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O Brasil tem o desafio e a oportunidade de integrar, numa mesma equação, a preservação ambiental e o desenvolvimento econômico, disse nesta quarta-feira (23) a ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, em audiência pública. Durante quase quatro horas de debate na Comissão de Meio Ambiente (CMA), Marina Silva tratou, com a equipe de sua pasta, de temas locais e nacionais, como a questão fundiária, a exploração de petróleo, a Conferência do Clima em Belém e o apelo por "justiça climática" quando se trata das mudanças climáticas.

Requerida pela presidente da CMA, senadora Leila Barros (PDT-DF), e pelo senador Marcio Bittar (União-AC), a reunião serviu para a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, apresentar as políticas e prioridades da pasta.

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Marina Silva observou que, diante da realidade das mudanças climáticas, assumiu a pasta do Meio Ambiente em contexto mais complexo do que há 20 anos, quando tomou posse pela primeira vez como ministra, no primeiro governo Lula.

— Estamos novamente fazendo um esforço de olhar para a gestão pública, não com o olhar apenas de uma gestão, ou de um governo, ou de um partido. Mas com o olhar de quem pensa a governança ambiental brasileira. Temos trabalhado muito para que o Brasil faça jus às potências que ele é. Uma potência ambiental, uma potência agrícola e uma potência hídrica. E graças a essas qualidade temos imensas vantagens comparativas que devem ser transformadas em vantagens competitivas. Mas talvez agora tenhamos que pensar em vantagens comparativas e vantagens distributivas — disse Marina Silva, salientando que a política ambiental se dirige prioritariamente às populações vulnerabilizadas pela destruição do meio ambiente e pelas mudanças climáticas.

O senador Fabiano Contarato (PT-ES) observou que a pauta ecológica é um direito constitucional e ponderou ser possível a discussão ambiental "andar de mãos dadas com economia e tributação verdes". O parlamentar destacou que o racismo ambiental é uma realidade no Brasil e considerou medidas como o reforço da fiscalização e o investimento em educação fundamentais para aperfeiçoar o debate ambiental.

Marina declarou que, há 20 anos, quando assumiu o ministério pela primeira vez, não se tinha a clareza atual sobre questões como a gravidade da perda de biodiversidade, da mudança do clima, da importância das florestas para equilíbrio ambiental do planeta, bem como do papel dos povos originais. A ministra destacou também um "imperativo ético" de se acabar com a oposição entre economia e ecologia, transformando os dois temas numa mesma equação.

— Os efeitos indesejáveis da mudança do clima afetam, de forma muito mais perversa, as populações vulnerabilizadas. Mas a ciência ganhou o primeiro round. O Brasil inova no enfrentamento desses problemas. Conceitos novos, como o de justiça climática e o de racismo ambiental passaram a integrar o debate da opinião pública nacional e internacional, sendo uma base de realidade — disse Marina Silva.

A senadora Teresa Leitão (PT-PE), que endereçou pergunta sobre as políticas em favor do bioma da Caatinga, elogiou a ministra pelo "conteúdo apresentado", a "profundidade" e a "riqueza da abordagem", sobretudo por relacionar preservação do meio ambiente com "justiça climática".

— Mudanças climáticas não podem mais ser vistas como 'naturais', mas estão relacionadas a justiça climática e racismo ambiental — disse a senadora, sublinhando a fala de Marina.

Leila Barros, presidente da CMA, por sua vez, destacou o clima sereno do debate, em que senadores questionaram a chefe da pasta sobre assuntos considerados polêmicos.

— Foi uma excelente audiência, com todos de coração aberto, tirando dúvidas. Que a ministra Marina, com sua competência, venha mais vezes a esta Casa, com um ambiente cada vez menos tenso e sem dicotomias, porque todos aqui estão muito interessados nisso — disse Leila Barros ao conduzir os trabalhos.

