No Recife, nesta sexta-feira (4), para participar do 3º Seminário de Ciências Criminaisda União dos Advogados Criminalistas (UNACRIM), o ex-ministro da Justiça José Eduardo Cardozo, durante coletiva de imprensa, defendeu veementemente Lula afirmando que o ex-presidente foi “injustiçado profundamente”.
A declaração aconteceu no momento em que Cardozo dizia torcer para que a ordem constitucional no Brasil fosse restabelecida. “A Constituição é muito clara. Outro dia conversava com um jurista espanhol que me perguntava se o trânsito em julgado no Brasil tem outro sentido. O que não se pode, a pretexto de qualquer razão, eliminar uma garantia constitucional e não falo de um caso só, não falo do caso do ex-presidente Lula, que acho que foi injustiçado profundamente com essa sentença condenatória, falo de todas aquelas pessoas que podem ser levadas a um cumprimento de uma sentença e depois ser absolvida sendo perdida a sua liberdade e, às vezes, até a sua vida por conta disso”.
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Questionado, o ex-ministro falou que Lula é um preso político. “É, não tenho a menor dúvida disso porque, na verdade, se você olhar todo o processo do ex-presidente Lula, você verifica primeiro que não tem provas para a sua condenação, que a sentença do juiz Sérgio Moro não para em pé em uma análise jurídica”, argumentou afirmando também que a divulgação de áudios foram “absolutamente indevidos”. “Mostrava-se ali já uma série de irregulares como foi a condução coercitiva do presidente sem nenhuma base”, ressaltou.
“Não bastasse isso, o processo foi acelerado. Passou na frente de todos por quê? Com que razão? Há outra razão que não seja política? Há outra razão para justificar um açodamento decisório do caso do presidente que não seja ele não ser candidato a presidência da República? Me parece evidente, tão cristalino e, portanto, não é a retórica que vai encobrir o sol, que se projeta nitidamente sobre esses fatos”, complementou Cardozo.
O advogado chegou a garantir que existe uma perseguição política contra o líder petista. “O presidente Lula foi condenado e está executando uma sentença contrariamente ao que dispõe a ordem jurídica brasileira, contrariamente o que diz a Constituição, contrariamente ao que diz a lei, contrariamente ao que diz os direitos humanos. E nessa perspectiva só há uma explicação possível: uma perseguição política”.
Ele falou que todos os corruptos devem ir para a cadeia, mas após todo o devido processo legal cumprindo-se a Constituição. Ainda pediu por uma meditação e reflexão. “O clima hoje não está para ninguém meditar, está todo mundo com a composição formada, no calor do momento”, lamentou.