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Integrantes de um grupo autointitulado Millionaire Social Club (MSC), sediado nos Estados Unidos, estão sendo investigados pela Polícia Civil de São Paulo por suspeita de exploração sexual. O "clube" composto por "coaches de namoro" realizou uma festa em uma casa no bairro do Morumbi, na zona sul da capital, no fim do mês passado no âmbito de um suposto curso sobre relacionamentos.

Uma mulher de 27 anos procurou a polícia para denunciar o caso. Ela contou que um homem a convidou, por meio de um aplicativo de relacionamentos, para ir a uma festa. "No local, havia homens estrangeiros que tiraram fotos e vídeos dela para promover um curso sobre relacionamentos", detalhou a Secretaria da Segurança Pública em nota.

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"A ocorrência foi registrada como favorecimento de prostituição ou outra forma de exploração sexual e agenciar, aliciar, transportar, transferir, comprar, alojar ou acolher exploração sexual. As investigações seguirão pelo 34º Distrito Policial (Morumbi), responsável pela área dos fatos", acrescentou a pasta.

Ao portal G1, quatro mulheres que foram ao evento afirmaram ter sido filmadas e fotografadas sem autorização e usadas como "cobaias" dos coaches. "Na festa tinha muitas mulheres e nem todas sabiam falar inglês. Havia funcionários, DJ, garçons. Uma das mulheres me disse que foi (à festa) por causa de um anúncio e aí achei estranho, porque ela disse que pagaram o transporte também. Eu achei que era algo mais reservado", disse uma delas.

O caso tem repercutido nas redes sociais com críticas ao evento e ao conteúdo do curso, que poderia incentivar práticas de turismo sexual. Em suas redes sociais, o MSC tem se defendido das acusações e alega que todas as pessoas na festa eram "maiores de idade" e disse que as reclamações são feitas por "feministas com raiva".

Grupo vende cursos que chegam a R$ 264 mil

Em seu site oficial, o MSC vende cursos que variam de aproximadamente R$ 21 mil a R$ 264 mil, durante o qual seus tutores ensinam a "experienciar a vida, o namoro e conhecer mulheres" com base nas "experiências combinadas de 50 mil mulheres de 40 países diferentes".

O MSC promete ensinar "a confiança necessária" para "falar com mulheres em qualquer lugar, a qualquer momento", "converter encontros para o quarto no mesmo dia" e também "se aproximar de homens bem sucedidos em todo o mundo".

O programa é liderado pelos autodenominados "mestres da arte de namorar" Mike Pickupalpha e David Bond, ambos nomes fictícios. Eles afirmam viver nos Estados Unidos e se definem, respectivamente, como "coach de namoro" e "playboy internacional". Juntos, eles já levaram os "alunos" para aprenderem a ficar com mulheres de países como Colômbia, Chile, Costa Rica e Filipinas.

"A maioria dos conselhos de namoro são baseados em um único país, única cultura e único idioma - nós vamos revelar o que funciona em todos os lugares", diz o anúncio do site. Com essa promessa, o grupo do MSC com mais de dez "alunos" chegou a São Paulo para o que disseram ser "o maior programa até aqui", entre 14 e 28 de fevereiro.

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Nas redes sociais, eles compartilham vídeos nos quais experimentam a culinária brasileira, visitam restaurantes e pontos turísticos famosos, ao mesmo tempo em que mostram os "alunos" tentando marcar encontros com as mulheres daqui.

"Tudo (no Brasil) é exótico, das mulheres às praias e aos festivais", diz o trecho de um vídeo. Em outro, Pickupalpha diz que "a principal razão para terem escolhido São Paulo é 'a vida noturna'" e segue dando dicas de cinco lugares "que oferecem as mulheres mais bonitas" da cidade.

Antes da polêmica envolvendo os cortes financeiros para as universidades federais espalhadas pelo Brasil, o assunto que tomava conta do olho do furação do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) era sua polêmica afirmação de que o Brasil não iria se tornar o paraíso do “turismo gay”.

Para endossar seu discurso, o presidente ainda afirmou que “se quiser vir para transar com as mulheres, pode”. Reforçando, assim, todo o estereótipo que o país lutou durante anos para se desvincular, que é o do turismo sexual. Pauta essa que voltou a ser colocada em holofote depois de quase duas décadas.

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Alguns governos estaduais (principalmente localizados no Nordeste) como Pernambuco, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia entraram em uma campanha contrária ao discurso federal. “Pernambuco está à disposição dos turistas. A mulher pernambucana, não!”, publicou o governo de Pernambuco contra o turismo sexual. Os outros estados seguiram a mesma lógica.

Quase que em simultâneo, na última semana, o Governo Federal também entrou em outra polêmica: o anúncio do corte de investimentos para cursos superiores de Filosofia e Sociologia. A proposta é que a injeção financeira seja feita em áreas que “tragam retorno mais rápido, como medicina, veterinária e engenharia”.

A apologia ao turismo sexual e a desvalorização de áreas das Ciências Humanas e Sociais causaram grande conflito de ideias entre apoiadores e contrários à gestão de Bolsonaro. A repercussão, inclusive, cruzou fronteiras e fez barulho em terras não pertencentes ao Brasil. Bom ou mau, o trabalho de Jair Bolsonaro vem dando o que falar.

Para a especialista em Relações Internacionais, Glauce Pontual, essas medidas impopulares anunciadas por Bolsonaro e seus aliados podem mexer com a imagem do Brasil no exterior, mas ainda não é um fator decisivo. “Temos um cardápio de medidas polêmicas, mas ainda é cedo para afirmar que a imagem do país está manchada lá fora. Temos que enxergar as reações aos poucos e medir o impacto que isso terá de retorno para nós”, explica.

Em recente entrevista, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o Brasil não é mais respeitado, como era em sua gestão. O petista ainda lembrou a boa relação que tinha com o ex-presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e como era sua recepção com outros líderes da América e também com líderes de outros continentes.

Lula fez menção ao prefeito de Nova York, que afirmou que não gostaria de entregar a homenagem a Bolsonaro como a “Pessoa do Ano”. Glauce Pontual acredita que as afirmações de Lula são verídicas, o que não garante a qualidade como gestor no tempo em que presidiu o Brasil.

“O fator Lula está muito ligado à popularidade. Lula era um presidente extremamente popular e querido por onde passava. Sabia fazer um excelente networking. De fato, nos anos em que ele presidiu o Brasil, nós tínhamos boa recepção mundo afora. Característica que decaiu um pouco após a posse de Dilma e que, agora, com Bolsonaro, parece diminuir ainda mais”, comenta Glauce.

Segundo a especialista em Relações Internacionais, a afirmação com apologia ao turismo sexual é grave e deve reverberar de fora para dentro do país em breve. “É como se fossem várias peças de dominó empilhadas uma do lado da outra. Quando você derruba uma, todas as outras caem obrigatoriamente. Essa afirmação de Bolsonaro sobre as mulheres brasileiras ainda não derrubou nenhuma peça do dominó mundial, mas pode ser uma questão de tempo”, finaliza Glauce.

O Governo de Pernambuco aderiu, nesta segunda-feira (29), a uma campanha contra o turismo sexual iniciada após o presidente Jair Bolsonaro (PSL) declarar que o Brasil não pode ficar conhecido como o “país do turismo gay” e acrescentar que se alguém “quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.

Na imagem publicada nas redes sociais, a administração estadual ressalta o fato de Pernambuco estar à disposição dos turistas, mas as mulheres pernambucanas não.  

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“Pernambuco recebe a todos de braços abertos. Mas repudiamos qualquer tipo de exploração sexual”, argumenta o texto que acompanha a imagem. Ainda há informações sobre formas que as pernambucanas podem denunciar qualquer tipo de abuso, como o serviço da Ouvidoria da Mulher e o Disque 100.  “Denuncie”, incentiva o governo.

A campanha em reação à declaração do presidente iniciou pelo Maranhão. Logo depois, os governos do Rio Grande do Norte e da Bahia também se manifestaram com o mesmo intuito. Apesar disso, nenhum dos governos cita diretamente a afirmativa de Jair Bolsonaro. A expectativa é de que outros Estados também se posicionem contra a apologia sexual. 

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Depois de uma repercussão bastante negativa nas redes sociais, o apresentador Luciano Huck acabou se arrependendo e apagou uma publicação que fez no Facebook nesta terça-feira (24), na qual convidava brasileiras a encontrar um 'gringo' na Copa do Mundo. Muitas pessoas que o acompanham através da sua página na rede social o acusaram de incentivar o turismo sexual durante o mundial de futebol. 

"Carioca? Solteira? Louca para encontrar seu príncipe encantado entre os 'gringos' que estão invadindo o Rio de Janeiro durante a Copa? Chegou a hora. Mande as fotos e porque você quer um gringo 'sob medida' para este email - namoradaparagringo@globomail.com", publicou Luciano Hulck no Facebook, para em seguida receber uma enxurrada de comentários repreendendo a atitude. Um post parecido feito no Twitter do apresentador não foi apagado.

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Organizações não governamentais da Europa anunciaram na terça-feira (23), em Paris, que vão realizar uma campanha internacional contra o turismo sexual e a exploração de crianças e adolescentes no Brasil a partir de 2013. O objetivo da iniciativa, bancada com recursos da União Europeia, é minimizar os efeitos negativos da invasão estrangeira ao País durante três eventos: a Copa das Confederações, no próximo ano, a Copa do Mundo, em 2014, e os Jogos Olímpicos, em 2016.

A campanha terá ênfase em Estados menos desenvolvidos e mais suscetíveis à exploração sexual, em especial de menores de idade. O tema preocupa as ONGs, a União Europeia e o governo brasileiro. Reunidos na terça-feira (23), em uma conferência intitulada Turismo Sexual Implicando Crianças e Grandes Eventos Esportivos, as organizações da França e do Brasil advertiram para o risco de explosão dos casos de exploração, caso nada seja feito para preveni-los.

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Associadas, as ONGs End Child Prostitution, Child Pornography and Trafficking of Children for Sexual Purposes (Ecpat France) e Fondation Selles lançarão no próximo ano a campanha "Não desvie o olhar", que será divulgada em dez países da Europa e em quatro da África. Realizada em parceria com redes hoteleiras e companhias aéreas, a iniciativa não terá apenas foco na conscientização, mas também no combate ao crime. "O aspecto da repressão e da denúncia é novo para nós, mas é muito importante", reconheceu Philippe Galland, coordenador de programas da Ecpat France.

Julgamento

Organizadores da campanha ponderam que não há elementos científicos suficientes para estabelecer o vínculo entre grandes eventos esportivos e o aumento da prostituição infantil e do turismo sexual. Mas investigações de polícia realizadas durante a Eurocopa 2012, com sede na Polônia e na Ucrânia, identificaram o aumento da atividade de redes criminosas que exploram o sexo.

Com base nessa constatação, as ONGs vão advertir os turistas sobre o fato de que podem ser julgados em seus países de origem, uma vez que crimes sexuais se enquadram em acordos internacionais. "Um turista flagrado poderá ser julgado na França por um crime cometido no Brasil", diz o jurista Yves Charpenel. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

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