A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) defendeu o aumento do protagonismo social na Conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudanças Climáticas (COP-30), destacando que a 30ª edição do evento acontece em novembro de 2025, em Belém (PA). A parlamentar reconheceu os desafios da pauta ambiental e defendeu a união em favor das políticas dessa área que, na visão dela, devem acontecer de modo transversal.

O senador Beto Faro (PT-PA) considerou necessário reforçar a discussão de temas como desenvolvimento sustentável e aprofundar o entendimento sobre outros temas ainda tratados como tabus, a exemplo de regularização fundiária, "sem a qual não é possível responsabilizar eventuais criminosos". O parlamentar quis saber qual a capacidade efetiva da pasta para a manutenção de programas como o Bolsa Verde e pediu que o ministério contribua com o apontamento de medidas legislativas que podem ajudar a diminuir a pobreza na Amazônia.

Marina ressaltou que ações em favor da agricultura familiar e em defesa dos povos tradicionais têm sido desenvolvidos pelo Ministério do Meio Ambiente em parceria com outros ministérios, como o dos Povos Indígenas. Ela disse que o Bolsa Verde é um pagamento por serviço ambiental, no valor de R$ 600, concedido a cada três meses, e cujos processos de execução foram retomados pelo atual governo. Ela também mencionou recursos da ordem de R$ 92 milhões para Fomento Rural.

Quanto à regularização fundiária, a ministra observou que muitas vezes é possível "legalizar", mas o problema é que a natureza muitas vezes "não assimila" os danos que lhe foram causados.

Em resposta ao senador Zequinha Marinho (Podemos-PA), Marina disse que a recente negativa do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a exploração de petróleo pela Petrobras na Foz do Amazonas, na costa do Amapá, teve caráter estritamente técnico. Segundo a ministra, a decisão teve base em um relatório que apontou como insuficientes as propostas de mitigação dos desgastes ambientais e as medidas que seriam tomadas para evitar desastres, em casos de perda de controle. Ela lembrou também

— O Ibama não dá licenças políticas, mas técnicas. Ele não facilita, nem dificulta. Ninguém discute com a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] sobre um remédio ser tóxico ou não. A gente olha para o que a ciência está dizendo — afirmou a ministra, lembrando que o órgão concedeu centenas de autorizações à Petrobras recentemente e que a exploração de petróleo na região ainda é objeto de estudos.

Ela sublinhou ainda que o governo Lula incluiu no novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) projetos que são objetivos de estudos, como a própria a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, a construção da Ferrogrão, também mencionada por Zequinha Marinho, e as obras da rodovia 319, igualmente na Região Norte. Marina também respondeu a Zequinha que chamada bioeconomia não é criação recente, mas está presente desde sempre, tendo ela própria sobrevivido por meio do extrativismo, num seringal no Acre. O problema, disse, reside no fato de a bioeconomia ainda ser subfinanciada.

O senador Cleitinho (Republicanos-MG) mencionou os crimes ambientais que ocorrem com a poluição de rios e nascentes e apontou como injusta a cobrança da taxa de tratamento de esgoto em muitas cidades onde o serviço é praticamente inexistente. Ele pediu apoio do Ministério do Meio Ambiente para uma ação a ser apresentada pelo parlamentar junto ao Supremo Tribunal Federal (STF), para que a manutenção da taxa passe a ser considerada inconstitucional.

—Daí essas empresas [responsáveis pelo saneamento] vão tomar vergonha, e os brasileiros vão parar de pagar por um serviço que não existe — asseverou.

Em resposta, Marina Silva considerou necessário tratar de modo separado a coleta do lixo e a falta de tratamento do esgoto. Ela se disponibilizou a aprofundar esse debate junto aos parlamentares, afirmando que essa agenda é formada por um "tripé fundamental", que envolve proteger a saúde das pessoas e a educação, além da possibilidade de ser um vetor de emprego e renda para a população.

Em resposta à senadora Tereza Cristina (PP-MS), que quis saber se Marina Silva seria favorável a mudanças no Código Florestal, a ministra respondeu que "é hora de implementar a lei e não de se promover alterações no texto".

