Novo diretor do Centro Olímpico de São Paulo, o judoca Tiago Camilo, campeão mundial em 2017 e medalhista olímpico em 2000 e 2008, realizou a sua primeira visita técnica no local que concentra as principais equipes de alto rendimento da capital. De olho nos Jogos Olímpicos, ele analisa os principais desafios que terá de enfrentar no próximo ano e prevê um cenário de flexibilização para que os atletas possam treinar com segurança e melhorar o desempenho visando Tóquio.
Diante da pandemia da Covid-19, a maioria dos atletas brasileiros segue realizando seus treinamentos da Europa. Para Tiago, obviamente ainda existe um problema no Brasil, considerando a questão estrutural e o fechamento de alguns locais para evitar a propagação do vírus. "Não são todos os locais que estão abertos, mas acho que o cenário é de melhora no próximo ano. A expectativa é de que os atletas possam desempenhar seus treinos com qualidade para desenvolver um bom trabalho em Tóquio, que é o mais importante", disse em entrevista ao Estadão.
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No comando do Centro Olímpico, o ex-atleta pretende fazer uma análise estrutural e técnica para avaliar quais são as demandas de cada modalidade. Em sua primeira visita, Tiago diz que se surpreendeu. "Por incrível que pareça eu achei que não está tão ruim a parte do equipamento. Fiquei até surpreso com o que encontrei. Existe uma urgência que é a contratação de alguns colaboradores, técnicos ou auxiliares, isso foi o que me passaram em quase todas as sessões que visitei, eles solicitaram equipe".
O próximo passo será analisar individualmente as necessidades de cada modalidade e os trabalhos que já estão sendo executados. "Uma parte é a gestão técnica, outra a do equipamento", explicou Tiago, que terá o desafio de atender todas as demandas. "Vou procurar contribuir de forma expressiva para que a gente fomente o Centro Olímpico como um grande formador de atletas aqui em São Paulo. Quero levar conhecimento, estrutura, novos equipamentos e auxiliar naquilo que for preciso", garantiu.
Tiago também é presidente da Comissão de Atletas do Comitê Olímpico do Brasil (COB), cargo que optou por não concorrer à reeleição e se despede em janeiro, quando também entrega o posto de membro do conselho de administração do Comitê Olímpico. No total, foram quatro anos de mandato em cada setor.
"Esse trabalho (na comissão) foi um desafio. Tive de lidar com todas as modalidades e comissões, entender quais eram os desafios e todo o engajamento com a participação dos atletas. Já no conselho, foi uma questão mais profunda de gestão de orçamento, aplicação dos recursos, prestações de contas... Então foi um aprendizado muito grande e estou feliz com o que eu vivenciei lá", disse.
Todos os projetos realizados com a ajuda do ex-atleta vão entrar em uma declaração para ser entregue para a próxima comissão. Com experiência na área de gestão, Tiago afirma estar preparado para encarar os futuros desafios no Centro Olímpico. "Eu tinha uma visão como atleta, que era só treinar e competir. Agora, o meu cargo exige conhecimento administrativo, então essa parte eu aprendi e a intenção é entregar o melhor de mim para os atletas e deixar um legado".
Atualmente, o espaço localizado no Ibirapuera funciona seguindo as normas das autoridades de saúde e o cronograma para 2021 ainda será avaliado pelo novo diretor.
TÓQUIO - Com a expectativa por medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Tiago analisa que o Brasil terá "uma grande batalha" pela frente. "Nós temos um desafio que não será fácil, todos sabem das dificuldades. O nível de competitividade aumentou muito em alguns países que não tinham tradição', disse. "O mais importante é garantir medalha. No judô feminino, já temos uma equipe vencedora com atletas consagrados. No masculino, alguns ainda vão estrear, então precisamos ver como eles vão se sentir", complementou.
Adiada devido à pandemia, a Olimpíada será realizada entre 23 de julho e 8 de agosto de 2021, seguida pelos Jogos Paralímpicos, a partir de 24 de agosto.