Em seu discurso na 66ª sessão da Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), a presidente Dilma Rousseff saudou o Sudão do Sul, mais novo membro a ingressar na ONU e lamentou não poder saudar da tribuna o ingresso da Palestina. "O Brasil, assim como a maioria dos países dessa Assembleia já reconhece o Estado palestino como tal. É chegado o momento de termos a Palestina representada aqui a pleno título."
Na sua avaliação, este reconhecimento é um direito legítimo do povo palestino. "O reconhecimento da Palestina ampliaria a paz duradoura no Oriente Médio", frisou, destacando que apenas uma Palestina livre e soberana poderá atender os anseios por paz, segurança e estabilidade política em seu entorno regional. E citou que no Brasil, descendentes de árabes e judeus são compatriotas e convivem em harmonia.
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A presidente defendeu também o acordo global para combater a mudança climática. "Para tanto, é preciso que os países assumam responsabilidades que lhes cabe. E acreditamos que os países desenvolvidos cumprirão as metas que o Protocolo de Kyoto estabeleceu até 2012."
CRISE
A presidente Dilma Rousseff disse ainda que não é por falta de recursos financeiros que não se encontrou a solução para a atual crise econômica global. "É por falta de recursos políticos e clareza de ideias", destacou. Na sua avaliação, uma parte do mundo não encontrou equilíbrio entre ajuste fiscal apropriado para demanda e crescimento. "E ficam presos na armadilha que não separa interesse partidário dos interesses legítimos da sociedade".
Em seu discurso, a presidente do Brasil disse que o desafio colocado nessa crise é substituir teorias defasadas do mundo velho por novas formulações de um mundo novo. "A face mais amarga da crise é que o desemprego se amplia. É vital combater essa praga para ela não se alastrar. Nós, mulheres, sabemos, mais do que ninguém, que desemprego não é estatística, pois nos tira esperança e deixa a violência e a dor."
Dilma reiterou que é significativo que seja a presidente de um país emergente que fale hoje dessa tragédia que assola os países mais desenvolvidos. "O Brasil tem sido menos afetado pela crise mundial, mas sabemos que nossa capacidade de resistência não é ilimitada. Queremos poder ajudar os países onde crise é aguda. A cooperação é uma oportunidade histórica."
CONSELHO
Dilma defendeu também a reforma do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) e o ingresso do Brasil como seu membro permanente. "O Brasil está pronto para assumir suas responsabilidades como membro permanente", ressaltou a presidente, em seu discurso de abertura da 66.ª sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas.
Dilma citou as cooperações do Brasil na solução de conflitos internacionais e a atuação das forças brasileiras no Haiti. "Com respeito à soberania haitiana, o Brasil tem orgulho da cooperação para a consolidação da democracia naquele país."
Para a presidente, o terrorismo só poderá ser combatido com eficácia se houver mudanças na representação dos países nas Nações Unidas. "A atuação do Conselho de Segurança é essencial e ela será tão acertada quanto mais legítimas forem suas decisões", afirmou a presidente, ao defender a inclusão de países em desenvolvimento no Conselho. "A cada ano que passa, mais urgente se faz uma solução para a falta de representatividade no Conselho de Segurança, o que corrói sua eficácia. Não é possível protelar mais", defendeu.
Dilma também citou as revoluções nos países árabes e disse que os brasileiros "se solidarizam com a busca de um ideal que não pertence a nenhuma cultura". Para a presidente, os países precisam se unir para colaborar com a construção da democracia no mundo árabe. "É preciso que as nações busquem uma forma de cooperar", disse.