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Depois de problemas técnicos com a venda de ingressos na manhã de terça-feira, 18, o Rock in Rio anunciou que os cem mil "cards" colocados a disposição foram vendidos em apenas 1h40.

Cada "card" equivale a um ingresso antecipado. Quem comprou terá um período entre fevereiro e abril de 2015 para escolher a data exata do ingresso. A venda oficial de ingressos para o festival começa em abril de 2015.

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O Rock in Rio será realizado nos dias 18, 19, 20, 24, 25, 26 e 27 de setembro de 2015, na Cidade do Rock do Rio de Janeiro.

"Estamos muito felizes e queremos agradecer ao público por essa adesão única ao Rock in Rio. Agradecemos aos fãs do evento pela paciência com os problemas apresentados no site de venda. Estamos muito empenhados para entregar o melhor Rock in Rio de todos os tempos em 2015, ano em que completamos 30 anos. Será um momento de festa e muita celebração", garante Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, em um comunicado.

O grupo Racionais MC's lançou no início desta semana o primeiro single de seu novo disco. Quanto Vale o Show? está disponível para streaming (de 30 segundos) e compra (por R$ 1,99) com exclusividade na loja digital Google Play. O oitavo disco da banda, ainda sem nome definido, será lançado em dezembro.

Quanto Vale o Show? tem produção de Mano Brown e de DJ Cia, do grupo RZO. Em 2 minutos e 52 segundos de duração, Brown rima sobre a adolescência difícil nas ruas do bairro do Capão Redondo, na zona sul da capital paulista, e também fala sobre o começo da carreira. A canção mistura uma guitarra acelerada e a base de Gonna Fly Now, tema do filme Rocky.

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Para o lançamento do novo disco no formato tradicional, o Racionais MC’s fará um show especial em 20 de dezembro, no Espaço das Américas, na Barra Funda, zona oeste de São Paulo.

A décima quinta edição do Grammy Latino, que será realizada nesta quarta-feira, 19, em Las Vegas, terá Caetano Veloso como principal nome brasileiro entre as 48 categorias do prêmio. O cantor e compositor baiano concorrerá com a versão ao vivo da música A Bossa Nova é Foda entre os indicados a canção do ano. No ano passado, ele venceu na lista de melhor álbum de compositor.

A canção, que integra o álbum Multishow Ao Vivo, ainda concorre ao prêmio de melhor música brasileira com o maranhense Zeca Baleiro, interpretando Calma aí Coração, a funkeira Anitta, com Zen, Vanessa da Mata, com Segue o Som e Maria Bethânia, com Carta de Amor, além da cantora sertaneja Paula Fernandes, com Um Ser Amor e Dori Caymmi, com Alguma Voz.

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Outro destaque brasileiro da noite será Ney Matogrosso, que receberá o Prêmio à Excelência Musical da Academia Latina de Gravação. O cantor, que teve a vida retratada este ano no documentário Olho Nu, está prestes a lançar a versão ao vivo de seu último álbum, Atento aos Sinais.

As categorias de melhor álbum pop contemporâneo e melhor álbum de rock ainda estão dominadas por artistas do País, com nomes como Erasmo Carlos, O Rappa, Titãs e Ana Carolina entre os concorrentes.

A banda americana System of a Down foi confirmada nessa segunda-feira, 17, como uma das principais atrações do Rock in Rio 2015, marcado para setembro de 2015 na Cidade do Rock, no Rio. A venda de ingressos começa nesta terça-feira, 18. Outras atrações confirmadas são Katy Perry e John Legend.

Depois de um hiato entre 2006 e 2010, a banda se reuniu e vem fazendo shows com alguma frequência, e não sem desentendimentos públicos entre os membros. Desde o álbum homônimo de 1998 até Hypnotize, de 2005, o System of a Down colecionou hits como Toxicity, Chop Suey, BYOB e Lonely Day.

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A venda de ingressos será feita pelo site oficial do festival. O valor da entrada é R$ 320 (inteira) e R$ 160 (meia-entrada). Quem comprar nesta pré-venda poderá escolher em qual data usar o ingresso, antes que a venda oficial seja aberta ao público, em abril de 2015 - a escolha será entre fevereiro e abril do ano que vem. O limite de compra é de até quatro entradas, sendo uma meia-entrada por CPF.

A Google liberou para todos os usuários brasileiros o serviço de streaming Google Play Música. A plataforma estava disponível no País desde setembro, mas apenas para aparelhos da Samsung. De acordo com a gigante das buscas, o acervo da ferramenta possui mais de 30 milhões de faixas. (Clique aqui para acessar).

Entre os artistas nacionais presentes na plataforma estão Valeska Popozuda, Criolo, Marco & Belutti, Paralamas do Sucesso e Arlindo Cruz.

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O serviço de assinatura permite que o usuário crie uma estação de rádio interativa e livre de anúncios, com qualquer música e artista disponível no acervo.

É possível adicionar, remover ou reordenar as trilhas na estação e ver quais serão as próximas faixas. Os usuários ainda podem receber recomendações feitas por especialistas do serviço ou explorar as canções por gênero.

Outro destaque é a possibilidade de armazenar até 20 mil músicas do acervo pessoal do usuário na nuvem, de forma gratuita, e ouvi-las juntamente com o catálogo disponível no serviço ilimitado de streaming em qualquer dispositivo Android ou iOS e também na web.

