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A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) defendeu, nesta sexta-feira (11), o incremento da vacinação, a volta do uso de máscaras e outras medidas para evitar que o cenário atual de alta nos casos de Covid-19 traga um possível aumento de internações, superlotação nos hospitais e mais mortes no futuro. 

A entidade divulgou nota técnica de alerta, elaborada por seu Comitê Científico de Covid-19 e Infecções Respiratórias e assinada pelo presidente da SBI, Alberto Chebabo. 

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"Pelo menos em quatro estados da federação, já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior", diz o texto, baseado nos dados divulgados ontem (10) no Boletim InfoGripe, da Fundação Oswaldo Cruz. 

A SBI alerta que o cenário é decorrente da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes e pede que o Ministério da Saúde, a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tenham atenção especial às medidas sugeridas.   

O primeiro ponto levantado pela sociedade científica é que é preciso incrementar as taxas de vacinação contra a covid-19, principalmente nas diferentes doses de reforço. A SBI avalia que as coberturas se encontram, todas, em níveis ainda insatisfatórios nos públicos-alvo. 

Os infectologistas recomendam também garantir a aquisição de doses suficientes de vacina para imunizar todas as crianças de 6 meses a 5 anos de idade, independente da presença de comorbidades. Até o momento, a vacinação da faixa de 6 meses a 3 anos ainda está restrita a crianças com comorbidades, e o Ministério da Saúde iniciou ontem (10) a distribuição de 1 milhão de doses de vacinas destinadas a elas. 

A SBI também pede a rápida aprovação e acesso às vacinas covid-19 bivalentes de segunda geração, atualizadas com as novas variantes, que estão atualmente em análise pela Anvisa. Procurada pela Agência Brasil, a agência respondeu que os processos estão em fase final de análise, e é esperado que a deliberação ocorra em breve, embora não haja uma data fixada para isso. 

"A Agência Nacional de Vigilância Sanitária continua trabalhando na análise dos pedidos de uso emergencial das novas versões de vacina contra a covid-19 do laboratório Pfizer contendo as subvariantes BA.1 e BA.4 /BA.5. Os processos passaram pelas etapas de análise dos dados submetidos à agência, questionamentos da agência e esclarecimentos dos fabricantes, bem como discussão com sociedades médicas brasileiras. A equipe técnica da agência já recebeu os pareceres de especialistas das sociedades médicas sobre ambas as vacinas bivalentes da Pfizer", detalhou a Anvisa. 

O quarto ponto levantado pelos infectologistas é a necessidade de disponibilizar nas redes pública e privada as medicações já aprovadas pela Anvisa para o tratamento e prevenção da covid-19, como o paxlovid e o molnupiravir, medida que ainda não se concretizou após mais de seis meses da licença para esses fármacos no Brasil, ressalta a SBI. A Agência Brasil perguntou ao Ministério da Saúde se essas medicações já estão disponíveis, mas não recebeu resposta até o fechamento desta reportagem. 

O quinto ponto diz respeito às medidas de prevenção chamadas não farmacológicas. A SBI defende a volta do uso de máscaras e do distanciamento social para evitar situações de aglomeração, principalmente pela população mais vulnerável, como idosos e imunossuprimidos. 

A SBI pede que as medidas sugeridas sejam tomadas com brevidade, para otimizar as tecnologias de prevenção e tratamento já disponíveis e reduzir a chance de um possível impacto futuro de óbitos e superlotação dos serviços de saúde públicos e privados por casos graves de covid-19.

A pandemia do novo coronavírus impôs restrições e protocolos rígidos para a realização dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020. Por isso, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) montou uma comissão médica com a participação inédita de duas infectologistas para acompanhar a delegação brasileira no Japão. A comissão conduzirá, em conjunto com a Chefia da Missão, as principais decisões do planejamento da operação mais complexa da história olímpica brasileira.

"Estes Jogos serão diferentes e especiais por causa da pandemia. E a nossa prioridade continua sendo a integridade física de todos. Para que nossos atletas tenham uma boa performance, eles devem estar protegidos de qualquer risco", afirmou Marco La Porta, chefe da Missão brasileira em Tóquio. "Por isso a comissão médica será fundamental para a tomada de muitas decisões, tendo em vista também os protocolos exigidos pelo Comitê Organizador", disse.

