Maria José é mãe de Eduardo Felipe, de 16 anos, e Nathália Gabrielly, 14. Segundo Maria, o jovem Eduardo está na sétima série, pois reprovou alguns anos da escola. Já Nathália, apesar de ser mais nova, já é primeiro ano do ensino médio. A garota é mais aplicada nos estudos e já pensa no futuro profissional. “Nathália é mais esforçada e madura, e já pensa em se formar e trabalhar”, conta a mãe.
Já Eduardo, de acordo com Maria, é um pouco diferente da irmã. “Ele ainda não despertou para a vida e é muito infantil. Ele só pensa em lazer”, diz. Apesar dessa diferença, a mãe afirma que não compara os filhos, com o objetivo de evitar o conflito entre eles. “Eu não gosto de compará-los, porque sei que isso pode causar um atrito familiar. Prefiro conversar com Eduardo e aconselhá-lo”, relata.
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O caso da família não é único. Isso ocorre em muitos lares e, geralmente, comparar um filho estudioso e dedicado com outro que não atenta muito para a educação, pode causar alguns problemas. A pedagoga Michella Macedo (foto à direita) explica que, mesmo sendo filhos dos mesmos pais, os jovens, em geral, vivem em contextos diferentes, e isso influencia nas questões educacionais. “São contextos sociais opostos e a maneira de aprendizagem é diferente. Eles não são iguais e os pais têm que entender que os filhos possuem habilidades diferentes”, comenta Michella.
A profissional conta que as habilidades não são relacionadas apenas aos estudos e é importante que isso seja identificado. “Quem não é tão bom nos estudos possui outros tipos de habilidades. Se os pais tirassem o foco do que o filho não faz e respeitasse o que ele gosta, seria muito importante para que ocorresse um diálogo positivo”, diz Michella.
De acordo com a também pedagoga e mestra em educação, Catarina Gonçalves (foto abaixo), para que aconteça o aprendizado é necessária uma programação. “Deve existir uma programação desde cedo, porque fazer com que os jovens gostem de estudar nessa fase é mais complicado. É bom ressaltar que a aprendizagem não é algo natural, e sim, tem que ser trabalhada entre os pais, a escola e o próprio aluno”, frisa Catarina.
Catarina também alerta que os pais precisam respeitar seus filhos em relação às suas individualidades. “Na hora do cobrar dos filhos o estudo é importante respeitar o sujeito e as individualidades dele, além de ter noção de como impor as obrigações. O desejo de estudar deve ser de dentro para fora e nada artificial”, aconselha. Ela também comenta que conversar com o filho que não gosta de estudar é fundamental para um acordo. “Família que não conversa não existe mais. O diálogo é importante, bem como conhecer o próprio filho”.
Comparação - E atenção pais: nada de comparar. “Se você os compara acaba deixando aquele que não gosta de estudar mais para baixo e pode prejudicá-lo ainda mais”, afirma a pedagoga Michella. No entanto, o estudioso também precisa ser lembrado, não para servir como exemplo, mas como forma de incentivo. “Quem estuda não pode ser punido deixando de ser elogiado, mas isso deve ser feito sem medir o aprendizado com aquele que está à margem dos estudos”.
Confira o vídeo com dicas das duas pedagogas: