Tópicos | Josué de Castro

Mazela da pobreza e da distribuição deficitária de renda no Brasil, a fome, historicamente, deixa marcas no corpo e na alma. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 50 milhões de brasileiros sofreram algum nível de insegurança alimentar, dos quais, 7 milhões apresentam o nível mais grave.

O problema é a pauta principal do programa Vai Cair No Enem desta semana. Os professores André Luiz (biologia), Josinaldo Lins (química), José Carlos Mardock (história) e Dino Rangel (geografia) explicam, conforme suas disciplinas, como a fome e suas consequências podem ser cobradas na prova do Exame Nacional do Ensino Médio. Confira no vídeo a seguir:

##RECOMENDA##

Os candidatos também podem conferir o Instagram @vaicairnoenem. Na plataforma, todos os dias, há notícias, dicas rápidas, aulas exclusivas, desafios e muitos outros conteúdos.

LeiaJá também

--> Confira mais informações sobre o Enem

Josué Apolônio de Castro nasceu no dia 5 de setembro de 1908 na cidade do Recife. Foi médico, professor, geógrafo, cientista social, político e escritor. Conhecido pelo ativismo no combate à fome, Josué de Castro foi eleito deputado federal por Pernambuco durante duas legislaturas, 1955 a 1959. Além disso, foi indicado três vezes ao prêmio Nobel, concorrendo para o Nobel de Medicina em 1954, e nos anos de 1963 e 1970 ao Nobel da Paz. Com uma vasta obra intelectual e social, professores afirmam que o autor é um dos personagens que podem ser abordados pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

A professora de redação e língua portuguesa, Shênia Bezerra, destaca que a obra de Josué de Castro tem elementos que podem tanto ser abordados na prova de Linguagens, como servir de lastro para a redação do Enem. “Quando eu trabalho com meus alunos para redação e português sempre cito autores renomados. Josué de Castro nos dá uma base teórica muito ampla, tanto para a prova de linguagens como para redação. Ele tem uma importância muito grande na questão do subsídio geográfico na luta contra a fome e extrema pobreza, que o marcava”, pontua.

##RECOMENDA##

Ainda segundo a docente, os estudantes devem compreender a abordagem cultural que o autor empregava nas suas obras. “O aluno também devem ficar atento na influência exercida por Josué de Castro, ele deu embasamento a artistas e demais autores, como por exemplo, Chico Science e João Cabral de Melo Neto. Os dois beberam da maneira bem Pernambucana como Josué escrevia. Um livro essencial que com certeza pode ser cobrado pelo Enem é ‘Geografia da Fome’. Todo estudante precisa ler essa obra”, ressaltou. 

Abordagem social

No ano de 1957, o ainda deputado Josué de Castro fundou a Associação Mundial de Luta contra a Fome (ASCOFAM), onde deu andamento ao trabalho de conscientização mundial sobre fome e miséria no Brasil. A professora de literatura Luciana Feitosa afirma que ao ler a obra do autor, o aluno deve fazer um paralelo com a realidade brasileira atual.

“Josué de Castro foi um médico que se dedicou às questões sociais, principalmente voltada para fome e outras questões sociais que tratam da desnutrição. O aluno precisa focar na obra dele, mais especificamente o livro ‘Geografia da Fome’, que pode cair no Enem, e fazer um paralelo com a realidade brasileira atual”, pontuou a docente.

Exílio

Após o regime militar de 1964, Josué de Castro teve seus direitos políticos cassados por dez anos e foi impedido de retornar ao Brasil. Escolheu a cidade de Paris, na França, para viver e continuar suas atividades intelectuais. Em 1965, fundou o Centro Internacional para Desenvolvimento, que dirigiu até o ano de 1973.

Além disso, o médico presidiu a Associação Médica Internacional para o Estudo das Condições de Vida e Saúde. Em 1969, o governo francês o indica para o cargo de professor estrangeiro associado ao Centro Universitário Experimental de Vincennes, onde o autor lecionou até a morte.   

Morte

Ao longo de sua estadia na França, o autor sempre escreveu sobre sua saudade do Brasil. Certa feita, em um de seus escritos, afirmou: “Não se morre apenas de infarto agudo no miocárdio ou de glomeronefrite crônica, se morre também de saudades”. À época, Josué aguardava a vinda de seu passaporte para retornar ao Brasil.

Josué de Castro morreu no dia 24 de setembro de 1973, na cidade de Paris, na França. Seu corpo foi sepultado no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Até os dias atuais, a vida e obra do autor é objeto de estudo por teóricos, especialistas e professores, sendo um dos principais escritores brasileiros.

