Tópicos | Operação Placebo

O nome Victor Hugo Amaral Cavalcante Barroso é citado 60 vezes na representação do Ministério Público Federal (MPF) que detalhou o suposto esquema de loteamento de contratos e cargos na gestão do governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC). Ele se apresentou à Polícia Federal no aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, neste domingo (30) e foi detido.

No documento de 403 páginas, tornado público na sexta-feira (29), quando foi deflagrada a Operação Tris in Idem para afastar o chefe do Executivo fluminense e prender 17 pessoas, os investigadores detalham as suspeitas que recaem sobre Barroso. Ele é apontado como operador financeiro do presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo Pereira, que por sua vez é acusado de chefiar um dos três grupos ocultos instalados na máquina pública para desviar recursos e se beneficiar sistematicamente de contratações irregulares do governo. O líder religioso e político foi um dos presos na operação.

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De acordo com a investigação, o grupo gerenciava o orçamento estadual reservado à Saúde e indicou o ex-secretário da pasta e hoje delator, Edmar Santos, e o antigo "número dois" da secretaria, Gabriell Neves, para garantir o controle de pagamentos e contratações.

Segundo suspeitam os procuradores, caberia a Barroso cooptar agentes públicos e privados, indicar as organizações sociais que deveriam ser contratadas pelo governo e cuidar da contabilidade dos desvios. Para isso, teria sido montado um "sistema financeiro paralelo".

"Victor Hugo Barroso criou uma complexa organização de pessoas jurídicas, que indicam a estruturação de "camadas" de ocultação de valores, também típica de lavagem de dinheiro, onde as transações financeiras se misturam, dificultando a rastreabilidade", diz o Ministério Público Federal na representação.

Nesta etapa de lavagem de dinheiro, o grupo usaria a transportadora de valores Fênixx, constituída por Barroso em sociedade com o secretário de Cidades, Juarez Fialho, para guardar os valores desviados em carros-forte, repetindo o sistema usado pelo ex-governador Sérgio Cabral.

Além disso, as offshores Tremezzo S/A, Firbank Croporation e South America Properties LLC, registradas em nome do operador, de sua mãe e irmã no Uruguai, serviriam para remessas de dinheiro ao exterior.

Em delação premiada, Edmar Santos contou ainda que Barroso fornecia cartões de crédito em nome de terceiros para que os integrantes da organização criminosa pudessem saldar despesas pessoais e vetava celulares em reuniões para tratar do esquema.

Em troca dos serviços, o suposto operador receberia 15% da "caixinha" abastecida pelos lucros obtidos com as fraudes nas contratações.

Defesas

A reportagem busca contato com Victor Hugo Barroso. O espaço está aberto para manifestações.

Em nota na sexta-feira, a defesa do governador afastado disse que "Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis". Em pronunciamento na sexta, o governador afastado se disse "indignado" e "vítima de perseguição política".

Pastor Everaldo informou em nota, também na sexta, que, "no dia 19 de agosto, encaminhou petição ao STJ solicitando para ser ouvido". Diz ainda que, na "sexta-feira, foi surpreendido com sua prisão e com a busca e apreensão realizadas em seus endereços. Após ser preso, o Pastor Everaldo pediu para ser ouvido ainda na sexta. "O depoimento, no entanto, só deve acontecer na próxima segunda-feira, dia 31. O Pastor Everaldo reitera sua confiança na Justiça", finaliza a nota.

A defesa do secretário Juarez Fialho também sem manifestou: "Juarez Fialho esteve na iniciativa privada até novembro de 2018. Ao ser convidado para trabalhar no Governo do Estado, se desligou de toda e qualquer atividade privada para se dedicar exclusivamente ao serviço público. Sendo assim, não possui qualquer vínculo com as empresas citadas".

O PSC também se manifestou na sexta e informou que o "ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda. O calendário eleitoral do partido nos municípios segue sem alteração. O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos. O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel".

Foto: Ricardo Minussi/PSC

Preso nesta sexta, 28, o pastor Everaldo Dias Pereira organizou uma "caixinha" abastecida por propinas que era dividida com o governador do Rio, Wilson Witzel. Além disso, ele também tentou "alinhar discurso" com o delator e ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Pereira para obstruir as investigações.

As acusações constam na decisão do ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça, que autorizou a prisão de Everaldo nesta sexta, 28, e na representação enviada pela subprocuradora-geral Lindôra Araújo à Corte. Segundo as investigações, Everaldo lidera "um dos grupos criminosos influentes nos Poderes Executivo e Legislativo do Rio de Janeiro".

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"À luz dos elementos colhidos até o momento, observa-se que Pastor Everaldo instituiu uma espécie de 'caixinha única' para pagamentos de vantagens indevidas a agentes públicos da complexa organização criminosa sob investigação, a partir do direcionamento de contratações de organizações sociais e na cobrança de um 'pedágio' sobre a destinação dos 'restos a pagar' aos fornecedores, criando uma típica estrutura sofisticada e perene e com detalhada divisão de tarefas", apontam os investigadores.

Para "administrar" a caixinha, Everaldo teria criado uma "típica estrutura ramificada de organização criminosa, com divisão de tarefas entre os demais integrantes do grupo". A divisão dos repasses foi instituída da seguinte forma: 30% dos valores seriam para Edmar Santos, 20% para Witzel, 20% para o próprio Pastor Everaldo, 15% para Edson da Silva Torres e 15% para Victor Hugo Barroso, apontados respectivamente como operadores administrativo e financeiro do pastor.

O Pastor Everaldo, segundo a Procuradoria, também tentou "alinhar o discurso" com Edmar Santos após sua saída do governo, em maio deste ano, em meio às denúncias de fraudes na licitação para a compra de respiradores no valor de R$ 3,9 milhões. O objetivo do diálogo, segundo o MPF, seria criar uma versão que justificasse os atos ilícitos praticados pela organização criminosa.

"Por volta do dia 19 e 20 de maio, o colaborador foi chamado à sede do PSC por Pastor Everaldo e, lá chegando, também estava presente Victor Hugo. Eles estavam preocupados com uma possível delação de Gabriell Neves, que já estava preso naquele momento", afirma a Procuradoria, citando delação de Edmar Santos. "Pastor Everaldo informou a necessidade de um alinhamento dos discursos, indicando por exemplo a criação de um álibi para o colaborador historiar a sua relação com Edson Torres, entre outras narrativas".

Edson Torres era o operador administrativo de Everaldo, segundo o MPF, e operava empresa chefiada por um "laranja" para obter ganhos ilícitos para o pastor. Um dos contratos teria sido firmado com o DER/RJ.

