Tópicos | PEC 181

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) afirmou, neste sábado (2), que a  Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 181/2015 que proíbe a prática do aborto para mulheres que sofreram estupro é “absurda e cruel”. Em publicação no Twitter, a petista disse que o texto faz parte do “golpe misógino” instaurado no país e “está permitindo que a discriminação de gênero ganhe ainda maior espaço”.

“Nós sabemos que a luta contra a violência é uma luta sem tréguas. A PEC 181 é absurda e cruel porque a cada 11 minutos uma mulher é estuprada no Brasil. Uma tragédia com graves consequências para as mulheres, as famílias e a sociedade”, declarou, lembrando que o direito de aborto nos casos de estupro foi permitido a partir de uma lei de 1940. 

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“A realidade da violência contra a mulher sempre causou a todas nós muita indignação e disposição de luta.  No meu governo propusemos [leis], como a do feminicídio e, propusemos  políticas integradas de defesa e proteção às mulheres, como a Casa da Mulher Brasileira”, acrescentou a ex-presidente.

A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados no último dia 8. Em sua origem, ela amplia de 120 para 240 dias a licença maternidade para mães que tiveram bebês prematuros. No texto, entretanto, o relator na Comissão de Legislação e Justiça da Casa, o deputado Tadeu Mudalen (DEM-SP) acrescentou uma emenda que determina que "a vida começa desde a concepção", o que criminaliza o aborto legal em qualquer caso no país, mesmo aqueles já autorizados pela legislação brasileira. 

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No Recife, assim como em diversas outras cidades brasileiras, mulheres se reuniram para protestar contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 181 nesta segunda-feira (13). O projeto faz alterações que proíbem todas as formas de aborto. 

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As mulheres se concentraram entre a Avenida Conde da Boa Vista e Rua Sete de Setembro, no centro da capital. Por alguns minutos, elas fecharam o trânsito na avenida. Diante da manifestação, um BRT parado com uma mulher ao volante. “Eu sou a favor do aborto em casos de estupro”, a motorista concordou, apoiando o ato que atrapalhava o seu trabalho. 

“Nós temos o direito de decidir sobre nossos corpos”, disse a manifestante Carmen Silva, do Fórum de Mulheres de Pernambuco. O grupo carregava faixas e cartazes sobre a legalização do aborto.

A PEC 181 está sendo chamada de PEC Cavalo de Tróia por ter surgido como uma medida positiva para as mulheres. Inicialmente, o projeto do senador Aécio Neves (PSDB) pretendia aumentar a licença maternidade das mães de bebês prematuros. O deputado Jorge Tadeu Mudalen (DEM), entretanto, propôs duas mudanças no texto.

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As alterações adicionadas por Mudalen inserem a frase “dignidade da pessoa humana desde a concepção ”no inciso que trata dos princípios fundamentais; e “a inviolabilidade do direito à vida desde a concepção” no artigo sobre a igualdade de todos perante a lei. Em seu Facebook, o deputado diz que está havendo muitas mentiras e que a PEC não fala em estupro – o que de fato não faz, apesar de estar clara a associação entre as alterações que ele fez e o tema.

 

Em uma Comissão Especial da Câmara, a proposta foi aprovada por 18 votos a um, sendo 18 votos de deputados homens e o único voto contrário sendo de Erika Kokay (PT). Outras propostas de edição da PEC serão votadas antes que o texto siga para o plenário da Câmara, onde haverá votação em dois turnos. Se aprovado, o texto segue ao Senado para votação em dois turnos. Caso haja alterações no Senado, a PEC volta para a Câmara dos Deputados. 

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