 

[@#galeria#@]

Nesse sábado (30) aconteceu a penúltima apresentação da peça Homens e Caranguejos, do Coletivo Cênico Joanas Incendeiam (SP), que compõe a grade de programação do 16º Festival Recife do Teatro Nacional. O evento será encerrado neste domingo (1°), quando o público poderá conferir mais uma vez o espetáculo às 21h, no Teatro Hermilo Borba Filho, no Bairro do Recife. A entrada custa R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

##RECOMENDA##

Fazem parte do elenco as atrizes Beatriz Marsiglia, Camila Andrade, Juliana Mado e Letícia Leonardi. “Eu fui convidada por elas para fazer a direção desse trabalho por ser daqui de Pernambuco e ter toda uma relação com a história de Josué de Castro”, disse Luciana Lyra, diretora do espetáculo, que estabelece um caminho entre o mundo do Sertão e a periferia urbana, unidas pelo tema da fome.

“A ideia inicial era fazer uma peça baseada no único romance de Josué de Castro, mas eu sugeri que a gente também fizesse um trabalho de campo. No meu mestrado e doutorado, eu desenvolvi um conceito que eu chamo de Arte Etnografia, que é justamente essa contaminação que os artistas passam ao entrar em contato com as pessoas e comunidades”, revelou Luciana, com exclusividade ao Portal LeiaJá.

Segundo a diretora, a peça se divide em três eixos. Um deles é o próprio livro que dá nome à montagem, e o outro é o contato que as atrizes tiveram com as comunidades do Boqueirão, em São Paulo, e da Ilha de Deus, no Recife. Já o terceiro eixo é a própria experiência dessas atrizes e suas respectivas referências. 

Questionada qual a expectativa do grupo em encerrar a programação do Festival Recife do Teatro Nacional, Luciana Lyra foi direta. “É sempre das melhores, até porque o espetáculo tem uma relação muito forte com o Recife, com o universo do mangue. Ficamos muito contentes por fechar o ciclo, e nada mais justo do que Josué de Castro voltar para a terra dele”, brincou.

Serviço

Homens e Caranguejos

Domingo (1°) | 21h

Teatro Hermilo Borba Filho (Av. Cais do Apolo, S/N - Bairro do Recife)

R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia)

Contemplada com o ProaC de Montagem Teatral em 2011, prêmio concedido pelo Governo do Estado de São Paulo para fomentar a arte e a discussão, a montagem do romance homônimo do geógrafo pernambucano Josué de Castro, Homens e Caranguejos, chega ao Recife nos próximos dias 16 e 17 no Sesc Santo Amaro. O espetáculo, inédito, é uma parceria da Cia Duas de Criação (PE) com o Coletivo Cênico Joanas Incendeiam (SP).

Escrito em 1966, o romance foi traduzido em várias línguas e adaptado para o teatro pela francesa Gabriele Cousin em 1969, mas nunca encenado em âmbito nacional. Com dramaturgia e encenação de Luciana Lyra, a montagem que chega ao Recife enfatiza a atualidade das questões abordadas por Josué de Castro.

##RECOMENDA##

O espetáculo é permeado de histórias tocantes e cômicas que analisam o fenômeno social da miséria e da fome em todas as suas contradições e consequencias. Recife e São Paulo são as cidades escolhidas como cenário da narrativa.

As comunidades do Boqueirão, na Zona Sul da capital paulista e a Ilha de Deus, na capital pernambucana, constituem o recorte escolhido pelas criadoras para ambientar a montagem, que cria fricções entre o universo constituído por Josué e o cotidiano dessas comunidades, ao invés de fazer uma transposição literal do romance. Ambas as comunidades foram pesquisadas durante dois anos e identificadas como locais que reproduzem a vulnerabilidade da população denunciada por Josué.

A trama do espetáculo gira em torno de um menino, que chegou à cidade e aos mangues com seu pai, fugindo da seca, depois da morte do irmão mais velho. Sua vida se divide entre trabalhar para o padre, como catador de caranguejos, a vontade de brincar e a amizade com um homem sábio que vive em um mocambo com as pernas imóveis e se torna responsável por fomentar no menino certa consciência política, além de estimulá-lo a lutar contra um rei pelo direito a terras.

A rota Sertão/Zona da Mata/ mangue recifense/periferia paulistana é metaforizada nesta montagem. Destaque para a direção musical de Nilton Jr. e produção musical de Buguinha Dub e Paulo Torres. A entrada é gratuita.

SERVIÇO
Espetáculo: Homens e Caranguejos
Sábado (16), às 19h e Domingo (17), às 17h
SESC Santo Amaro – Teatro Marco Camarotti (Rua do Pombal, s/nº - Santo Amaro / Recife - PE)
Gratuito
Classificação etária: 16 anos
Capacidade para 100 lugares
Informações: (81) 3216-1713 / 3216-1714 / 3216-1715

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando