações de algumas cenas conhecidas.
“Friends: The Reunion” está disponível no serviço de streaming HBO Max, assim como todos os episódios do seriado.