Eleito deputado federal com 119 mil votos, Marco Antônio Cabral (PMDB-RJ), de 23 anos, filho do ex-governador Sérgio Cabral, tomará posse na Câmara, mas não cumprirá o mandato legislativo. O rapaz, estudante do último ano de Direito, será secretário estadual de Esporte, Lazer e Juventude, anunciou nesta segunda-feira o governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Marco Antônio trabalhou, durante a gestão do pai, como estagiário informal do Palácio Guanabara. Foi presidente da Juventude do PMDB nacional e vice-presidente do PMDB-RJ. Ao deixar o cargo, em abril passado, Cabral abriu caminho para a candidatura de Marco Antônio e também para que Pezão, à frente do governo, ganhasse visibilidade para disputar o governo do Estado. Na campanha, o ex-governador, que encerrou o segundo mandato com altos índices de rejeição, praticamente não apareceu na propaganda de Pezão e de Marco Antônio e participou de poucas atividades de rua.
##RECOMENDA##Na disputa presidencial, Marco Antônio Cabral fez campanha para o candidato do PSDB, Aécio Neves, com quem tem laços de parentesco: a mãe do deputado eleito, Suzana Neves, primeira mulher de Cabral, é prima do tucano. O próprio ex-governador chegou a invocar a proximidade com Aécio quando, em meados do ano passado, do PT começou o movimento de rompimento com o PMDB no Rio. Cabral acabou não se engajando na campanha para presidente.
O PMDB fluminense rachou depois que o PT lançou candidatura própria ao governo estadual e se dividiu entre Dilma, aliada de Pezão e do prefeito Eduardo Paes (PMDB), e Aécio, apoiado pelo residente do PMDB-RJ, Jorge Picciani.
Marco Antônio acompanha o pai na política desde adolescente e não abandonou a atividade partidária nem no pior momento de Cabral, em 2011, quando um acidente de helicóptero no sul da Bahia revelou amizade entre o governador e os empresários Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta, prestadora de serviços ao governo do Estado, e Eike Batista. Cabral e o filho eram convidados de Cavendish para uma festa. A namorada de Marco Antônio, Mariana Noleto, morreu no acidente.
A reportagem não conseguiu falar com Marco Antônio nesta segunda-feira. Segundo sua assessoria, ele está "se preparando" para o futuro cargo. "Já vi o lado cruel da política, qualquer político hoje no Brasil já sofreu com isso. Faz parte do jogo, a oposição explora, alguns adversários jogam sujo. Mas quem vai tirar satisfação é o povo", disse Marco Antônio ao Estado, em junho de 2013.
O governador Pezão completou ontem a formação do futuro secretariado. O PPS, adversário até se coligar com o PMDB na campanha deste ano, ganhou a secretaria de Envelhecimento Saudável e Defesa do Consumidor, com apoio do PSDB, outro partido que saiu da oposição e foi para a base de Pezão. O PT, aliado durante mais de sete anos até deixar o governo Cabral, no fim do ano passado, ficou de fora, embora parte dos petistas tenha apoiado Pezão no segundo turno, contra o senador Marcelo Crivella (PRB). O candidato petista ao governo, Lindbergh Farias, ficou em quarto lugar na disputa. Pezão também abrigou em seu governo as alas do PMDB-RJ pró-Dilma e pró-Aécio, "Procurei dar uma oxigenada nas secretarias", disse Pezão sobre os novos secretários.