Edmar Santos também delatou que, no dia em que foi exonerado, um dos filhos do Pastor Everaldo, Filipe Pereira, o procurou por telefone. "O colaborador não chegou a falar com Filipe Pereira. Após cessarem as ligações de números conhecidos, passaram a ocorrer enxurradas de ligações de números desconhecidos, de origens diversas", aponta trecho da delação de Edmar mencionada na decisão judicial.

"O colaborador Edmar Santos ainda asseverou dois aspectos que chamam a atenção: as afirmações de Pastor Everaldo de que todas as questões do grupo que comanda terem o aval do governador Wilson Witzel e o fato ocorrido previamente à deflagração da assim chamada "Operação Placebo", referente a R$ 15.000.00 em espécie de posse de Pastor Everaldo, que teriam sido entregues pelo governador a ele ante o temor de buscas e apreensões no Palácio Laranjeiras", apontam os investigadores.

O delator já havia dito à PGR ter sido ameaçado período em que esteve preso no Batalhão Especial Prisional de Niterói, antes de acertar o acordo de delação e deixar a cadeia. Segundo Edmar Santos, um homem que se apresentou como "tenente Cabana", que seria ligado ao Pastor Everaldo, o abordou para recomendar uma troca de advogado, a fim de que ele não fosse abandonado pelo "grupo". Santos interpretou o aviso como ameaça para que ficasse calado.

Nome forte e influente no Rio, o MPF aponta que Pastor Everaldo "comanda várias contratações e orçamentos na CEDAE, no DETRAN e na pasta da Saúde" fluminense "como se proprietário fosse". A suposta organização criminosa conta "sofisticada teia de relações" que envolve pessoas físicas e jurídicas.

O operador do esquema do pastor seria Victor Hugo Barroso, responsável pela contabilidade paralela, cooptação de agentes públicos e privados e indicação de organizações sociais que deveriam ser contratadas pelo governo.

A Procuradoria também aponta que Victor Hugo Barroso teria contado com um "informante" preso na mesma cela de Gabriell Neves, subsecretário-executivo da Saúde no Rio, para monitorá-lo caso "entrasse em desespero e resolvesse falar sobre os esquemas". Teria sido o grupo do pastor o responsável pela sua indicação ao cargo no governo.

Os pagamentos de propinas coordenados por Victor Hugo Barroso a Edmar Santos, segundo as investigações, foram realizados por meio de quantias em dinheiro, entrega de cartão de crédito pago por terceiros e custeio de uma viagem particular. O operador também é acusado de manter offshores no exterior e declarar seu endereço de residência em Montevidéu, no Uruguai.

Dois filhos de Everaldo, Filipe e Laércio Pereira, também presos nesta sexta foram acusados de integrar o esquema por meio de "várias pessoas jurídicas e sociedades com outros membros da organização". Filipe era assessor de Witzel.

"A empresa EDP Corretora de Seguros, que tem como sócios Pastor Everaldo e os filhos, Laércio Pereira e Filipe Pereira, realizou dezenas de depósitos em espécie, em valor fracionado, de modo a dissimular o total da movimentação, em atividade típica de lavagem de capitais", aponta o Ministério Público Federal.

Outra transação suspeita envolvendo a família de Everaldo é referente à compra de um imóvel por R$ 400 mil quando avaliação fiscal apontava que o valor real seria três vezes superior. Parte do pagamento, cerca de R$ 35 mil, teria sido feito em espécie.

COM A PALAVRA, O PASTOR EVERALDO

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça.

Em representação enviada ao Superior Tribunal de Justiça, a subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo estimou que, somente com esquema criminoso de contratação de organizações sociais na área de Saúde, a organização criminosa supostamente chefiada pelo governador afastado Wilson Witzel pretendia angariar quase R$ 400 milhões em valores ilícitos, ao final de quatro anos de mandato. A estimativa leva em consideração suposto objetivo do grupo em cobrar propina de 5% de todos os contratos para gestão de unidades de Saúde.

A indicação é feita, segundo a subprocuradora, "para se ter uma ideia" da dimensão do esquema criminoso somente na Saúde. Isso porque, segundo o delator e ex-secretário de Saúde do Rio Edmar Santos, o suposto esquema de corrupção instalado no governo Witzel abrangeria todas as secretarias de Estado do Rio de Janeiro.

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A estimativa da PGR toma como base documento do governo do Estado que indicou que a Superintendência de Acompanhamento de Contratos de Gestão acompanha o montante mensal de R$ 160.999.451,65 pagos às organizações sociais de Saúde, já excluindo o valor de Hospitais de Campanha, que são de caráter excepcional. Assim, segundo Lindôra, as contratações das OSs na área de Saúde envolvem o montante anual de, aproximadamente, R$ 2 bilhões, ou, ainda, R$ 8 bilhões durante o mandato de Witzel, desconsiderando eventual reeleição.

"Nesse diapasão, a organização criminosa, somente com esse esquema criminoso de contratação de organizações sociais na área de Saúde, tinha por pretensão angariar quase R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais) de valores ilícitos, ao final de quatro anos, na medida em que objetivava cobrar 5% de propina de todos os contratos", registra então a subprocuradora.

A PGR apontou ainda que o documento do governo traz uma divisão do montante repassado mensalmente a cada uma das OSs contratadas. "A maioria das OSs é mencionada por Edmar Santos em seus anexos, indicando que seus administradores integravam a organização criminosa, efetivando pagamento frequente de propina com base em porcentagem dos contratos. Aliás, note-se que, dentre as maiores recebedoras do Estado, quase todas são mencionadas como integrantes da organização criminosa, de modo que a maior parte dos recursos pagos mensalmente às OSs está envolvido no esquema criminoso", registra a representação enviada ao STJ.

As indicações são feitas em seção do documento em que a PGR diz tratar de "concretos envolvendo dezenas de contratos com Organizações Sociais".

"Por ser um esquema bastante grande, envolvendo diversas OSs, cada uma dela com vários contratos obtidos por meio de pagamento de propina e consequente direcionamento da contratação, a identificação de todos os participantes do ilícito, neste momento investigatório, mostra-se inviável, sendo necessário o aprofundamento da apuração para mapear, de maneira mais completa, esta vasta rede de corrupção que, uma vez mais, tomou conta do Estado do Rio de Janeiro", registra Lindôra.

No entanto, segundo a subprocuradora, as informações apresentadas pelo delator e ex-secretário de Saúde Edmar Santos sobre contratos específicos e os "diversos" elementos de prova já coletados "são suficientes para, comparando-se os processos administrativos de contratação, apontar, exemplificativamente, robustos indícios de ilícitos na contratação".

No trecho em questão, Lindôra ainda apontou condutas envolvendo servidores que teriam praticado atos "concretos em benefício da organização criminosa: desclassificação de concorrentes em licitação que não fossem as empresas prévia e ilicitamente selecionadas; a manipulação de edital com exigências amplas para abarcar empresas que não poderiam normalmente ser contratadas para aqueles serviços ou com exigências específicas desnecessárias, que direcionassem o objeto de licitação para a empresa criminosamente já escolhida".

Segundo a representação, em seu depoimento Edmar Santos relatou que havia servidores públicos da Secretaria de Saúde que eram pagos mensalmente e em espécie pela organização criminosa para ter acesso a informações e tratamento privilegiado nas ordens que diziam respeito a esta pasta.

O documento registra em seguida cinco ocasiões em que teria havido direcionamento de contratos. O primeiro deles, segundo delatado por Edmar Santos, seria a contratação da Organização Social de Saúde Instituto Solidário para a gestão do Hospital Getúlio Vargas. Lindôra registra que até então o hospital era gerido pela Pró-Saúde e, "ao substituí-la, parecendo que estava praticando um ato de probidade ao afastar uma OS investigada por crimes, o novo Governo e a organização criminosa estavam, em verdade, praticando novo crime, direcionando a licitação para Organização Social, mediante promessa e/ou pagamento de propina".

Edmar contou que Edson Torres e Victor Barroso, os responsáveis, dentro da organização criminosa, por fazer o arranjo com as organizações sociais de Saúde que participariam do esquema indicaram para qual das empresas o contrato em questão deveria ser direcionado. A Procuradoria narra então como se deu o restante do procedimento - que teria contato até com mudança de orientação, pela orcrim, de qual OSs que deveria se sagrar a vencedora da licitação. Segundo Lindôra, há diversos pontos que chamam a atenção como indicativos de irregularidades.

"Há fortes indícios de ilicitude que corroboram a narrativa de que servidores da Secretaria de Saúde participavam da organização criminosa, notadamente, com Mariana Scardua atuando no direcionamento do edital, Gustavo Borges agindo no processo de seleção, garantindo que a OS escolhida pela organização se sagrasse vencedora, e Carlos Frederico Verçosa Duboc e Maria Ozana Gomes operando na liberação dos recursos, assegurando que os valores do contrato ilicitamente obtido chegassem até as OSs envolvidas", registrou a subprocuradora.

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR WILSON WITZEL

A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis.

COM A PALAVRA, O PASTOR EVERALDO

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça.

COM A PALAVRA O PSC

O ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda.

O calendário eleitoral do partido nos municípios segue sem alteração.

O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos.

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel.

COM A PALAVRA, ANDRÉ CECILIANO

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano, está acompanhando os desdobramentos da Operação Tris in Idem e seus impactos na governança do Estado do Rio de Janeiro.

Ceciliano desconhece as razões da busca e apreensão em seus gabinetes no prédio da Rua da Alfândega e no anexo, mas está tranquilo em relação à medida. Ele pôs à disposição dos agentes da PF seu gabinete no Palácio Tiradentes, que não estava incluído no mandado.

Ceciliano reitera a sua confiança na Justiça e afirma que está pronto a colaborar com as autoridades e a contribuir com a superação desse grave momento que, mais uma vez, o Rio de Janeiro atravessa. Ele também colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição das autoridades.

Uma troca de e-mails entre o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, e a primeira-dama fluminense, a advogada Helena Witzel, mostra que o governador intermediou contratos suspeitos firmados entre a mulher e empresários. Witzel foi afastado do cargo por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi denunciado, junto com a mulher e mais sete pessoas, por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa envolvendo empresas ligadas à área da saúde.

Em 19 de março, um dia antes de declarar estado de calamidade no Rio de Janeiro, Wilson Witzel enviou a Helena Witzel uma minuta de contrato de honorários com o hospital Jardim Amália, o que na denúncia da PGR é apontado como prova de que "o governador pessoalmente participou de sua tratativa, mesmo estando no cargo de governador do Estado do Rio de Janeiro". Dois minutos depois, o governador enviou a minuta do contrato a si mesmo, mantendo uma cópia.

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O contrato em negociação com o hospital, anexo nos e-mails disparados por Witzel, previa o pagamento de R$ 240 mil adiantados após 30 dias da assinatura mais um pagamento mensal de R$ 20 mil nos primeiros 24 meses, depois o valor subiria para R$ 30 mil mensais. O acordo foi fechado e o escritório de Helena Witzel recebeu R$ 280 mil.

Segundo a Procuradoria-Geral da República, no entanto, nenhum ato de advocacia foi praticado por ela ao Hospital Jardim Amália - também conhecido como Hinja. Buscas realizadas no escritório de Helena Witzel em 26 de maio encontraram apenas uma petição de juntada de procuração nos autos de um processo que tratava de penhora de faturamento de empresas em execuções fiscais. A medida, por si só, era inócua, segundo a Procuradoria, pois esse e todos os processos que tratam do mesmo objeto foram suspensos temporariamente pelo STJ. O tribunal decidiu julgar a temática na 1ª Seção da Corte por haver recursos repetitivos sobre o mesmo tema, então todas as ações param enquanto aguardam o resultado.

"A resolução do mérito do processo não dependeria de qualquer ato de Helena Witzel, que recebeu R$ 280.000,00 apenas pela juntada de sua procuração aos autos", concluiu a PGR.

Na decisão de afastamento do governador, o ministro relator do caso no STJ, Benedito Gonçalves, citou a troca de e-mails e o contrato firmado entre o escritório e o hospital. "Apesar de a contratação envolver somas consideráveis (com adiantamento de valores expressivos), não se encontrou evidência da prestação dos serviços", escreveu.

O hospital Jardim Amália é descrito na investigação como de propriedade do empresário Gothardo Lopes Netto. A empresa GLN Serviços Hospitalares e Assessoria - sigla que coincide com as iniciais do empresário - foi beneficiada por uma resolução do Governo do Estado do Rio de Janeiro com um financiamento temporário de custeio à assistência oncológica, prevendo o recebimento de R$ 445.818,20 por mês e R$ 5.349.818,40 por ano.

"Os referidos R$ 280.000,00, recebidos por Helena Witzel, correspondem a 5,2% do total recebido no ano pela GLN Serviços Hospitalares e Assessoria LTDA.", escreveu o ministro do STJ Benedito Gonçalves. O magistrado acrescentou que o hospital e a empresa GLN estão registrados no mesmo endereço e são da família de Gothardo Lopes Netto.

