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O presidente Jair Bolsonaro menosprezou a importância do pedido de impeachment apresentado por lideranças religiosas nesta semana à Câmara. Em sua live semanal, ele disse que esses líderes são de "esquerda" e "não representam nem a opinião dos evangélicos".

O pedido de impeachment foi assinado por religiosos críticos ao governo, sob o argumento de que Bolsonaro agiu com negligência na condução da pandemia de covid-19, agravando a crise. É a primeira vez que representantes desse segmento encaminham uma denúncia contra o presidente por crime de responsabilidade.

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Na lista estão padres católicos, anglicanos, luteranos, metodistas e também pastores. Embora sem o apoio formal das igrejas, o grupo tem o respaldo de organizações como o Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil, a Comissão Brasileira Justiça e Paz da Confederação Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e a Aliança de Batistas do Brasil.

"Quem lê pensa que são líderes de que nós temos conhecimento", afirmou. Segundo ele, os evangélicos que encamparam o impeachment representam "menos de 1%" do grupo.

Minimizando o movimento, Bolsonaro disse que tem apoio dos religiosos e relativizou a queda de sua popularidade, apontada por diversas pesquisas, entre evangélicos. "Tem muitos evangélicos que gostam de mim, muitos católicos, espíritas e outras religiões, ateus também, mas não tem nenhum movimento coordenado de líderes evangélicos pedindo impeachment meu", afirmou.

O presidente disse que não cometeu nenhum crime, ironizou os mais de 60 pedidos para afastá-lo apresentados na Câmara e disse não temer um processo para destituí-lo. "Se bater no liquidificador e espremer não dá nada", afirmou.

Sobre possíveis casos de corrupção em seu governo, ele disse que "podem acontecer" e que, "se acontecer, nós vamos para cima", mas que adota medidas preventivas. "Preferimos a prevenção do que depois do leite derramado reclamar."

Bolsonaro comentou também o fechamento de fábricas pela Ford no Brasil e de cinco mil empregos, mas citou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) e disse que 142.690 vagas foram criadas no ano passado, mesmo com a pandemia do novo coronavírus.

"Lamentamos, gostaríamos de não ter perdido cinco mil empregos", disse, sobre a Ford. Ele afirmou ainda que a empresa não sobreviveu à concorrência de empresas asiáticas, mesmo com subsídios, principalmente em Camaçari, na Bahia.

O plenário do Senado decide, nesta quarta-feira (31), sobre o impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff. A votação será realizada neste sexto dia do julgamento do processo, 135 dias depois de a petista ter deixado o cargo provisoriamente.

A sessão será retomada às 11h, quando o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, fará a leitura de um relatório resumido com os fundamentos da acusação e da defesa. Poderão usar a palavra dois senadores favoráveis à condenação e dois contra para o encaminhamento da votação. Cada um terá cinco minutos.

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A seguir será realizada a votação, que será nominal e eletrônica. Os senadores responderão à seguinte pergunta: Cometeu a acusada, a senhora Presidente da República, Dilma Vana Rousseff, os crimes de responsabilidade correspondentes à tomada de empréstimos junto à instituição financeira controlada pela União (art. 11, item 3, da Lei nº 1.079/50) e à abertura de créditos sem autorização do Congresso Nacional (art. 10, item 4 e art. 11, item 2, da Lei nº 1.079/50), que lhe são imputados e deve ser condenada à perda do seu cargo, ficando, em consequência, inabilitada para o exercício de qualquer função pública pelo prazo oito anos?

Caso dois terços do Senado (54 senadores) votem sim, Dilma perderá o cargo e Michel Temer será empossado definitivamente. Mas se o número de votos pelo impeachment for menor que 54, o processo será arquivado e Dilma voltará automaticamente ao comando do Executivo federal.

Seja qual for o resultado, Lewandowski irá lavrar e ler a sentença, que será publicada como resolução do Senado. Os senadores, então, assinarão a sentença e será feita a comunicação oficial a Dilma e a Temer.

Em discurso claramente político, o jurista Miguel Reale Junior voltou a afirmar que a fundamentos para a condenação da presidente afastada Dilma Rousseff. “Há crime de responsabilidade, há autoria e há dolo. Há cadáver e há mau cheiro”, disse. Ele dividiu a fala da acusação com a advogada Janaína Paschoal.

Sobre as chamadas pedaladas fiscais, ele sustentou que o crime cometido está claro. “O crime está inicialmente em utilizar os bancos oficiais para financiar o Tesouro. Ninguém é contra beneficiar o agricultor, mas o que não se quer é que o Tesouro seja financiado pelo Banco do Brasil. A operação de crédito é entre o Banco do Brasil e o Tesouro e não tem nada a ver com o beneficiário final, o agricultor”, ressaltou.

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Ele também acusou a gestão de Dilma Rousseff de não ter o controle sobre as finanças públicas. “Neste momento, nós não estamos apenas prestes a mudar de governo. Nós estamos prestes a mudar de mentalidade. Porque o que ocorreu neste país? O descontrole das finanças públicas é apenas um dos aspectos reveladores. O que aconteceu neste país foi o aparelhamento do Estado, foi a ocupação de toda a administração pública baseada no favoritismo”, acusou. “É isso o que o país não quer mais. Esse é o Brasil da seriedade, da persistência, da labuta”.

