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O suspeito de esfaquear o escritor britânico Salman Rushdie se declarou inocente das acusações de tentativa de homicídio e agressão, em uma audiência em um tribunal no norte do estado de Nova York, nesta quinta-feira (18).

O americano de origem libanesa Hadi Matar, de 24 anos, foi acusado por um júri de esfaquear o autor de "Os Versos Satânicos" depois de invadir o palco de uma evento literário na pequena cidade de Chautauqua, na sexta-feira.

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Detido imediatamente após o ataque, Matar, morador de Nova Jersey, já havia se declarado inocente das acusações durante uma audiência no sábado.

Cabisbaixo, de máscara, algemado e vestindo um uniforme prisional listrado, Matar se pronunciou nesta quinta-feira por meio de seu advogado.

Ele pode pegar até 25 anos de prisão por tentativa de homicídio e até sete anos por agressão. O juiz decidiu mantê-lo preso, sem possibilidade de fiança.

Na audiência anterior, os promotores chamaram o ataque de premeditado.

O advogado de Matar, Nathaniel Barone, enfatizou nesta quinta-feira que seu cliente tem direito a um "julgamento justo" e respeito pela "presunção de inocência".

- "Surpreso" -

Em uma entrevista publicada na quarta-feira pelo New York Post, que afirma tê-lo contatado na prisão, Matar disse estar "surpreso" por Rushdie ter sobrevivido.

Após o ataque, o escritor de 75 anos foi levado de helicóptero para um hospital próximo para uma cirurgia de emergência. Seu estado continua grave, mas Rushdie mostrou sinais de melhora e já não respira com ajuda de aparelhos.

Matar não disse se teve como motivação o decreto religioso ('fatwa') emitido em 1989 pelo então líder supremo iraniano, o aiatolá Ruhollah Khomeini, que convocou os muçulmanos a matar Rushdie alegando que a obra "Os Versos Satânicos" blasfemava o Alcorão e o profeta Maomé.

Ao New York Post, Matar expressou seu "respeito" pelo falecido Khomeini e sua desprezo por Rushdie.

"Não gosto da pessoa. Não acho que seja uma boa pessoa", declarou ao jornal ao falar de Rushdie. "É alguém que atacou o Islã, atacou suas crenças, seus sistemas de crenças", completou Matar, que considerou o escritor um "hipócrita" após assistir a alguns de seus vídeos no YouTube.

A mãe de Matar disse que seu filho voltou "mudado" e mais religioso de uma viagem de 2018 ao país de sua família, o Líbano, de acordo com declarações ao site Daily Mail na segunda-feira.

- Proteção policial -

Rushdie, nascido em 1947 na Índia em uma família de intelectuais muçulmanos não praticantes e enviado ao Reino Unido para estudar quando jovem, provocou raiva em parte do mundo muçulmano com a publicação em 1988 de "Os Versos Satânicos".

Após a fatwa de 1989 ordenada pelo aiatolá Khomeini, fundador da República Islâmica, Rushdie viveu por anos sob proteção policial. O decreto nunca foi retirado e vários tradutores do escritor foram atacados.

Rushdie se mudou para Nova York há duas décadas e se tornou um cidadão americano em 2016. Apesar da contínua ameaça contra sua vida, o escritor era cada vez mais visto em público, muitas vezes sem uma operação de segurança visível.

Em entrevista à revista alemã Stern dias antes do ataque, o escritor descreveu como sua vida voltou a ter algum grau de normalidade depois de se mudar do Reino Unido.

Na segunda-feira, após dias de silêncio, o Irã negou "categoricamente" qualquer participação no ataque, e culpou o próprio escritor pelo ocorrido, acusando-o de "insultar" o Islã em sua obra.

"Neste ataque, somente Rushdie e seus apoiadores merecem ser culpabilizados ou até condenados", declarou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, Naser Kanani.

Em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, descreveu a postura do Irã como "desprezível".

A polícia e os promotores deram poucas informações sobre os antecedentes de Matar ou a motivação para o ataque.

Matar tem previsto comparecer novamente ao tribunal em 7 de setembro.

Salman Rushdie, ameaçado de morte por extremistas seguidores do Aiatolá Khomeini desde os anos 80, foi atacado nesta sexta-feira (12), minutos antes de dar uma palestra em Chautauqua, no estado de Nova York. Algumas testemunhas disseram aos policiais que viram um homem correndo no palco e socando ou esfaqueando Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado pelo mestre de cerimônias. Nem tudo ainda está claro e, por enquanto, não se sabe o estado da vítima.

