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Falta de pessoal, casos de Covid-19, preocupação com a saúde mental e desgaste profissional são alguns dos problemas que têm obrigado as escolas públicas dos Estados Unidos a alternarem as aulas presenciais com dias livres e aulas remotas.

Depois de um ano de atividades virtuais e educação à distância por causa do coronavírus, as escolas nos Estados Unidos voltaram ao formato presencial em setembro de 2021 para o novo ano escolar, graças ao avanço da vacinação e à diminuição de casos.

No entanto, a pandemia impacta de diferentes formas.

Por isso, em Detroit (nordeste), o distrito escolar decidiu implementar aulas virtuais todas as sextas-feiras do mês de dezembro.

A junta distrital fez o anúncio em novembro, "após escutar e refletir sobre as preocupações de líderes escolares, professores, equipe acadêmica, estudantes e famílias sobre a necessidade de ajuda para a saúde mental, o aumento dos casos de covid e o tempo para limpar melhor as escolas".

As "sextas-feiras à distância" também foram adotadas pelo distrito escolar de Canyons, em Utah, noroeste do país. Mas nesta cidade, a medida será posta em prática uma sexta-feira por mês.

"O objetivo das sextas-feiras à distância é ajudar os professores, que apoiam os estudantes. Os professores manifestaram níveis maiores de cansaço e desgaste devido, em parte, às causas relacionadas ao estresse da pandemia e à falta de pessoal", disseram as autoridades acadêmicas de Canyons.

Nos dois distritos, as escolas devem fornecer alimentação, ferramentas para a educação virtual e disponibilizar pessoal para reuniões, aulas e consultas.

"Uma redução de pessoal em nível nacional dificultou contratar pessoal acadêmico e encontrar substitutos para os professores que adoecem ou têm que cumprir outras responsabilidades de treinamento", informou o distrito escolar.

A falta de pessoal também foi o motivo apresentado por Seattle e outros dois distritos escolares do estado de Washington, na costa oeste, para suspender as aulas durante um dia em meados de novembro.

"Infelizmente, esta pandemia impactou a todos nós de muitas formas", disse o superintendente interino do distrito escolar de Kent (noroeste), Israel Vela.

A volta às aulas também foi marcada pelo debate sobre a vacinação obrigatória, que divide os americanos.

As imunizações estão disponíveis no país de forma ampla e gratuita a partir dos 5 anos de idade. A Califórnia foi o primeiro estado a anunciar a exigência tanto para estudantes quanto para professores e funcionários, deixando a educação virtual como uma alternativa para quem não se vacinar.

Distritos escolares de outros estados se manifestaram a favor de implementar medidas similares.

A vacinação e outras medidas para prevenir a propagação do coronavírus geram debate nos Estados Unidos, onde apenas 60,4% da população está totalmente imunizada.

O Brasil despertou um novo olhar para a educação, uma vez que a realidade de milhares de estudantes continua sendo fortemente impactada pelo ensino remoto - que cresceu exponencialmente por causa da pandemia do novo coronavírus. Entre os diversos desafios para conseguir acompanhar as aulas virtuais, os estudantes, familiares e professores reclamam da falta de acesso à internet, de um local adequado para estudar, e da falta de motivação dos jovens nos estudos.

A Fundação Lemann, junto com o Itaú Social e Imaginable Futures, encomendou, ao Datafolha, uma pesquisa para saber sobre o cenário da educação no Brasil durante a pandemia em 2020. O mapeamento constatou que um dos principais desafios que devem ser enfrentados é a baixa motivação dos estudantes. Em maio, 46% se sentiam desmotivados, já em setembro o número subiu para 54%.

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A pesquisa realizada com 1.021 pais ou responsáveis por alunos das redes públicas municipais e estaduais, com idade entre 6 e 18 anos, ainda revelou que no período de maio a setembro, a dificuldade de estabelecer uma rotina de aprendizagem em casa passou de 58% para 65%. Nos anos iniciais chega a 69%.

Adaptações ao novo normal escolar

Com apenas 12 anos, Yasmin de Souza Silva, estudante do oitavo ano do ensino fundamental de uma escola particular em Paulista, Região Metropolitana do Recife (RMR), afirma que não conseguia se concentrar nas aulas remotas e passou por desafios. “Eu não conseguia me concentrar direito. A minha maior dificuldade de estudar on-line também foi a internet, que não era tão boa. Hoje eu já estou indo para as aulas presenciais, porém o que eu mais sentia falta era de estar com os meus professores e amigos”, conta.

