Tópicos | câncer de colo de útero

Depois de um diagnóstico de câncer no colo do útero, Daiane Stefane de Oliveira, 32 anos, estava pronta para retirar o órgão em um procedimento cirúrgico, mas acabou sendo surpreendida por uma gravidez na véspera do procedimento. 

##RECOMENDA##

Em entrevista A Gazeta, a operadora de caixa contou como recebeu a inesperada notícia: "foi muito assustador. Eu não estava pensando em engravidar, mas ainda queria ter outro filho. Foi um dos piores dias da minha vida". O procedimento que tiraria o útero, trompas e ovários não permitirá que Daiane que é mãe de Ely com 8 anos, pudesse ter outro filho. 

Ao deixar a consulta na véspera da data marcada para a cirurgia, Daiane estava inquieta com atraso na menstruação, então decidiu passar na farmácia e comprar um teste de gravidez que deu positivo. Depois exames de sangue e uma ultrassonografia confirmou: "uma benção de Deus na minha vida", celebrou.

Por conta dos riscos, o médico que acompanhava Daiane chegou a sugerir uma clínica com permissão para aborto, mas a mãe conta que a ideia não passou pela cabeça dela e que a cada sessão de quimioterapia grávida, pedia: "Filho, seja forte para a mamãe ser também". E o Davi Lucas no fim do ano passado veio. Prematuro, ficou 19 dias na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. Atualmente o filho tem seis meses e está saudável. Daiane segue realizando seu tratamento restando 28 sessões de radioterapia. 

 

Uma campanha inusitada para conscientização sobre o câncer de colo de útero começou essa semana nas unidades do Poupatempo Sé, Santo Amaro e Itaquera, na cidade de São Paulo: um robô circula pelo local dando informações sobre a doença. Parte de um esforço do Movimento Força Amiga, integrado por médicos e entidades de alcance mundial, a iniciativa quer ajudar a esclarecer o tema.

Segundo Claudio Ferrari, secretário de comunicação da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a doença pode ser prevenida com vacinação contra o HPV, prevista no Programa Nacional de Imunizações e disponível gratuitamente no SUS. A campanha de vacinação é anual e tem como público-alvo meninas entre 9 e 13 anos. “É importante desmistificar essa doença. O HPV é prevalente na população e não é uma doença de quem não se cuida ou tem maus hábitos. Basta uma relação sem proteção para adquirir o HPV. Temos que trabalhar para erradicar a doença”, disse Ferrari.

##RECOMENDA##

As informações dadas pelos robôs podem ser acessadas nesse primeiro momento nas unidades do Poupatempo citadas. Posteriormente eles serão deslocados para estações do metrô e haverá também ampla divulgação nas redes sociais. Vale lembrar que a doença é a quarta maior causa de morte entre as brasileiras.

Em dez anos, o número de mortes por câncer de útero em relação ao número de mulheres teve uma leve queda no país, passando de 5,04 casos para cada 100 mil mulheres em 2002 para 4,72 casos em 2012. Em números absolutos, no entanto, o número de mortes aumentou, já que a população também cresceu nesse período. Em 2002, a doença matou 4.091 mulheres e, em 2012, 5.264.

Os números são do Atlas de Mortalidade por Câncer no Brasil, que o Ministério da Saúde e o Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgam nesta semana. O levantamento mostra o câncer de colo do útero como o terceiro tipo que mais mata mulheres no país, atrás apenas do de mama e dos de brônquios e pulmões. A estimativa do Ministério da Saúde é que o Brasil feche este ano com 15.590 novos casos de câncer de colo do útero.

##RECOMENDA##

“Aumenta o número absoluto porque a população continua crescendo e há uma pequena diminuição no número relativo. Isso é explicado por um conjunto de medidas que vêm sendo tomadas na proteção da mulher, o exame de papanicolau, o uso de preservativos, a mulher está se cuidando mais”, disse o ministro da Saúde, Arthur Chioro, em entrevista à Agência Brasil.

Para ele, isso não significa que o Brasil esteja em uma situação adequada. ”Podemos diminuir mais ainda essas mortes, diminuir a importância do câncer de colo do útero entre as causas de morte entre as mulheres. Nos últimos dez anos, ele caiu para terceiro lugar, mas, ainda assim, podemos mudar essa história devido à vacina do HPV.”

O Ministério da Saúde está vacinando meninas de 11 a 13 anos contra o vírus HPV, principal causa do câncer de colo do útero. A medida, tomada em mais 100 países, pode fazer com que a atual geração tenha uma incidência significativamente menor da doença, já que existe a vacina contra um dos dois dos vírus responsáveis por 70% dos casos de câncer de colo de útero. No ano que vem, a vacina passaá a ser oferecida a adolescentes de 10 e 11 anos e, em 2016, às de 9 anos.

Apesar de 97,7% do público-alvo terem tomado a primeira dose da vacina, apenas 49% receberam a segunda aplicação, até o dia 21 deste mês, o que soma um total de 2,4 milhões de meninas. O Ministério da Saúde assegura que a vacina não traz riscos e ressalta que só a primeira dose não garante a imunização. Cinco anos após a primeira dose, as meninas precisam retornar aos postos de vacinação para receber a dose de reforço, que garantirá proteção por mais tempo.

A vacina contra o HPV está disponível nas 35 mil salas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). Recomendada pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), a vacina gera proteção contra quatro subtipos da doença (6, 11, 16 e 18), com 98% de eficácia.

Os subtipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero e os subtipos 6 e 11 por 90% das verrugas anogenitais. O ministro Arthur Chioro ressalta que só a vacina não é suficiente para prevenir o câncer de colo de útero.