Existe ainda a possibilidade de “marcar” álbuns e listas de reprodução específicas para que estejam disponíveis quando o usuários estiver offline.

Quem fizer a assinatura do serviço até 7 de janeiro de 2015 tem direito a um período gratuito de teste de 60 dias e à mensalidade promocional de R$ 13. Após essa data, a gratuidade cai para 30 dias e o preço sobe para R$ 15.

Para baixar o Google Play Música, basta acessar a Google Play ou App Store.

Prestes a anunciar uma série de shows no Brasil e na Argentina no ano que vem, o Mötley Crüe caminha para concluir uma das três mais bem sucedidas turnês realizadas nos EUA em 2014.

Em despedida dos palcos depois de 33 anos, o grupo californiano fecha neste mês um périplo de 72 shows, para uma média de 18 mil pagantes por todo território americano. Sempre contando com o ícone do rock teatral Alice Cooper como grupo de abertura, a Final Tour do Mötley Crüe passou por casas históricas, como o Madison Square Garden, em Nova York, o Hollywood Bowl, em Los Angeles, e o Joe Louis Arena, em Detroit.

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No último dia 9, o jornal O Estado de S. Paulo acompanhou uma das últimas datas, realizada na pequena cidade de Moline, na fronteira entre os Estados de Ilinois e Iowa. Em mais uma apresentação esgotada, com todos os 12,5 mil ingressos para o iWireless Center Moline vendidos há dois meses, Cooper e Mötley Crüe tocaram por pouco mais de três horas um repertório quase totalmente de canções dos anos 70 e 80.

O grande atrativo do show foi a impressionante "bateria montanha russa" - sim, uma montanha russa. O solo de Tommy Lee, responsável pelas baquetas do Crüe, foi realizado em um equipamento similar ao de um parque de diversões da Disney, que sai do palco e vai até a ponta final da arena, fazendo com que o público na parte mais distante fique a menos de 7 metros de Lee. O solo é tocado enquanto a bateria, mantida em suspensão, gira em 360 graus.

São diversos os atrativos visuais desta turnê de despedida do Mötley Crüe. Além de Lee, também o baixista Nikki Sixx surge com um lança chamas acoplado a seu instrumento durante a canção Shout at the Devil, talvez a mais reconhecida música do grupo no Brasil.

Todos os clássicos estão presentes. De Dr. Feelgood e Kickstart my Heart, que receberam indicações para o prêmio Grammy, em 1989 e 1990, respectivamente, a Girls, Girls, Girls, de 1987, e Live Wire, de 1981, ano em que a banda foi criada por Sixx, Lee, o guitarrista Mick Mars e o vocalista Vince Neil. Ao final, os quatro surgem em um pequeno palco improvisado no meio do público para apresentar, ao piano, a balada Home Sweet Home.

"Foi a melhor apresentação deles aqui em Moline", afirmou o fã local Rigg Parker, ao final da apresentação. Dono de um pequeno bar na cidade, Parker assistiu a todos os cinco shows anteriores. "Agora que estão terminando, todos pareciam mais entusiasmados", disse.

Os quatro integrantes do Mötley Crüe se despedem dos fãs em alto estilo. Em janeiro deste ano, em ação inovadora de marketing, o grupo assinou um contrato legal que proíbe o grupo de se apresentar a partir de janeiro de 2016. Em parte por conta da grave doença de Mars, que tem a rara ankylosing spondylitis, que comprime e ‘cola’ os ossos da coluna vertebral, o Crüe decidiu se aposentar enquanto ainda consegue galvanizar o público. Segundo a revista Rolling Stone, a turnê deve ser uma das três mais lucrativas do ano.

Em 2015, provavelmente com Alice Cooper também, o Mötley Crüe vai visitar o Japão (seis shows confirmados), a Austrália e passar pela América do Sul e a Europa. A última apresentação do grupo deve ser na boate Whiskey A Go Go, em Los Angeles, em 17 de janeiro de 2016, data que marcará 35 anos do grupo.

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Gravações raras de Jimi Hendrix (1942-1970) estarão reunidas em dois LPs que serão lançados nos EUA no dia 28 de novembro. Parte de uma ação promocional para o Black Friday norte-americano, os discos incluem solos do músico gravados em estúdio em 1969.

Produzido pela irmã de Hendrix Janie Hendrix, em parceria com Eddie Kramer e John McDermott, o disco duplo de vinil terá 11 faixas. Entre as canções, há duas versões para Valleys of Neptune (uma com guitarra e outra com piano) e versões sem edição de Drone Blue e Jimi/Jimmy Jam.

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Os discos serão lançados pela gravadora Dagger Records.

Segundo a revista Rolling Stone, os álbuns póstumos The Cry of Love e Rainbow Bridge, ambos de 1971, também serão remasterizados e relançados em CD, LP e MP3.

Após meses de rumores e vazamentos, o YouTube anunciou nesta quarta-feira (12) o seu serviço de streaming de música. Batizado de Music Key, ele custará US$ 9,99 por mês e permitirá que o usuário escute músicas sem ser interrompidos por propagandas e de forma offline. A assinatura inclui o Google Play Music, serviço com mais de 30 milhões de músicas, e também terá suporte a videoclipes.