Ele também conclamou os senadores a votarem com consciência. “Tenham serenidade e a tranquilidade absoluta de que não estamos fazendo nenhuma injustiça, mas estamos pe fazendo justiça”, sustentou ele, sobre a condenação da presidente afastada. A votação final esta prevista para a manhã desta quarta-feira (31). “Esse Senado tem estrutura moral para realizar esse processo de impeachment para realizar essa condenação e fazer justiça”, completou.

“O país que organiza essa Olimpíada e vê o sucesso pela persistência é um país que confia em suas instituições, na sua gente, nas pessoas de coragem como Janaína Paschoal, que a população vá a rua para protestar”, finalizou.

 

Apesar de os aliados da presidente afastada Dilma Rousseff ainda terem a esperança de que ela não sofra o impeachment, a base governista já dá como certo o afastamento definitivo. “A democracia no Brasil sairá muito mais forte após o desfecho desse processo”, salientou o senador Aécio Neves (PSDB-MG).

Para ele, o depoimento do procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, está contribuindo para provar que Dilma cometeu crime de responsabilidade. “O procurador Júlio Marcelo foi absolutamente exemplar, não só agora, mas desde o início desse processo. Portanto, os próximos depoentes terão enorme dificuldade de contrapor-se aos argumentos e as posições externadas até aqui por ele”, considerou.

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Sobre a ida de Dilma ao plenário do Senado na segunda-feira (29), Aécio disse que espera um clima respeitoso, mas não acredita que o depoimento dela irá mudar votos. “A presidente vem a nossa Casa, vem ao Senado Federal, e aqui será por nós recebida com o mais absoluto respeito, por mais contundentes que possam ser as indagações. A nossa orientação é de que ela seja tratada com respeito. Ela ainda é a presidente, afastada, mas é a presidente da República. E nós esperamos que ela ao responder as indagações haja da mesma forma”, frisou.

O tucano falou ainda sobre a ida do ex-presidente Lula ao Senado para assistir ao depoimento de Dilma. “É um direito dele. Ele certamente tem o convite de algum parlamentar para estar aqui. Mas o que nós estamos aqui definindo nada tem a ver com o presidente Lula e com as suas posições políticas. Tem a ver com o crime cometido pela presidente da República”.

Para o senador, o posicionamento da oposição encobre o crime cometido, enquanto o de quem é a favor do impeachment combate a impunidade. “O que vai ficar pra história foi uma opção que o Brasil fez entre duas. A primeira é de dar um salve conduto, quando admite-se o crime, mas faz-se vista grossa. Esse é o caminho da impunidade, que o Brasil não aceita mais. O outro é cumprir a Constituição, provar que houve um crime. E o relatório do senador [Antonio] Anastasia é absolutamente completo em cada momento que esse crime foi cometido”.

A defesa da presidente afastada Dilma Rousseff tem até as 13h40 desta sexta-feira (12) para entregar as alegações finais sobre o processo de impeachment. O documento deverá conter também a lista de testemunhas - no número máximo de seis - que serão ouvidas no plenário do Senado. Julgamento deve começar no dia 25.

A acusação entregou, na tarde dessa quarta (10), o libelo acusatório, peça processual em que consta a essência da acusação de Dilma Rousseff por crime de responsabilidade. O documento foi entregue à Secretaria-Geral da Mesa pelo advogado João Berchmans, substituindo o jurista Miguel Reale Júnior.

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“As provas são contundentes, são cabais, contra fatos não há argumentos", frisou Berchmans ao entregar as alegações finais. Ele rebateu as críticas da defesa da presidente afastada de que a acusação estaria tendo "pressa" na ação. "Para que procrastinar a solução de uma controvérsia que a todos incomoda e causa um desconforto político e econômico? Sobretudo para a sociedade que sofre as consequências dos atos nefastos praticados pela presidente”, salientou.

Os acusadores convocaram três testemunhas para falarem no plenário do Senado. Serão ouvidos o representante do Ministério Público Federal (MPF) junto ao Tribunal de Contas da União (TCU), Júlio Marcelo de Oliveira, o auditor federal de contas de controle externo do TCU Antônio Carlos Costa D'Ávila Carvalho e o auditor federal de controle externo da Secretaria de Macroavaliação Governamental do tribunal Leonardo Rodrigues Albernaz.

O ex-ministro José Eduardo Cardozo, que faz a defesa de Dilma, já avisou que irá utilizar as seis testemunhas para a defesa. Após acusação e defesa fazerem as devidas apresentações e as testemunhas serem ouvidas em plenário, os senadores farão a votação final. Essa fase do julgamento deve ter início no dia 23.

Para que Dilma seja condenada politicamente, será necessário o voto de pelo menos 54 dos 81 senadores. Se Dilma for condenada, perderá o mandato e se tornará inelegível por oito anos. Neste caso, Michel Temer assumirá definitivamente o comando do país. Se Dilma for absolvida, ele voltará automaticamente ao cargo.

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