Dominque Strauss-Kahn, ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), e a camareira que o acusou de abuso sexual chegaram a um acordo sobre a ação civil movida pela empregada de um hotel de Manhattan, informou na quinta-feira o The New York Times.
Segundo o jornal, que cita fontes "ligadas ao caso", Strauss-Kahn e a camareira Nafissatou Diallo "chegaram a um acordo para encerrar o caso". O jornal não revelou se houve um acordo financeiro entre as partes.
No entanto, segundo o jornal francês Le Monde em sua edição datada de sábado, que cita confidências do ex-diretor do FMI a pessoas próximas, Strauss-Kahn terá que pagar 6 milhões de dólares a Diallo.
"Dominique Strauss-Kahn, que se deslocou pessoalmente a Nova York em várias ocasiões nos últimos meses, confirmou a várias pessoas próximas que, no fim do verão (europeu), foram concluídos os pontos principais do acordo", escreve o jornal.
O Le Monde acrescenta que, "segundo estas confidências, (Strauss-Kahn) deverá pagar 6 milhões de dólares à pessoa que o acusa de agressão sexual".
Diallo processou Strauss-Kahn em um tribunal civil de Nova York após o arquivamento da ação penal contra o dirigente francês, por falta de elementos que comprovassem o ataque sexual contra a camareira em um quarto de hotel.
O juiz Douglas McKeon, que conduz a ação civil, disse à AFP que "pode ocorrer uma audiência judicial muito em breve, como na próxima semana", embora não tenha comentado as informações de um acordo entre as partes.
Os advogados das duas partes não responderam imediatamente aos pedidos para comentar a decisão.
Diallo acusou Strauss-Kahn perante um juizado civil do Bronx depois que o Ministério Público rejeitou a acusação de estupro apresentada inicialmente contra o funcionário internacional, dizendo que o caso não teria sucesso perante um juri.
Strauss-Kahn era considerado um forte candidato à presidência da França até a explosão do escândalo, que levou à prisão do então diretor-gerente do FMI por decisão das autoridades de Nova York.
O incidente provocou a renúncia de Strauss-Kahn e acabou com sua carreira política.
Em maio, o juiz McKeon havia se recusado a encerrar o caso, como pediam os advogados de Strauss-Kahn, que afirmavam que ele contava com imunidade diplomática.
Desde então, o processo estava estancado.
O juiz encarregado do caso, considerado um jurista inclinado a desenvolver acordos que evitam o processo legal, tinha afirmado que iria considerar este caso como qualquer outro.
"Este caso não vai ser alvo de nenhuma exceção. Vamos fazer o mesmo que em qualquer outro caso civil", havia declarado há seis meses à AFP.
Nafissatou Diallo iniciou a ação civil contra o político no dia 8 de agosto de 2011, junto com um processo penal que começou no dia 14 de maio do mesmo ano, data na qual ocorreu a suposta agressão no quarto do hotel Sofitel, ocupado por Strauss-Kahn.
A camareira havia acusado o ex-diretor-gerente do Fundo de tê-la forçado a praticar sexo oral.
Strauss-Kahn, de 63 anos, reconheceu ter mantido uma breve relação sexual, que classificou de imprópria, com a mulher, embora tenha desmentido ter exercido qualquer ato de violência.
O político foi detido quando embarcava em um avião com destino à Europa e foi levado como parte do procedimento ao centro de detenção de Rikers Island.
No entanto, o processo penal contra ele foi rejeitado em 23 de agosto de 2011, já que o procurador expressou dúvidas sobre a credibilidade de Diallo, devido a várias inconsistências em seu discurso.
No entanto, os dois processos transcorriam por vias independentes, razão pela qual o processo civil seguiu seu curso.
Com a assinatura do acordo, o ex-chefe do FMI terá encerrado seus problemas com a justiça americana.
Os advogados de Strauss Kahn expressaram anteriormente que não chegariam a um acordo que envolvesse um pagamento da Diallo, a quem classificaram de caçadora de fortunas.
Por sua vez, os representantes da camareira defendiam que buscavam apenas um cara a cara com Strauss-Kahn.