O mercado imobiliário dos próximos anos deverá ser movimentado, principalmente, pela classe média popular. É o que sugere um recente levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Maurício de Nassau (IPMN), referente ao Mercado de Imóveis do Recife em 2012. A demanda do setor tende a ser atendida, sobretudo, por casais da classe C, e a população com renda mensal de acima de um e até dois salários mínimos. O estudo identificou que esse é o público mais interessado em adquirir uma residência ao logo dos próximos meses.
Segundo a pesquisa, 37% dos recifenses ainda pretendem comprar um imóvel. No mesmo levantamento, realizado em janeiro de 2011, tal percentual era de 27%. O comparativo aponta que a demanda tende a permanecer elevada tanto quanto a expansão do setor imobiliário. Para o economista Djalma Guimarães, um dos responsáveis pelo levantamento, Recife ainda possui um déficit habitacional considerável. “Existe um grande contingente de pessoas que têm o potencial de adquirir uma casa na capital pernambucana, mas em uma demanda a longo prazo”, pontuou.
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As preferências são por casas usadas, com três quartos, dois banheiros e uma vaga na garagem. Mas o economista observa que o imóvel dos sonhos identificado pela pesquisa foge do padrão dos mais populares e oferecidos pelo mercado. Atualmente, a maioria das residências disponibilizadas pelo setor são os apartamentos para a o novo modelo de família brasileira - com imóveis geralmente novos ou na planta, com dois quartos, um banheiro e uma vaga na garagem.
Para Guimarães, a preferência por casas pode ser explicada pela renda bruta da classe “C”, maioria das pessoas que desejam adquirir um imóvel. “Casa pode ser muito mais cara em bairros de classe média e classe mais alta, mas na região da periferia, você encontra casas mais baratas”, justificou. De acordo com Djalma, a prioridade por esse tipo de residência mudou em relação à pesquisa do ano passado, quando os recifenses preferiam comprar apartamentos novos.
Dentre os atrativos que o imóvel deve possuir, os entrevistados priorizaram churrasqueira, antena coletiva e internet WiFi. Itens como piscina, academia, playground e salão de festas ficaram em segundo plano. “As pessoas atualmente priorizam o espaço construído, por isso alguns atrativos e áreas comuns estão sendo dispensadas”, explicou Guimarães.
No âmbito das localidades mais preferidas para a aquisição de imóveis, estão Boa Viagem e Casa Amarela - permanecendo entre as principais regiões demandadas, assim como em 2011. A novidade nesta pesquisa é a região da Avenida Recife ocupar a terceira posição do ranking, quando no último levantamento, tal área nem foi lembrada. No último índice, o posto foi ocupado pelo bairro de Casa Forte, que este ano acabou saindo da lista.
Segundo o levantamento do IPMN, a forma de pagamento mais pretendida para ser utilizada pela população é o financiamento pela Caixa Econômica Federal, liderando a pesquisa com 40,3%. De acordo com Fernanda Cavalcante, escriturária da Caixa e atendente na área de habitação, o banco oferece financiamento habitacional com parcelas decrescentes e com o pagamento da prestação de até 30% da renda familiar. Por exemplo, se a renda mensal de uma família que não possui imóvel próprio for de R$ 1,2 mil, a prestação máxima será de R$ 360,00.
Fernanda pontua ainda que para adquirir o serviço do banco basta ser brasileiro ou naturalizado, ter capacidade civil e de pagamento e possuir toda a documentação exigida em regularidade. O cliente também precisa estar enquadrado na linha de financiamento, em função da renda e do preço do imóvel. No programa Minha Casa Minha Vida, por exemplo, a renda bruta máxima permitida é de R$ 5 mil. Já o valor da casa ou apartamento pode chegar a R$ 150 mil, caso esteja localizado no Recife. Na Região Metropolitana, o limite é de R$ 130 mil.
Para João Carlos Leite, superintendente regional da Caixa em exercício, a preferência pelo financiamento do banco também pode ser explicada pela tradição e comprometimento da instituição financeira com seus clientes. “Ao procurar a Caixa para financiar o seu imóvel, o cliente sabe que terá assegurado todo o trâmite legal da contratação e registro no cartorário. O atendimento especializado dos funcionários também representa um diferencial, uma vez que os outros bancos têm uma experiência mais recente junto ao segmento imobiliário”, justificou.
O técnico industrial, Carlos Vinícius Serejo Esteves (foto), 27 anos, faz parte do grupo de pessoas que recorreu ao financiamento da Caixa na hora de realizar o sonho da casa própria. “Optei pela Caixa pela facilidade de pagamento e porque, dependendo da condição, não é preciso dar entrada. Procurei outros bancos, mas eu teria que desembolsar um valor inicial muito alto”, declarou.
Ao contrário da maioria dos entrevistados que afirmaram planejar bastante antes de adquirir um imóvel, Carlos Vinícius não teve muito tempo para escolher e comprar a nova residência. “Fui aprovado em um concurso e estou vindo morar no Recife. Devido à mudança, tive certa urgência em adquirir o meu apartamento”, revelou. Como estava fora da cidade, o técnico industrial tratou de todos os trâmites legais por correspondente através de uma imobiliária. “O processo foi bem tranquilo e não tive problemas. Estou muito satisfeito com a minha escolha”, comemorou.