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Mais de 230 mil processos por crimes contra a administração pública e 17 mil ações de improbidade administrativa precisam ser julgadas pelo Judiciário. O dado foi divulgado nesta terça-feira no Conselho Nacional de Justiça (CNJ), durante a assinatura de um acordo para que juízes estudem e aprimorem a aplicação da lei de combate a essas irregularidades.

"A improbidade administrativa corrompe o Direito, as relações políticas e reforça a ideia de um Estado regalista, infelizmente, aceito pela propalada noção de que o Brasil é uma república em construção e, por isso, flexível e indulgente. Senhores magistrados, o poder que a Constituição lhes confiou não se presta a esse tipo de interpretação", disse o presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa.

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O procurador da República Hélio Ferreira Heringer Junior recorreu da decisão da Justiça Federal de Brasília que, em novembro passado, livrou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de responder a uma ação de improbidade administrativa que o acusava de promoção pessoal e de benefício ao banco BMG, envolvido no escândalo do mensalão. A procuradoria vai insistir perante o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília, na devolução de R$ 9,5 milhões de Lula e do ex-ministro da Previdência Amir Lando aos cofres públicos pelo envio de cartas a assegurados do INSS informando sobre a possibilidade de obter empréstimos consignados a juros reduzidos.

O envio das correspondências em setembro de 2004, no entender do Ministério Público Federal (MPF), favoreceu o BMG, único banco privado na ocasião que havia entrado no bilionário mercado de crédito consignado do País. O recurso foi apresentado pelo MPF no dia 22 de janeiro, mas somente nesta segunda-feira, dia 11 que constou, de acordo com o andamento processual, como pronto para decisão judicial.

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Nas 15 páginas da apelação, Heringer Junior disse que nos casos de ressarcimento de dinheiro público decorrentes de atos de improbidade não há prescrição. Essa é uma manifestação contrária ao que decidiu o juiz Paulo Cesar Lopes para extinguir a ação sem apreciar sem mérito. Segundo o magistrado, já havia passado mais de cinco anos entre o ato dito ímprobo e o ajuizamento da ação - o que levaria à extinção de uma eventual punição determinada pelo Estado.

Segundo o procurador, o prazo prescricional para o ex-presidente Lula, por exemplo, só começou a contar a partir do dia 31 de dezembro de 2010, portanto um mês antes do ajuizamento da ação de improbidade. No caso de Amir Lando, o MP reconhece que o caso prescreveu quanto ao ato considerado ímprobo, mas ele ainda pode ter de devolver os recursos públicos decorrentes do envio supostamente irregular das correspondências.

O integrante do Ministério Público defendeu ainda que Lula, no caso do envio das cartas, pode, sim, ser processado por improbidade administrativa e não apenas por crime de responsabilidade, como havia decidido o magistrado. "Não se pode afirmar que, no caso dos autos, os apelados estivessem no exercício de natureza política, mas em autêntico exercício de atividade administrativa", afirmou o procurador.

Mensalão

Essa é a única ação contra Lula na Justiça que, indiretamente, o envolve ao escândalo do mensalão. Em outubro de 2012, dirigentes da instituição foram condenados pela Justiça Federal mineira de, assim como integrantes da cúpula do Banco Rural no julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, terem concedido empréstimos fraudulentos ao PT e ao empresário Marcos Valério que abasteceram o esquema de pagamento de propina a parlamentares no primeiro mandato do governo Lula.

Lula ainda pode ser alvo de um processo criminal na Justiça Federal de Minas Gerais por causa do escândalo. Em dezembro, o jornal O Estado de S. Paulo revelou o teor do depoimento do empresário Marcos Valério à Procuradoria-Geral da República segundo o qual o ex-presidente, entre outras acusações, teria se beneficiado de recursos do mensalão. O caso está sob análise da Procuradoria da República em Minas, que pode arquivar o caso ou denunciá-lo.

Prefeitos não eleitos no último dia 7 de outubro, em Pernambuco, poderão ser penalizados, caso não cumpram algumas obrigações da prefeitura como saúde, educação, transporte escolar e outros. A alerta é repassada pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) que está acompanhando os casos e que já obteve a notícia de que cerca de 10 a 12 prefeituras passam por essa situação.

Segundo o promotor de justiça do MPPE e coordenador do Centro de Apoio das Promotorias de Defesa do Patrimônio Público e Social, Maviael de Souza, já é comum que gestores derrotados nas eleições assumam uma postura incorreta. “Essa prática de desmonte das estruturas administrativas já é uma prática comum quando o prefeito não consegue se reeleger. Ele começa a realizar demissões em massa de prestadores de alguns serviços básicos à população como saúde, escola, transporte escolar e outros que são obrigações da instituição”, descreve o promotor.

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Maviael de Souza informa também que mais de 10 prefeituras passam por dificuldades. “Temos notícias de que até ontem (29), cerca de 10 a 12 prefeituras estavam com problemas de desmonte das estruturas e de suspensão ou supressão dos serviços públicos. Através dos promotores de cada cidade, nós estamos instaurando procedimentos, recomendando ao prefeito a retomada dos serviços e verificando se está ou não ocorrendo isso, conforme denúncias que estão chegando tanto pela população, quanto pelos gestores eleitos”, explica Souza.

Algumas cidades que já foram denunciadas, mas ainda serão averiguadas, são: Bezerros, Lajedo e Pesqueira, que ficam no Agreste do Estado, Agrestina, Belo Jardim e outras.

Desde a semana passada, o Ministério Público de Pernambuco emitiu duas recomendações. A primeira foi dirigida aos promotores, solicitando que fiscalizem se há interrupção de serviços públicos sem justificativa em municípios onde os prefeitos não conseguiram renovar os mandatos. A outra foi conduzida aos prefeitos alertando para observar as regras da transição, manter o regular funcionamento da máquina pública até a posse do sucessor e resguardar e repassar todos os dados da prefeitura ao próximo gestor.

Caso os prefeitos não atendam as orientações dos princípios da legalidade, moralidade e transparência nesse período, poderão ser notificados, e se tornarem réus em ações por improbidade administrativa e criminal e ainda, afastado dos cargos.

O Tribunal Superior da Espanha arquivou a denúncia da central sindical basca ELA y la gallega CIG contra o primeiro-ministro do país, Mariano Rajoy, e os ex-presidentes José Luis Rodríguez Zapatero e José María Aznar por suposto crime de improbidade administrativa e crime corporativo, como responsáveis pela situação em que se encontra a economia espanhola.

A denúncia, que também incluía ministros da Economia desde Rodrigo Rato a Luis de Guindos, foi arquivada porque não oferecia fatos ou provas, e também porque só Rajoy e Guindos foram avaliados pelo Supremo, informou o jornal El País.

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A Justiça Federal deve decidir na próxima semana se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será sentenciado ou não por improbidade administrativa. Ele e o ex-ministro da Previdência Social Amir Lando são acusados pelo Ministério Público Federal de usar a máquina pública em favor do BMG, um dos bancos que cederam empréstimos irregulares ao PT no mensalão, segundo o ex-procurador-geral da República Antônio Fernando de Souza.

Responsável pelo caso, o juiz Paulo Cezar Lopes, da 13.ª Vara Federal, disse ao Estado estar na fase de análise das alegações das defesas e tem a intenção de divulgar a sentença já na próxima semana. "Estou analisando os documentos e tento dar certa prioridade a isso, mas não tenho como me debruçar apenas sobre um caso."

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A ação foi apresentada pelo MP em fevereiro de 2011. Um ano depois, estava pronta para ser julgada. A demora na decisão foi criticada ontem pelo advogado Luiz Francisco Corrêa Barbosa, defensor do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB). Segundo a procuradora responsável, Luciana Loureiro Oliveira, a irregularidade se refere ao envio de mais de 10 milhões de cartas a segurados do INSS, entre outubro e dezembro de 2004, ao custo de R$ 9,5 milhões, que informavam sobre a possibilidade de obtenção de empréstimos consignados. Após as cartas, o lucro do BMG pulou de R$ 90 milhões, em 2003, para quase R$ 280 milhões, em 2004.

Na defesa de Lula, apresentada em fevereiro, a Advocacia-Geral da União pede o arquivamento da ação, e argumenta que Lula não fez "propaganda gratuita" para o BMG, pois, quando do envio da carta, o banco concorria com a Caixa, que já estava no mercado de consignado. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

O Ministério Público Federal (MPF) pediu à Justiça a abertura de uma ação de improbidade contra o ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi e contra outros 11 suspeitos de terem desviado R$ 3 milhões dos cofres públicos. De acordo com as investigações do MPF, Rossi teria se associado ao lobista Júlio Fróes para desviar recursos do programa de capacitação de servidores - Programa Anual de Educação Continuada (PAEC) - por meio de dispensa de licitação.

Além de Rossi, responderão ao processo seu ex-chefe de gabinete, Milton Elias Ortolan, o então subsecretário de Planejamento, Orçamento e Administração do ministério, Julio Cesar de Araújo Nogueira, o lobista Júlio Fróes, três professores da Pontifícia Universidade de São Paulo (PUC/SP) e assessores do ministério. No total, 12 pessoas responderão à ação de improbidade aberta na 8ª Vara Federal do DF. O Ministério Público requer, liminarmente, a indisponibilidade dos bens dos acusados, para assegurar a devolução do dano causado ao erário. Pede ainda a condenação dos envolvidos a sanções civis e políticas.

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As investigações do Ministério Público encontraram indícios de que R$ 3 milhões dos cofres públicos foram desviados por meio de contrato firmado em setembro de 2010 com a Fundação São Paulo (Fundasp), mantenedora da PUC. A Fundasp foi contratada sem licitação para capacitar servidores do Ministério da Agricultura.

De acordo com o MP, o ex-ministro Wagner Rossi, seu chefe de gabinete, Milton Orlan, e Júlio Fróes arregimentaram um instituição de ensino sem licitação, cobrando 28% do valor bruto do contrato a ser firmado com a Fundasp. O processo para contratação da fundação foi iniciado em julho de 2010. Serviu, conforme o Ministério Público, para dar aparência de legalidade para a contratação. Na ação, o MPF afirmou ter havido uma "montagem processual" na tentativa de legitimar a contratação.

Conforme as investigações do Ministério Público, o lobista Júlio Fróes mantinha três contratos com a Fundasp e se passava por representante da fundação. Apesar de não ter vínculo com o Ministério da Agricultura, Fróes teria duas salas à sua disposição no prédio - uma delas dentro da comissão de licitação.

Na ação, o MPF afirma ainda que a dispensa de licitação para a contratação do Fundasp foi indevida, pois o serviço contratado não exigia especificações técnicas especiais ou diferenciadas que justificassem a contratação direta.

De acordo com o MP, o juiz responsável pelo caso determinou, no dia 16, a notificação dos acusados para que apresentem defesa prévia. Após o recebimento e análise das manifestações, o juiz decidirá pelo recebimento ou rejeição da ação de improbidade administrativa.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Márcio Fernando Elias Rosa, instaurou nesta sexta-feira Procedimento Preparatório de Inquérito Civil para investigar pagamentos supostamente irregulares concedidos pelo Tribunal de Justiça do Estado a magistrados e servidores. Na prática, a iniciativa tem o mesmo peso de um inquérito, que poderá provocar uma ação com base na Lei da Improbidade.

O procedimento foi aberto "em razão de matérias jornalísticas dando conta de que o tribunal abriu sindicância para investigar pagamentos irregulares de créditos trabalhistas a um grupo de juízes, desembargadores e funcionários, entre 2006 e 2010". A investigação será conduzida pelo próprio procurador-geral, que detém as atribuições previstas no artigo 129, incisos II e III, da Constituição Federal - quando a autoridade sob suspeita é ex-presidente de tribunal, inclusive para apuração de eventual prática de atos de improbidade.

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Se Elias Rosa concluir, ao fim do inquérito, que há provas contra magistrados contemplados com altos valores, poderá propor ação com base na Lei da Improbidade para requerer devolução do dinheiro, imposição de multa e outras sanções de natureza civil, até mesmo perda da função pública e cassação de aposentadoria.

O procurador-geral avalia que "equívocos eventualmente cometidos pelas pessoas não contaminam e nem se confundem com a importância política e social do Tribunal de Justiça de São Paulo, que é exemplar em tudo". Elias Rosa faz um alerta: "Precisamos saber separar as mazelas dos homens da importância do Judiciário, sobretudo o de São Paulo, que é paradigma".

O TJ-SP atravessa a mais grave crise de sua história. A improbidade no TJ paulista teria ocorrido a partir da sucessão de pagamentos antecipados em favor de um grupo de magistrados, rotina que afrontou os princípios da isonomia e da impessoalidade. Contracheques milionários foram expedidos entre 2008 e 2010, período em que os desembargadores Roberto Antonio Vallim Bellocchi e Antonio Carlos Vianna Santos presidiram o TJ. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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