O Patio Cianê, empresa que está erguendo um shopping center no prédio onde funcionou a antiga fábrica de tecidos Santo Antonio, em Sorocaba, no interior paulista, e onde uma das paredes desabou, na noite da quinta-feira (20), causando a morte de sete pessoas, disse, por meio de nota divulgada nesta sexta-feira, ser "prematuro" apontar uma causa para o acidente. Segundo a empresa, a obra estava devidamente licenciada pelos órgãos oficiais responsáveis e correndo dentro de todos os padrões usuais de segurança e qualidade, acompanhada pela construtora Fonseca e Mercadante.
A queda do muro de tijolos maciços, com dez metros de altura, soterrou quatro carros e uma moto, atingindo ainda um ônibus e pedestres. Uma pessoa, ferida com gravidade, continua internada no Hospital Regional de Sorocaba. Na nota, a empresa lamentou "profundamente" o acidente e disse que está prestando as informações necessárias às autoridades. Destacou ainda que o órgão responsável pelo tombamento do prédio acompanha as obras. "Nesse momento, toda a nossa atenção está voltada para a assistência às famílias", informou.
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O projeto do shopping Pátio Cianê prevê 238 lojas, praça de alimentação, cinemas e estacionamento para 1,2 mil veículos. O empreendimento, uma parceria entre o grupo Saphyr e o Fundo Hemisfério Sul Investimentos (HSI), tem custo estimado em R$ 360 milhões. A maior parte seria investida na recuperação e restauração das construções antigas, que incluíam também a Fábrica Fonseca, vizinha, datada de 1881. O prédio onde a empresa erguerá o shopping foi inaugurado em 1913. Após o acidente as obras foram embargadas.
Fotos postadas no site da Fonseca e Mercadante mostram estágios da obra anteriores ao desabamento. As imagens focam máquinas fazendo a remoção de terra e a estrutura da fábrica Santo Antonio com as paredes expostas. O telhado antigo do prédio havia sido removido anteriormente. As causas do acidente estão sendo apuradas pela Polícia Civil e pela prefeitura. Técnicos da Defesa Civil avaliam as condições da parte do paredão que não foi caiu. A rua Comendador Oeterer, em cuja calçada fica o muro, continua interditada.
Os corpos das vítimas começaram a ser liberados pelo Instituto Médico Legal no começo da tarde. Morreram em consequência do soterramento Evelin Cristina Siqueira, de 30 anos, seu filho Tiago, de 5, e a irmã Nhayara Pamela Airola, de 25. O vigilante Rayner Alves, de 28 anos, Samantha Bianca da Conceição, de 24 anos, Humberto Dias Ferreira, 53 anos, e o médico Adilson Nunes Filho, de 35 anos.