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Formado pelos especialistas em medicina esportiva, Ana Carolina Côrte e Felipe Hardt, e as infectologistas Beatriz Perondi e Ho Ye Lin, o grupo se reúne semanalmente para discutir diversos assuntos, que vão desde a testagem da delegação até a divisão de quartos dos atletas na Vila Olímpica. Além disso, são organizados regularmente encontros virtuais com as áreas médicas das confederações.

"Desde que começamos a planejar nossa atuação nos Jogos Olímpicos, tivemos a ideia de criar uma pequena comissão para resolver os assuntos relacionado à covid. Hoje, todas as decisões são embasadas pela opinião médica. Serão Jogos desafiadores, e cabe a nós planejar os detalhes de segurança para que a delegação se mantenha saudável", afirmou Ana Côrte, coordenadora médica do COB.

Sem a pandemia, a área médica do COB teria oito integrantes em Tóquio. Agora, a previsão é que 16 profissionais embarquem para o Japão. O perfil destes profissionais será diversificado. "Procuramos designar médicos do esporte com formação clínica, que também saibam sobre a covid, e não apenas sobre lesões. Teremos médicos em todas as bases", explicou a coordenadora médica do COB, que destaca ainda o envio de 14 mil testes de antígeno às bases do Time Brasil no Japão, graças à parceria com a Fiocruz, para testagem rápida da delegação. Diversos itens de prevenção também forma incluídos no material enviado ao Japão: 85 mil máscaras descartáveis, 12.500 sapatilhas TNT, 400 borrifadores de álcool e 250 aventais, entre outros produtos.

INFECTOLOGISTAS - Referências na área de infectologia, Beatriz Perondi e Ho Yeh Lin integram a Missão pela primeira vez. Perondi é especialista em Medicina do Exercício e do Esporte e atualmente coordena a área de situações extremas do Hospital das Clínicas de São Paulo. Ho, por sua vez, nascida em Taiwan, coordena a UTI de moléstias infecciosas no Hospital das Clínicas de São Paulo. Em fevereiro de 2020, Ho foi uma das profissionais responsáveis pelo resgate dos brasileiros em Wuhan, na China, epicentro da pandemia. O sucesso da empreitada a transformou até em personagem de quadrinhos da Turma da Mônica, uma das parceiras do Time Brasil em Tóquio. Ela admite que nunca imaginou fazer parte de uma delegação olímpica.

"Quem diria que uma infectologista integraria uma missão olímpica do COB?", brincou Ho. "Está sendo um desafio muito grande trabalhar com esporte. Não trabalho com atletas no dia a dia, mas com pessoas imunodeprimidas. Então, estou aprendendo bastante sobre as características das pessoas que praticam atividade física profissionalmente. Estar em Tóquio com a delegação brasileira será uma experiência inesquecível", afirmou a doutora, que reforça ainda a importância do cumprimento dos protocolos estabelecidos.

A comissão médica estabeleceu assim, um rígido protocolo específico para todos os integrantes da delegação brasileira, com apresentação de teste sorológico, entrega de exames completos e testagem RT-PCR a 11 dias, 7 dias, 90 horas e 48 horas antes do embarque, além de teste de antígeno no Aeroporto Internacional de Cumbica, em Guarulhos (SP).

Haverá testagem na chegada ao Japão e 72 horas antes da entrada na Vila Olímpica, que complementarão os protocolos exigidos pela organização do evento. "Esses Jogos Olímpicos têm um ingrediente a mais, que é como cada equipe vai se cuidar para reduzir ao máximo o risco de infecção. É um fator a mais que vai determinar quem será campeão. Por isso, é preciso a maior adesão possível às medidas de prevenção estabelecidas pela comissão médica do COB", disse Perondi.

O discurso é reforçado pela líder da área médica do COB. "Os atletas têm que ter consciência que podem perder tudo o que construíram em cinco anos de preparação. Tem que haver uma responsabilidade coletiva, pois se um colega de quarto se contamina, por exemplo, o atleta pode até ficar fora dos Jogos. Não há outra saída: é conscientização, educação e informação", enfatizou Ana Côrte.

