JOÃO PESSOA (PB) - A Polícia Militar da Paraíba atende cerca de 60% de ligações originadas por trotes, segundo levantamento do Centro Integrado de Operações Policiais (Ciop) de João Pessoa. De janeiro a agosto de 2013, 529.326 ligações foram recebidas nos números de emergência, mas 317 mil foram trotes. Segundo o Ciop, as pessoas telefonam durante todo o dia, ocupando as linhas que poderiam estar sendo usadas para salvar vidas.
“Muita gente reclama que o Ciop demora para atender uma ligação, mas enquanto recebemos um trote, pessoas que estão realmente precisando de ajuda estão esperando. É isso que é preciso que se entenda. Quem passa trote pode estar matando alguém”, declarou o coordenador do Ciop, major Marcos Benevides.
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O coordenador explicou que é possível saber quando a denúncia é falsa. “Eles contam uma história e após ter todos os dados colhidos por nossa equipe, soltam uma risada ou um palavrão e desligam, por isso não deslocamos nossas viaturas”, explicou.
Apenas em agosto, o 190 recebeu 70 mil ligações, com 42 mil trotes. Um único número ligou, em média, 23 vezes por dia durante o mês passado, sempre com crianças e adolescentes falando do outro lado da linha. “São garotos que estão saindo da escola e aproveitam para fazer a brincadeira dos orelhões. Dá até para ouvir o barulho das crianças ao fundo e as risadas também”, informou o Major Benevides.
Para dar fim a este problema, um ofício foi entregue ao Secretário de Estado da Segurança e da Defesa Social, Cláudio Coelho Lima, solicitando providências. Uma campanha será montada para esclarecer a população sobre o assunto.
“A partir de outubro vou com a guarnição às escolas para mostrar às crianças que enquanto estão ocupando a linha, um parente delas pode estar precisando do apoio da polícia. Mas, outras ações devem acontecer”, comenta.
Um levantamento dos 50 números que mais originaram ligações está sendo feito e a intenção é ir até o local e falar com os moradores para punir os autores. Fazer trotes é crime previsto no artigo 340 do Código Penal Brasileiro, com detenção de um a seis meses ou multa.
A espera pelo atendimento também terá a música trocada por frases de esclarecimento. O major espera que as atitudes diminuam a ocorrência destes telefonemas em um curto espaço de tempo. “É preciso agir rápido, porque a população sofre e nós não podemos nos omitir”, finalizou.