Marina fez distinção também entre o agronegócio e o "ogronegócio", que age de forma alheia à legislação, com desmatamento ilegal, e não representaria de fato o setor agrário. Tereza Cristina pediu que a ministra não volte a usar o termo, por considerar a metáfora ofensiva ao agronegócio que é, conforme disse, um setor que alimenta o Brasil.

A ministra disse que a metáfora é necessária para entender a diferença, explicando que a palavra "ogro" se referia a "negócio", opondo-se ao verdadeiro agronegócio. Ela disse ter se referido à parte do setor "que paga alto preço em relação aos contraventores".

— São 2% que prejudicam o conjunto da obra. Então, existem o agronegócio e o ogronegócio, ao qual me referi. Não vamos generalizar nem o bem, nem o mal. Não temos compromisso com o erro, e o que é certo vamos querer aprofundar cada vez mais — declarou.

O senador Giordano (MDB-SP) chamou atenção para o trabalho de coleta e reciclagem de lixo. Ele destacou que os aterros sanitários "lucram milhões e milhões" em São Paulo e que os catadores não participam dessa riqueza.

Giordano também pediu apoio da pasta do Meio Ambiente para lidar com um "navio-bomba", que representa risco para a população, pois em breve deve atracar junto ao litoral de Santos (SP). Em resposta, o secretário-executivo da pasta, João Paulo Capobianco, explicou que a autorização para o navio de regazificação de gás natural liquefeito, é da empresa Comgás, e que, de acordo com lei aprovada recentemente pelo Congresso, esse licenciamento compete ao estado de São Paulo, especificamente à Cetesb, órgão ambiental local.

O senador Jorge Seif (PL-SC) criticou as ONGs ambientais e reclamou da limitação, pelo Ministério do Meio Ambiente, das cotas para a pesca da tainha — em especial a industrial — no litoral de Santa Catarina. Segundo ele, a restrição prejudica a economia do estado, no qual a pesca tem muito importante. Em resposta, Marina disse que nem sempre determinadas cotas garantem a sobrevivência das espécies, e que elas por isso podem ser reduzidas. Capobianco explicou que foram seguidas orientações técnicas sobre a pesca da tainha e que houve acerto, pois os pescadores artesanais catarinenses obtiveram ótimos resultados. Além disso, já há um grupo de trabalho com o Ministério da Pesca para se definir a pesca da tainha na próxima safra e as perspectivas seriam boas.

O senador também tratou da permissão da caça ao javali, espécie exótica que tem prejudicado plantações e florestas. Segundo Seif, o Ibama tem impedido a caça. Marina respondeu que a introdução de espécies exóticas de fato provocam graves danos ambientais, como é o caso do javali. E, juntamente com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, explicou que a atribuição de autorizar a caça nesse caso já não pertence ao órgão ambiental, mas ao Exército Brasileiro.

— O javali é um problema, uma espécie híbrida, está espalhado por diversos estados brasileiros. As autorizações [de caça] vigentes continuam mantidas. Não cassamos as autorizações anteriores, mas [...] o Decreto 1.615, de 21 de julho 2023 passou as autorizações para o Exército Brasileiro. Estamos em tratativas para que a gente possa resolver essa questão — disse Rodrigo Agostinho.

Ao senador Chico Rodrigues (PSB-RR), que tratou das áreas disponíveis para a produção agrícola e das áreas de preservação permanente em Roraima, Marina Silva disse que trabalhará "até o último dia" para que a população de Roraima possa desfrutar do crescimento econômico proporcionado justamente pela bioeconomia, em razão da preservação de sua cobertura florestal. Marina defendeu compensação financeira e regularização do mercado de carbono, mencionando também as alternativas de manejo florestal e de aumento da produção, não pela expansão das áreas para produção agrícola, mas pela maior eficiência.

