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Não havia nada além das terras quase sempre secas, umas poucas cabeças de gado e as plantações de palma na região do semiárido pernambucano. Moradores das áreas rurais das pequenas cidades de Caetés, Pedra e Paranatama não tinham uma perspectiva de uma mudança radical em suas vidas. Até que o projeto do maior complexo eólico de Pernambuco chegou prometendo transformar essa realidade. Muitos tiveram benefício, outros nem tanto.
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Os 107 aerogeradores precisavam de espaço para ser erguidos e a Casa dos Ventos resolveu optar pelo modelo de arrendamento dos terrenos, mantendo as propriedades com seus respectivos donos e pagando uma espécie de aluguel pelo uso do ambiente. Uma solução mais barata para a empresa e benéfica para os donos de terra.
Apesar do empreendimento ter anunciado o complexo na região de Caetés, foi o município de Paranatama o que teve o maior números de pessoas beneficiadas. Foram 73 aerogeradores instalados em terras de moradores da cidade. Mesmo antes disso, durante a construção, alguns ganharam um bom dinheiro e empregos, como a família de Zé Vicente Ferreira, 73 anos. “A gente estava numa situação que pedia a Deus que as coisas melhorassem. Foi quando chegou esse projeto e nos trouxe essa mudança”, conta ele. As peças das torres de energia eólica precisavam de um ‘depósito’ e o terreno dele foi o escolhido. “Foi um ano de aluguel por R$ 100 mil reais. Além disso, vendi uma propriedade por R$ 3 mil e meus filhos tiveram emprego durante a obra”, afirmou.
A segurança com que Zé Vicente descreveu os valores, no entanto, não foi uma unanimidade entre os beneficiados. José Ferreira Sobrinho, o “Juca Ferreira”, ainda não sabe ao certo quanto vai receber mensalmente pelo arrendamento de suas terras onde criava ‘umas 80’ cabeças de gado. “Vendi meu gado e estou agora esperando pela definição dos valores. Já ouvi dizer que eram 1.500 reais e depois 5.000. Vamos ver”, disse esperançoso.
O CEO da Casa dos Ventos, Mário Araripe, explica que cada uma das 80 famílias, cujas terras foram ocupadas com os aerogeradores, deve receber cerca de R$ 2.500 por mês, o que geraria um custo aproximado de R$ 200 mil reais/mês de “aluguel” das terras. “Este é o grande beneficio para essas pessoas. Passarem a ter uma renda segura”, afirmou.
Mas nem todos quiseram entrar no negócio. Os pais de Luciano Leite da Silva, 35 anos, proprietários da terra onde ele mora, não aceitaram os valores oferecidos, principalmente, porque a obra incluía a derrubada da casa deles. “Meu pai queria 100 mil pela casa e eles queriam pagar 15. Ele até chegou a baixar para 80 mil, mas a empresa só chegou a 44.900 e ele não fechou. Se fosse eu, tinha aceito”, admite Luciano, um dos oito filhos de seus pais, dos quais quatro deixaram o Agreste de Pernambuco rumo a São Paulo.
Outros moradores que chegavam junto à equipe de reportagem durante a conversa com os entrevistados, contavam outras histórias. Uma senhora teria dito que não sairia de sua terra nem por “um caminhão de dinheiro”. Outros teriam colocado a empresa na justiça para receber os valores referentes à passagem das linhas de transmissão por suas terras, porém, sem maiores detalhes sobre os fatos relatados.
Social – Segundo a Casa dos Ventos, cerca de 4 milhões de reais – menos de 0,5% do total investido no empreendimento – foram destinados para benefícios sociais para os moradores das cidades que receberam o complexo. O valor seria destinado para construção de quadras poliesportivas, reforma de escolas, capacitação de gestores e realização de cursos para gerar emprego e renda. Nenhuma parte desse dinheiro, porém, foi investido na capacitação de mão de obra local, que só foi utilizada para o período de construção, segundo o próprio CEO da Casa dos Ventos.
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