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A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) formou maioria nesta segunda-feira, 20, para aceitar a denúncia oferecida pelo Ministério Público Federal (MPF) contra o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), na esteira da Operação Sangria.

Com o resultado do julgamento, adiado duas vezes, ele foi colocado no banco dos réus por organização criminosa, embaraço à investigação, dispensa de licitação sem observância das formalidades legais, fraude em licitação e peculato na compra de respiradores para tratar pacientes com covid-19.

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Os ministros seguiram o entendimento do relator, Francisco Falcão, que viu elementos suficientes para a abertura de uma ação contra o governador e outras 13 pessoas, entre servidores do Estado e empresários envolvidos na contratação, além do vice-governador Carlos Almeida (PSDB).

"Não se trata de meras conjecturas, como alega a defesa de Wilson Lima, mas de indícios da participação do denunciado no acompanhamento do procedimento licitatório que resultou na compra superfaturada, com desvio de recursos públicos", disse o ministro. "Neste exame não aprofundado da matéria, existe justa causa para se considerar o governador do Amazonas como partícipe nos delitos", acrescentou.

O governador do Amazonas foi denunciado em abril como o líder de uma organização criminosa que teria desviado recursos destinados ao enfrentamento da pandemia por meio do direcionamento e superfaturamento de contratos. O Estado viveu uma fase crítica no enfrentamento do coronavírus com a crise de desabastecimento de oxigênio hospitalar em Manaus.

O contrato sob suspeita envolveu a compra de 28 respiradores junto a uma importadora de vinhos mediante dispensa de licitação e triangulação. Uma empresa fornecedora de equipamentos hospitalares, que já havia sido contratada pelo governo, vendeu os ventiladores à adega por R$ 2,4 milhões. No mesmo dia, a importadora de vinhos revendeu os equipamentos ao Amazonas por R$ 2,9 milhões. Após receber valores milionários em sua conta, a adega repassou o montante integralmente à organização de saúde servindo, segundo o MPF, apenas como 'laranja' para vender os produtos com sobrepreço.

Antes da votação, a subprocuradora-geral da República, Lindôra Araújo, que assina a denúncia, disse que os crimes supostamente cometidos são um 'escárnio com a população'. "A presente denúncia apresenta-se apta formal e materialmente para ser recebida", defendeu.

Na outra ponta, advogado Nabor Bulhões, que representa Wilson Lima no caso, disse que não há provas de irregularidades envolvendo o governador e que a atuação da Procuradoria foi "ilegal e abusiva".

"Eu diria que poucas vezes eu vi o Ministério Público atuar tão incisivamente no que eu denominaria de uso abusivo do poder de denunciação", disse. "Há uma enorme confusão promovida pelo MPF", acrescentou.

 

Veja a lista de pessoas atingidas pela decisão do STJ:

Wilson Lima: governador do Amazonas;

Carlos Almeida: vice-governador do Amazonas;

Alcineide Figueiredo Pinheiro: gerente de patrimônio na Secretaria de Saúde do Amazonas;

Dayana Priscila Mejia de Sousa: secretária adjunta de Atendimento Especializado do Amazonas;

Rodrigo Tobias de Sousa Lima: Secretário de Saúde até abril de 2020;

João Paulo Marques dos Santos: secretário executivo de Saúde;

Perseverando da Trindade Garcia Filho: secretário adjunto do Fundo de Saúde;

Ronald Gonçalo Caldas Santos: servidor do Estado;

Cristiano da Silva Cordeiro: empresário;

Fábio José Antunes Passos: empresário;

Luciane Zuffo Vargas de Andrade: empresária;

Luiz Carlos de Avelino Júnior: empresário;

Gutemberg Leão Alencar: empresário;

Márcio de Souza Lima: servidor.

O secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, foi preso pela Polícia Federal na tarde desta quarta-feira, 2, no aeroporto de Manaus. Alvo da nova fase da Operação Sangria, que investiga corrupção em contratos firmados na pandemia, ele voltava de uma viagem. O mandado de prisão temporária foi expedido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

A nova fase da operação foi aberta depois que o Ministério Público Federal encontrou novos indícios de fraudes e superfaturamento na reinauguração do hospital de campanha Nilton Lins em Manaus no início do ano, quando o sistema de saúde da capital amazonense entrou em colapso diante de uma nova escalada da pandemia, e na prestação de serviços na unidade temporária para tratar pacientes com coronavírus.