Silvia Amélia, 40 anos, moradora da cidade de Goiás (GO), compartilhou nas redes sociais, a foto do bolo que fez para comemorar o primeiro aniversário do filho, Tonico. O tema foi um tanto inusitado: os médicos infectologistas da TV.

A comemoração aconteceu na última quinta-feira (4), e Silvia colocou no topo do bolo fotos impressas dos biólogos Átila Iamarino e Natalia Pasternak, dos infectologistas Jamal Suleiman e Unaí Tupinambás e também da pneumologista Margareth Dalcolmo, profissionais que são responsáveis por explicar informações científicas sobre a pandemia de Covid-19 nos programas de TV.

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É que Silvia e o marido, Renné França, 39 anos, se tornaram pais no ano passado, e Tonico nasceu uma semana antes do início da pandemia. Assim, o casal passou o primeiro ano do bebê em isolamento. Na web, Silvia explicou que, como passava a manhã assistindo entrevistas com os profissionais da saúde e cientistas, o marido a culpa pelo filho não gostar de nenhum personagem infantil, por isso o tema do bolo.

Além de repercutir na web, a publicação se tornou pauta em portais de notícias, e o assunto chegou a ser divulgado no canal Globo News, na última sexta-feira (5). A foto reuniu mais de 11 mil curtidas e foi compartilhada por alguns dos homenageados do bolo, como a microbiologista Natália Pasternak, que comentou "Obrigada pelo carinho. Que possamos construir um mundo melhor pra ele".

Por Thaiza Mikaella

Faltando menos de 24 horas para a primeira parte do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), infectologistas pernambucanos voltaram a alertar para o risco de contaminação, principalmente, durante o trânsito aos locais de prova. Apesar de concordarem no que diz respeito aos cuidados necessários para evitar a disseminação da Covid-19, os especialistas em saúde divergem sobre o adiamento do exame, marcado para os dias 17 e 24 de janeiro. 

'O correto seria que o exame fosse adiado'

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"Essas provas devem ser adiadas por inúmeros motivos. Um deles é o fato de aumentar a exposição desses jovens, em um momento extremamente crítico da pandemia", afirma a infectologista Marcela Vieira Freire. "Ainda que existam inúmeras medidas, serão milhares de jovens que vão sair de suas casas, pegar transporte, aglomerar e depois retornar às suas casas podendo infectar suas famílias", explica, a especialista em saúde destacando que, com a pandemia em um de seus piores momentos, realizar o certame não seria uma decisão responsável.

“As medidas são uma tentativa de reduzir as chances de transmissão, mas não isentam que, se um jovem contaminado estiver na sala, ele possa contaminar vários outros. Mesmo que haja um distanciamento adequado, são muitas horas de prova. O uso da máscara ajuda a reduzir, mas o risco existe e não só na prova”, assevera.

'O Enem não deve deixar de ser realizado por conta da pandemia'

Porém, nem todos os profissionais concordam que adiar o exame seria uma medida eficaz para frear a disseminação do novo coronavírus. Para o infectologista e hepatologista, Lucas Caheté, com os cuidados necessários é possível realizar o Enem de forma segura. “É considerado um risco relativamente baixo se tiver as precauções de isolamento de contato. Uso de máscara obrigatório durante a prova toda, cada estudante deveria ter seu próprio álcool em gel e ter o cuidado do distanciamento na sala”.

Para ele, o risco maior é durante a entrada e saída da prova, onde há a maior probabilidade de aglomeração e o transporte público. Porém, com a ausência do Lockdown no Estado, a abertura das praias e do comércio, a prova teria um peso pequeno na rotina dos estudantes. “Essas pessoas não estão em isolamento completo. Elas estão saindo de casa, estão se encontrando, por isso estamos tendo um aumento de casos. O Enem não mudaria muito essa rotina, ao meu ver”.

