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O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, emitiu nota oficial, neste sábado (22), em que repudia as agressões contra a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármem Lúcia feitas pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) nesta sexta-feira (21).

"O Tribunal Superior Eleitoral repudia a covarde e abjeta agressão desferida contra a Ministra Carmen Lúcia e tomará todas as providencias institucionais necessárias para o combate a intolerância, a violência, o ódio, a discriminação e a misoginia que são atentatórios à dignidade de todas as mulheres e inimigos da Democracia, que tem, historicamente, em nossa Ministra uma de suas maiores e intransigentes defensoras", diz Moraes no documento.

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Em um vídeo, Jefferson, que é apoiador do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL), compara a ministra a uma "prostituta" por ela ter votado a favor da punição da Jovem Pan, ao acompanhar os votos do presidente do TSE e também dos ministros Ricardo Lewandowski e Benedito Gonçalves, em uma decisão com placar apertado - 4 votos a favor do pleito do ex-presidente Lula e 3 a favor da emissora. A Jovem Pan foi condenada por repetir declarações consideradas distorcidas e ofensivas contra Lula a partir de falas de seus comentaristas. O ex-deputado federal, que hoje está em prisão domiciliar e é investigado por atuação em milícia digital contra democracia, usou também os termos "Bruxa de Blair" e "Carmen Lúcifer" para se referir à ministra.

Na nota, Moraes enfatiza que agressões machistas e misóginas são usadas por aqueles que se escondem no falso manto da "liberdade de agressão", que jamais se confundirá com o direito constitucional de liberdade de expressão.

O presidente do TSE diz ainda que Carmen Lúcia é um exemplo e serve para guiar o TSE na missão constitucional de defesa da Democracia e do sistema eleitoral.

Veja a íntegra da nota:

"TSE repudia agressões contra Ministra Cármem Lúcia

O Tribunal Superior Eleitoral repudia a covarde e abjeta agressão desferida contra a Ministra Cármen Lúcia e tomará todas as providencias institucionais necessárias para o combate a intolerância, a violência, o ódio, a discriminação e a misoginia que são atentatórios à dignidade de todas as mulheres e inimigos da Democracia, que tem, historicamente, em nossa Ministra uma de suas maiores e intransigentes defensoras.

A utilização de agressões machistas e misóginas demonstra a insignificante estatura moral e intelectual daqueles que, covardemente, se escondem no falso manto de uma inexistente e criminosa "liberdade de agressão", que jamais se confundirá com o direito constitucional de liberdade de expressão que, no Brasil e nos países civilizados, não permite sua utilização como escudo protetivo para a prática de todo tipo de infrações penais.

O exemplo de coragem, competência e honradez da Ministra Carmen Lúcia permanecerá servindo de guia para o Tribunal Superior Eleitoral exercer, com respeito e serenidade, sua missão constitucional de defesa da Democracia e do sistema eleitoral.

Alexandre de Moraes

Presidente do TSE"

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se referiu ao tema da defesa das mulheres durante o evento em Minas Gerais ao condenar as agressões sofridas pela ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva (Rede) e pela ministra do STF Cármen Lúcia, durante comício neste sábado (22), em Ribeirão das Neves (MG). Ambas foram agredidas verbalmente de ontem para hoje, o que relacionou a um avanço do fascismo no País.

"Hoje, o que vemos é violência verbal e, às vezes, violência física. Isso porque temos um governo fascista no Brasil", disse Lula. "É uma escola exemplar do fascismo no mundo inteiro. Na campanha de Trump, ele terminava comício e falava que, se alguém falasse mal dele, era para bater que ele contrataria advogado", mencionou Lula, sobre o ex-presidente dos EUA, Donald Trump.

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O petista disse também não ser possível que alguém que "ame a liberdade e a democracia" vote para reeleger o atual presidente. "Uma figura tão desumana como Bolsonaro. Ele não tem sentimento (...) O mundo dele é seus filhos e as mentiras, fakes news, e a tentativa de destruir as pessoas do jeito que fizeram com a Marina ontem", afirmou Lula, que logo depois falou em ganhar para "restabelecer a paz no País".

"Há quase que uma ordem do presidente para que as pessoas sejam violentas, não aceitem provocação, não deixem ninguém em paz (..) Não podemos fazer guerra santa neste País. O País clama por paz. Repudio qualquer tipo de violência, de agressão", declarou Lula.

Integrantes da classe política saíram em defesa da ministra do Superior Tribunal Federa (STF) Cármen Lúcia e da ex-senadora Marina Silva (Rede) após ambas terem sido alvos de ataques misóginos de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta sexta-feira (21). A ministra foi comparada a uma "prostituta" pelo ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) enquanto Marina, eleita deputada federal, foi xingada na saída de um jantar com dirigentes da Rede depois de cumprir agenda de campanha com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em Minas Gerais.