O YouTube Music Key está em fase bate, e usuários dos EUA, Espanha, Itália, Portugual, Finlândia e Reino Unido. Quem receber o convite terá acesso ao serviço por seis meses e desconto de US$ 2,00 na assinatura mensal pelo resto da vida. O YouTube promete a possibilidade de criar infinitas listas de reprodução, recomendar músicas baseado naquilo que o usuário escuta, e suporte ao Chromecast, podendo levar a música para a TV.

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Além do Music Key, o Google está tomando outras atitudes quanto as músicas na plataforma. A partir de hoje, uma nova página será adicionada no app e no site do YouTube, contando com listas de reprodução e músicas favoritas do usuário. Por fim, discografias completas de artistas serão disponibilizadas no site. 

Um grupo de artistas de peso se reuniu para gravar The Art Of McCartney, álbum em tributo ao ex-Beatle. Cerca de quarenta estrelas participaram da homenagem, entre eles Billy Joel, Willie Nelson, Smokey Robinson, Brian Wilson, The Cure e Corinne Bailey Rae. O lançamento oficial do CD ocorrerá apenas na próxima segunda, 17, mas o projeto liberou a íntegra das gravações em seu canal do Youtube.

O álbum vai ser lançado em vários formatos. Um deles inclui uma versão de luxo com livro de fotos, DVD com documentário e arte assinada pelo antigo parceiro dos Beatles, Alan Aldrige, e um pen-drive com o formato do baixo de McCartney.

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O AC/DC divulgou o clipe da música Play Ball, que faz parte do álbum Rock or Bust. O novo disco dos australianos chega às lojas no fim deste mês. Stevie Young, sobrinho de Malcolm e Angus Young, que tocou guitarra no mais recente trabalho do grupo, também aparece no vídeo.

A banda passou por maus bocados nos últimos meses. A família de Malcolm Young confirmou os boatos de que o guitarrista estava sofrendo de demência. O quadro fez com que o músico tivesse perda total de memória. Ele foi internado em uma casa de repouso em Sydney, Austrália, por apresentar quadro de demência. Seu sobrinho Steve, que o substituiu na gravação do disco, vai ocupar o lugar de Malcolm Young na turnê mundial que o AC/DC realizará em 2015.

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Mais problemas

Na semana passada, o baterista Phil Rudd foi preso durante uma batida policial. Ele é suspeito de assassinato, ameaça de morte e porte de drogas. O músico acabou sendo liberado 24 horas depois de pagar fiança. Alegando insuficiência de provas após uma revisão do caso, o promotor Greg Hollister-Job disse que Rudd agora será apenas julgado por porte de drogas e por ter feito ameaças de morte a dois homens. Rudd, de 60 anos, ainda pode ser condenado a sete anos de prisão.

O baterista terá de comparecer ao tribunal no próximo dia 27, cinco dias antes do lançamento mundial do novo álbum do AC/DC. A banda emitiu um comunicado dizendo que o caso não afetará a próxima turnê do grupo.

O passado revirado tantas vezes seria um perigo se Paul McCartney não arrebentasse as comportas e o fizesse transbordar sobre o presente. É tudo muito rápido, uma sequência de três acordes em sete segundos, e Eight Days a Week deflagra o mecanismo de desconstrução do tempo que vai levar 2h50. Se não há mais passado, nada pode destruí-lo. E o homem que está ali em cima pode fazer a mesma viagem mil vezes que ela será sempre nova.

As luzes do Estádio Kleber Andrade, em Cariacica, na Grande Vitória, se apagam. Um público estimado pela produção em 34 mil pessoas ergue os braços com as lanternas dos celulares acesas e uma fumaça toma o palco. Paul abre o portal com Eight Days a Week, uma canção que terá 50 anos no próximo dia 4 de dezembro, quando foi lançado o álbum Beatles for Sale. Ele tinha 22 anos e estava eufórico. Os Beatles tinham lançado A Hard Days Night havia apenas dois meses e voltaram ao estúdio para mais uma aventura. Agora, ele sorri no palco ao lado de seus músicos ao ver a idolatria de um público de três gerações dividido em partes iguais. Aos mais velhos, os anos 60 em tempo real. Aos trintões, os anos 60 que eles viveram nos 80. E aos mais novos, gente de 4 a 14 anos, o hoje que seus pais insistem em chamar de passado.

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A segunda canção dá um salto para Save Us, o Paul "moderno" que também vive em algum lugar dos anos 60. É uma das quatro músicas do ótimo álbum de inéditas mais recente, chamado New, que estão na nova turnê. Save Us, Out There, Queenie Eye e New, a canção, são tentativas da criação de um "novo" impossível para Paul. O mesmo passado que o imortaliza o faz perder a parada quando colide com o presente. Suas músicas novas, por melhor que sejam, serão sempre coadjuvantes, submersas na enchente de memórias, criadas como se fossem para estar em algum LP dos Beatles.

Quando toca Let Me Roll It, Paul tem 32 anos. A canção que completou 40 anos de idade no último dia 15 de fevereiro, quando foi lançado o álbum Band On The Run, considerado seu melhor feito depois dos Beatles, o leva até os dias mais leves e felizes ao lado do grande amor de sua vida, Linda McCartney. Seu baterista, Abe Laboriel Jr, parece querer traduzir em peso o que a canção simboliza para o chefe e solta a mão. A voz de Paul falha nas subidas íngremes e, de repente, Let Me Roll It traz a lembrança que ninguém quer ter. Paul é de carne e osso.

Imortalizado em vida e sem a possível concorrência de John Lennon, única força que poderia contestar sua legitimidade em assumir sozinho toda a herança atemporal deixada pelos Beatles, Paul não vive apenas sobre um palco. E ele sabe disso. Quando tira a capa, corre para as academias de ginástica dos hotéis em que se hospeda pelo mundo e cuida da alimentação, mantendo distância das carnes vermelhas por ideologia e instinto de sobrevivência. A voz, o primeiro sinal amarelo emitido pelos cantores, voltaria a falhar em outras músicas, mas também surpreenderia ao conseguir escalar com segurança cordilheiras como Helter Skelter.

Ao cantar Here Today e Something, ele lembra respectivamente de seus amigos John Lennon e George Harrison. São os dois únicos momentos em que quebra a lógica do tempo único e linear para deixar claro que também sente saudade. A saudade que só é possível com o passado. Imagens de Harrison sorrindo como uma criança surgem no telão enquanto ele toca Something da mesma forma como fez em suas últimas três turnês, iniciando tudo com o ukulelê que Harrison tanto gostava.

Já perto do grande final que fará com The End, quando volta para dar o primeiro bis, ele traz o violão para tocar Yesterday sem nenhum de seus músicos no palco. Ao olhar para a plateia de luzes, seus olhos ficam tristes e ele não parece estar nem em 1965, quando lançou a canção no disco Help!, nem em 2014.

Seus olhos se prendem a um ponto no infinito e ele parece querer ouvir mais as vozes dos fãs do que a si mesmo. E quando termina, suspira aliviado como se dissesse "eu sou apenas um de vocês". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

"Olhar para trás após uma longa caminhada pode fazer perder a noção da distância que percorremos", escreveu Guimarães Rosa. Com quase 40 anos de carreira, Djavan sempre foi de mirar o presente e o futuro, nunca o passado. Com tantos trabalhos sequenciais, não havia tempo para (re) ouvir a antiga obra - nem mensurar distâncias. Mas, com o surgimento de um projeto que abarcaria toda sua discografia, o músico alagoano encontrou um motivo para isso, desde o primeiro disco, A Voz, O Violão, A Música de Djavan, de 1976, até Ária, de 2010.

Dessa retomada, nasce agora a Caixa Djavan, que reúne 18 álbuns de carreira e dois discos extras - um de raridades, com músicas que entraram em projetos especiais, e outro com canções que gravou em inglês e espanhol, lançadas exclusivamente no exterior e até então inéditas por aqui. Todos eles com os áudios originais remasterizados. Rua dos Amores, de 2012, ficou de fora por ser seu mais recente álbum - que originou também CD e DVD ao vivo, lançados este ano.

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Com supervisão criteriosa do próprio mentor da obra, o box retrospectivo traz ainda encarte com fotos, capas e informações gerais dos discos, letras das músicas e uma pequena introdução escrita por Djavan pincelando histórias da própria trajetória.

Nesse olhar para trás, Djavan, aos 65 anos, reativou lembranças e emoções adormecidas. "Pensei que seria muito difícil ter de ouvir todo o trabalho. E eu tinha de fazê-lo, uma vez que eu é quem iria remasterizar todo ele", conta o músico, em entrevista ao Estado. Decidiu ouvir os discos em ordem cronológica, a partir da primeira música do primeiro álbum.

"Tenho uma memória afetiva muito aguçada. A cada música, eu lembrava de tudo, das pessoas que participaram, dos acontecimentos envolvendo aquele período. Foi uma audição que mexeu muito comigo, é como se eu tivesse visto o filme de toda minha vida relativa ao trabalho, desde 76. Foi uma audição que me causou muitas sensações distintas, mas foi muito bom."

No retorno ao início de tudo, Djavan lembra da época da gravação do álbum de estreia, A Voz, O Violão, A Música de Djavan. E de seu primeiro produtor, Aloysio de Oliveira, que fez parte do Bando da Lua (que acompanhou Carmen Miranda) e é descrito por Djavan como "um grande compositor, um grande letrista".

Então promissor compositor, Djavan lhe entregou 60 canções suas para que ele chegasse a 12. O produtor fez suas escolhas, o que incluiu oito sambas, o que causou espanto em Djavan. Ele bem que pensou em contestar - afinal, sempre teve grande dificuldade de fazer o que não queria -, mas, daquela vez, achou melhor não contrariar. "Tive medo de discutir com ele, porque pensei: ‘Sendo quem é, se ele estiver certo? Acho que estou errado de querer mostrar essa diversidade toda no primeiro trabalho’. Com o tempo, descobri que ele viu essa diversidade nesses sambas." Fora um disco totalmente autoral, de onde saíram sucessos Flor de Lis. "O João Araújo, presidente da Som Livre e meu tutor, digamos, foi quem chamou o Aloysio, e, nesse começo, eles viram que era o compositor que queriam mostrar essencialmente."

Internacional

Mais tarde, com o disco Luz, de 1982, pela CBS (atual Sony), Djavan teve a oportunidade realizar um velho sonho, que era o de gravar nos Estados Unidos. Mas suas ambições não contemplavam morar por lá, como chegou a ser proposto pelo presidente da gravadora, Tomás Muñoz. A mudança de país, claro, ampliaria suas chances de usar o mercado americano como trampolim para o mundo. Mas, apesar de tentador, o músico acabou declinando do convite. A decisão final não foi fácil, mas, para ele, olhando para trás, foi a mais acertada. "Eu não podia perder a essência cultural do Brasil."