Um repórter da agência Associated Press testemunhou o momento em que homem invadiu o palco da Chautauqua Institution e começar a agredir Rushdie enquanto ele estava sendo apresentado. O autor caiu no chão no mesmo instante e o homem foi controlado.

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Rushdie se tornou um inimigo público do Irã em 1988, quando sua obra Versos Satânicos foi proibida. Era o regime de Khomenei e suas palavras foram consideradas uma blasfêmia. Um ano depois, o aiatolá Ruhollah Khomeini emitiu uma fatwa pedindo a morte de Rushdie. O Irã também ofereceu também mais de US$ 3 milhões em recompensa para quem matar Rushdie.

Teerã assegurou em 1998 que a fatwa não seria aplicada. Mas o sucessor de Khomeini declarou em 2005 que Rushdie era um apóstata e que poderia ser morto impunemente. E o governo do conservador Mahmoud Ahmadinejad declarou em 2007 que a fatwa ainda era válida.

O escritor britânico Salman Rushdie, um dos que sonhavam com o Nobel de Literatura concedido nesta quinta-feira, declarou que o vencedor do prêmio, Bob Dylan, foi uma excelente escolha.

"De Orfeu a Faiz, canção e poesia sempre estiveram estreitamente ligadas", escreveu o romancista no Twitter, aludindo ao personagem mitológico grego e ao poeta paquistanês Faiz Ahmed Faiz.

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"Dylan é o brilhante herdeiro da tradição do bardo. Excelente escolha", declarou o autor do controvertido "Versos satânicos".

O aclamado autor britânico Salman Rushdie cancelou, nesta quarta-feira (30), o evento da promoção de um filme e um veterano ator indiano, Kamal Haasan, ameaçou optar pelo exílio em função de grupos islâmicos que protestaram contra seu trabalho. Rushdie foi forçado a cancelar uma viagem para promover o filme de seu romance Os Filhos da Meia-Noite na cidade de Kolkata.

Rushdie é autor do livro Os Versos Satânicos, de 1988, que permanece banido na Índia por alegadamente insultar o Islã. As imagens de TV mostraram cerca de cem pessoas de vários grupos muçulmanos reunidos fora do aeroporto de Kolkata, na manhã desta quarta, para protestar contra a visita do autor.

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Já o ator Kamal Haasan disse que deve deixar o país depois que seu novo filme "Vishwaroopam" foi forçado a ser retirado de cartaz dos cinemas pelo governo no estado de Tamil Nadu, ao sul da Índia, por apresentar uma imagem negativa dos muçulmanos. Os últimos incidentes ocorrem em meio à crescente preocupação sobre a liberdade de expressão e artística na Índia.

Haasan disse que estava farto da controvérsia gerada sobre seu filme e que buscaria outro país para viver, tal como o aclamado pintor indiano M.F. Hussain, que foi alvo da Hindus radicais e deixou o país em 2006. "Espero encontrar outro país que seja secular e que me acolha. M.F. Hussain teve de fazer isso, e agora Haasan também o fará", anunciou em coletiva de imprensa em Chennai, na capital de Tamil Nadu.

Rushdie, que teve sua estada na Índia mantida sob sigilo devido a ameaças, passou uma década se escondendo do líder espiritual iraniano Aitolá Ruhollah Khomeini, que emitiu uma fatwa (um decreto religioso) em 1989 pedindo por sua morte. No ano passado, Rushdie foi forçado a não comparecer a um festival literário na cidade de Jaipur, ao noroeste da Índia, após ameaças de morte e protestos de islamitas.

Na terça-feira, o acadêmico indiano Ashis Nandy teve uma queixa policial contra ele arquivada por dizer que alguns dos grupos mais desfavorecidos da Índia eram "os mais corruptos". E também no ano passado, um chargista foi acusado de gerar motim e preso após uma queixa sobre seu trabalho que abordava a corrupção em massa no governo e na sociedade.

Salman Rushdie, o autor do polêmico Versos Satânicos e alvo de uma fatwa (setença islâmica), lançou, nesta terça (18) a história de uma década na clandestinidade, uma autobiografia que faz ressonância com o momento onde se multiplicam os eventos no mundo muçulmano contra um filme anti-Islã.

"Seria difícil hoje publicar um livro crítico sobre o islã", considerou o escritor de 65 anos falando à BBC, num momento que os violentos protestos contra "A inocência dos muçulmanos", um filme feito nos Estados Unidos, se espalham pelo mundo.

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O novo livro de Rushdie é intitulado "Joseph Anton", seu pseudônimo quando estava escondido para escapar da fatwa do aiatolá Khomeini, em 1989, ordenando os muçulmanos a matar o autor de "Versos Satânicos", um livro considerado blasfemo pelo Islã.

