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O presidente Jair Bolsonaro desferiu uma série de xingamentos nesta quinta-feira, 9, contra o jurista Miguel Reale Jr., que apresentou nesta quarta, 8, um processo de impeachment contra o chefe do Executivo por sua conduta à frente da pandemia. "Não tem impeachment sem povo na rua", disse o presidente em transmissão ao vivo nas redes sociais.

Bolsonaro mirou os ataques na idade de Reale Jr. O jurista tem 77 anos. "Está com cara de embalsamado, parece o Tutancâmon", disparou o presidente, que em 2016 votou a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) - elaborado com a participação de Reale Jr., também coautor do pedido de afastamento de Fernando Collor. "Termine sua vida com dignidade, deixe de fazer papel de marionete da esquerda", seguiu o chefe do Executivo.

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O presidente ainda desafiou Reale Jr. a apresentar um pedido de impeachment contra ele com base em escândalos de corrupção. "Entre com pedido de impeachment por corrupção, porr..", declarou, na transmissão ao vivo, ao lado do presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Em seguida, tentou minimizar as críticas. "Nada contra sua idade, vou chegar lá também."

Em um novo pedido de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro, o ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior diz que a responsabilidade da 'imensa dimensão' que tomou a pandemia da covid-19 no País é, 'indubitavelmente' do chefe do Executivo. Na avaliação do jurista, Bolsonaro deixou de cumprir o dever de coordenação do governo federal, omitindo o que lhe impunha a Constituição e a proteção à saúde.

"A falta de coragem na imposição de medidas impopulares, mas absolutamente necessárias, e a omissão consciente, assentindo no resultado morte derivado na inação, conduzem à evidente responsabilização do desastre humanitário ao condutor principal da política de saúde no Brasil: o presidente Jair Bolsonaro, razão pela qual deve sofrer ação por crime de responsabilidade", defende o jurista em pedido de impedimento que deve ser apresentado à Câmara nesta quarta-feira, 8.

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Como mostrou o Estadão, o documento é assinado por Reale e outros juristas, incluindo José Carlos Dias, Belisário dos Santos Junior, Walter Maierovitch, Floriano de Azevedo Marques, Antônio Funari Filho, José Rogério Cruz e Tucci, Miguel Jorge, Aloyso Lacerda Medeiros, Clito Fornaciari Júnior e Mario Barros Garcia.

O grupo defende que, por ação e omissão dolosas, Bolsonaro 'deu causa à proliferação dos males que levaram milhares de brasileiros à morte'. Segundo os juristas, o comportamento do presidente ao longo da pandemia 'constitui clara afronta aos direitos da vida e da saúde'. Além disso, Bolsonaro agiu por diversas vezes, em afronta ao devido decoro no exercício do cargo, 'especialmente ao manifestar desprezo à vida', dizem os subscritores do pedido de impeachment.

"Com o cumprimento do dever de coordenação do governo federal a partir do seu chefe, o presidente, cumprindo o que a própria lei determinava, ter-se-ia imposto disciplina na sociedade, evitando aglomerações, incentivando o uso de máscara, reduzido o número de reuniões religiosas ou festivas, ou seja, se impediria a disseminação do vírus, muitas vidas se preservariam e muitas internações teriam sido poupadas", reforçam.

CONFIRA TODAS AS CONDUTAS QUESTIONADAS NO NOVO PEDIDO DE IMPEACHMENT DE BOLSONARO:

- Direção superior da administração - 'Bolsonaro deixou de cumprir com o dever que lhe incumbia, de assumir a coordenação do combate à pandemia, dizendo-se proibida qualquer ação pelo Supremo Tribunal Federal, que o desmente, pois há competência comum, e devem União, Estados e municípios atuar conjuntamente segundo a estrutura do Sistema único de Saúde'

- Projeto de imunização de rebanho - 'o presidente colocou a garantia da continuidade da plena atividade econômica acima da adoção das medidas preconizadas pelos especialistas e pela OMS, manifestando insensível indiferença à mortes que ocorreriam'

- Atos contrários à precaução - Bolsonaro 'conspirou' contra as medidas sanitárias ditadas pela ciência, com tônica de 'desprezo ao cuidado com a saúde e a vida', dizem os juristas

- Medicamentos sem eficácia comprovada - 'em sentido diametralmente contrário aos posicionamentos dos principais centros de pesquisa e saúde, o presidente conclama a população a utilizar substâncias sem eficácia comprovada, agindo com total indiferença em relação a possível resultado danoso que pode advir da utilização desses medicamentos'

- Manaus como um caso exemplar do desprezo à vida - 'a cidade foi palco de experiências e projetos absolutamente desastrosos e maléficos à saúde da população conduzidos pelo governo federal, ao arrepio das evidências científicas e das recomendações dos pesquisadores e profissionais da saúde'

- Desassistência dos povos indígenas - 'o atendimento adequado das populações indígenas durante toda a pandemia foi deliberadamente ignorado por todas as instâncias do governo, como parte de uma política de ataque àquelas populações com o intuito de remove-las das terras por elas tradicionalmente ocupadas, ou forçá-las à aculturação'

- Vacinas - Juristas destacam a conduta de Bolsonaro com relação à credibilidade e a compra dos imunizantes, destacando os atrasos na aquisição das vacinas Coronavac e Pfizer.

- Violação da vida e da saúde - Grupo aponta 'plano do presidente e de seu governo de menosprezar a vida e a preservação da saída dos brasileiros, "pois morrer é próprio da vida, para preservar a atividade econômica", mesmo à custa de hospitalizações e mortes'. 'O que se verifica é o desprezo, de forma patente, ao valor da vida e da saúde, centros axiológicos da Constituição de 1988'.

Para ler a íntegra do documento, basta clicar aqui.

O petista Fernando Haddad, por meio de rede social, disse nesta terça-feira (2), que existe uma necessidade de 'voltar' a falar sobre um possível impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). A pressão da oposição é uma nova tentativa de levar até o Congresso Nacional, presidido por Arthur Lira (PP-AL), que recebeu apoio de Bolsonaro, as dezenas de pedidos feitos ainda com Rodrigo Maia (DEM-RJ). 

"Temos que voltar a falar de impeachment. O país não aguenta mais", disse o presidenciável, Fernando Haddad (PT). Antes da postagem, ele ainda havia compartilhado uma publicação sobre uma promotora que apoiou Jair Bolsonaro e que vai agora atuar em uma área que investiga o filho do presidente, Flávio Bolsonaro (Republicanos). 

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Em outro post, do dia anterior, ele ainda acusou o presidente de omissão durante a pandemia e se colocou como a favor da CPI da Covid: "Bolsonaro cancelou o auxílio emergencial, fechou leitos de UTI, promoveu aglomeração, combateu o uso de máscara, desdenhou os laboratórios produtores de vacinas, estimulou o uso de cloroquina etc. CPI da COVID já!", disse.

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O presidente Michel Temer minimizou o relato dele próprio, em entrevista à TV Bandeirantes, de que Eduardo Cunha determinou a abertura do processo de impeachment de Dilma Rousseff após não conseguir os votos do PT no processo que seria aberto contra ele no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Em entrevista ao telejornal SBT Brasil, na noite de segunda-feira (17), Temer disse acreditar que não há possibilidade de anulação do impeachment por conta de um “ato de vingança” de Cunha.

“Pelo regimento interno da Câmara, se o presidente da Câmara interferir no pedido de impedimento, há recurso no plenário. Com a margem muito significativa de votos que teve o impedimento, evidentemente se isso acontecesse, iria para o plenário e o plenário decretaria o início do impedimento. Estou apenas supondo hipóteses”, disse o presidente.

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Temer disse que a votação do Congresso foi “uma coisa avassaladora” a favor do impeachment. “Foi uma coisa avassaladora, em termos de votação. Se havia uma subjetividade dele [Eduardo Cunha] nessa direção, não foi o que comandou a decisão do plenário da Câmara e do Senado".

No domingo (16), à TV Bandeirantes, Temer contou que Cunha falou com ele e disse que arquivaria todos os pedidos de impeachment contra Dilma Rousseff porque tinham prometido a ele os três votos do PT no Conselho de Ética. No entanto, a posição dos deputados petistas mudou e, com isso, a decisão de Cunha também. “Quando foi três horas da tarde, mais ou menos, ele me ligou dizendo: 'olha, tudo aquilo que eu disse agora não vale, porque agora vou chamar a imprensa e vou dar início ao processo de impedimento'”, disse Temer.

Delação de Cunha

Temer disse ainda não estar preocupado com uma possível delação de Eduardo Cunha que possa envolvê-lo. “Não sei o que ele pretende fazer, não estou preocupado com o que ele venha a fazer. Espero que ele seja muito feliz. Espero que se justifique em relação a todos os eventuais problemas que tenha tido. Acho que ele foi um deputado muito atuante, muito eficiente no exercício da legislatura. Mas não sei o que ele vai fazer, não tenho que me incomodar com isso”.

O ex-presidente da Câmara está atualmente preso em Curitiba desde outubro do ano passado. Recentemente, Cunha foi condenado a 15 anos de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisa.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa neste sábado (2) de um ato contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff em Fortaleza. O evento, marcado para começar às 10h, será na Praça do Ferreira, no centro da capital. Ainda era pequena a quantidade de pessoas no local há pouco. Chove muito na cidade desde ontem à noite. Uma estrutura com palco coberto, banheiros químicos e amplificadores de som está montada.

Lula deve participar de atos em outras capitais. Ele é esperado amanhã também em uma mobilização em Salvador (BA). A estratégia visa barrar a aprovação do impeachment. Na próxima segunda-feira, último dia do prazo para a presidente apresentar sua defesa na comissão que analisa o impedimento na Câmara, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, fará a sustentação oral. A previsão dos deputados é que o plenário vote o tema até o dia 15 de abril.

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