Na época, ponderou prós e contras: "Se eu for aos Estados Unidos, vou me tornar um artista praticamente americano. Vou gravar em inglês, compor em inglês. Sei que minha caminhada ao mercado internacional vai ser muito facilitada, mas, ao mesmo tempo, não sei se vou curtir uma mudança tão radical na minha maneira de pensar música". Os contras fizeram com que ele ficasse no Brasil. Mas as coisas não eram tão nítidas assim para o músico como se mostram hoje. "Fiquei com muito medo de estar jogando fora uma oportunidade única", confessa ele. "Eu, muito jovenzinho, tendo de resolver uma parada como essa, foi muito sofrido."

Com o tempo, a carreira internacional foi pavimentada por outra estrada: a do artista brasileiro que leva suas turnês para outros países. Com impacto menor, mas ainda assim com impacto. As canções em espanhol e inglês para estrangeiro ouvir compiladas em um disco especial na Caixa Djavan, como Mi Buen Querer (Meu Bem Querer) e Bird of Paradise (Navio) são prova disso.

No final das contas, Luz lhe trouxe mais bônus do qualquer outra coisa. Recheado de clássicos, teve produção do americano Ronnie Foster, admirador do trabalho de Djavan, e participação de luxo de Stevie Wonder na gaita em Samurai. "O Stevie Wonder tem uma brasilidade na música dele muito marcante. Ele ouviu muito música brasileira e ele encontrou em mim um músico com uma veia com a qual ele se identificava." Bem-sucedido, o disco vendeu 500 mil exemplares, marca só ultrapassada pelos mais de 2 milhões de cópias de Djavan Ao Vivo, de 1999.

Para Djavan, aliás, o sucesso desse trabalho ao vivo foi inesperado. "Eu não estava com o menor interesse de fazê-lo, porque estou sempre contando com meu trabalho para me divertir, e eu achava que não me divertiria nada fazendo o que já estava feito, que aquilo apenas atenderia ao mercado." Após relutar, foi convencido pela Sony. "Aí me envolvi, acabei gostando muito de ter feito esse disco."

Dedicado ao projeto desde o começo de 2013, com olhos e ouvidos em alerta para possíveis correções - mas sem interferir na originalidade da obra, como o som ‘granulado’ dos primeiros discos -, Djavan encontrou uma segunda chance para remixar integralmente o álbum Matizes, de 2007. Ele conta que, na época da gravação, não saiu dela com a sensação de dever cumprido. "Tive dois ou três engenheiros de som, coisa que nunca tinha acontecido, um que adoeceu, outro teve um problema. As coisas foram mudando e eu não conseguia dar unidade ou trazer a sonoridade que eu ouvia no meu ouvido, na minha cabeça, que eu queria. Isso me deu um desequilíbrio", justifica.

Ao olhar para trás, Djavan percebe uma evolução bem aparente de seu trabalho. "Hoje, naturalmente sou um músico melhor, mais completo, tenho controle da música", analisa. "Sei exatamente como chegar aonde eu quero com mais facilidade." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O rapper norte-americano Eminem entrou em uma nova polêmica. Ao divulgar seu novo álbum, 'Shady XV', o cantor se juntou a dois rappers, Slaughterhouse e Yealowolf, para o rap freestyle Shady Cxvpher e atacou verbalmente a cantora Lana Del Rey. 

No vídeo, Eminem fala "Vadia, eu vou socar a Lana Del Rey bem no rosto duas vezes, que nem o Ray Rice em plena luz do dia, bem à vista da câmera de segurança do elevador, até ela bater a cabeça no corrimão. Depois, celebrarei com os Ravens”Ray Rice é um jogador de futebol americano que foi flagrado espancando sua noiva em um elevador.

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A cantora não se manifestou sobre o vídeo, mas a rapper Azealia Banks se revoltou com Eminem e partiu para o ataque no Twitter: "@LanaDelRey o Eminem sabe que eu vou pessoalmente socar a boca dele? Fale para ele voltar ao trailer de parque dele para comer seu hotpocket e mamar nas tetas das irmãs dele", disse ela, em tweets que depois foram apagados.

Anteriormente, Lana Del Rey havia declarado ser uma grande fã de Eminem e que ele a inspirava a compor.

É uma voz aguda, que se assemelha à de uma mulher - ou, dependendo do caso, a de um jovem menino cantor. A diferença é que ela é emitida pelas cordas vocais de um homem adulto, o contratenor, registro vocal que, nos últimos anos, ganhou enorme popularidade pela atuação de uma geração particularmente rica de intérpretes. E, nesse contexto, destaca-se o francês Philippe Jaroussky que, aos 36 anos, é um dos mais importantes cantores líricos da atualidade - e faz nesta terça-feira, 11, e quinta, 13, na Sala São Paulo, dois concertos acompanhados do Ensemble Artaserse, do qual é criador.

Jaroussky vai interpretar, encerrando a temporada da Sociedade de Cultura Artística, um repertório inteiramente dedicado a Vivaldi, que está também em seu mais recente disco, que a Warner Classics lança este mês, Pietà. No encarte do álbum, ele escreve que sentiu uma necessidade "física e vocal" de retornar ao compositor. "Eu estava com 21 anos quando minha carreira de fato começou", ele explica, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo. "E, naquele momento, Vivaldi foi um autor muito importante para mim. Ele permitia o equilíbrio entre a minha voz e o som orquestral. Com o tempo, porém, outros autores foram aparecendo e nos afastamos. Até que senti que era hora de recuperar nossa relação."