A denúncia da PGR também cita uma troca de mensagens entre o governador e o empresário, que convidou Witzel para inauguração de uma unidade do hospital Jardim Amália em Volta Redonda. A mensagem de Netto, do dia 5 de julho, trazia a mensagem "Seu amigo progredindo, investindo e acreditando no Rio".

Os valores recebidos pelo escritório de advocacia de Helena Witzel no esquema criminoso denunciado pela PGR foram, ao todo,

R$ 554.236,50. Além dos R$ 280 mil pagos pelo Hinja, houve pagamentos de R$ 112.620,00 proveniente de DPAD SERVIÇOS DIAGNÓTICOS LTDA. - ME (BIOSLAB), mais R$ 59.385,00 da Cooperativa Central de Trabalho (COOTRAB) e outros R$ 102.231,50 da Quali Clínicas Gestão e Serviços de Saúde LTDA. O recebimento dos valores foi apontado em relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF).

 

COM A PALAVRA, O GOVERNADOR WILSON WITZEL

A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis.

COM A PALAVRA, O PASTOR EVERALDO

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades e reitera sua confiança na Justiça.

COM A PALAVRA O PSC

O ex-senador e ex-deputado Marcondes Gadelha, vice-presidente nacional do PSC, assume provisoriamente a presidência da legenda.

O calendário eleitoral do partido nos municípios segue sem alteração.

O PSC reitera que confia na Justiça e no amplo direito de defesa de todos os cidadãos.

O Pastor Everaldo sempre esteve à disposição de todas as autoridades, assim como o governador Wilson Witzel.

COM A PALAVRA, ANDRÉ CECILIANO

O presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), deputado André Ceciliano, está acompanhando os desdobramentos da Operação Tris in Idem e seus impactos na governança do Estado do Rio de Janeiro.

Ceciliano desconhece as razões da busca e apreensão em seus gabinetes no prédio da Rua da Alfândega e no anexo, mas está tranquilo em relação à medida. Ele pôs à disposição dos agentes da PF seu gabinete no Palácio Tiradentes, que não estava incluído no mandado.

Ceciliano reitera a sua confiança na Justiça e afirma que está pronto a colaborar com as autoridades e a contribuir com a superação desse grave momento que, mais uma vez, o Rio de Janeiro atravessa. Ele também colocou seus sigilos bancário, fiscal e telefônico à disposição das autoridades.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou ser "no mínimo estranha" a decisão monocrática do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Benedito Gonçalves, que afastou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por 180 dias nesta sexta-feira, 28.

"Uma decisão como essa, ao meu ver, dada a sua importância e dimensão, deveria ser adotada por um colegiado e não por um único juiz", afirmou Doria. "Não estou aqui para fazer juízo de valor nem juízo de mérito, mas defendo sempre que investigações e esclarecimentos de denúncias sejam feitos."

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O governador afastado chamou a busca e apreensão promovida pela Polícia Federal em sua residência oficial de "busca e decepção".

"Não encontrou um real, uma joia. Foi mais um circo. Lamentavelmente, a decisão do excelentíssimo senhor ministro Benedito, induzido pela Procuradoria da República, na pessoa da doutora Lindôra (Araújo), que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar os Estados da federação, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes", disse Witzel.

O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, considera "difícil" o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, voltar ao cargo após ser afastado pela Justiça. "Eu acredito que, ao longo desses próximos seis meses, esse processo de impeachment deve avançar. Acho difícil que ele Witzel volte", disse o vice nesta sexta-feira, 28.

Mourão afirmou que a situação do Rio de Janeiro é "complicada" e lamentou pela população que sofre com a "ausência do Estado". "Parece que a corrupção se enraizou no Rio de Janeiro. Eu lamento pelo povo do Rio de Janeiro que sofre a ausência de Estado", disse Mourão.

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No início da manhã, o presidente Jair Bolsonaro riu ao comentar o afastamento do governador do Rio de Janeiro, que se tornou seu adversário político. "O Rio está pegando, o Rio está pegando hoje. Está sabendo do Rio hoje? Governador já... Quem é teu governador?", reagiu Bolsonaro a um apoiador que o questionou sobre a situação do Estado, na saída do Palácio da Alvorada.

Em seguida, o homem disse que o governador agora é "o vice". "Está acompanhando", respondeu Bolsonaro, aos risos.

Coordenador da força-tarefa da Lava Jato no Rio, o procurador Eduardo El Hage, do Ministério Público Federal (MPF), rechaçou a alegação do governador Wilson Witzel (PSC) de que há uma motivação política por trás do seu afastamento.

"Não tem qualquer motivação política, muito pelo contrário. A peça está muito robusta, não tem qualquer viés político, como tenta desviar o governador Wilson Witzel. Foram encontrados inclusive e-mails que ele enviou com contratos do escritório da primeira-dama com pessoas citadas pelo colaborador (Edmar Santos)", apontou o procurador.

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O MPF, a Polícia Federal e a Receita convocaram a imprensa, no Rio, para um pronunciamento, mas falaram por menos de 20 minutos e não responderam a perguntas. El Hage alegou que, por haver a contemporaneidade dos fatos, a medida de afastar o governador, mesmo que por uma decisão monocrática, se tornou inevitável.

O procurador disse ainda que hoje é um dia triste para o Rio, mas, "em face das provas encontradas", o MPF não poderia deixar de pedir o afastamento. "Depois de um governador quatro anos preso (Sérgio Cabral), outro governador também preso no curso do mandato (Luiz Fernando Pezão), esse governador (Witzel) praticar atos de corrupção e de lavagem de dinheiro é inadmissível. Por isso o MPF pediu sua preventiva, que foi negada pelo STJ."

Ao falar de Cabral, principal preso até hoje pela Lava Jato fluminense, El Hage disse ainda que se sentiu num "túnel do tempo" ao investigar Witzel, já que haveria indícios de práticas criminosas parecidas com a do ex-governador.

"Escritório de advocacia para desvio de recursos, utilização de transportadoras de valores. Também a existência de doleiros no Uruguai. Então a operação de hoje nós nos vimos como num túnel do tempo, vendo velhos fatos que já tínhamos investigado, mas com outros personagens", comentou.

O escritório de advocacia de Helena Witzel, que não tem grande experiência no exercício da profissão, está no centro das investigações. Entre os contratos analisados, há três empresas controladas por Mário Peixoto, empresário preso desde a deflagração da Operação Favorito, em maio. Os serviços seriam, na verdade, apenas de fachada, como forma de lavar dinheiro.