Riscos infecciosos e psicológicos

Mas o problema do Enem não se resume apenas aos riscos de infecção. Para a infectologista Marcela Freire, o efeito psicológico também deveria ser levado na hora de adiar o exame. “Não é somente a questão da transmissibilidade, esses jovens estão sob uma pressão altíssima para fazer a prova, além de tudo com os riscos todos de poder infectar suas famílias, sem contar com o fato de que muitos jovens perderam familiares, estão abalados emocionalmente, estamos vivenciando uma semana terrível com todos esses casos. O aumento das lotações das UTIs no Brasil inteiro e a manutenção dessas provas para mim é hediondo”, pontua. 

Caso os estudantes ainda assim decidam realizar o exame, a médica alerta para os cuidados durante e após a prova. “As medidas continuam as mesmas: utilização de máscaras que precisam ser trocadas a cada duas horas, ao chegar ao prédio, ir direto realizar o exame e depois se deslocar sem formar grupinhos, como costuma acontecer. E ao chegar em casa colocar logo a roupa para lavar e evitar ao máximo contato com a família pelos próximos sete dias subsequentes à realização da prova”, indica.

Enem 2021

Segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), nesta edição, estão inscritos 5,8 milhões de participantes, sendo 5.687.271 de inscrições para o Enem impresso e 96.086 para o Enem Digital. 

A abertura dos portões será realizada às 11h30 e os participantes só podem sair dos locais de aplicação a partir das 15h30. Para as medidas de proteção, o texto do edital obriga os participantes a utilizar a máscara corretamente, ou seja, cobrir do nariz ao queixo. De acordo com a regra “o participante que não utilizar a máscara cobrindo totalmente o nariz e a boca, desde sua entrada até sua saída do local de provas, será eliminado do Exame”. 

Durante a prova os candidatos são autorizados a levar máscaras extras para realizar a troca durante o certame e, em caso de precisar descartar o equipamento de proteção, as lixeiras dos locais de prova deverão servir para este fim. Estudantes terão acesso a álcool em gel e deverão ficar distantes 1,5 metro um do outro, durante a realização do Enem.

O adiamento da campanha de vacinação contra a poliomielite de agosto para setembro não deverá trazer problemas nem riscos para as crianças que serão vacinadas, segundo infectologistas ouvidos pela reportagem. Isso porque, além de a doença estar erradicada no Brasil há muitos anos, a vacina está disponível nos postos de saúde durante todo o ano.

"A campanha é uma forma de chamar a população para a vacinação. Mas para aqueles que precisam tomar as doses ou os reforços na idade indicada, a vacina fica disponível no posto de forma permanente", diz Marco Aurélio Sáfadi, presidente do Departamento de Infectologia da Sociedade Brasileira de Pediatria e professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.

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O virologista Celso Granato, professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), concorda. "Considerando que não temos casos da doença no Brasil há muito tempo, nem em países vizinhos, e que o adiamento da campanha é muito curto, de apenas um mês, não há quebra de segurança nem risco de queda na proteção", afirma o especialista.

Segundo os médicos, no último ano, apenas dois países do mundo registraram casos de paralisia infantil: Afeganistão e Paquistão.

Redução

Os médicos dizem ainda que a mudança feita pelo Ministério da Saúde na campanha, para um formato menor, reduz o número de doses extras e, portanto, desnecessárias dadas a crianças com o esquema vacinal completo.

"Não há problema em dar doses extras, mas não precisa dar tantas doses como a gente dava. Claro que quando você faz mais campanhas, você aumenta as chances de pegar aqueles que, por algum motivo, não tomaram todas as doses necessárias, mas nos países com a mesma condição de erradicação do Brasil, eles vacinam bem menos. Então não há problema nessa alteração", diz Granato.

A redução do uso da vacina oral, a "gotinha", é, inclusive, recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), explica Sáfadi. "Já substituímos as primeiras doses, que antes eram orais, pelas injetáveis, feitas com o vírus inativado. A tendência é que, daqui a alguns anos, nem tenhamos mais a vacina oral disponível", diz.

O especialista explica que, embora muito pequeno, há risco de a vacina oral levar a um efeito adverso que causa paralisia. O risco, no entanto, é de 1 caso em 2 milhões de vacinados. "Como a doença está sob controle, a tendência é que a gente elimine por completo esse risco reduzindo o uso da vacina oral", diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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