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Na operação de hoje, a Polícia Federal também fez buscas na casa e no gabinete do governador Wilson Lima (PSC), além de outros endereços em Manaus e Porto Alegre (RS), e cumpriu outras cinco ordens de prisão.

As três fases anteriores da Operação Sangria foram deflagradas em junho, outubro e novembro do ano passado e miraram supostas fraudes na compra emergencial de R$ 2,9 milhões em respiradores pelo governo do Amazonas. A investigação levou à denúncia, na véspera do início dos trabalhos da CPI da Covid, contra Wilson Lima, o vice-governador, Carlos Almeida (PTB), o secretário chefe da Casa Civil do estado, Flávio Antony Filho, o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias e outras 14 pessoas (servidores públicos e empresários).

Ao autorizar o cumprimento dos mandados, o ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), apontou indícios de que o suposto esquema de corrupção montado para desviar recursos destinados ao enfrentamento da pandemia no Estado continuou a funcionar mesmo após as etapas ostensivas anteriores da investigação.

"O que é mais impressionante, a atuação criminosa não cessou mesmo após a intensa e frequente atuação dos órgãos de persecução criminal no combate aos delitos praticados durante a pandemia de covid-19, no ano de 2020, na denominada Operação Sangria. O esquema criminosa perdura ainda no ano de 2021, demonstrando a contemporaneidade dos fatos apurados", escreveu.

COM A PALAVRA, O SECRETÁRIO DE SAÚDE DO AMAZONAS

Em nota, Campêlo disse que estava viajando, mas está 'à disposição para prestar todos os esclarecimentos'.

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO AMAZONAS

"O Governo do Amazonas informa que é de total interesse do Estado que os fatos relacionados às investigações em curso sejam esclarecidos. O governador Wilson Lima reitera que, desde o início da pandemia de Covid-19, sua gestão está voltada a preservar a saúde do povo do Amazonas e a salvar vidas, tendo determinado aos gestores estaduais que empreguem todos os esforços possíveis com esse objetivo, sempre pautando as ações públicas pelos princípios da legalidade e da transparência.

Desta forma, todos os investimentos feitos pelo Estado no enfrentamento da pandemia têm obedecido os trâmites legais de contratação de bens e serviços, sendo acompanhados de perto inclusive pelos órgãos de controle e também com prestação de contas sobre os gastos rigorosamente detalhados no Portal da Transparência.

O governador Wilson Lima reafirma que se mantém à disposição das autoridades competentes para esclarecimentos sobre as ações de seu governo e reitera que está convicto de que não cometeu qualquer ilegalidade e que confia na Justiça."

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (2), a quarta fase da Operação Sangria para investigar supostas fraudes e superfaturamento em contrato para instalação do hospital de campanha no Amazonas. A ofensiva foca em supostos crimes de organização criminosa, fraude à licitação e desvio de recursos públicos envolvendo empresários e servidores da cúpula da gestão do sistema de saúde do Estado. Agentes fazem buscas na casa e no gabinete do governador Wilson Lima e tentam executar uma ordem de prisão contra o secretário de Saúde, Marcellus Campelo.

Ao todo, agentes cumprem seis mandados de prisão temporária e vasculham 19 endereços em Manaus e em Porto Alegre (RS). As ordens foram expedidas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que determinou ainda o sequestro de bens e valores dos investigados.

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Tiros

Durante o cumprimento de uma das ordens de prisão, contra o empresário Nilton Costa Lins Júnior, a PF foi recebida a tiros. Ninguém ficou ferido. O caso foi comentado pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo, durante a sessão da corte Especial do STJ realizada nesta manhã para analisar uma das duas denúncias apresentadas contra Wilson Lima por irregularidades na compra de respiradores para tratar pacientes infectados pelo novo coronavírus. Lindôra disse que a situação foi "bastante constrangedora", "perigosa" e "suis generis".