No pronunciamento, o superintendente da PF no Rio, delegado Tácio Muzzi, atualizou os números da operação desta manhã: foram, ao todo, 82 mandados de busca e apreensão, além de 17 de prisão, sendo 11 temporárias e seis preventivas, como a do Pastor Everaldo.

O Ministério Público Federal (MPF) chegou a pedir a prisão do governador do Rio Wilson Witzel (PSC), no âmbito da operação "Tris in Idem", desencadeada na manhã desta sexta-feira (28), mas o ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), não acolheu a solicitação. O entendimento de Benedito Gonçalves é o de que seria suficiente o afastamento de Witzel do cargo "para fazer cessar as supostas atividades de corrupção e lavagem de dinheiro".

O ministro ainda determinou que o governador afastado poderá permanecer na residência oficial e ter contato com o pessoal e serviços imediatamente a ela correspondentes, mas proibiu o acesso de Witzel às dependências do governo do Estado e a sua comunicação com funcionários e utilização dos serviços. Segundo Gonçalves, as medidas foram tomadas para impedir a reiteração de crimes e para garantir o aprofundamento das investigações.

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O magistrado considerou que, com o afastamento, Witzel deixa de ter poder para "liberação de recursos e contratações em tese fraudulentas", nomear secretários e demais servidores, revisar atos praticados anteriormente (como a reclassificação da Unir), ou liberar recursos. A medida "ainda faz cessar o interesse dos grupos criminosos em efetuar pagamentos em troca de promessas ou efetivos benefícios em contratações públicas", diz o ministro

Segundo a decisão de Benedito Gonçalves, ao pedir a prisão preventiva de Witzel, o Ministério Público afirmou: "as condutas do governador Wilson José Witzel são totalmente incompatíveis com o comportamento exigível de um agente político no exercício de um cargo de tamanha relevância em nossa democracia, principalmente em situações de extremo sofrimento para a sociedade como a pandemia da Covid-19. Nem mesmo o caos social gerado pelo referido vírus foi suficiente para fazer cessar a ânsia criminosa do Governador e da organização criminosa por ele liderada, situação que denota a extrema gravidade, periculosidade e censurabilidade de suas condutas, exigindo resposta série e hábil a restituir o mínimo de ordem pública, humanidade, dignidade e esperança ao povo do Rio de Janeiro".

Ao determinar o afastamento de Witzel, o juiz concluiu que durante as investigações da Operação Favorito, da Mercadores do Caos e Placebo foram colhidos "elementos que comprovam a materialidade e indícios suficientes de autoria" em relação a Witzel e mais seis quanto aos crimes de corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de capitais.

Defesa

A defesa do governador Wilson Witzel disse em nota que "recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis".

O presidente Jair Bolsonaro riu ao comentar o afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), por supostos desvios na área da Saúde. "O Rio está pegando, o Rio está pegando hoje. Está sabendo do Rio hoje? Governador já... Quem é teu governador?", reagiu Bolsonaro a um apoiador que o questionou sobre a situação do Estado, na saída do Palácio da Alvorada, nesta sexta-feira (28). Em seguida, o homem disse que o governador agora é "o vice". "Está acompanhando", respondeu Bolsonaro, aos risos.

Em 26 de maio, quando o ex-aliado foi alvo de buscas, o presidente falou para apoiadores, também com um sorriso no rosto: "parabéns para Polícia Federal".

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Nesta sexta-feira, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o afastamento imediato de Witzel, que nega as acusações e afirma ser alvo de "interesses políticos". A Procuradoria-Geral da República chegou a pedir a prisão do governador, mas o STJ negou.

O vice-governador Cláudio Castro deve assumir provisoriamente a função. Pela manhã, o STJ também expediu um mandado de prisão contra o Pastor Everaldo, presidente do PSC, que já foi preso pela Polícia Federal. Everaldo batizou Bolsonaro no Rio Jordão.

Duas operações do Ministério Público Federal e da Polícia Federal que focaram escândalos na saúde, Favorito e Placebo, estão na raiz da crise que implodiu o governo de Wilson Witzel (PSC). As investigações apontaram supostos indícios de corrupção em compras na área de saúde durante a pandemia do novo coronavírus. Os gastos sem licitação chegaram a mais de R$ 1 bilhão e envolveram a contratação terceirizada de hospitais de campanha - a maioria dos quais não chegou a fica pronta - e a aquisição de respiradores. Segundo se constatou, os aparelhos não eram adequados e em sua maior parte não foram entregues.

Em maio, o empresário Mário Peixoto foi preso preventivamente por suspeita de envolvimento em fraudes nos contratos de construção desses hospitais - eles foram erguidos pela organização social Iabas, sendo que as empresas de Peixoto foram as principais fornecedoras de mão de obra.

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O empresário tem estreita relação com Witzel. Durante a campanha eleitoral, em um dos debates, o candidato a governador e senador Romário (Pode) acusou o então postulante do PSC de ter ligações com Peixoto, até então personagem desconhecido dos bastidores da política fluminense.

Peixoto foi preso preventivamente na Operação Favorito, em maio, e desde então está na cadeia. A Operação Placebo, no mesmo mês, aprofundou investigações do suposto esquema na saúde e levou as apurações em direção a Witzel e sua mulher Helena. A Placebo levou à primeira busca e apreensão no Palácio Laranjeiras e feriu mortalmente o governo, que passou a ser alvo de processo de impeachment.

Witzel e integrantes da oposição acusaram o governo do presidente Jair Bolsonaro - que cumprimentou publicamente a PF pela ação - de uso político da Polícia. Uma declaração da deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), supostamente antecipando as investidas contra governos oposicionistas, reforçou as suspeitas. A parlamentar negou ter tido informação privilegiada, mas ganhou o debochado apelido de "Mãe Zambelli", por sua suposta capacidade de premonição.

Paralelamente às ações federais, o Ministério Público do Rio abriu investigações no âmbito local, que chegaram ao ex-secretário de Saúde Edmar Santos. Afastado no início dos escândalos, ele foi blindado inicialmente pelo governador, que o exonerou da pasta para, no mesmo dia, nomeá-lo como "secretário extraordinário de Acompanhamento das Ações Governamentais Integradas da covid-19", cargo que deixou de ocupar pouco tempo depois.

Preso em julho, Edmar Santos foi apontado como um dos responsáveis pelo suposto esquema de corrupção. Dos sete hospitais de campanha prometidos, apenas dois foram inaugurados. Além disso, mil respiradores foram comprados, mas apenas 52 acabaram entregues - nenhum era adequado para o tratamento da covid-19.