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Jaroussky nasceu em Paris e, aos 11 anos, começou a estudar violino - apesar, ele lembra, de ouvir de muitas pessoas que, para ter uma carreira, precisaria ter se dedicado ao instrumento desde muito mais cedo. Aos 18 anos, porém, ele assistiu a um concerto de música barroca com a participação do cantor Fabrice di Falco. O impacto provocado pela deslumbrante voz cristalina de soprano foi enorme. E ele soube, então, o que queria fazer, com uma vantagem: para um cantor, 18 anos ainda era bastante cedo. Após ter aulas com o professor de Di Falco, ele passou a ser orientado pelo contratenor Gerard Lesne e, após a primeira aparição pública, cantando um oratório de Scarlatti, já seria convidado a participar de uma série de concertos dedicada a Monteverdi.

Sua carreia seguiu, a partir de então, um ritmo vertiginoso. Ele logo trabalharia com William Christie, maestro especializado no repertório barroco, com quem gravaria alguns discos. E passaria a ser celebrado por colegas ilustres, como a meio-soprano italiana Cecilia Bartoli. "Quando o ouvi pela primeira vez, fiquei impressionada com sua musicalidade e sensibilidade. Há uma beleza no seu fraseado e uma delicadeza, ou mesmo fragilidade, em sua alma que toca o ouvinte profundamente", disse ela em entrevista recente ao The New York Times.

Aos 24 anos, Jaroussky resolveu criar, ao lado de alguns colegas músicos, uma orquestra que pudesse acompanhá-lo em algumas de suas apresentações. Ele é bastante franco com relação ao que motivou a ideia. "Às vezes, você se sente pronto para cantar um repertório específico, e é um pouco frustrante ter que esperar um maestro convidá-lo para poder fazê-lo. E tem outra coisa. Em um rotina de trabalho que, muitas vezes, se limita a dois ou três ensaios, a chance que você tem de estabelecer de fato uma relação artística com um maestro e seus músicos é pequena. E a consequência disso é que nem sempre o resultado o deixa feliz. Mas não importa: você tem que subir no palco e cantar do mesmo jeito. É por isso que ter um grupo de músicos com quem você trabalha regularmente é especial."

E isso, diz Jaroussky, é particularmente verdade no repertório barroco e na obra de Vivaldi. Assim, no momento em que ele e o Artaserse resolveram que era hora de refinar a sonoridade do conjunto, acabaram se voltando à produção do compositor - Jaroussky também rege, mas prefere dizer que ele e seus músicos cooperam na busca de uma interpretação. "Eu trabalhei com grandes maestros e eles me ensinaram muito. No caso de Vivaldi, o mais importante talvez seja o autocontrole. Canso de ver artistas tentando acrescentar algo às notas, buscar uma espécie de sofisticação forçada. Mas, para mim, basta de verdade olhar a partitura. E perceber como tudo o que o cantor faz está, de alguma forma, sugerido no que a orquestra toca. Perceber isso, participar desse diálogo, mais do que qualquer outra coisa, é o que me faz crescer muito como músico", diz. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Irmã Cristina, a freira siciliana que venceu a versão italiana do programa The Voice, lança na terça-feira(11) seu primeiro disco, após ter conquistado milhões de fãs na internet.

Cristina Scuccia, de 26 anos, membro da congregação das ursulinas, assegurou domingo à noite que não mudou seu modo de vida apesar do sucesso alcançado.

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Sua interpretação no programa da música "No One" d'Alicia Keys foi vista mais de 70 milhões de vezes no YouTube.

Este primeiro disco, intitulado "Sister Cristina", inclui vários sucessos internacionais, entre eles "Like a virgin", lançado por Madonna quatro anos antes do nascimento da religiosa.

O ex-vocalista da lendária banda Led Zeppelin, Robert Plant, recusou uma oferta de 500 milhões de libras para reunir o grupo. A ideia era realizar uma turnê de 35 shows, que ocorreriam em três cidades diferentes. O autor da proposta foi Richard Branson, dono de uma das maiores gravadoras nos Estados Unidos, a Virgin Records.

De acordo com uma fonte ouvida pelo jornal britânico Daily Mirror, os outros membros do grupo, Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham, haviam aceitado a oferta imediatamente. Já Plant pediu 48 horas para tomar uma decisão. Após o prazo, o ex-vocalista rasgou os papéis do contrato, surpreendendo a todos. "Eles tentaram convencê-lo, mas não teve jeito. Ele não vai mudar de ideia", revelou a fonte ao jornal.

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Branson sempre foi um grande fã da banda e estaria muito interessado em financiar a turnê, se oferecendo inclusive para transportar o grupo entre os diferentes locais de shows. A última vez em que o Led Zeppelin tocou foi em 2007 durante o Tributo Ahmet Estegun na Arena 02, em Londres.

Recentemente, o Led Zeppelin lançou novas versões dos álbuns IV e House of the Holy, remasterizadas pelo ex-guitarrista da banda, Jimmy Page. Os dois ficaram na lista dos dez mais ouvidos no Reino Unido.

Enquanto isso, a banda tem enfrentado problemas para se livrar de um processo que a acusou de plagiar um de seus maiores sucessos, Stairway to Heaven. O autor da ação é o advogado do falecido guitarrista da banda Spirit, que afirma que seu cliente deveria ser creditado como coautor da música por sua semelhança com Taurus, composição de 1968 do Spirit. Os dois grupos realizaram uma turnê juntos entre 1968 e 1969.

O pedido de que a ação fosse encerrada foi negado, mas ainda é possível apelar. Jimmy Page classificou a acusação de plágio como "ridícula".

Atores globais participam de uma brincadeira do programa The Voice Brasil e cantam músicas do Jota Quest e Legião Urbana. Ao todo, serão seis duplas (12 famosos) competindo. A cada semana, duas duplas disputam uma vaga na semifinal. Depois, três artistas chegarão à final. Na primeira semana, os protagonistas da novela Malhação foram os participantes. Arthur Aguiar e Bruna Hamú participaram da Audição Online das Estrelas.

Arthur escolheu a música romântica Quase Sem Querer, da Legião Urbana. O protagonista de Malhação pediu uma ajuda para Claudia Leitte e a escolheu como técnica na brincadeira. Bruna, também escolheu Claudinha como sua técnica e apostou na canção Só Hoje, do Jota Quest, Bruna. Confira aqui as duas apresentações. 

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A brincadeira teve início na edição de 2013 do The Voice Brasil e a atriz Paolla Oliveira foi a grande campeã.  Com a escolha da canção Ainda Bem, de Marisa Monte, Paolla venceu Tatá Werneck com 74% dos votos e ganhou a Audição Online das Estrelas no site do The Voice Brasil em 2013.

 

 

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O emocional é um fator importante para os estudantes durante as provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Manter a calma, por exemplo, é essencial. Entretanto, a dura rotina de preparação e a pressão para aprovação, acabam estimulando a intranquilidade. É por isso que integrantes do projeto recifense BookCafé estão orando pelos feras que fazem o Exame na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), área central do Recife.

Entre os passos apressados dos estudantes que não querem perder a prova, alguns feras pararam e aceitaram receber as mensagens positivas e de exaltação a Deus. Um dos integrantes do projeto, Israel Isaac Rocha, diz que a oração deixa os jovens mais tranquilos e lembram eles que é preciso pensar em Jesus Cristo, e não apenas nos estudos.

“Independente da religião, a gente mostra como é importante lembrar de Deus e que nem sempre só estudar é o ideal. Nós temos esperança nesta geração. Jovens mais qualificados vão fazer uma nação bem melhor. Temos certeza que Jesus vai ajudar os meninos na hora da prova”, falou Israel.

Marcus Vinicius dos Santos, outro integrante do projeto, garante que a mensagem mantém a calma dos estudantes. “É muito bom você ouvir uma mensagem de conforto e oração”. Para o candidato Elton Gomes, pensar em Deus ajuda no momento da prova. “Recordar de Deus no dá paz e tranquilidade. A gente passa o ano todo se preparando com os livros, porém, é importante também se preparar com a fé”, disse candidato.  

Ainda não havia jazz, blues, funk nem frevo quando ele veio ao mundo. E esses ritmos certamente não teriam a mesma alma se ousassem nascer sem o saxofone. Seu criador é Adolphe Antoine Joseph Sax, que nesta quinta-feira, 6, faria 200 anos e estaria coberto de glórias muito maiores que o tempo lhe daria se não tivesse morrido aos 80 anos, falido, amargurado e dependente de uma pequena pensão do governo francês. Um dos instrumentos mais quentes, de mecânica precisa e timbre dos mais belos, teve como criador um dos homens mais injustiçados da música.

Adolphe Sax era um garoto judeu de Dinant, Vale de Meuve, Bélgica, filho de pai carpinteiro especializado em concertos de instrumentos de sopro e metal. Uma habilidade que herdou nos genes e que o faria um aficionado em projetar novas peças enquanto estudava flauta e clarinete na Royal School de Bruxelas. Tocava e bem, com uma carreira promissora se não fosse a inquietude dos construtores. Adolphe sentia que entre os sopros dos instrumentos de madeiras e os de metais que existiam até então, algo poderia ser melhorado.

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O saxofone foi criado de uma costela do clarone. Isso em 1834, quando Adolphe inspirou-se no formato de cachimbo em algo de mecânica que percebeu ao terminar de aperfeiçoar um clarone baixo. Sete anos depois, ele criou a primeira peça da família, um sax baixo. E, a partir deste, diminui tamanhos e desceu extensões criando o barítono, tenor, alto, soprano e sopranino. Em 1846, com a prole completa, patenteou o instrumento em seu nome.

Seria a glória se não fosse a inveja. Ao mesmo tempo em que realizava o sonho de tocar um instrumento absolutamente original e de lecionar sobre ele no Conservatório de Paris, Adolphe Sax teria sua autenticidade contestada e seria perseguido por defensores da tradição que se opunham à presença da nova família nas salas de concerto. Seus territórios se expandiam rapidamente desde uma exibição na Paris Industrial Exibicion, com aprovação unânime àquele som "estranho e belo". O compositor romântico francês Hector Berlioz não se conteve: "Nenhum instrumento que conheço possui essa estranha sonoridade que fica bem no limite do silêncio".