De acordo com as investigações, "há indícios de que funcionários do alto escalão da Secretaria de Saúde do Amazonas realizaram contratação fraudulenta para favorecer grupo de empresários locais, sob orientação da cúpula do Governo do Estado, de um hospital de campanha'.

"Verificou-se, ainda, que contratos das áreas de conservação e limpeza, lavanderia hospitalar e diagnóstico por imagem, todos os três firmados em janeiro de 2021 com o Governo do Amazonas, cujos serviços são prestados em apoio ao hospital de campanha, contêm indícios de montagem e direcionamento de procedimento licitatório, prática de sobrepreço e não prestação de serviços contratados", indicou ainda a PF em nota.

O Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União (CGU) deflagraram, na manhã desta segunda-feira (30), a terceira fase da Operação Sangria para aprofundar as investigações sobre a compra emergencial de R$ 2,9 milhões em respiradores pelo Estado do Amazonas no contexto da pandemia de Covid-19.

Os agentes cumprem quatro novos mandados de busca e apreensão em endereços residenciais e profissionais de dois servidores investigados por suspeita de participação no superfaturamento dos equipamentos destinados ao enfrentamento da doença. Entre os alvos de buscas, estão a Secretaria de Estado de Saúde e a Secretaria da Casa Militar do Governo do Amazonas. A ordem para o cumprimento dos mandados foi do ministro Francisco Falcão, relator do caso no Superior Tribunal de Justiça (STJ).

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No documento em que pediu as medidas cautelares, a subprocuradora-geral Lindôra Araújo apresentou balanço do trabalho investigativo empreendido desde a primeira fase da operação, em junho, e argumentou que apenas recentemente foram identificados indícios do possível envolvimento dos servidores no caso.

Segundo ela, ainda que pontuais, as diligências são necessárias, uma vez que podem 'angariar importantes elementos que corroborem a participação dos servidores nos fatos investigados, mas também que robusteçam o acervo probatório em relação ao mandante do esquema ilícito, o governador do estado do Amazonas, como amplamente demonstrado pelas provas já constantes dos autos'.

A investigação preliminar aponta que os servidores tiveram participação direta no fretamento de uma aeronave, custeada pelo governo do Estado, para transportar os ventiladores. A chegada do avião em Manaus foi acompanhada pessoalmente pelo governador Wilson Lima (PSC). Segundo a Procuradoria, a licitação para a aquisição dos equipamentos, vencida por uma empresa fornecedora de vinhos, a 'Vineria Adega', só foi aberta dias depois.

De acordo com elementos de provas obtidos nas fases anteriores da Operação Sangria, funcionários da Secretaria de Saúde do Amazonas direcionaram, em favor da empresa investigada, a licitação para a compra dos respiradores pulmonares, sob orientação da cúpula do governo do Amazonas. Um laudo da Polícia Federal atestou sobrepreço de 133,67% na compra.

"Antes mesmo da abertura da aludida licitação, uma das empresas investigadas adquiriu parte dos respiradores pulmonares em outro estado da Federação e, embora o transporte dos equipamentos fosse de sua responsabilidade, foi o próprio governo do Amazonas quem, por ação dos servidores alvo das medidas cumpridas na data de hoje, custeou o transporte dos equipamentos até Manaus, por meio de avião fretado", afirma o MPF.

Na primeira etapa da operação, os agentes vasculharam a casa do governador, a sede do governo e a Secretaria de Saúde do Estado e prenderam a então titular da pasta, Simone Papaiz, e outros cinco servidores. Na segunda fase, foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão, parte deles em endereços ligados ao vice-governador Carlos Alberto (PTB).

COM A PALAVRA, A SECRETARIA DE SAÚDE DO AMAZONAS

A Secretaria de Estado de Saúde (SES-AM) reforça que trabalha com transparência em suas ações, com sistemas de controles fortalecidos pela atual gestão, que tem implementado uma série de modernizações desde que assumiu a pasta.

A SES-AM informa que está contribuindo, desde o início, com a apuração dos fatos pela Polícia Federal e órgãos de controle do Estado e reitera que confia na Justiça.

