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Olinda amanheceu pesarosa com a notícia do falecimento do ex-prefeito da cidade, Germano Coelho. O ex-gestor do município tinha 93 anos e sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), nesta quarta-feira (15). Germano foi um dos criadores do Movimento de Cultura Popular (MCP) na década de 1960 e presidente do Instituto de Servidores de Pernambuco.

Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Germano atuou como prefeito de Olinda de 1977 a 1980 e entre 1993 e 1996. Ele participou da conquista do título de Cidade Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco, em 1982 e, com a notícia de sua morte, recebeu homenagens dos gestores atuais das cidades irmãs Geraldo Júlio (PSB) e Professor Lupércio (SD).

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"Foi com tristeza que recebi a notícia do falecimento de Germano Coelho, figura cuja biografia é indissociável da cidade do Recife. [...] Deixa para Pernambuco um enorme legado em torno da cultura, memória, educação e política ao longo de toda uma vida dedicada a servir à sociedade", disse o Prefeito do Recife, Geraldo Julio (PSB) , em nota.

O prefeito de Olinda, Professor Lupércio, também lamentou a morte do advogado. "Um dos mais importantes homens públicos do nosso Estado, que teve a cultura e a educação como missões de vida e papel importante na conquista do título de Cidade Patrimônio da Humanidade, concedido pela Unesco em 1982. Germano, que administrou a Marim dos Caetés por duas gestões: a primeira entre 1977 a 1980 e depois de 1993 a 1996, sempre foi conhecido pela forma gentil de tratar as pessoas", escreveu.

O governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), também falou sobre a atuação política e humana de Germano.

"Foi com um sentimento de profundo pesar que recebi a notícia do falecimento do ex-prefeito de Olinda, Germano Coelho. Humanista e extremamente dedicado à educação, entendia ser essa a única saída para garantir a igualdade social. Fundador do Movimento de Cultura Popular, onde atuou ao lado de figuras como Miguel Arraes, Paulo Freire e Ariano Suassuna, entre tantos outros, Germano era também um grande combatente das injustiças. Prefeito eleito pela primeira vez em plena ditadura militar, lutou bravamente, nas fileiras do MDB, contra o regime de exceção", disse,  solidarizando-se também com familiares e amigos do e-prefeito.

O enterro de Germano Coelho deve ocorrer no Cemitério Parque das Flores, na Várzea, Zona Oeste do Recife. O horário da cerimônia não foi informado.

Recife e Olinda celebram, nesta segunda-feira (12), 481 e 482 anos de fundação, respectivamente. As cidades, consideradas irmãs, têm protagonismo na história política pernambucana. Cada uma, ao seu modo, já foi palco de revoluções, atos e mobilizações políticas que marcaram época. Fatos que reforçam ainda mais a responsabilidade dos gestores que administraram os dois municípios.

Prefeito da capital de 1979 a 1982, Gustavo Krause (DEM), ponderou que “ser gestor do Recife é uma responsabilidade aguda, pelo que o município representa”. “É carregar toda a responsabilidade histórica de séculos”, declarou, admitindo que mesmo tendo governado Pernambuco, gerir a cidade “foi uma das mais ricas experiências” que já teve na vida. “Na prefeitura é um governo com muita proximidade com a cidade, o bairro que você mora, as pessoas que você convive”, completou.

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De colônia portuguesa à considerada capital do Nordeste, Recife carrega um destaque político no país que ultrapassa os séculos. “A visibilidade do Recife é secular, é o abrigo da expulsão dos holandeses e está na vanguarda do processo histórico brasileiro. Acabamos de celebrar o bicentenário da Revolução de 1817. A cidade abriga enormes vocações culturais, basta você ir ao Alto José do Pinho ou à Bomba do Hemetério. O Recife tem o privilégio de ter uma música própria, quando se fala no frevo. Sempre foi destaque, inclusive, em matéria de gestão municipal, prefeitos que passaram pela cidade e fizeram grandes administrações”, considerou Krause. 

Com a Marim dos Caetés o cenário de luta política não é diferente desde, por exemplo, a primeira gestão do ex-prefeito Germano Coelho em 1977. Naquela ocasião, ainda com os governos do Estado e federal sob a batuta de militares, Germano se articulou visando “reconstruir Olinda do passado para construir Olinda do futuro”. Foi a partir deste plano de administração que a cidade foi transformada, em 1982, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). 

“Não é fácil administrar uma cidade, e naquelas circunstâncias, mais difícil ainda. Mas tínhamos o plano de metas para cuidar do patrimônio. [...] Em vez de fugir, eu resolvi enfrentar os velhos e novos problemas de Olinda. Eu vinha já com a experiência do Movimento de Cultura Popular (MCP)... Não era somente um slogan de campanha eleitoral, mas um programa de governo pautado nessa ideia. Algo profundo. A gente precisava operar mudanças sérias”, descreve Germano, em trecho do livro “Olinda no coração, história afetiva da cidade-humanidade”, no qual ele conta detalhes das administrações de 1977 a 1980 e 1993 a 1996. 

A proposta do ex-prefeito emedebista teve sucesso e não à toa, Olinda conquistou espaço político e cultural no país e no mundo. “Olinda é uma das cidades mais importantes do país e está ligada aos fatos históricos mais importantes da formação do povo brasileiro. Olinda protagonizou a primeira manifestação em defesa da república da América Latina. É uma honra grande ser escolhido pela população para governar uma cidade como esta. O Brasil inteiro tem um carinho por Olinda, sempre encontrei as portas abertas nos lugares que cheguei, dos governos estadual e federal à ONU. Isso ajudou muito a viabilizar projeto para reestruturar a cidade e dar uma visibilidade maior, mais pujante”, declarou o ex-prefeito Renildo Calheiros (PCdoB). 

