Abdelkader Merah, o francês suspeito de ter ajudado seu irmão a planejar ataques contra crianças judias e paraquedistas militares foi acusado preliminarmente por assassinato e terrorismo neste domingo. Ele negou qualquer participação nos ataques supostamente realizados por seu irmão, Mohammed Merah.
Policiais que investigam os piores ataques ocorridos na França nos últimos anos acreditam que Abdelkader ajudou seu irmão a preparar os ataques e tentam descobrir se os dois têm ligações com uma rede internacional de extremistas ou se atuavam sozinhos.
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A advogada de Abdelkader disse que seu cliente se sente como um "bode expiatório". "Ninguém sabia de nada" sobre o que Mohamed estava planejando, afirmou Anne-Sophie Laguens a jornalistas em Paris. Ela negou relatos de que Abdelkader havia elogiado os ataques cometidos pelo irmão. "Ele não ficou orgulhoso daquelas ações."
Mohamed Merah, de 23 anos, assumiu a responsabilidade pelo assassinato de três crianças judias, um rabino e três paraquedistas militares no início desde ano. Após um cerco policial de 32 horas, ele morreu na quinta-feira, no meio de um tiroteio, ao se jogar da uma janela do apartamento onde estava abrigado, na cidade de Toulouse, sul da França.
Desde então, as atenções se voltaram para seu irmão mais velho, Abdelkader Merah, que foi preliminarmente indiciado neste domingo por cumplicidade para assassinato e roubo, além de envolvimento em iniciativa terrorista, informaram promotores. Preso na semana passada, Abdelkader vai permanecer detido, dependendo do resultado das investigações.
Pela lei francesa, indiciamento preliminar significa que há fortes razões para acreditar que um crime foi cometido, que o magistrados terão tempo para continuar as investigações.
Autoridades suspeitam que Abdelkader participou dos crimes ao adquirir o arsenal para seu irmão mais novo e ao financiar suas viagens ao Afeganistão, Paquistão e Oriente Médio.
Mohamed Merah disse ter ligações com a Al-Qaeda e disse à polícia que esteve no Afeganistão e no Paquistão, onde foi treinado. Abdelkader foi interrogado, anos atrás, sobre sua suposta ligação com uma rede que enviava jovens da região de Toulouse para o Iraque, mas nenhum tipo de ação foi tomado na época. O promotor Francois Molins disse que o inquérito também procura indícios do envolvimento de outras pessoas nos ataques.
A namorada de Abdelkader, Yamina Mesbah, foi detida e posteriormente liberada na manhã deste domingo. Ela não foi indiciada. A mãe de Abdelkader e Mohamed foi liberada na noite de sexta-feira.
A namorada nega qualquer envolvimento nos fatos e disse que ficou chocada com os assassinatos, disse seu advogado Guy Debuisson, acrescentando que, aparentemente, Abdelkader Merah tinha vida dupla. "Esta mulher não tinha ciência de nada sobre a cumplicidade, ou a vida secreta de seu marido", disse a advogada. O casal contraiu matrimônio, segundo as leis islâmicas, em 2006, mas não teve uma cerimônia civil, exigida na França para que o casamento seja reconhecido.
Abdelkader Merah fez cinco ou seis viagens longas ao Egito, supostamente para estudar literatura árabe, e sua namorada foi com ele duas ou três vezes, disse o advogado. Foi durante o interrogatório, segundo o advogado, que Mesbah ficou sabendo que Merah teve outras motivações para viajar ao Egito. "A questão é se Mohamed foi o único a ser doutrinado. Foi apenas ele ou há outros?", questionou Debuisson.
Milhares de pessoas em Paris e Toulouse marcharam em silêncio neste domingo, pedindo unidade e tolerância de todas as religiões e culturas após os assassinatos. As informações são da Associated Press.