COM A PALAVRA, A CASA MILITAR DO GOVERNO DO AMAZONAS

Cabe a esta Casa Militar informar que seu chefe não tem pedido de prisão decretado pela Justiça Federal e que está disposto a colaborar com toda e qualquer informação aos órgãos oficiais de fiscalização e controle.

Ao representar pela deflagração da segunda fase da Operação Sangria, na manhã dessa quinta (8), a Procuradoria-Geral da República afirmou ter encontrado mensagens que indicam 'participação direta' do vice-governador do Amazonas, Carlos Alberto Almeida, no processo de compra de respiradores para o Estado que está sob suspeita de superfaturamento - 'inclusive no tocante à possibilidade de realização de pagamento de forma antecipada'.

Além disso, a PGR relatou ao ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça, que Carlos Alberto Almeida, utilizou salas em um prédio comercial, vinculadas a um escritório de advocacia, para realizar, em maio, reuniões com diversos servidores públicos, inclusive a deputada estadual Alessandra Campelo, relatora de comissão de impeachment na Assembleia Legislativa.

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Segundo a decisão que deflagrou a Sangria 2, um dos sócios do escritório usado para os encontros é o filho do empresário Julio Cezar Furtado de Queiroz, sócio proprietário de empresas que possuem diversos contratos, na área da Saúde, com o Governo do Estado.

As indicações levaram o ministro a considerar 'pertinente e razoável' a realização de buscas em endereços vinculados a Carlos Alberto de Almeida, inclusive na sede do governo do Estado e também nas salas comerciais no Edifício Fórum Business. "Não se pode afastar a possibilidade de que existam nesses locais elementos necessários à comprovação dos crimes praticados", registrou Falcão em sua decisão.

As medidas são realizadas na manhã desta quinta, 8, sendo que a Polícia Federal cumpre ao todo 11 mandados de busca e apreensão contra seis investigados na 'Sangria 2'.

Os agentes cumprem ainda cinco ordens de prisão temporária contra o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias; a ex-subsecretária de Atenção à Saúde em Manaus, Dayana Priscila Mejia de Sousa; o engenheiro clínico Ronald Gonçalo de Caldas Santos; o médico Luiz Carlos Avelino Junior, marido da ex-secretária de Comunicação Social do Amazonas, Daniela Assayag; e o empresário Gutemberg Leão Alencar, apontado como 'homem de confiança' indicado pelo governador Wilson Lima (PSC) para intermediar a compra dos respiradores.

Carlos Alberto foi Secretário da Saúde do Amazonas por três meses no início do governo de Wilson Lima, sendo o responsável por indicar seu sucessor, Rodrigo Tobias de Souza Lima e também o Secretário executivo da pasta, João Paulo Marques dos Santos. O primeiro é alvo de mandado de prisão da segunda etapa da Sangria e o segundo foi preso na primeira fase da operação.

Segundo a PGR, mensagens extraídas do celular de João Paulo 'denotam que a cúpula da Secretaria de Saúde se reportava frequentemente ao vice-governador para tratar de contratos na área da saúde, inclusive no tocante à efetivação de pagamentos, demonstrando que Carlos Alberto Almeida tinha ascendência sobre os assuntos da pasta'.

Com relação aos encontros no escritório de advocacia, a Procuradoria considerou que 'causa estranheza' o vice-governador não se valer de edifícios oficiais para as reuniões. "Esse aspecto, levanta suspeitas sobre os propósitos das mesmas, sugerindo que a intenção do investigado era esconder a ocorrência dos mesmos", escreveu a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo no parecer enviado ao STJ.

A PGR ainda chegou a citar outros nomes que teriam comparecido às reuniões no prédio comercial em Manaus - o ex-secretário executivo da Susam, João Paulo Marques dos Santos, preso na primeira etapa da 'Sangria'; o ex-chefe da Casa Civil Lourenço dos Santos Pereira Braga; e a chefe de gabinete do governador Wilson Lima; Lúcia Carla da Gama Rodrigues.