Durante operação de busca e apreensão, o MP fluminense apreendeu cerca der$ 8,5 milhões em um endereço que seria ligado ao ex-secretário. A imagem das centenas de cédulas, que foram contadas com auxílio de máquinas e funcionários do Banco do Brasil, chocou os fluminenses e desgastou ainda mais o governo Witzel.

O ex-secretário de saúde do Rio foi solto em 6 de agosto, após fechar acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF),que assumiu todas as investigações do caso. O pedido de soltura foi apresentado pela subprocuradora-geral da República Lindôra Maria Araújo e aceito pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ). A delação de Santos comprometeu ainda mais o governador Witzel.

Em manifestação encaminhada à corte, a subprocuradora-geral afirmou ver indícios de participação do chefe do executivo estadual na cúpula da suposta organização criminosa montada para desviar recursos públicos. O desdobramento disso está sendo visto nas ações desta sexta-feira (28).

Nesta sexta-feira, em pronunciamento, Witzel se disse traído pelo ex-auxiliar. Chamou-o de "vagabundo" e "canalha". Também afirmou ser inocente e alvo de ação política de opositores e criminosos insatisfeitos com seu governo.

Dizendo-se "indignado" e "vítima de perseguição política", o governador afastado do Rio, Wilson Witzel (PSC), afirmou, na manhã desta sexta-feira (28), que vai recorrer para permanecer no cargo. Ele acusou a Procuradoria da República de perseguição e disse que vai seguir morando no Palácio Laranjeiras. "Não fui despejado", disse.

Witzel fez um pronunciamento de mais de 20 minutos. Acusou a procuradora Lindora Araújo, responsável por sua denúncia, de perseguição e ligação com a família do presidente Jair Bolsonaro, de quem se tornou desafeto. "Uma procuradora cuja imprensa já denunciou um relacionamento próximo com a família Bolsonaro. Bolsonaro que já declarou que quer o Rio de Janeiro, já me acusou de perseguir a família dele", disse Witzel.

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O governador afastado chamou a busca e apreensão promovida pela Polícia Federal em sua residência oficial de "busca e decepção". "Não encontrou um real, uma joia. Foi mais um circo. Lamentavelmente, a decisão do excelentíssimo senhor ministro Benedito, induzido pela procuradoria da República, na pessoa da doutora Lindora, que está se especializando em perseguir governadores, desestabilizar os Estados da Federação, com investigações rasas, buscas e apreensões preocupantes", disparou Witzel.

Ele ainda chamou o ex-secretário de Saúde do Estado Edmar Santos - que chegou a ser preso e, em delação premiada, acusou Witzel de ter ligação com desvios - de "canalha" e "vagabundo". De acordo com Witzel, a delação de Edmar Santos é "mentirosa".

A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou o governador afastado Wilson Witzel e mais oito pessoas em razão de pagamentos feitos por empresas ligadas a Mário Peixoto, preso na Lava Jato, e pela empresa da família de Gothardo Lopes Netto ao escritório de advocacia da primeira-dama Helena Witzel.

O Ministério Público Federal informou que as contratações "foram um artifício para permitir a transferência indireta de valores" e apontou que a acusação foi apresentada uma vez que os "fatos já suficientemente comprovados".

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A denúncia atinge, além do governador e sua esposa, o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão, o empresário Mário Peixoto, os supostos operadores de Alessandro Duarte e Cassiano Luiz, o sócio de Peixoto Juan Elias Neves de Paula, o ex-subsecretário João Marcos Borges Mattos e o ex-prefeito de Volta Redonda Gothardo Lopes Netto.

Ao pedir o afastamento de Witzel e a deflagração da operação "Tris in Idem" na manhã desta sexta-feira, 28, o Ministério Público Federal argumentou que o escritório da primeira-dama "foi utilizado para escamotear o pagamento de vantagens indevidas ao governador, por meio de contratos firmados com pelo menos quatro entidades da saúde ligadas a membros da organização criminosa (Gothardo Lopes Netto, Mário Peixoto e Pedro Fernandes) e recebimento de R$ 554.236,50, entre agosto de 2019 e maio de 2020".

Segundo os procuradores, o escritório de Helena Witzel, foi "contratado para operacionalizar a prática de corrupção e posterior lavagem de capitais, mediante a perene atuação de Lucas Tristão e Gothardo Lopes".

O Ministério Público Federal já havia apontado "vínculo bastante estreito e suspeito" entre Helena e a empresa DPAD Serviços Diagnósticos Limitada, de Alessandro de Araújo Duarte, suposto operador de Mário Peixoto, nos autos da primeira fase da investigação sobre irregularidades na Saúde fluminense, a Placebo.

Na ocasião, a Procuradoria revelou contrato de prestação de serviços e honorários advocatícios firmados entre o escritório de Helena Witzel e a empresa de Alessandro Duarte, incluindo comprovante de transferência de recursos. Documentos que apontariam pagamentos à esposa do governador do Rio foram encontrados pela Polícia Federal em mensagens datadas de 14 de abril no e-mail do empresário.

"Como relatado acima, no caso dos autos, o escritório de advocacia da Primeira-Dama do Estado do Rio de Janeiro H.A.B.W. (Helena Alves Brandão Witzel) supostamente realizou contratos com empresas investigadas, sem que a investigação, até o momento, encontra-se provas da prestação do respectivo serviço, o que explicita possível exercício profissional de atividade delitiva", escreveu o ministro Gonçalves, ao autorizar buscas da primeIra fase da operação.

A primeira-dama voltou a ser alvo de buscas da operação "Tris in Idem", deflagrada nesta manhã para investigar corrupção em contratos públicos do Executivo fluminense.

Defesa

A defesa do governador Wilson Witzel divulgou nota dizendo que "recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis".

Parlamentares reagiram ao afastamento do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, do cargo na manhã desta sexta-feira (28). Pelas redes sociais, representantes da bancada do Estado, opositores e governistas comentaram a ação, que, além do governador, mira ainda o vice-governador, Cláudio Castro, e o presidente nacional do PSC, Pastor Everaldo.

Senador pelo Rio e adversário de Witzel nas eleições de 2018, Romário (PODE-RJ) destacou o fato do governador estar sendo afastado por suspeitas de irregularidades na saúde em plena pandemia. "O estado do Rio de Janeiro merecia um histórico melhor. Inclusive eu avisei, tô com a minha consciência tranquila", disse, em rede social.

