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Enquanto os frascos de álcool em gel desaparecem das prateleiras das farmácias, o comércio informal encarregou-se de suprir a procura pelo higienizador considerado o principal método de prevenção do novo coronavírus. Após as primeiras confirmações em Pernambuco, as drogarias recifenses foram tomadas por clientes, que esvaziaram os estoques rapidamente. O aumento da demanda e a falta do produto na praça fez um vendedor de artigos eletrônicos investir no mercado de saúde.

“Nas últimas duas semanas, a procura foi enlouquecida”, relata Silvia Pereira, balconista de uma farmácia localizada no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife. Em um estabelecimento próximo, o atendente Clayton Teixeira reafirmou receio da população em ficar desprotegida. “Tava um caos, todo mundo desesperado”, complementa.

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Com a carroça instalada na frente de uma drogaria da Avenida Guararapes, área Central do Recife, o ambulante Hugo Vanderlindo observava a movimentação frenética atrás do produto e decidiu ampliar a oferta aos populares. Com preços entre R$ 8 e R$ 10, e promovendo a possibilidade da compra em crédito, o comerciante afirma que já vendeu cerca de 50 unidades e está sendo a "salvação" dos que não conseguem encontrar o gel em estabelecimentos convencionais.

Confira

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A informalidade recorde no mercado de trabalho está ajudando a derrubar a produtividade da economia brasileira, que se recupera lentamente da recessão vivida entre 2014 e 2016.

Em condições normais, quando uma economia cresce e gera empregos - situação que, apesar de toda a crise, vem sendo observada no Brasil -, há mais investimentos em inovação, equipamentos, capacitação, e a produtividade aumenta. Ou seja, cada trabalhador consegue produzir mais com menos horas trabalhadas. Mas o que vem ocorrendo é exatamente o contrário.

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O País tem hoje 38,8 milhões de trabalhadores na informalidade, um número recorde, equivalente a 41,4% da força de trabalho. As vagas geradas entre 2018 e 2019, quase todas informais, pagam menos e são menos produtivas, com características de "bicos temporários", como empregadas domésticas, vendedores a domicílio, entregadores de aplicativos e vendedores ambulantes, segundo mostra um estudo inédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

Cálculos da FGV mostram que a produtividade por hora trabalhada na economia ficou estagnada em 2018, quebrando uma recuperação iniciada em 2017, e passou a cair este ano. No primeiro trimestre, a queda foi de 1,1% e, no segundo, de 1,7%. O movimento causou estranheza ao economista Fernando Veloso, pesquisador do Ibre/FGV. "A tendência natural seria esperar uma alta."

Segundo Veloso, ainda que esteja quase estagnada, com avanço em torno de 1% ao ano desde 2017, a economia brasileira deveria registrar algum aumento da produtividade. Mas, enquanto as estimativas mais recentes apontam para crescimento de 0,9% este ano, o Ibre/FGV projeta recuo de 0,8% na produtividade por horas trabalhadas.

O trabalho informal já aparecia como um dos suspeitos de ser responsável pelo fenômeno atípico. O novo levantamento do Ibre/FGV, feito pela pesquisadora Laisa Rachter com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do IBGE, corrobora a hipótese: pessoas que estavam desempregadas ou que nem procuravam emprego no segundo trimestre de 2018 entraram para a informalidade neste ano ganhando, em média, metade (R$ 823,49 por mês por pessoa) do que os trabalhadores informais que já estavam em atividade (R$ 1.588,06 por mês por pessoa).

Pagar um salário menor é característica típica de ocupações pouco produtivas. O fato de o rendimento dos novos informais ficar abaixo até mesmo do recebido por trabalhadores há mais tempo na informalidade sugere que as pessoas que estão topando entrar no mercado em 2019 estão aceitando qualquer tipo de trabalho, para contribuir com o que for possível para a renda da família, diz Laisa.

Mais horas trabalhadas, menos produção

O mecânico de aviões Willian Esau de Leon, de 42 anos, cansou de procurar emprego em sua área de formação. Há cinco meses, trabalha como motorista de aplicativo no Rio. Ou seja, trocou um trabalho mais produtivo, no segmento de serviços especializados, por um menos produtivo, que exige apenas uma qualificação básica - saber dirigir.