O comunista geriu a cidade vizinha à capital pernambucana por dois mandatos, de 2009 a 2017, e para ele “Olinda é mais que uma cidade é um estado de espírito”. “As pessoas quando batem aqui se apaixonam. A cidade tem uma energia e não é só no Carnaval, a energia vai descendo as ladeiras e contagiando quem a visita ou mora por aqui”, pontuou, frisando a “honra de ter sido escolhido” para administrar o município que hoje celebra 482 anos. 

O tio de Renata Campos e ex-prefeito de Olinda, na Região Metropolitana do Recife, Germano Coelho, ressaltou, nesta sexta-feira (15), ao chegar a Casa do ex-governador Eduardo Campos que acredita da herança política do filho mais velho do presidenciável, João Campos, de 20 anos.

“João vai assumir cedo o exemplo e a luta do pai, continuando a luta de Miguel Arraes e de Eduardo Campos”, afirmou o ex-gestor. João não é apenas uma aposta dos familiares, o filho mais velho de Campos foi cogitado em junho deste ano para assumir a direção da Secretaria de Juventude do PSB no estado. Na época, o estudante de engenharia deixou claro que só seria candidato quando estivesse pronto.

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"Só farei isso quando entender que estou pronto, respeitando todos os processos democráticos de escolha. Apresentarei meus argumentos e espero ser reconhecido pelos meus méritos e não pelas minhas ligações familiares", expressou numa carta direcionada à imprensa. 

No início do ano, ele também foi cogitado como possível candidato a deputado federal. Nessa quinta (14), o jovem disse, através do primo Joaquim Pinheiro, que não poderá deixar os ideais do pai serem esquecidos. “Tem de se dar um jeito para que a bandeira dele não caia, porque os ideais dele são o futuro do Brasil.”

O tio de Renata falou ainda da responsabilidade da sobrinha em direcionar o legado do marido falecido. “Ela fica com a responsabilidade de Eduardo em cima dela. Ela conduziu ao lado de Eduardo altivamente, em todo o tempo. Este legado que o povo brasileiro espera é uma mudança profunda na política”, pontuou Germano. Ele disse acreditar também que para a substituição de Campos na chapa que disputa à presidência da República, Renata Campos deve indicar Marina Silva (PSB). “Muito além disso (de indicar), ela vai cooperar com Marina. É indicar Marina e a gente apoiar uma candidata pobre”, finalizou. 

Nos dias 31 de março e 1° de abril, às 19h, acontece no Museu do Estado de Pernambuco o seminário Movimento de Cultura Popular: um sonho interrompido, uma história recorrente – 50 anos depois do golpe militar de 1964. A entrada é gratuita e as inscrições podem ser feitas pelo e-mail inscricoes.seminariomcp@gmail.com.

No seminário, será discutida a interrupção do movimento pelo golpe militar e a trajetórias de artistas, educadores e militantes da sociedade civil que participaram do Movimento de Cultura Popular (MCP) realizando ações comunitárias de educação popular. Para falar sobre o MCP foram convidados Germano Coelho, Abelardo da Hora, Geraldo Menucci, Silk Weber, Joacir Castro e Letícia Rameh.

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Serviço

Movimento de Cultura Popular: um sonho interrompido, uma história recorrente – 50 anos depois do golpe militar de 1964 

31 de março e 1° de abril | 19h

Auditório Museu do Estado de Pernambuco (Av. Rui Barbosa, 960 - Graças)

Gratuito

O governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), acompanhado da primeira-dama, Renata Campos, prestigiou o lançamento do livro do professor Germano Coelho, na noite desta quinta-feira (6), nos jardins do Museu do Estado. Intitulado "MCP - História do Movimento de Cultura Popular”, a obra tem prefácio do governador e também da viúva do ex-governador Miguel Arraes, Magdalena Arraes.

Ao discursar, o governador ressaltou a atualidade e a “grande colaboração” que o movimento lega ao debate político. “Nós estamos desafiados a dar sequência ao MCP pensando e refletindo sobre qual é a educação libertadora que vai se apresentar como uma política pública e um direito efetivo da cidadania brasileira, rompendo assim com as estruturas conservadoras que ainda temos em nosso país”, comentou.

Eduardo também enalteceu a trajetória e militância política do fundador do MCP e conclamou um “aplauso” à vida de Germano Coelho. “Uma vida íntegra, entregue aos mais pobres e as causas e pensamentos do Brasil. Não é fácil militar por uma causa durante 80 anos sem perder a coerência, que é um grande patrimônio de quem vive na luta popular nesse país”, ressaltou Eduardo.

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Sob o olhar atento dos presentes, Germano Coelho, fundador e primeiro presidente do movimento, relembrou a trajetória do MCP, que surgiu no Recife, na década de 60, para discutir a educação. O movimento nasceu, segundo Germano, “ao som da voz poderosa de Miguel Arraes”. 



Com o sorriso que lhe é peculiar, o fundador do movimento fez questão, inclusive, de recitar as palavras de Arraes, na época prefeito do Recife, durante reunião com professores, intelectuais e representantes da classe artística. “Quero começar meu governo escolarizando os pobres do Recife”, contou Germano. O autor, inclusive, dedicou páginas do livro para relatar a contribuição de Arraes com o movimento.

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