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Aliados do presidente Jair Bolsonaro - que nos últimos meses se tornou desafeto do governador -, os deputados cariocas Otoni de Paula (PSC) e Luiz Lima (PSL) comemoraram o afastamento de Witzel. "O Rio de Janeiro amanhece sem Wilson Witzel no Governo. O governador caiu!!!! Nós CONSEGUIMOS", escreveu de Paula, enquanto Lima afirmou que "Sextou" para Witzel.

Deputado federal pelo Cidadania, Marcelo Calero (RJ) também usou as redes para comentar o caso. Calero lamentou uma nova operação contra líderes do Executivo e classificou a situação como "lamentável e triste". "Mais um governador afastado. A cúpula do poder mais uma vez na mira da PF. Políticos investigados por esquemas de corrupção na saúde, em plena pandemia! Um sujeito eleito com o discurso da moralidade! É lamentável e triste, mas parece q no Estado do RJ vivemos em looping eterno", disse.

Oposição a Witzel no plano estadual e a Bolsonaro no plano federal, o deputado David Miranda (PSOL-RJ) aproveitou a operação contra o governador para lembrar do vínculo entre Witzel e o presidente durante a campanha eleitoral de 2018. "O protofascismo que elegeu Witzel e Bolsonaro se valeu do combate à corrupção pra eleger milicianos, ladrões do dinheiro público e exploradores da fé do povo. Canalhas!", escreveu. E completou: "é impressionante, são criminosos: os filhos do Bolsonaro, o melhor amigo do Bolsonaro, os vizinhos do Bolsonaro, o pastor que batizou o Bolsonaro, o governador que Bolsonaro elegeu. Mas o Bolsonaro não, né?!"

A deputada Clarissa Garotinho (PROS-RJ) fez uma declaração crítica, afirmando que ninguém está acima da lei, "mesmo aqueles que se disfarçam por trás de uma Toga". Clarissa também disse que "Nunca se viu na política uma ascensão e queda tão meteórica quanto a do governador Wilson Witzel, agora afastado do cargo pelo STJ".

Organização criminosa

O ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, relator da Operação Placebo, decidiu afastar o governador Wilson Witzel, do cargo por 180 dias, em razão de supostos desvios da Saúde do Estado.

O Ministério Público Federal (MPF) apontou que a operação deflagrada na manhã desta sexta-feira foi batizada de "Tris in Idem" em "referência ao fato de se tratar do terceiro governador do Estado que se utiliza de esquemas ilícitos semelhantes para obter vantagens indevidas".

"A partir da eleição de Wilson Witzel, estruturou-se no âmbito do governo estadual uma organização criminosa, dividida em três grupos, que disputavam o poder mediante o pagamento de vantagens indevidas a agentes públicos. Liderados por empresários, esses grupos lotearam algumas das principais pastas estaduais - a exemplo da Secretaria de Saúde - para implementar esquemas que beneficiassem suas empresas", afirmou a Procuradoria em nota.

Além das medidas da "Tris in Idem", o ministro do STJ Jorge Mussi autorizou, no âmbito de outro inquérito, o cumprimento de 12 mandados de busca e apreensão no Piauí, com o objetivo de coletar provas sobre suposto esquema de nomeação de funcionários fantasmas no governo fluminense para desvio de dinheiro público.

Defesa

"A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis", afirma nota divulgada pelos advogados do governador na manhã desta sexta-feira.

A defesa do governador Wilson Witzel (PSC) disse receber com "grande surpresa" a decisão de afastamento por 180 dias do cargo de chefe do Executivo do Estado do Rio de Janeiro. "A defesa do governador Wilson Witzel recebe com grande surpresa a decisão, tomada de forma monocrática e com tamanha gravidade. Os advogados aguardam o acesso ao conteúdo da decisão para tomar as medidas cabíveis", afirma nota divulgada na manhã desta sexta-feira (28).

Witzel foi afastado do cargo por decisão do ministro do Superior Tribunal de Justiça Benedito Gonçalves, relator da Operação Placebo. A medida faz parte da Operação "Tris in Idem" que faz buscas em seis Estados e no Distrito Federal, além de tentar prender 17 pessoas, entre elas o Pastor Everaldo, presidente do PSC, e o ex-secretário de Desenvolvimento Econômico do Rio Lucas Tristão.

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A Polícia Federal (PF) cumpre, nesta sexta-feira (28), mandados de busca contra a primeira-dama Helena Witzel e o deputado estadual André Ceciliano (PT), presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj). Ao todo, foram expedidos 17 mandados de prisão - seis preventivas e 11 temporárias e 72 de busca e apreensão.

Nesta manhã, o Superior Tribunal de Justiça decidiu afastar o governador do Rio, Wilson Witzel (PSC), do cargo em razão de supostos desvios da Saúde do Estado. A corte determinou ainda a prisão do pastor Everaldo, presidente do PSC e do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, todos citados na investigação da Operação Placebo. Witzel foi notificado sobre seu afastamento no Palácio dos Laranjeiras.

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A Operação Placebo foi inicialmente aberta em maio, quando a Polícia Federal cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, parte deles em endereços do governo fluminense, para investigar suposto esquema de corrupção envolvendo a instalação de hospitais de campanha para combate ao novo coronavírus no Estado.

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu afastar o governador do Rio Wilson Witzel do cargo, em razão de supostos desvios da Saúde do Estado. A corte determinou ainda a prisão do pastor Everaldo, presidente do PSC e do ex-secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, todos citados na investigação da Operação Placebo.

Além dos mandados de prisão expedidos por ordem do ministro Benedito Gonçalves, relator da Placebo no STJ, a Polícia Federal faz buscas contra a primeira-dama Helena Witzel e André Ceciliano, presidente na Assembleia Legislativa do Rio. Agentes estiveram na sede administrativa na Casa na Rua da Alfandega, a poucos metros do Palácio Tiradentes.

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Também são alvo das buscas o Palácio Laranjeiras, o Palácio Guanabara e a residência do vice-governador.

A Procuradoria-Geral da República informou que a operação foi batizada de "Tris in Idem" e que ao todo são cumpridos 17 mandados de prisão - seis preventivas e 11 temporárias - e 72 de busca e apreensão. As ordens são cumpridas no Distrito Federal e em seis Estados: Rio de Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Alagoas, Sergipe, Minas Gerais. Também está sendo alvo de busca e apreensão um endereço no Uruguai, local onde estaria um dos investigados cuja prisão preventiva foi decretada.

Witzel foi notificado sobre seu afastamento no Palácio dos Laranjeiras. A medida foi considerada previsível por integrantes do STJ ouvidos reservadamente pela reportagem. Na avaliação de um ministro, o governador se cercou de péssimas companhias.