Em vídeo divulgado por Jefferson, o ex-presidente nacional do PTB compara a ministra a uma "prostituta" por ela ter votado a favor da punição da Jovem Pan. A emissora de rádio foi condenada por repetir declarações consideradas distorcidas e ofensivas contra ex-presidente Lula a partir de falas de seus comentaristas. O ex-deputado federal, que hoje se encontra em prisão domiciliar e é investigado por atuação em milícia digital contra democracia, usou também os termos "Bruxa de Blair" e "Carmen Lúcifer" para se referir à ministra.

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Na noite da última sexta-feira (21), decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) impuseram à rádio Jovem Pan a concessão de direitos de resposta ao ex-presidente Lula e a "abstenção" de se manifestar sobre temas cuja abordagem foi classificada como "ofensiva" pela defesa do petista. As conclusões do órgão eleitoral, entretanto, impõem censura prévia à emissora e ferem direitos e garantias fundamentais previstos na Constituição Federal, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão.

Na votação do caso, a ministra Cármen Lúcia acompanhou os votos do presidente do TSE, Alexandre de Moraes, e dos ministros Ricardo Lewandowski e Benedito Gonçalves. Assim, a decisão teve placar apertado: 4 votos a favor do pleito de Lula e 3 a favor da emissora.

No caso de Marina, a deputada eleita afirmou, em sua rede social, que os xingamentos vieram por simpatizantes do presidente Jair Bolsonaro. "É a velha tentativa grotesca de coagir a ação política das mulheres", disse.

Neste sábado, 22, durante encontro de Lula com a imprensa mineira, a ex-senadora contou que estava saindo de um restaurante quando um grupo de pessoas, dentro do espaço, começaram a gritar "mito" e "Bolsonaro". "Até aí, tudo bem! É do jogo democrático. Nós também gritamos 'Lula presidente', nós também fazemos a nossa manifestação política. Só que uma pessoa gritou com palavra de baixo calão, me chamando de vagabunda. Eu ouvi por duas vezes", disse.

Posteriormente, Marina informou, também pela internet, que registrou um boletim de ocorrência para denunciar a agressão verbal. "Registrei o BO em função dos xingamentos dirigidos a mim, pois ações desse tipo são graves e intoleráveis em uma democracia", disse.

A senadora Simone Tebet, que também estava presente no encontro de Lula com a imprensa mineira, declarou que as eleições serão definidas pelas mulheres, fazendo referências aos últimos casos de Marina e Cármen Lúcia. "Ontem, tivemos dois casos de violência política de gênero contra mulheres no Brasil estimulados por esse governo", disse.

Tebet ainda afirmou que "nunca tinha visto" um tipo de agressão como a de Jefferson à Cármen Lúcia, defendeu a prisão do ex-deputado. "É caso de determinar a prisão. Ele tem que voltar para a cadeia imediatamente. Ninguém tem o direito de agredir uma mulher, seja ela uma autoridade pública ou não, da forma que ele fez."

Anteriormente, a senadora já havia manifestado solidariedade à Cármen Lúcia e afirmado que o caso é "inaceitável". "É nisso que o atual presidente transformou o nosso País, tirando do armário esses monstros que acham que têm o direito de manchar a honra das mulheres brasileiras", disse Tebet, em vídeo divulgado em sua rede social.

Durante o encontro, o ex-presidente Lula abriu o seu discurso se posicionando sobre o caso envolvendo a parlamentar da Rede. "O cara que te xingou, Marina, é 171. Não é uma pessoa séria. Nós fazemos política há 50 anos e isso não existia no Brasil. Hoje, o que vemos é violência, mais violência verbal e, às vezes, física. Isso é porque nós temos um governo fascista no Brasil", disse.

Desacato

Em nota, a Bancada Feminina no Senado Federal classificou as falas de Jefferson como "asquerosa, imoral, injuriante e difamatória". "Importante pontuar que o direito à livre manifestação é pleno, desde que não afete a honra de terceiros."

O documento afirma ainda que o comportamento do ex-deputado federal pode ser tipificado como crime de difamação e injúria, previstos nos artigos 139 e 140 do Código Penal, e como crime de desacato (art. 331 do Código Penal), uma vez que as falas de Jefferson se deram em razão do exercício da função de ministra. "As palavras criminosas proferidas pelo Sr. Roberto Jefferson afetam mulheres e o mundo jurídico e não podem ficar impunes", complementam.

O Ministério Público Federal apresentou ação civil pública contra o governo Jair Bolsonaro por posturas "desrespeitosas" e declarações discriminatórias, feitas pelo presidente e ministros em relação às mulheres. Para a Procuradoria, desde o início da atual gestão, integrantes da cúpula do governo federal proferiram uma série de declarações e fizeram atos administrativos que revelam viés preconceituoso contra as mulheres, reforçando estigmas e estimulando a violência.