O último trabalho como mecânico foi em 2015. De lá para cá, trabalhou com bicos, como pintor de paredes, ou ficou fora do mercado de trabalho, cuidando do filho hoje com dois anos, enquanto a esposa terminava o doutorado. As tentativas de entregar currículos nos aeroportos Santos Dumont, Galeão, de Jacarepaguá e Maricá, todos no Rio, foram em vão. O trabalho como motorista foi um último recurso. "Gosto mais do trabalho de mecânico do que de dirigir. Estudei para isso", diz.

A história de Leon tem se repetido com frequência no Brasil nos últimos anos. Sem vagas na economia formal, com carteira assinada, a informalidade já atinge 38,8 milhões de pessoas, ou 41,4% da força de trabalho. E isso tem reflexo direto no crescimento, com a produtividade da economia apontando para uma queda este ano.

Horas trabalhadas

O cálculo da produtividade na economia leva em conta o valor adicionado, usado para medir o Produto Interno Bruto (PIB, conta de todo valor gerado na economia), e o total de horas trabalhadas. O valor adicionado sobe e desce em função do ritmo da economia. As horas trabalhadas aumentam ou diminuem tanto conforme a quantidade de trabalhadores (mais gente trabalhando aumenta o total de horas) quanto em função do quanto cada pessoa trabalha (a quantidade de gente trabalhando pode ser a mesma, mas o total de horas cresce se cada pessoa trabalhar por mais tempo).

De acordo com Fernando Veloso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), o mercado de trabalho até que está se recuperando. Entre o terceiro trimestre de 2018 e igual período deste ano, foram criadas 1,468 milhão de vagas, conforme o dado mais recente do IBGE. Com isso, há um aumento no total de horas trabalhadas. O problema é que "essas horas trabalhadas estão indo para atividades aparentemente pouco produtivas", contribuindo para o baixo crescimento. "As horas trabalhadas aumentam, mas o valor adicionado, não. Por isso, a produtividade cai. Temos mais gente, mais horas (trabalhadas) e a produção não aumenta", afirma.

Sistema tributário

Para o economista Gabriel Ulyssea, especialista em mercado de trabalho e professor da Universidade de Oxford, na Inglaterra, o fato de o trabalho tido como informal estar puxando a geração de vagas de trabalho sinaliza um movimento na direção de uma parte da economia que já é menos produtiva.

O professor vê no sistema tributário o grande problema da produtividade no Brasil. "A informalidade permite que várias empresas de baixa produtividade se mantenham ativas, porque não pagam impostos, contratam sem carteira, burlam uma série de coisas e isso permite que tenham um custo de operação mais baixo", afirmou Ulyssea.

'Timing' errado para lavanderia informal

Rodrigo Silva Sousa, de 41 anos, trabalhou por 15 anos na indústria, na região Sul Fluminense, até ser demitido em fevereiro. Foram duas passagens pela MAN Latin America, fabricante dos caminhões da Volkswagen, cuja fábrica fica em Resende (RJ), intercaladas por um período de cinco anos, entre 2013 e 2018, na indústria de bebidas. Após a demissão de fevereiro, Sousa até tentou procurar emprego no polo industrial do Sul Fluminense, mas encontrou um clima de "crise geral", disse.

Com dois filhos - um jovem de 20 anos e uma menina de sete anos -, Sousa e a esposa, que trabalha em casa com artesanato, buscaram alternativas para compensar a perda do salário bruto de R$ 2,9 mil ao mês que ele recebia.

Os empregos na indústria são considerados os mais produtivos, mas a primeira alternativa de trabalho de Sousa era marcada pela improdutividade. Ele e a esposa montaram uma lavanderia informal em casa, que acabou não dando o retorno esperado. O casal comprou uma máquina de lavar e um "tanquinho" e adaptou uma área da casa onde a família mora em Resende.

Segundo Sousa, a empreitada não deu certo porque eles perderam o "timing" para aproveitar a demanda por lavanderias dos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), que fica na cidade. Eles montaram o negócio em abril, quando a nova turma de cadetes já tinha passado pela adaptação inicial e encontrado outras lavanderias para prestar o serviço. Para complementar a renda, Sousa fez alguns "bicos" como eletricista.

Agora, o ex-operário espera dias melhores diante da oportunidade de entrar como sócio de uma serralheria, que trabalha montando grades, portas e portões de alumínio. Ainda informalmente, ele vem trabalhando desde outubro na oficina de um amigo. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Vendedores ambulantes do Recife protestam em frente à Estação de metrô do Recife, na manhã desta terça-feira (12) e deixa o trânsito lento na Rua Floriano Peixoto, área central da capital pernambucana. De acordo com a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU), orientadores já estavam no local para organizar o trânsito.

Com cartazes e faixas com os dizeres: "Não somos ladrões, queremos trabalhar", os ambulantes protestam contra a retirada da categoria dos comerciantes informais da Estação do metrô. A assessoria de comunicação da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) confirmou a manifestação e informou que os ambulantes estão proibidos por Lei de praticar o comércio dentro do metrô.

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Ainda de acordo com a CBTU, os ambulantes têm causado muitas confusões e discórdias. "Eles causam uma série de transtornos, brigas e os passageiros ficam reclamando", informou Salvino Gomes, assessor de comunicação do órgão. Ele ainda relembrou o caso em que uma mulher foi baleada por uma confusão que teve início com uma provocação de um ambulante.

No último dia 5 de julho,  enquanto uma mulher transitava pela rampa principal da estação, ela acabou sendo atingida por uma bala perdida. O disparo foi dado após um homem, que estava acompanhado de uma mulher, ter se desentendido com ambulantes por ciúmes, sacando a arma e disparando em direção de um dos comerciantes. 

Fiscalização - A ação de ambulantes dentro da estação é proibida pelo Decreto Federal nº 1.832, de 4 de março de 1996, e pelo Regulamento do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP), através do Decreto nº 14.845, de 28 fevereiro de 1991. 

Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), ações semanais em parceria com a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano do Recife têm se intensificado para a saída dos comerciantes informais da Estação do metrô.

Lideranças de pelo menos oito partidos que votaram majoritariamente a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff acertaram nesta terça-feira, 26, a formação de uma "maioria informal" na Câmara, para o que chamam de período de "transição" entre os governos Dilma e Michel Temer.

A nova maioria será composta por cerca de 220 deputados do PP, PTB, PSD, PSC, PR, SD, PRB e PSB. Informalmente, será a maior bancada da Câmara até que o Senado vote a admissibilidade do processo de impeachment - e consequente afastamento - da presidente, previsto para 11 ou 12 de maio.

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A ideia da formação da maioria informal foi dos líderes do PSB, Fernando Filho (PE); do PSD, Rogério Rosso (DF); e do PTB, Jovair Arantes (GO). A proposta foi acertada durante almoço na casa do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).

O deputado Maurício Quintella (PR-AL) foi escolhido para ser o líder. Embora o cargo não exista oficialmente, a ideia é se contrapor politicamente ao líder do governo, deputado José Guimarães (PT-CE), cujo cargo continua mantido oficialmente.

De acordo com os idealizadores, a escolha foi uma "homenagem" a Quintella, por ter rompido com a cúpula do PR e renunciado à liderança da sigla na Câmara para apoiar o impeachment de Dilma. Segundo Quintella, o grupo será responsável por definir as pautas que serão votadas na Casa durante o período de transição entre Dilma e Temer.

O objetivo do novo bloco, dizem os parlamentares, é se contrapor politicamente ao governo. "Como para nós não tem mais governo, que era maioria, a nova maioria somos nós", afirmou o presidente do Solidariedade, deputado Paulinho da Força (SP). As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mesmo após o protesto dos comerciantes informais, nesta segunda-feira (30), ficou decidido que os ambulantes que ocupam a Ponte da Boa Vista, conhecida como Ponte de Ferro, no Centro do Recife, terão a permissão de ficar no local até o dia 12 de outubro. A Secretaria de Mobilidade Urbana (SEMOC) esclarece em nota, que se reuniu na tarde desta segunda-feira (30) com representantes do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio Informal (Sintraci) e anunciaram que a partir do dia 13, todos os 60 ambulantes instalados no local irão voluntariamente para um lugar destinado a eles na Avenida Dantas Barreto.

Também durante a reunião ficou acertado que, entre os dias 1° e 12 de outubro, os comerciantes da Avenida Conde da Boa Vista liberem as calçadas da via. O local e data de saída ainda esta sendo discutido entre a SEMOC e o Sintraci.

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A Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano esclarece que já concluiu o cadastramento dos camelôs do Centro do Recife. A realocação dos ambulantes da ponte e da Conde da Boa Vista faz parte do plano de reordenamento da área central da cidade.

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