Lidar com as tecnologias, redes sociais e plataformas digitais foi muito difícil para a pequena, mas ela sabia que precisava se adaptar. Jessica da Silva, mãe da estudante, comenta que "uma das maiores dificuldades que nós enfrentamos foi a adaptação à tecnologia porque literalmente tivemos que aprender a lidar com as ferramentas e isso mexeu muito com ela. No começo parecia ser tranquilo, mas depois de um período eu acredito que ela desenvolveu um pouco de ansiedade por medo de não dar conta. Inclusive, no final do ano letivo, ela teve até dificuldade porque faltou energia e ela não conseguiu entregar algumas provas”, comentou.

Assim como muitos estudantes, Yasmin tinha que dividir o material de estudo com sua irmã. Quando o computador apresentava problemas, elas tinham que revezar o celular. A mãe das meninas diz: “A gente foi se adaptando e conseguiu. Este ano, elas já retomaram às aulas presenciais. Eu optei porque sentia a necessidade delas terem esse contato escola-aluno e eu acho que seria a melhor opção, já que na escola o ambiente é mais controlado e a quantidade de alunos não é a mesma.”

Foto: Cortersia

Este ano, a estudante Maria Elisabethe Oliveira, de 15 anos, moradora de Sanharó, Agreste de Pernambuco, encara o primeiro ano do ensino médio de forma híbrida (tanto presencial quanto on-line). A jovem revela, ao LeiaJá, que é difícil se adaptar ao ensino remoto por não ter um professor ou até mesmo um colega por perto para ajudar. “Todo ambiente escolar faz falta, e para ser sincera, de início deu vontade de desistir, mas depois fui me adequando à rotina", explica.

Tradicionalmente, Maria Elisabethe, assim como milhares de alunos, costumava frequentar as instituições de ensino e assistir às aulas presenciais. No entanto, devido à chegada da Covid-19 no Brasil, em meados de março de 2020, esses estudantes tiveram que obrigatoriamente se adaptar ao ensino remoto. As salas de aula que costumavam estar cheias de adolescentes interagindo, agora estão na tela dos computadores ou celulares, o que não agradou tanto aos jovens.

Conforme o levantamento realizado pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), mais de 72% dos estudantes reprovaram a qualidade do ensino virtual. Do total de entrevistados, 20% afirmaram que a qualidade se manteve e apenas 7% notaram uma melhora no ensino remoto comparando com a modalidade presencial.

O estudo ouviu, ao todo, mais de 5,5 mil pais, alunos e professores entre os dias 24 de agosto e 15 de setembro de 2020. Entre os principais obstáculos do ensino remoto, os estudantes relatam a dificuldade em estabelecer e organizar uma rotina diária, o excesso de materiais em curto espaço de tempo e a péssima qualidade da internet.

Maria Elisabethe detalha quais foram os desafios que encontrou no ensino remoto: “Primeiramente, o celular. Não tenho um aparelho de "última geração" porque não tenho condições. Nem sempre eu podia fazer alguns trabalhos por falta de armazenamento, ou até mesmo porque a internet caía. O ruim das aulas on-line foram: não ter um professor para entrar em contato; nem todos os professores se importavam com os alunos; não tínhamos tudo que era necessário e nem podíamos ter contatos com outros amigos para ajudar”, elenca.

Entre as adaptações, a jovem pontua que estabeleceu uma rotina diária, com tarefas de casa e atividades escolares. Porém, ela comenta que “é difícil ser adolescente. Ter que ajudar os pais em casa, ter que estudar e, ainda, ter que estar 100% bem. É certo que muita saúde mental foi por água abaixo nesta quarentena”, constata a jovem.

Verônica Cristina Barbosa, de 23 anos, graduanda em jornalismo na UNINASSAU - Centro Universitário Maurício de Nassau, também revela, em entrevista, os diversos problemas e desafios enfrentados neste período pandêmico para se adaptar ao ensino remoto. “A coisa que mais se destaca é o ambiente. Onde moro não há silêncio, é barulho de domingo a domingo. Eu estudo no período da manhã e tenho que trocar de horário. Além disso, como estou em ano de TCC, as coisas ficam ainda mais apreensivas e triplica a ansiedade por causa do ensino remoto”, conta.

A estudante diz o quão difícil é se concentrar nas aulas virtuais: “Focar também não é muito amigável com o ensino remoto. Por usar a internet, tudo fica mais dispersivo. No semestre passado, passei uma semana com meu grupo ensaiando uma apresentação, na noite anterior o poste da rua pegou fogo e quase fiquei sem apresentar. Agora que as aulas voltaram, o poste da central da internet também pegou fogo, passei a semana com a internet caindo no meio da aula e só chegando de noite. Em suma, o ambiente e as questões tecnológicas além de não serem tão favoráveis têm seus imprevistos”, pontua.

Para se adaptar, Verônica tenta conseguir delinear cada tarefa. “Tentei fazer uma lista e ter um quadro para se organizar, mas cada dia as coisas aparecem para se resolver.” Ela comenta o que deseja fazer este ano para dar conta das aulas remotas: “Conseguir ter uma qualidade melhor de concentração durante a aula é o que gostaria”, conclui.

Através dos olhos docentes

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Elisama Gonçalves, professora do ensino fundamental I na Escola Municipal Margarida Serpa Cossart, localizada no bairro do Ibura, Zona Sul do Recife, conta, em entrevista, que sentiu o impacto do ensino remoto obrigatório e lamenta os desafios que muitos alunos e familiares encontram para se adaptar a esse modelo de educação. Confira, abaixo, o relato da docente.

“Passada a primeira surpresa da suspensão das aulas, a princípio, temporariamente, veio a sensação de incertezas e impotência. Incerteza por não estarmos preparados desde o princípio para um período tão longo de afastamento e a impotência por não estarmos preparados para a novidade que atingia e abalava o mundo. No começo era só uma suspensão de 15 dias, mas depois se passaram meses. A gente chegou ao final do ano letivo na rede municipal do Recife, no dia 29 de janeiro”, disse.

“Houve muito contratempo entre a classe dos professores. A dificuldade não foi encontrada só nos alunos, mas também nos profissionais que não dominavam tanto as mídias sociais e não sabiam o que fazer. Além disso, as famílias ainda encontraram desafios, como o celular não era compatível, o provedor de internet inexistente ou muito franco, e, ainda, aqueles que dependiam exclusivamente dos dados móveis da própria operadora”, explicou.

“O feedback de tudo isso era muito indesejável porque nem todos participavam da aula naquele horário já estabelecido para interação e ainda havia acúmulo de atividades. Havia mães que só tinham tempo de fazer as atividades à noite ou no final de semana e, por isso, não postavam no tempo certo. Muitas enfrentaram doenças dentro de casa por ter um familiar mais idoso. A situação de baixos recursos da comunidade complicou muito. Os alunos que já eram bons, continuaram bons, os alunos que tinham dificuldades, continuaram com muitas dificuldades. O maior impacto foi justamente a questão dos recursos midiáticos que as famílias não tinham", lamentou.

“Além disso, houve um enxugamento dos assuntos. Foram selecionados os conteúdos de maiores relevâncias para aprendizagem dos alunos em cada ciclo e esse processo aconteceu muito lentamente, mas depois que a gente pegou o ritmo, ele fluiu de forma bem menos dolorida e mais acessível”, finalizou a educadora.

O Projeto Gradação, preparatório inclusivo vinculado à Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), está disponibilizando, de forma gratuita em sua plataforma na intranet, diversos materiais de estudos para os vestibulandos. Para ter acesso aos conteúdos, os interessados podem se inscrever até o dia 19 junho através de formulário on-line.

Quem está se preparando para os processos seletivos de ingresso ao ensino superior 2020 poderá, através da plataforma digital, ter acesso aos conteúdos através das apostilas, simulados, aulas por transmissão ao vivo, podcasts, vídeo-aulas e monitoria acompanhada, disponível em Libras e audiodescrição.

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Segundo a UFPE, o projeto propicia, através de seu preparatório, alternativas aos estudantes que não tiveram oportunidade de desenvolver suas capacidades de aprendizagem nos padrões hoje exigidos para garantir o ingresso no ensino superior. Outras informações podem ser obtidas através da página no Instagram @gradacao ou do site do preparatório.

No Brasil, 4,8 milhões de crianças e adolescentes, na faixa de 9 a 17 anos, não têm acesso à internet em casa. Eles correspondem a 17% de todos os brasileiros nessa faixa etária. Os dados, divulgados na semana passada semana pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), fazem parte da pesquisa TIC Kids Online 2019, que será lançada na íntegra em junho.

O levantamento é feito pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). Os dados foram solicitados pelo Unicef para medir, em meio à pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19, quantas crianças e adolescentes estão sem acesso a aulas online e a outros conteúdos da internet que garantam a continuidade do aprendizado. 