Leila Barros destacou a relevância das articulações para o sucesso das ações do ministério, em defesa dos biomas nacionais e contra atividades de grilagem em regiões como o Distrito Federal. A senadora considerou a área "a caixa d’água do país", que precisa ser preservada.

Marina reconheceu a necessidade de cuidar da região e disse que muitas ações de desmatamento são legalizadas. Ela afirmou, no entanto, que essas licenças ambientais devem ser revisitadas, principalmente para a implementação do Plano de Combate ao Desmatamento do Cerrado, por exemplo. Segundo a ministra, uma das diretrizes do ministério é o fortalecimento do Sistema Nacional de Meio Ambiente, em conjunto com os estados.

Participaram da audiência também o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, a secretária do Clima do ministério, Ana Toni, e o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

Ao agradecer aos senadores pela reiteração do convite para a audiência pública da CMA, Marina Silva disse que adiou o comparecimento à comissão, nas três vezes antes agendadas, em virtude de reunião com o presidente da República, posteriormente, por problema de saúde e, em seguida, por atividade intensa em virtude da Semana de Meio Ambiente.

Fonte: Agência Senado

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) aprovou dois requerimentos que convidam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, para explicar a política ambiental do governo federal e os planos, os projetos e as prioridades do ministério para os próximos anos.

O REQ 1/2023-CMA é da presidente da Comissão, a senadora Leila Barros (PDT-DF) e o REQ 2/2023-CMA é do senador Márcio Bittar (União-AC). O debate será agendado.

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“Ao iniciarmos a nova legislatura, considero fundamental convidar a ministra para comparecer a esta comissão e apresentar seus planos, projetos e prioridades para as questões ambientais e climáticas do país. E ainda, informar-nos como o Senado Federal e esta comissão podem auxiliar nesta importante tarefa”, afirma Leila.

Para a senadora, a população brasileira quer saber como será a política pública para o meio ambiente do novo governo federal e sua execução. “É notório que o país, tido como referência mundial nos temas ambientais e climáticos, perdeu esta condição nos últimos 4 anos. Ao contrário, neste período o Brasil passou a ser muito criticado nos principais fóruns mundiais relacionados ao tema”, registra Leila no requerimento.  Na avaliação de Bittar, o Brasil já teve este ano visitas de governantes estrangeiros para debates ambientais e sobre mudanças climáticas. 

“É imperativo que o novo governo, por meio da ministra de Estado competente, esclareça qual será a política ambiental do governo, quais são os objetivos e quais medidas deverão ser adotadas”, afirma Bittar no seu requerimento. 

*Da Agência Senado

Em reunião nesta quarta-feira (8), a Comissão de Meio Ambiente (CMA) elegeu a senadora Leila Barros (PDT-DF) como presidente para o biênio 2023-2024. O senador Fabiano Contarato (PT-ES) vai ocupar a vice-presidência da comissão. A eleição ocorreu por unanimidade, de forma simbólica e foi fruto de acordo entre as lideranças partidárias do Senado. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) dirigiu os trabalhos e desejou boa sorte aos eleitos.

Leila prometeu dialogar com todos os membros e respeitar as opiniões divergentes. A senadora informou que já pediu o levantamento dos principais projetos que aguardam votação dentro da CMA e apontou que o tempo da pandemia do coronavírus terminou comprometendo o funcionamento da comissão. Leila disse ter a consciência de que sua responsabilidade é muito grande e agradeceu o apoio dos colegas.

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"Nosso compromisso é com o meio ambiente. Vamos debater o que o Brasil precisa para crescer de forma sustentável", declarou. 

Dia da Mulher 

Para Contarato, a eleição de Leila é simbólica, por ocorrer no Dia Internacional da Mulher. O senador disse que é preciso “caminhar de mãos dadas, mas também fazer os alertas devidos”. Na visão de Contarato, a responsabilidade ambiental é importante, principalmente, para as parcelas mais vulneráveis da população, como os moradores de periferia e os indígenas. O senador ainda fez questão de agradecer os servidores e funcionários da equipe técnica da comissão e disse que vai trabalhar com foco nos interesses da população brasileira. 

O senador Jaques Wagner (PT-BA), que ocupou a presidência da CMA no último biênio, se disse alegre pela confirmação dos nomes de Leila e Contarato na liderança da comissão. Ele também destacou o fato de uma senadora assumir a presidência da CMA no Dia Internacional da Mulher. Como líder do governo no Senado, Jaques Wagner disse que o governo do presidente Lula tem o meio ambiente como uma das pautas prioritárias.

O senador Jayme Campos (União-MT) se disse feliz com a eleição de Leila e apontou o meio ambiente como uma pauta mundial. Ele ainda pediu que a comissão não seja transformada em um palco político. Para o senador Marcos do Val (Podemos-ES), a senadora Leila vai dar protagonismo à CMA. A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) disse que, nos últimos quatro anos, o Brasil registrou um grande retrocesso, inclusive na área ambiental. Na visão de Eliziane, esse cenário torna a CMA uma das comissões mais importantes do Senado.

"Conte conosco, como militantes da causa ambiental, neste novo desafio", afirmou a senadora.

Abstenção 

Apesar de a eleição ter sido simbólica e a votação ter sido anunciada como unânime, a senadora Tereza Cristina (PP-MS) pediu para registrar em ata a abstenção dos senadores do bloco Vanguarda (PP, Republicanos, PL e Novo). A senadora manifestou a discordância do bloco sobre a forma como vem sendo conduzida a eleição para a presidência das comissões do Senado. Ela disse que o Senado também precisa de pacificação. Segundo Tereza, não foi observada a proporcionalidade na eleição das comissões, prejudicando os partidos que compõem o bloco Vanguarda. 

A CMA 

Composta por 17 senadores e o mesmo número de suplentes, a CMA trata de temas relacionados às florestas, aos recursos naturais e hídricos, à fauna e à flora. A comissão avalia também a Política Nacional do Meio Ambiente e atua ainda na fiscalização de alimentos e produtos que são usados na agricultura e na agropecuária. A CMA também promove audiências públicas para debater as matérias que estão em análise no Senado sobre o tema ambiental, ouvindo convidados e especialistas das mais diversas opiniões.

*Da Agência Senado

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) fez nesta quarta-feira (21) a sua segunda audiência pública sobre regularização fundiária. Desta vez, os convidados falaram sobre ferramentas e medidas para combater o desmatamento em terras tituladas e impedir a regularização de terras invadidas. 

A comissão escolheu o tema da regularização para a sua análise de políticas públicas deste ano. A sugestão foi da senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA). O senador Fabiano Contarato (PT-ES) presidiu a audiência. No início do evento, ele registrou que no dia 21 de setembro se comemora o Dia da Árvore e aproveitou a data para criticar o "enfraquecimento" dos órgãos de controle ambiental, como o Ibama e o ICMBio. 

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 O procurador Daniel Azeredo, do Ministério Público Federal (MPF), apresentou o trabalho do projeto Amazônia Protege, conduzido por membros do órgão. Ele afirmou que, com o uso de tecnologias já disponíveis para as autoridades brasileiras, é possível identificar e punir propriedades desmatadoras sem precisar ir a campo. Isso se deve ao monitoramento por satélite e à catalogação territorial feita por diversas iniciativas do poder público e do terceiro setor. 

"Cada desmatamento tem um nome, uma certidão de nascimento. A gente consegue, pela tecnologia que tem hoje, até prever onde a área será desmatada, porque tem uma lógica de expansão nessas regiões. Um laudo mostra como estava a área antes e como está a área após o desmatamento. Isso gera um processo judicial sem ida a campo, sem gasto com recursos públicos de diárias, de deslocamento físico, sem risco. Conseguimos iniciar uma ação judicial unicamente com essa informação". 