Segundo o Estadão apurou, as medidas foram tomadas por Gonçalves para impedir a reiteração de crimes e para garantir o aprofundamento das investigações. O afastamento vale por 180 dias.

A Operação Placebo foi inicialmente aberta em maio, quando a Polícia Federal cumpriu 12 mandados de busca e apreensão, parte deles em endereços do governo fluminense, para investigar suposto esquema de corrupção envolvendo a instalação de hospitais de campanha para combate ao novo coronavírus no Estado.

Ao receber um pedido de ajuda de um Policial Militar do Rio de Janeiro, o presidente Jair Bolsonaro atacou o governador do Estado, Wilson Witzel, e insinuou que sabe onde ele deve estar brevemente. Witzel é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por um suposto esquema de fraudes na área da saúde.

"Eu não vou conversar com o Witzel. Até porque brevemente já sabe onde ele deve estar, né?", disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada, pela manhã.

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Adversário político de Bolsonaro, Witzel foi alvo da Operação Placebo da Polícia Federal no dia 26 de maio - o que acirrou os ânimos em torno das suspeitas de interferência do presidente da República na corporação. Um dia antes a deputada bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP) indicou ter conhecimento de que haveria ações contra governadores.

O comentário de Bolsonaro, desta quarta-feira (3), foi feito após um apoiador, que se apresentou como sargento reformado da Polícia Militar, reclamar de uma taxação sobre a Previdência que estaria sendo aplicada sobre os salários de policiais reformados por incapacidade. Ele pediu que o presidente fizesse algo a respeito.

Diante de outros pleitos feitos por apoiadores, Bolsonaro disse que não tem poder de resolver tudo. "Sou um sozinho. É um grande sistema que a gente tem pela frente, mas vai chegar um tempo que vai passar o limite de muita gente", afirmou o mandatário.

O secretário de Polícia Civil do Rio, delegado Marcus Vinicius de Almeida Braga, pediu demissão ao governador Wilson Witzel. Dias após a operação Placebo, deflagrada pela Polícia Federal tendo como foco o mandatário fluminense, Braga enviou uma carta em que, sem justificar o motivo da saída, pede para ser exonerado e agradece pelos "avanços" conquistados em um ano e meio à frente da pasta.

A saída do delegado se dá em meio a uma dança das cadeiras no Executivo fluminense. Na noite desta quinta-feira, Witzel exonerou os secretários de Casa Civil, André Moura, e de Fazenda, Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho. A escolha marcou um aceno do governador ao secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão, considerado adversário dos dispensados. Tristão, assim como a primeira-dama, Helena Witzel, é peça-chave na investigação do Ministério Público sobre esquemas de corrupção na Saúde.

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Ao demitir esses dois secretários, Witzel provocou também a entrega de cargos na Assembleia Legislativa. O líder e o vice-líder do governo na Casa anunciaram que não vão mais cumprir as funções. O atrito com a Alerj se dá em meio a três pedidos de impeachment apresentados após a operação - o primeiro por tucanos, o segundo por bolsonaristas e o terceiro por deputados do Novo, que também pedem o afastamento de Tristão.

Na carta enviada a Witzel, o delegado Braga destaca o status de secretaria dado à Polícia Civil após o desmantelamento da Secretaria de Segurança Pública, que, segundo ele, fez com que a investigação criminal atingisse "patamares sem precedentes na história, sendo-lhe assegurada absoluta autonomia, tanto na condução das investigações como na escolha daqueles em cargos de chefia e direção."

Ainda não foi informado quem assumirá o cargo na Polícia Civil.

Os advogados do governador do Rio, Wilson Witzel, entraram na noite desta quinta-feira, 28, com um pedido no Superior Tribunal de Justiça (STJ) no qual solicitam o agendamento do depoimento do mandatário fluminense. Ao autorizar a operação da última terça-feira, o ministro Benedito Gonçalves determinou a "oitiva imediata" de Witzel, mas ela depende de intimação da Polícia Federal.

"Os advogados do requerente passaram o dia (quinta-feira) tentando estabelecer contato com a d. Autoridade Policial, por meio de telefone e e-mail, para ajustar dia e hora para seu depoimento. Como o contato não foi possível, serve a presente para ratificar que o requerente segue à disposição da d. Autoridade Policial (sic)", escreve a defesa no pedido.

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O governador foi alvo de mandado de busca e apreensão e teve três celulares e três computadores levados pela PF. A investigação apura a suposta relação de Witzel com o esquema de corrupção na Saúde em meio à pandemia.

Em meio ao cenário de preocupação jurídica, o governador vive também uma crise política. Ele exonerou na noite desta quinta-feira os secretários André Moura, de Casa Civil, e Luiz Cláudio Rodrigues de Carvalho, da Fazenda. Ambos eram tidos como adversários internos do secretário de Desenvolvimento Econômico, Lucas Tristão. Na esteira desse movimento, o líder do governo na Assembleia Legislativa, Márcio Pacheco (PSC), entregou o cargo.

O ministro Benedito Gonçalves, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), solicitou ao Ministério Público Federal, na manhã desta quarta-feira, 27, a apuração sobre o suposto vazamento de diligências de busca e apreensão realizadas ontem no Rio de Janeiro em ação que tem entre seus investigados o governador do Estado, Wilson Witzel.

Segundo o ministro, caso seja confirmado o vazamento, será necessário responsabilizar penalmente o autor da conduta ilícita, como forma de não prejudicar a integridade das instituições.

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A Operação Placebo, que incluiu busca e apreensão em endereços ligados ao governo fluminense, como o Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador Witzel, o Palácio da Guanabara, sede do Executivo do Rio, e ainda na casa em que o mandatário do Rio morava antes de assumir o governo, tem origem em investigação que apura desvios de recursos para atender emergência da covid-19 no Estado - e foi comemorada no Palácio do Planalto e vista como um "troco" ao adversário político do presidente.

A deputada federal bolsonarista Carla Zambelli (PSL-SP), em entrevista à Rádio Gaúcha, indicou, na segunda-feira, que a PF estava prestes a deflagrar operações para investigar irregularidades cometidas por governadores durante a pandemia. "A gente já teve algumas operações da Polícia Federal que estavam ali, na agulha, para sair, mas não saíam. E a gente deve ter, nos próximos meses, o que a gente vai chamar, talvez, de Covidão ou de não sei qual vai ser o nome que eles vão dar mas já tem alguns governadores sendo investigados pela Polícia Federal", disse a parlamentar.

Witzel classificou a operação como um ato de perseguição política do presidente Jair Bolsonaro por meio da Polícia Federal.

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