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“A gente está em um momento de crise, uma crise aguda em função da pandemia, que vai ter impacto na vida das crianças e adolescentes, como um todo. Do ponto de vista da educação, a gente está com uma questão séria: o que é preciso fazer para que essas crianças e adolescentes tenham acesso a algum tipo de aprendizagem”, diz o chefe de Educação do Unicef, Ítalo Dutra. 

Segundo Dutra, a pandemia evidencia desigualdades que já são enfrentadas no cotidiano em todo o país. Há escolas que têm infraestrutura adequada e de qualidade, e outras que não, o que já impacta o aprendizado das crianças.

“Com a pandemia, com as escolas fechadas, temos, obviamente, uma situação que é ainda mais aguda. Vemos com preocupação a situação em que nos encontramos e, principalmente, entendemos a necessidade de olhar para uma maneira de garantir o acesso de crianças, adolescentes e suas famílias à internet." É parte da garantia de direitos de crianças e adolescentes, afirmou.

A pesquisa mostra que, entre aqueles que não têm acesso à internet em casa, alguns conseguem acessar a rede em outros locais, como escolas, telecentros ou outros espaços. Isso antes da adoção de medidas de isolamento social no país. As informações foram coletadas entre outubro de 2019 e março de 2020.

 

Aqueles que não acessam a internet de nenhuma forma, no entanto, chegam a 11% da população nessa faixa etária. A exclusão é maior entre crianças e adolescentes que vivem em áreas rurais, onde a porcentagem daqueles que não acessam a rede chega a 25%. Nas regiões Norte e Nordeste, o percentual é 21% e, entre os domicílios das classes D e E, 20%. 

Em ter os gerais, o acesso cresceu em relação ao último levantamento, de 2018, quando 14% das crianças e adolescentes não navegavam pela rede. As desigualdades regionais e de renda, no entanto,  permanecem, diz o coordenador de Projetos de Pesquisas do Cetic.br, Fábio Senne. “Os não usuários estão mais presentes nas regiões Norte e Nordeste e têm vulnerabilidade socioeconômica maior. Essas dimensões permanecem nas pesquisas, nos últimos anos, apesar do aumento constante de usuários."

Mesmo entre aqueles que têm acesso à internet e contam com a rede em casa, a qualidade da conexão não é a mesma. “A gente nota que, mesmo entre os que têm acesso, há diferença em relação à posse de um pacote de dados 3G ou acesso a wi-fi, o que limita o tipo de conteúdo que pode ser acessado”, diz Senne, que acrescenta: “Há variações do ponto de vista da estrutura por regiões, principalmente na região Norte e em áreas rurais, onde é mais difícil, mesmo que se tenha acesso à internet, acessar conteúdos de streaming, que demandam muita quantidade de banda.”

Junto com os colegas, a professora do 2º ano do ensino fundamental Neila Marinho, que leciona em uma escola particular da cidade do Rio de Janeiro, fez um treinamento para ministrar aulas online e passou a oferecer aos alunos atividades por meio de uma plataforma digital.

 

Mesmo com todo o preparo, nem tudo sai como o esperado e a conexão, às vezes é uma barreira. Um dos estudantes, por exemplo, está em um local que tem baixa qualidade da internet. “Quando ele entra na sala, a gente tem muita dificuldade para ouvi-lo. Ele fala, e as falas picotam, [a internet] cai e não consegue voltar. Preciso enviar as atividades por mensagem para os avós”, conta Neila. 

Sem wi-fi em casa, a trabalhadora autônoma Letícia Gomes, moradora do Complexo do Alemão, no Rio, divide com o filho, Marcos, que está no 3º ano do ensino fundamental, o pacote de dados do próprio celular. “Ter um computador ia ser muito melhor, principalmente por conta da leitura. Ler no celular é muito ruim”, diz. 

Cumprindo as regras de isolamento social e ficando em casa, Letícia reserva um momento do dia para fazer as tarefas com o filho. “A professora envia matérias via Whatsapp e publica no Facebook. A gente tem que auxiliar a criança a fazer. Alguns conteúdos são difíceis de entender”, diz. Letícia conta que fica disponível para tirar dúvidas por mensagem.  

Alternativas

No final do mês passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou, em parecer, a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas de ensino, da educação infantil até o ensino superior.