"As mulheres com mais de 13 anos, adolescentes e jovens, têm como grande instrumento de prevenção o diagnóstico precoce, que é [obtido por meio do] papanicolau, e o sexo seguro, ou seja, com o uso do preservativo, até porque o HPV temalta transmssibilidade e alta relação com o cêncer de colo de útero."

Aricca Wallace sofreu durante três anos com dores e sangramento irregular, mas seu médico lhe assegurou que estes eram efeitos colaterais do DIU que tinha implantado. Segundo ele, os resultados de sua citologia eram normais, o que o levou a descartar a hipótese de que Aricca estivesse com câncer. Na verdade, porém, ela havia desenvolvido a doença.

Quando esta mulher de 34 anos, mãe de dois filhos, decidiu tirar o dispositivo intrauterino, depois do diagnóstico de câncer, a doença já tinha se propagado para o peito e para o abdômen.

##RECOMENDA##

"Um especialista me disse que a quimioterapia não poderia eliminá-lo", contou Aricca Wallace à AFP. "E que não teria mais que um ano" de vida, prosseguiu. Era fevereiro de 2012. Meses depois, seu médico lhe disse que estavam fazendo testes com imunoterapia em pacientes encaminhados pelos Institutos Nacionais de Saúde a uma clínica nos arredores de Washington.

Aricca Wallace decidiu participar. Os médicos iniciaram o tratamento eliminando um de seus tumores e coletando células imunológicas específicas, os linfócitos T, que o rodeavam e que desempenham um papel chave, ao atacar o vírus do papiloma humano (HPV).

O HPV é uma doença sexualmente transmissível que a maioria dos adultos adquire em algum momento da vida. Embora o HPV possa ser inofensivo, algumas cepas agressivas podem provocar verrugas genitais ou, inclusive, causar o câncer de colo de útero, de ânus, cabeça, pescoço, ou de garganta.

Setenta por cento dos casos de câncer de colo de útero, também conhecido como câncer cervical, são causados pelas cepas 16 e 18 do vírus do papiloma humano. Aricca Wallace se submeteu a uma primeira semana de quimioterapia em doses fortes para desativar seu sistema imunológico. Em seguida, os cientistas fizeram nela uma infusão de 100 bilhões de suas próprias células T, cultivadas em laboratório com base naquelas retiradas do tumor.

Depois, ela teve de tomar duas doses de aldesleucina, um agente que ajuda a desenvolver as células imunológicas, mas pode causar importantes efeitos colaterais como hemorragias, vômitos, pressão baixa, febre e infecções. "Tive a pior febre da minha vida", lembrou Wallace.

"Um verdadeiro milagre" 

O resultado foi impressionante. Seus tumores diminuíram consideravelmente e, depois de quatro meses, desapareceram por completo. Em 29 de maio, Aricca Wallace voltou à mesma clínica para fazer novos exames, que não mostraram rastro da doença, 22 meses depois de iniciado o tratamento. "É um verdadeiro milagre", disse a mulher, hoje com 37 anos. Ela foi a primeira pessoa diagnosticada com câncer de colo de útero para quem o novo tratamento funcionou.

Outra americana também viu desaparecer completamente seu câncer uterino metastático depois desse tratamento e, um ano depois, não tinha sinais da doença. Elas são duas das novas pacientes que participaram do teste clínico. Uma terceira respondeu da mesma forma durante um curto período, mas o câncer reapareceu em seguida.

"Com apenas nove pacientes, não podemos dizer com certeza até que ponto este tratamento funciona", explica Christian Hinrichs, do Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos (NCI, em inglês). "Tudo o que sabemos é que pode funcionar", continua o pesquisador, que apresentou o estudo nesta segunda-feira na conferência anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, em inglês), que acontece em Chicago.

A imunoterapia é um novo enfoque considerado promissor, que já deu mostras de ser eficiente especialmente contra o melanoma, o câncer de pele mais agressivo. Segundo um estudo publicado no final de 2013, 40% das pessoas diagnosticadas com melanoma metastático que seguiram um tratamento de imunoterapia não apresentam sinais da doença sete anos depois.

No entanto, essa técnica ainda está longe de ser generalizada, e os pesquisadores ainda devem determinar porque funciona em alguns casos, e não em outros. O câncer de colo de útero afeta anualmente 530.000 mulheres em todo o mundo e causa a morte de mais de 270.000, a maioria em países em desenvolvimento, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Uma lei municipal que vai beneficiar as mulheres do Recife foi publicada esta semana no Diário Oficial e obriga maternidades e policlínicas a aplicar a vacina que previne o HPV. O medicamento contra o câncer de colo de útero é destinado a mulheres a partir dos 14 anos.

De acordo com o vereador Rogério de Lucca, que é médico e também presidente da comissão de saúde na câmara, este é um grande avanço para a saúde da mulher no Recife. “A obrigação da vacina é para estimular o cuidado com a saúde em relação à doença que degrada a nossa sociedade. Com a prevenção, as mulheres não vão mais ter câncer no colo do útero”, relatou.

##RECOMENDA##

Ele ainda destaca a economia que a cidade terá após a implantação da lei. “As mulheres não vão precisar mais passar por cirurgia e ser internadas, que é um custo muito alto. Isso faz parte de uma medicina preventiva”, destacou o vereador. 

No Brasil, a cada 48 minutos, uma mulher é diagnosticada uma mulher com o câncer do colo de útero. Rogério de Lucca pretende se reunir com secretário municipal de saúde, Jailson Correia, para mobilizar uma campanha de vacinação. A lei deve esclarecer à população sobre o HPV, formas de transmissão e prevenção, divulgando-as de forma ampla através nos veículos de mídias da cidade, tanto na área pública como na área privada. A Secretaria também deverá realizar campanhas anuais de vacinação da população feminina contra o HPV.

Leianas redes sociaisAcompanhe-nos!

Facebook

Carregando