Segundo o MPF, a postura de Bolsonaro e seus ministros configura abuso de liberdade de expressão, uma vez que fere outros direitos garantidos pela Constituição, como o respeito à dignidade da pessoa humana. A Procuradoria destaca que as manifestações "intoleráveis" têm efeito "sobre a realidade social e a persuasão do público, com potencial para reforçar estereótipos e posturas misóginas e discriminatórias, notadamente quando advindas de pessoas com poder de influência".

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A ação apresentada à 6ª Vara Cível Federal de São Paulo pede o imediato bloqueio de pelo menos R$ 10 milhões do orçamento federal e destinação dos valores para campanhas de conscientização sobre os direitos das mulheres, com veiculação pelo período mínimo de um ano. Além disso, o MPF requer que a União seja condenada ao pagamento de R$ 5 milhões ao Fundo de Direitos Difusos, a título de indenização, por danos sociais e morais coletivos. A ação foi proposta pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão em São Paulo na quarta-feira passada, dois dias antes do aniversário de 14 anos da Lei Maria da Penha.

No documento, os procuradores Pedro Antonio de Oliveira Machado e Lisiane Braecher citam os episódios em que, segundo eles, o presidente e ministros se dirigiram às mulheres de maneira desrespeitosa ou fizeram insinuações misóginas. A ação cita, por exemplo, que em abril de 2019 Bolsonaro afirmou que "o Brasil não pode ser o paraíso do turismo gay". "Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade." Em fevereiro deste ano, ao se referir a uma jornalista, Bolsonaro disse, sob risos dele e de pessoas que o acompanhavam: "Ela (repórter) queria um furo. Ela queria dar o furo".

A peça também destaca falas de integrantes do governo, como a do ministro da Economia, Paulo Guedes. "É verdade mesmo, a mulher é feia mesmo", disse Guedes ao endossar ataques de Bolsonaro à primeira-dama francesa, Brigitte Mácron.

"Este padrão presente em tais pronunciamentos, assim como outras declarações, veicula estereótipos que reforçam abusivamente a discriminação e o preconceito, que estigmatizam as mulheres, e causam danos morais coletivos e danos sociais", argumentam os procuradores na ação.

'Fraquejada'

Bolsonaro fez ontem referência a uma fala anterior sua, em que ele comparou o nascimento de sua filha Laura, a quinta após quatro filhos homens, a uma "fraquejada". O comentário foi feito após uma apoiadora dizer que as suas três filhas estavam assistindo ao presidente por meio de uma chamada de vídeo. "Três meninas? Três fraque… Não vou falar, não, senão vai dar problema", disse. O marido da apoiadora afirmou que é o "fornecedor". "O meu está quatro a um", respondeu Bolsonaro.

Na ação, a Procuradoria ressalta que o "descaso do presidente pelos desafios que as mulheres enfrentam não tem se revelado apenas em discursos", e aponta que ações do governo vêm dificultando o cumprimento dos direitos femininos.

Como exemplo, os procuradores citam a decisão de Bolsonaro de revogar uma nota técnica do setor de Coordenação da Saúde da Mulher, vinculado ao Ministério da Saúde, que recomendava a continuidade de ações de assistência durante a pandemia, como o acesso a métodos contraceptivos e realização de abortos em casos previstos na legislação.

A ação também menciona números - a cada dois segundos uma mulher é vítima de violência física ou verbal no País, segundo o Relógios da Violência do Instituto Maria da Penha. De acordo com levantamento da Organização das Nações Unidas, o Brasil é o 154º colocado no ranking mundial de participação feminina no Executivo.

Procurado, o Palácio do Planalto não se manifestou.

 

 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Mal entrou na disputa presidenciável de 2018 e a candidata do PCdoB, a deputada estadual Manuela D’Ávila já se deparou com edição e manipulação de sua imagem. Em publicação na sua página do Facebook, nesta terça (21), a parlamentar se disse vítima de machismo e misoginia [ódio contra as mulheres] e postou a foto editada. 

“O machismo e a misoginia seguem com suas manguinhas de fora. Depois de ler uma matéria sobre meu cabelo (cabelo de candidatA é assunto... de candidato? Nunca), agora, começam as fotos manipuladas”, escreveu.

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D’Ávila também contou que tatuagens foram inseridas. “Aumentaram minhas olheiras. São grandes mesmo, eu acordo às 5h com minha filha e ainda a amamento, pro desespero dos que sexualizam esse ato lindo da natureza, e fizeram mais tatuagens em meu corpo. Tenho muitas tatuagens mesmo e as exibo porque são lindas. Não são esses desenhos feinhos que vocês fizeram de Lenin e Che”, ressaltou. 

A deputada falou que até uma faixa presidencial foi colocada, mas deixou um recado: “nunca coloquei [a faixa], mas estou na disputa com minhas olheiras e tatuagens e contra o machismo e as manipulações grotescas de vocês. Beijinho no ombro”. 

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