Pelo parecer, as atividades não presenciais podem ser ofertadas por meios digitais, ou não. Podem ser ministradas, por exemplo, por meio de videoaulas, de conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem e pelas redes sociais, entre outros. As atividades podem também ser oferecidas por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de materiais didáticos impressos e distribuídos aos alunos, pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados em materiais didáticos. 

O CNE diz que é preciso, em cada localidade, observar a realidade das redes de ensino e os limites de acesso dos estabelecimentos de ensino e dos estudantes às diversas tecnologias disponíveis, na hora de definir as estratégias educacionais para o período da pandemia.

 

Mesmo com todo o preparo, nem tudo sai como o esperado e a conexão, às vezes é uma barreira. Um dos estudantes, por exemplo, está em um local que tem baixa qualidade da internet. “Quando ele entra na sala, a gente tem muita dificuldade para ouvi-lo. Ele fala, e as falas picotam, [a internet] cai e não consegue voltar. Preciso enviar as atividades por mensagem para os avós”, conta Neila. 

Sem wi-fi em casa, a trabalhadora autônoma Letícia Gomes, moradora do Complexo do Alemão, no Rio, divide com o filho, Marcos, que está no 3º ano do ensino fundamental, o pacote de dados do próprio celular. “Ter um computador ia ser muito melhor, principalmente por conta da leitura. Ler no celular é muito ruim”, diz. 

Cumprindo as regras de isolamento social e ficando em casa, Letícia reserva um momento do dia para fazer as tarefas com o filho. “A professora envia matérias via Whatsapp e publica no Facebook. A gente tem que auxiliar a criança a fazer. Alguns conteúdos são difíceis de entender”, diz. Letícia conta que fica disponível para tirar dúvidas por mensagem.  

No final do mês passado, o Conselho Nacional de Educação (CNE) autorizou, em parecer, a oferta de atividades não presenciais em todas as etapas de ensino, da educação infantil até o ensino superior.

Pelo parecer, as atividades não presenciais podem ser ofertadas por meios digitais, ou não. Podem ser ministradas, por exemplo, por meio de videoaulas, de conteúdos organizados em plataformas virtuais de ensino e aprendizagem e pelas redes sociais, entre outros. As atividades podem também ser oferecidas por meio de programas de televisão ou rádio; pela adoção de materiais didáticos impressos e distribuídos aos alunos, pais ou responsáveis; e pela orientação de leituras, projetos, pesquisas, atividades e exercícios indicados em materiais didáticos. 

O CNE diz que é preciso, em cada localidade, observar a realidade das redes de ensino e os limites de acesso dos estabelecimentos de ensino e dos estudantes às diversas tecnologias disponíveis, na hora de definir as estratégias educacionais para o período da pandemia.

 

Entra no ar esta semana o portal gratuito da Fundação Getúlio Vargas (FGV), dirigido ao ensino médio. No site, já estão disponíveis cerca de 4,6 mil questões que seguem o modelo do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), além de 90 vídeo aulas.

O FGV Ensino Médio Digital, como foi batizado o projeto, nasceu da junção de duas áreas da instituição, a produção de livros didáticos e a FGV Online, que oferece há 15 anos aulas virtuais para alunos de nível superior e já foram assistidas por mais de 13 milhões de usuários. No novo portal, as aulas foram divididas em 15 cursos, que abordam as quatro áreas do conhecimento a qual o ENEM é dividido: Ciências da Natureza e Humanas, Matemática e Linguagem e suas Tecnologias.

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A novidade oferecida pela portal está principalmente no formato digital das aulas. Contrariando o formato das vídeo aulas tradicionais, no novo portal a FGV optou por aulas sem áudio e sem a participação de professores. No lugar da figura tradicional do docente, foram colocados personagens animados das áreas relacionadas aos assuntos tratados. Na aula inaugural de literatura, por exemplo, um simpático Machado de Assis conduz o aluno por textos do escritor Moacyr Scliar. 

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen, explicou que além de facilitar a navegação, já que o site fica mais leve, a escolha se deve ao fato de muitos alunos perderem a atenção durante as aulas. “Quando você usa pessoas, é fácil quem está assistindo prestar atenção ao apresentador e perder o foco no conteúdo”, diz Simonsen.   

No site já estão disponíveis 4,6 mil questões, e outras 1,4 mil serão disponibilizadas até abril de 2013, visando o exame do próximo ano. Desse total um mil são direcionadas a alunos do 1º e 2º ano do ensino médio. Todas as outras seguem o modelo fiel do Enem. É possível escolher uma área específica para fazer simulados, ou variar as áreas oferecidas e criar provas em diversos formatos.

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