Essa tecnologia, segundo ele, permitiria também gerar uma “tarja preta” sobre propriedades desmatadoras. O benefício disso seria contornar a prática de colocar o terreno em nome de laranjas e vincular o desmatamento ilegal diretamente à propriedade, identificada por coordenadas geográficas. 

Azeredo defendeu também a aplicação da tese do réu incerto para esses casos. Segundo explicou, essa tese é usada em casos de invasão de propriedade: quando não é possível identificar todos os invasores individualmente, ajuiza-se uma ação contra todos. 

"Por que a gente não faz isso para proteger o meio ambiente? “Olha, eu não sei quem está lá, mas eu sei que tem gente lá, nessa coordenada, latitude e longitude”. Todo mundo que está nessa área tem que sair. Se eu encontrar alguma produção, eu vou apreender ou destruir. Essa área é patrimônio público, ela não pode sofrer regularização fundiária. O patrimônio tem que voltar para o Estado brasileiro". 

Gestão  Bastiaan Reydon, professor aposentado de economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), defendeu a importância de tornar mais eficiente a gestão de terras públicas no Brasil. O primeiro passo seria criar um cadastro unificado, algo que ainda não existe. 

"A administração fundiária brasileira é bastante caótica. Temos um número grande de órgãos que se responsabilizam por diferentes aspectos e que não conversam, não estão articulados. O Estado brasileiro precisa assumir seu papel gestor de terras, e isso tem que ser acima dos ministérios. Se não sabemos onde está o nosso território, não conseguimos fazer nada". 

Além disso, os próprios cadastros de terras tituladas precisam ser aprimorados, segundo ele. Os principais são o Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Ministério da Agricultura. 

"O Brasil foi constituído através da pura ocupação. Nós fomos ocupando e regularizando. O CAR é totalmente autodeclarado. O Sigef tem uma ligação com o direito. Quando completarmos esse cadastro, vamos ter muito mais condições de estabelecer regras para o uso da terra no país. Vamos poder fazer política de uso da terra, cobrar o imposto, ter como indenizar quando alguém precisa ser indenizado, ter clareza de quem é dono, quem tem os direitos e os deveres sobre a terra. É isso que precisamos construir", frisou. 

*Da Agência Senado

Após a troca de comando no Ministério do Meio Ambiente em junho, a Comissão de Meio Ambiente (CMA) que saber se a entrada de Joaquim Álvaro Pereira Leite no lugar de Ricardo Salles representa de fato uma mudança na direção da pasta. Audiência pública com o novo ministro está agendada para esta terça-feira (31), às 9h30.

 Os requerimentos para ouvir Joaquim Álvaro Leite são do presidente da CMA, Jaques Wagner (PT-BA), e do senador Confúcio Moura (MDB-RO). Confúcio argumenta que a política ambiental do Ministério sob a gestão Ricardo Salles desagradou o mundo e prejudicou a imagem do Brasil no exterior.   

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“Nossos indicadores de desmatamento se tornaram alarmantes, com sucessivos recordes registrados desde o início do atual governo. Um repúdio internacional nunca antes visto sobre o país, nesse aspecto, com reflexos econômicos claros, especialmente relacionados ao agronegócio, tornou-se uma grande preocupação”, aponta o senador.  Para ambos, a reunião da CMA será importante para que o Senado e a população tomem conhecimento dos planos, direcionamentos e ações previstas pelo  ministro.   

A reunião será aberta à participação dos cidadãos por meio do Portal e-Cidadania (https://senado.leg.br/ecidadania) ou pelo telefone 0800 061 22 11. 

*Da Agência Senado

Diante do que considera paralisia do governo federal na regulamentação do mercado de carbono no Brasil e da falta de clareza na posição que o país vai apresentar na COP-26, o presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado (CMA), Jaques Wagner (PT-BA), defendeu nesta quarta-feira (6) o protagonismo do Congresso Nacional no avanço da pauta ambiental. A COP-26 (Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas) acontece a partir 31 de outubro, em Glasgow, na Escócia. 