Já a reunião com a deputada Alessandra Campelo ocorreu no dia 20 de maio, segundo a PGR, sendo que posteriomente a deputada foi nomeada presidente da Comissão Especial de impeachment do governador e do vice do Amazonas. A Procuradoria diz ainda que em agosto, o processo foi arquivado pela Assembleia Legislativa, sendo que Alessandra foi uma das que votou pelo arquivamento.

"Vale destacar, por oportuno, que, no mesmo mês do encontro, Marcellus Campêllo, primo da deputada estadual Alessandra Campelo, foi nomeado para a Secretaria-Executiva da pasta da Saúde do Amazonas", registrou ainda a Procuradoria.

A PGR indicou ainda que os encontros registrados pelas câmera do circuito interno do edifício comercial na capital amazonense têm 'circunstâncias peculiares'. De acordo com a Procuradoria, as gravações mostram os participantes 'portando bolsas, maletas, mochilas, e até mesmo lancheiras ou vasilhames' - "algo deveras inusual".

"Essa questão foi objeto de divulgação, em rede social, de informação no sentido de que o vice-governador estaria utilizando uma bolsa para transportar dinheiro em espécie", registrou o relator da Operação Sangria em sua decisão.

Na peça representação da operação enviada ao STJ, a subprocuradora-geral da República indica que o inquérito em curso investiga o direcionamento na contratação da empresa, sobrepreço e superfaturamento na aquisição dos respiradores, organização criminosa, lavagem de dinheiro e montagem de processos e adulteração de documentos, com a finalidade de encobrir os crimes praticados.

"Há uma verdadeira organização criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de covid-19", defendeu a Procuradoria no parecer.

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO AMAZONAS

O Governo do Amazonas informa que está contribuindo com a apuração dos fatos pela Polícia Federal e órgãos de controle e que a ação de busca e apreensão, desencadeada nesta quinta-feira (08/10), envolve, em grande parte, pessoas que já não fazem mais parte da estrutura de Governo, bem como servidores que não atuam como ordenadores de despesas ou tenham poder de decisão na estrutura do Estado ou da investigação em questão. O Governo do Estado reitera que tem atuado de forma transparente e que confia na Justiça.

COM A PALAVRA, A DEPUTADA ALESSANDRA CAMPELO

Como deputada estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas, é normal que eu tenha relação e conversas políticas e institucionais com governador e vice-governador, secretários, autoridades e outros agentes políticos do estado.

Minhas conversas sempre são republicanas e no sentido de tratar de questões políticas ou de gestão pública. No auge da pandemia da Covid-19 e nos últimos meses, além de legislar, passei parte do meu mandato, fazendo visitas e fiscalizações em hospitais, em Manaus e interior do estado, atendendo a população e de alguma forma tentando minimizar os problemas decorrentes da pandemia.

Esclareço que não fui indicada para presidir a Comissão Especial do Impeachment: eu fui eleita no dia 14 de julho pelos meus pares, portanto, trata-se de um processo democrático dentro dos parlamentos.

Importante destacar que o secretário Marcellus Campêlo já fazia parte do Governo do Amazonas. Era coordenador executivo da Unidade Gestora de Projetos Especiais (UGPE) e secretário executivo da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), portanto, já fazia parte da administração estadual, aliás, já atuou em vários governos, além de já ter ocupado cargos de gestão no município de Manaus. Nunca foi indicação minha na Seinfra e muito menos na Secretaria Estadual de Saúde, onde ele foi secretário executivo e agora secretário, por méritos próprios.

Alessandra Campêlo

Dep. Estadual (MDB-AM)

Vice-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas

COM A PALAVRA, OS DEMAIS CITADOS

Até a publicação desta matéria, a reportagem ainda buscava contato com os investigados, mas sem sucesso. O espaço permanece aberto a manifestações.

O Ministério Público Federal, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram, na manhã desta quinta-feira (8), a segunda etapa da Operação Sangria, com o objetivo de aprofundar as investigações sobre supostos desvios na compra de respiradores no Amazonas. Ao todo, 11 mandados de busca e apreensão são cumpridos, parte deles em endereços ligados ao vice-governador Carlos Alberto (PTB), indica a Procuradoria-Geral da República.