Escrito na terceira pessoa, é uma crônica dos nove anos em que o autor britânico de origem indiana teve que se mudar constantemente de casas vigiadas por homens armados. Ele lembra o que escreveu em seu diário na época: "Eu estou amordaçado e preso (...) Eu quero jogar futebol com meu filho no parque. Vida comum, banal, um sonho para mim inacessível".

Ele escolheu o nome de José Anton em homenagem a seus autores favoritos, Joseph Conrad e Anton Chekhov. Para seus guarda-costas e policiais responsáveis por sua proteção, ele era apenas "Joe". Hoje, Rushdie vive a maior parte do tempo em Nova York.

O Irã assegurou em 1998 que a fatwa não seria aplicada. Mas o sucessor de Khomeini declarou em 2005 que Rushdie era um apóstata e que poderia ser morto impunemente. E o governo do conservador Mahmoud Ahmadinejad declarou em 2007 que a fatwa ainda é válida.

No domingo, a fundação religiosa iraniana que colocou sua cabeça a prêmio aumentou para 3,3 milhões dólares a recompensa por seu assassinato, dizendo que se Rushdie tivesse sido morto antes, "A inocência dos muçulmanos" não teria sido filmado.

Rushdie declarou na segunda-feira na televisão indiana NDTV que o filme era "o pior vídeo já feito", mas que não poderia haver justificativa "para o assassinato e caos".

O escritor é plenamente consciente dos riscos inerentes por ofender adeptos de um Islã rígido. Suas memórias contêm o relato do assassinato do tradutor japonês de "Versos Satânicos" e de seu colega italiano, esfaqueado em sua casa.

Passagens mais leves evocam os policiais que faziam a sua proteção e de que quem gostava muito. Principalmente "Fat Jack" e "Dennis, the horse", que transgrediram algumas regras para tornar sua prisão suportável, deixando, por exemplo, que ele fosse ao cinema, uma vez que as luzes se apagassem.

Eles também levaram seu filho em um campo de esportes da polícia, formando "uma equipe improvisada de rúgbi". Uma vez, Fat Jack - especialista em tiro - usou seus talentos para ganhar um urso de pelúcia para seu filho em um parque.

Outro episódio: o plano sofisticado desenvolvido por seus guardas quando Rushdie teve que ir ao hospital para um tratamento dentário. "Eles tinham preparado um carro fúnebre e me transportariam anestesiado em um saco". Mas o esquema não foi necessário.

Viver na clandestinidade teve um impacto significativo sobre a sua privacidade. Ele se separou das suas segunda e terceira esposas, que ele admite ter traído. O fim da fatwa em 1998 foi para ele uma vitória "na luta pelas coisas que contam".

Mas, 14 anos depois, Rushdie lamenta que os escritores que criticam o Islã ainda sejam atacados por extremistas com um "vocabulário medieval". Segundo ele, são sempre as mesmas acusações: blasfêmia, heresia, insulto, ofensa.

Sir Salman Rushdie venceu uma bizarra batalha com o Facebook. No último fim de semana, o escritor indiano teve sua conta desativada por não utilizar seu nome de nascença, Ahmed, para identificar-se na rede social.

O embaraço começou quando a empresa de Zuckerberg solicitou que Rushdie enviasse o passaporte, a fim de que pudessem confirmar sua identidade. Em seguida, pediu que ele utilizasse seu primeiro nome no portal, em vez do segundo, com o qual ficou conhecido no universo literário, Salman.

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Quando, finalmente, teve seu perfil reaberto, Rushdie decidiu renegá-lo. Por causa da inconveniência, adotou um serviço rival, o Twitter.

“Caro, Facebook, forçar-me a trocar meu nome de Salam para Ahmed Rushdie é como obrigar J. Edgar a se tornar John Hoover”, afirmou em um recente tuite, lembrando do célebre patrono do FBI.

Em dado momento, porém, a empresa voltou atrás, e dispensou Rushdie de utilizar seu primeiro nome. “Vitória! O Facebook desistiu! Sou Salman Rushdie novamente. Sinto-me bem melhor. Uma crise de identidade em minha idade não é nada divertido. Obrigado, Twitter!”.

Ironicamente, algumas semanas atrás, o autor se viu em dificuldades quando tentou criar sua conta no microblogging. Descobriu que seu nome já estava sendo utilizado por outra pessoa. O Twitter, porém, resolveu rapidamente a questão.

Dentre as obras já publicadas por Rushdie, duas se destacam: Os Filhos da Meia-Noite, publicado em 1981, e o polêmico Versos Satânicos, de 1988, que lhe rendeu uma sentença de morte por parte do líder religioso do Irã, o aiatolá Ruhollah Khomeini.

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