Por sugestão do senador, a CMA aprovou requerimento para que os ministros do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, e das Relações Exteriores, Carlos França, exponham os planos do governo para a conferência.

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Estamos a menos de um mês do início da COP-26 e até agora é desconhecida a posição do Ministério do Meio Ambiente e do Ministério de Relações Exteriores levarão para a COP. Qualquer acordo assinado terá que ser referendado por esta Casa. Não pode ser feito à revelia da sociedade”, apontou Jaques Wagner.

Para buscar uma imagem favorável para o Brasil no campo ambiental, o presidente da CMA seguirá junto com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e outros senadores em uma comitiva que participará, no próximo final de semana, de reunião preparatória de parlamentares em Roma, a pré-COP 26.

Nós estaremos lá como representantes do Legislativo no esforço para que a posição do Brasil não continue na linha de exceção”, apontou.

Mercado de carbono

De acordo com o senador, notícias apontam que o governo federal pode colocar novamente o Brasil à margem do mundo por uma provável posição contrária a um consenso em torno da regulação do mercado internacional de carbono, uma das prioridades desta edição da COP. Segundo Jaques Wagner, alguns já falam na “exclusão do Brasil dos debates”.

O governo tem criado obstáculos para a aprovação do projeto sobre regulamentação do mercado de carbono na Câmara dos Deputados”, apontou o presidente da CMA. 

O projeto em questão é o PL 528/21, que cria o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões (SBCE) para regular o mercado nacional de carbono.

Da Agência Senado

 

O novo presidente da Comissão de Meio Ambiente (CMA), senador Jaques Wagner (PT-BA), criticou nesta quarta-feira (24) pessoas “de pensamento raso” que insistem na “falsa dicotomia” entre o progresso econômico e a proteção da natureza. Para ele, o verdadeiro desenvolvimento deve respeitar “um tripé de sustentabilidade”.

“Não existe desenvolvimento integral se você não combinar as três pernas de sustentabilidade: econômico, ambiental e social. Não vejo por que se estabelecer no Brasil, como vem acontecendo infelizmente nos últimos dois anos, a tentativa, que é própria daqueles que não querem aprofundar os temas, de estabelecer uma dicotomia entre preservação e desenvolvimento com inclusão social. Não existe essa dicotomia. Essa dicotomia é feita por aqueles quer querem simplesmente criar uma fake news e dizer que só é possível gerar emprego e crescer fazendo desmatamento e queimada. São falsas dicotomias criadas por um pensamento raso que não quer encarar a realidade”, afirmou.

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Wagner foi eleito por aclamação para comandar os trabalhos da CMA no biênio 2021-2023. O senador Confúcio Moura (MDB-RO) foi escolhido para a vice-presidência do colegiado. No discurso de posse, o parlamentar baiano destacou o exemplo da Holanda. Com uma área equivalente a apenas 0,48% do território brasileiro, o país ocupa a segunda posição entre os maiores exportadores de produtos agrícolas — atrás apenas dos Estados Unidos.

“Queira que nós olhássemos com muita simplicidade e humildade para a experiência recente da Holanda. Um território infinitamente menor do que o nosso, seguramente com muito menos recursos naturais do que o Brasil e se transforma no segundo país exportador de alimentos. Em 2019 e 2020, nós batemos o recorde na admissão de novos agrotóxicos. Enquanto a gente bate recordes negativos, a Holanda bate recordes de produtividade”, disse Jaques Wagner (PT-BA).

O senador Otto Alencar (PSD-BA) destacou a importância da CMA “no momento em que vive o país”. Para ele, o Senado tem a obrigação de debater o tema do meio ambiente para entregar um país mais preservado às próximas gerações.