Os agentes cumprem ainda cinco ordens de prisão temporária: contra o ex-secretário de Saúde Rodrigo Tobias; a ex-subsecretária de Atenção à Saúde em Manaus, Dayana Priscila Mejia de Sousa; o engenheiro clínico Ronald Gonçalo de Caldas Santos; o médico Luiz Carlos Avelino Junior, marido da ex-secretária de Comunicação Social do Amazonas, Daniela Assayag; e Gutemberg Leão Alencar, apontado como 'homem de confiança' indicado pelo governador Wilson Lima (PSC) para intermediar a compra dos respiradores.

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As ordens foram requeridas pela subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo e expedidas pelo ministro Francisco Falcão, do Superior Tribunal de Justiça, que determinou ainda o sequestro de bens e valores dos investigados.

A Sangria foi aberta inicialmente no fim de junho quando cumpriu 20 mandados de busca e apreensão e outros oito de prisão. O principal alvo da ofensiva na ocasião foi o governador do Estado Wilson Lima (PSC), que foi alvo de buscas. Além disso, a então Secretária de Saúde, Simone Papaiz, foi presa na ação.

Segundo a PGR, as investigações tratam de uma compra fraudulenta de 28 respiradores que teria movimentado R$ 2,9 milhões, 'com envolvimento direto da cúpula do poder do Estado'. Um laudo da PF atesta sobrepreço de R$ 133,67% na compra feita pela Secretaria de Saúde do estado com dispensa de licitação, indica a Procuradoria

Os respiradores foram fornecidos por empresa especializada no ramo de bebidas alcoólicas, denominada 'Vineria Adega'. "Em uma manobra conhecida como triangulação, uma outra empresa vendeu os respiradores à adega por R$ 2,4 milhões; essa, por sua vez, repassou os equipamentos ao governo do Amazonas por R$ 2,9 milhões. A suspeita de superfaturamento de R$ 496 mil foi registrada pela Controladoria-Geral da União, assim como o direcionamento da venda", explica a PGR.

De acordo a Procuradoria, o 'homem de confiança' de Lima que é alvo da ofensiva aberta nesta manhã, 'teria sido destacado pessoalmente pelo governador para intermediar as aquisições fraudulentas de respiradores e financiá-las, tendo sido responsável por indicar a loja de vinhos que vendeu os aparelhos ao estado'.

Os investigadores indicam ainda que provas reunidas na primeira fase da operação mostram que Wilson Lima 'exercia domínio completo não apenas dos atos relativos à aquisição de respiradores para enfrentamento da pandemia, mas também das demais ações governamentais relacionadas à questão, no bojo das quais atos ilícitos teriam sido praticados'.

"Já o vice-governador, de acordo com os registros, já reunidos pelos investigadores, tinha grande influência na gestão da Secretaria de Saúde - pasta na qual atuou durante os três primeiros meses de governo. As provas apontam que a cúpula da Secretaria de Saúde se reportava frequentemente ao vice-governador para tratar de contratos da área de saúde, inclusive sobre pagamentos", destacou a PGR em nota.

Na peça enviada ao STJ, a subprocuradora-geral da República indica que o inquérito em curso investiga o direcionamento na contratação da empresa, sobrepreço e superfaturamento na aquisição dos respiradores, organização criminosa, lavagem de dinheiro e montagem de processos e adulteração de documentos, com a finalidade de encobrir os crimes praticados.

"Há uma verdadeira organização criminosa que se instalou na estrutura do governo do estado do Amazonas, com o objetivo de desviar recursos públicos destinados a atender às necessidades da pandemia de Covid-19", defendeu a Procuradoria no parecer.

COM A PALAVRA, O GOVERNO DO AMAZONAS

O Governo do Amazonas informa que está contribuindo com a apuração dos fatos pela Polícia Federal e órgãos de controle e que a ação de busca e apreensão, desencadeada nesta quinta-feira (08/10), envolve, em grande parte, pessoas que já não fazem mais parte da estrutura de Governo, bem como servidores que não atuam como ordenadores de despesas ou tenham poder de decisão na estrutura do Estado ou da investigação em questão. O Governo do Estado reitera que tem atuado de forma transparente e que confia na Justiça.

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