Acusado sem sustentação de ter roubado a ideia do sax, Adolphe começou a gastar o pouco que tinha para se defender nos tribunais. Músicos tradicionalistas fizeram lobby contra sua criação, subornando outros instrumentistas para que não tocassem o sax nas orquestras. A partir de 1870, antes mesmo que Adolphe pudesse ganhar algum dinheiro com sua invenção, a patente expirou, abrindo o caminho para a fabricação em série por empresas que se tornariam referências, como a francesa Selmer Company. Adolphe Sax não desfrutou da riqueza que uma das maiores criações musicais do século 19 poderia render. Se vivesse cem anos a mais, veria seu filho ganhar o mundo.

Como num velho clássico do blues, o tempo está ao lado de Ney Matogrosso. Ou o contrário. Aos 73 anos, na estrada com o show Atento aos Sinais desde fevereiro de 2013, ele diz sentir, naturalmente, mas não se preocupar muito com a passagem do tempo. Reinventor de si mesmo - como Tom Zé, que artisticamente parece nunca envelhecer -, o cantor traz implícita essa ordem de vida "sem mistificação" (como diz um poema de Carlos Drummond de Andrade), mas com marcas incisivas, em canções como A Ilusão da Casa (Vitor Ramil), Vida Louca Vida (Bernardo Vilhena/Lobão), Noite Torta (Itamar Assumpção), Roendo as Unhas (Paulinho da Viola) e Todo Mundo o Tempo Todo (Dan Nakagawa).

Com imagens e projeto gráfico fiéis ao deslumbre da produção no palco, o show sai agora em CD ao vivo e DVD dirigido por Felipe Nepomuceno pela Som Livre. Simultaneamente o Canal Brasil lança o documentário Olho Nu, com direção de Joel Pizzini. Em ambos os projetos, a nudez é uma metáfora libertária - pela atitude política que pauta a carreira de Ney desde o início - e não por acaso Nepomuceno explora enfaticamente os movimentos sensuais do cantor no show, em ângulos e detalhes que poucos veem da plateia. Ney diz que deu algumas sugestões nos dois filmes, mas, coerentemente, não interveio na linguagem dos diretores. "Todas as interferências que Felipe fez no DVD acho muito interessantes. Ele captou o espírito da coisa de sexualidade do show e acentua isso. Achei até ousado da parte dele assumir aquilo que filmou, porque está um pouco demais, mas não me incomoda, não tenho nada contra."

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Um dos momentos mais interessantes é o fim Tupi Fusão (Vitor Pirralho/Dinho Zampher/Pedro Ivo Euzébio/André Meira), quando o diretor utiliza o recurso de câmera lenta e tanto o vídeo como o áudio se distorcem e os aplausos e uivos do público soam como gritos tribais, que fazem sentido dentro do tema da canção.

Sem medo de arriscar como outros intérpretes têm, Ney põe em cena uma série de canções novas, inéditas ou esquecidas de autores também pouco conhecidos do grande público e o lado B de compositores consagrados como Itamar Assumpção, Dan Nakagawa, Rafael Rocha e Alberto Continentino (ambos da banda Tono), Beto Boing, Paulo Passos, Jerry Espíndola, Alzira E, arrudA, Vitor Ramil, Caetano Veloso, Pedro Luís, Criolo e Paulinho da Viola.

Isso é mais uma prova de que tem muita gente nova compondo música boa no Brasil. "E faço sem nenhum medo, sem nenhum tipo de preocupação. É o que me interessa falar", diz. "Desde o primeiro show da turnê, pela maneira como essas canções foram embaladas, o público foi extremamente receptivo. Então não houve um estranhamento, nenhum sinal de rejeição. Acho que as pessoas não têm é coragem de arriscar. Não tenho esse problema."

Em maio deste ano, em entrevista à emissora RTP , de Portugal, Ney foi incisivo ao criticar diversos aspectos do Brasil em questões político-sociais. Incomodou fãs e foi também bastante criticado por quem apontou equívocos em suas observações, mas não mudou de opinião. "Não menti. Continuo confirmando tudo e quero ver o governo Dilma mudar tudo o que eu disse. Ainda têm 7 milhões de miseráveis, admitidos pelo governo - falei 10 milhões. Então, errei", ressalva.

"Mas e quanto à corrupção galopante de bilhões de reais que são desviados? Ladrão tem que estar na cadeia, independentemente de qualquer partido. Mas quem é preso no Brasil é só preto e pobre. E Paulo Maluf está solto e ainda opinando sobre a política. Tá errado. Agora talvez a coisa tenha pesado mais porque é o PT que está no governo há 12 anos, então o foco tenha ficado neles, mas não falo deles apenas. Disse claramente que não é o único partido que rouba."

Defensor do voto nulo na falta de melhor candidato, para não escolher "o menos pior", ele diz que no segundo turno para presidente teria votado em Aécio Neves "pelo simples fato de mudar de mão", mesmo com todos os escândalos noticiados a respeito do candidato. "A gente não pode ficar refém, é muito tempo para um partido só estar governando, com todos os vícios que já estão declarados e publicados."

Pela primeira vez, Ney diz não ter em mente outro projeto de disco ou show. "E não estou preocupado com isso. Tinha uma ansiedade de colocar tudo para fora e que misteriosamente desapareceu e não estou preocupado com o próximo passo." No entanto, há em andamento um projeto de seis DVDs reunindo seus grandes encontros com outros intérpretes. "Há até um dueto meu com João Gilberto cantando Curare (Bororó) uma das coisas que senti falta disso no documentário Olho Nu", lembra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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