“São várias discussões sobre desmatamento acelerado da floresta amazônica, destruição do meio ambiente, alterações do clima. É o momento em que todos nós que estamos aqui hoje no Senado temos a obrigação e o compromisso de fazer esse debate. Não preocupados com esse momento ou com essa década. Mas com as futuras gerações. Teremos água doce daqui a vinte ou trinta anos com a destruição acelerada das matas ciliares, das nascentes e dos rios tributários, das margens as calhas dos rios principais?”,  questionou Otto.

Próximas reuniões

Wagner divulgou o calendário de reuniões do colegiado para as próximas duas semanas. Os parlamentares devem apresentar até as 18h desta quinta-feira (25) sugestões de emendas que serão enviadas pela CMA ao Orçamento Geral da União de 2021 (PLN 28/2020).

Na sexta-feira (26), a CMA volta a se reunir às 11h para votar quais emendas serão encaminhadas à Comissão Mista de Orçamento (CMO). O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) foi indicado como relator das emendas orçamentárias no âmbito da CMA.

Os senadores também têm até sexta-feira às 18h para indicar quais políticas públicas do Ministério do Meio Ambiente devem ser acompanhadas pela CMA ao longo dos próximos dois anos. Wagner deve convocar uma reunião na semana seguinte para deliberar sobre as políticas que serão monitoradas.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) faz na quinta-feira (17) uma audiência pública para discutir causas e efeitos das manchas de óleo que contaminam as águas marítimas e as praias do Nordeste do Brasil. A reunião acontece no plenário 13 da Ala Senador Alexandre Costa, a partir das 10h.

O autor do requerimento e presidente da CMA, senador Fabiano Contarato (Rede-ES), destacou que o objetivo do debate é encontrar estratégias para resolver a situação e limpar a costa, assim como responsabilizar os envolvidos.

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Segundo o parlamentar, dados do Ibama mostram que o derramamento de óleo atingiu mais de 60 municípios, em 9 estados. A poluição ambiental causada pelo óleo tem afetado intensamente o turismo, a pesca e a conservação da natureza, disse Contarato.

“As imagens das tartarugas da região, cobertas de óleo, são impressionantes e por si mostram o impacto causado. Cabe saber quais medidas são necessárias e se vêm sendo tomadas para resolver esse caso de poluição ambiental e marítima, nas áreas já afetadas ou em risco”, analisou.

Foram convidados para o debate o procurador da República no estado do Rio Grande do Norte, Victor Manoel Mariz; o diretor-presidente da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema) de Sergipe, Gilvan Dias dos Santos; e a coordenadora do Programa Ecológico de Longa Duração da Universidade Federal de Pernambuco, Béatrice Padovani Ferreira, entre outros.

*Da Agência Senado

 

A Comissão de Meio Ambiente (CMA) do Senado vai realizar, na próxima terça-feira (15), a partir das 14h, audiência pública para ouvir esclarecimentos sobre grilagem, regularização fundiária, desmatamento, queimada e mecanismo de fiscalização na Amazônia.

Para participar da reunião, solicitada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), foram convidados o secretário especial de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia; o presidente do Ibama, Eduardo Fortunato Bim; o presidente do ICMBio, Homero de Giorge Cerqueira; e a procuradora federal, coordenadora da Força-Tarefa Amazônia no Ministério Público Federal, Ana Carolina Haliuc Bragança, que participará por videoconferência.

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Em setembro, a Comissão Mista de Mudanças Climáticas (CMMC) promoveu debate para tratar sobre os incêndios na Amazônia. Na ocasião, pesquisador do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, Paulo Moutinho, afirmou que nos últimos anos o roubo de áreas públicas na região amazônica tem aumentado e destacou que uma parte significativa do desmatamento na Amazônia está associada a ilegalidades.

Moutinho destacou ainda que as terras privadas na Amazônia, em sua maioria áreas agrícolas e de pastagens, correspondem a 21% da área total da floresta e são responsáveis por 35% do desmatamento. Já as terras indígenas têm 25% da área da floresta e respondem por apenas 1% do desmatamento.

A audiência ocorrerá na sala 13 da Ala Alexandre Costa.

*Da Agência Senado

 

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